Personagem: Mary Gaunt
Tipo de Família da fic: de consideração

Pride Like Ether II

Seis da manhã e Mary acorda. Ela não dormiu mais que cinco horas, mas precisa – quer – acordar cedo, para que não tenha de ouvir as reclamações do pai. Esse é um poucos momentos em que Mary pode conjugar o verbo querer. O outro momento é aquele em que ela decide por onde começar: a sala ou a cozinha? Móveis ou louças? Naquela manhã, ela escolheu as louças.

Durante os dezessete anos, dois meses e três dias em que morava ali, ela havia aprendido duas coisas: uma, que seriam sempre as mesmas louças; outra, que elas deveriam ser imaculadamente limpas, como a casa e a própria Mary já não eram.

Ao limpar a casa, Mary se esforçava para deixá-la limpa a tempo de ela ficar naquele estado pelo menos dois minutos antes que a poeira que caía do teto as sujasse novamente. Ela o fazia com afinco, porque era tudo o que tinha. Se não se dedicasse àquilo, o que mais faria?

Cada prato, talher ou taça era cuidado com tanta atenção que chegava a ser carinhoso – ou idiota, nas palavras de Morfin. Mary nunca escutava, e continuava até deixá-los limpos. Ela os colocava na parte de cima do armário; e as taças eram destinadas à pequena estante de portas de vidro, em lugar de destaque, de luz – de aceitação.

Só anos depois Mary se deu conta que travava a louça do mesmo como queria ser tratada pelo pai: como se fosse precioso, fosse se fosse valoroso, como se fosse doer se quebrasse – como se fosse filha.