Depois da aparição do mascarado, Kaito começou a me evitar. Não que ele já não me evitasse mas, com isso, ele praticamente vivia escondido. Como eu achei esse comportamento muito estranho, decidi convidá-lo para tomar chá no jardim.

POV Kaito

Arifureta koigokoro ni ima wana wo shikake te

"Como qualquer sentimento normal de amor agora"

Wazuka na sukima nimo ashi ato nokosa naiyo

"Vão ter certeza que você vai se apaixonar"

Hoje, no café da manhã, Miku me convidou para tomar chá a tarde com ela. Eu aceitei, obviamente, e esperei para descobrir o motivo de tal convite.

Para mim, as horas não passavam. Elas se arrastavam, prolongando o meu tempo de espera. Por se tratar de Miku, fiquei mais nervoso ainda. Ela geralmente chamava os Kagamine para tomar chá. Kagamine Rin era sua melhor amiga desde sempre. Kagamine Len, bom, ele é "amigo" da Miku. Ela não vê os olhares dele para ela como eu vejo. Estranhamente, hoje os gêmeos não estavam aqui.

Decido ficar no meu quarto enquanto espero. Começo a cochilar quando ouço batidas na porta do meu quarto.

– Quem bate? - perguntei, sonolento, me levantando e indo até a porta.

– Quem mais seria? A Miku declarando que te ama? - e a pessoa atrás da porta riu. Assim que abri a porta, algo rápido como um raio e roxo como uma berinjela passou por mim. Ele era o único que eu realmente contei sobre a Miku.

– Gakupo, pode avisar quando vier me visitar? - fechei a porta atrás de mim e me sentei em uma cadeira, já que a cama já estava ocupada pelo de cabelos roxos.

– Sinto muito mas isso não tem a minha cara. Então, soube quem voltou para cá?

– Quem? - não estava com muito interesse na conversa. Kamui Gakupo geralmente me visitava apenas para matar o tempo. Ele era um dos meus melhores amigos, não posso negar, mas adorava me incomodar para não se sentir entediado.

– Adivinha? A versão masculina da sua amada e a sua versão avermelhada. - Gakupo soltou uma breve risada, visto que meu espanto era grande.

– Mikuo e Akaito então voltaram? Quando? E como você soube se nem eu sabia que meu irmão ia voltar?

– Sim, eles voltaram e, provavelmente, dentro de poucos minutos o Akaito está aqui, pois o Mikuo tinha acabado de chegar e estava conversando com a Miku quando eu cheguei. Soube que eles chegaram na cidade de manhã. E sobre as minhas fontes, eu nunca as revelo mas elas são confiáveis.

– Eu não acredito nisso. Por que ele voltou? - eu ainda estava incrédulo.

– Acho que eles vão passar uns tempos por aqui. Que mal pra você, Kaito. O Akaito vai fazer sua vida voltar ao inferno de sempre. - Gakupo ria da minha desgraça. Deve ser divertido rir da desgraça alheia.

Akaito nunca foi um irmão dos melhores. Ele geralmente zombava de mim e se aproveitava por eu ser mais novo. Mikuo parecia não me odiar. Na verdade, ele que me defendia das maldades do Akaito. Eu me perdi em pensamento e nem percebi que Gakupo me chamava.

– Kaito? Planeta Terra chamando Kaito? Você ainda tá vivo? Vai se borrar de medo daqui a pouco. - Gakupo atirou o travesseiro em mim.

– O quê? - perguntei, balançando a cabeça na tentativa de afastar pensamentos ruins.

– Disse que você vai se borrar de medo daqui a pouco - Gakupo ri - Brincadeira. Sabe com quem você vai no baile dos Hatsune? Eu vou chamar a Luka. Ela é tão linda. Pena que ela não admite que me ama. - Gakupo suspira.

– Luka? Megurine Luka? Luka, a rígida? Você vai chamar ela? Você quer morrer?

– Sim, essa Luka. Não quero morrer não, só quero ela.

– Por que você a quer tanto assim? Você tá gostando dela ou algo do gênero? - não entendia Gakupo. Ele jamais admitiu gostar de alguém. Somente a simples ideia de Gakupo estar apaixonado me fazia rir.

– Que nada! Eu só quero! - Gakupo ficou vermelho e escondeu o rosto no meio das cobertas.

– Gakupo, sinto muito mas você tem que ir. Tenho um compromisso agora. - disse, olhando o relógio.

– Você tem um o quê? Com um compromisso você quer dizer um encontro ou algo chato pra fazer? - perguntou Gakupo, se levantando da cama.

– Não sei se isso pode ser considerado um encontro. É mais um chá amigável.- abri a porta e saímos.

– Chá amigável? Aposto que é com a Miku. Você não desiste dela nunca? Esquece ela e parte pra outra.

– Sinto muito, mas só há espaço para uma no meu coração e esse lugar já está ocupado, mesmo que esse sentimento não seja recíproco. Até logo, Gakupo. - me despedi e fui em direção ao jardim.

– Até logo, Kaito. E não se esqueça que seu irmãozinho está voltando para infernizar a sua vida novamente! - Gakupo riu e sumiu do meu campo de visão.

Miku ainda não estava no jardim. Me sentei em uma das duas cadeiras e esperei. Eu realmente tive sorte aquele dia que ela me pegou espionando seu sono. Desde então, eu tomo mais cuidado. Eu apenas fico na sacada, não entro no quarto. Será que ela descobriu algo? Se ela tivesse prestado atenção, ela perceberia que o tempo todo era eu. Ela é tão inocente que acho que ela não descobrirá isso por conta própria.

POV Miku

Kaito me esperava no jardim, pensando em algo. Assim que me aproximei, ele se levantou e puxou a cadeira para eu me sentar. Como uma dama, cruzei as pernas e pousei minhas mãos acima de meus joelhos, sem nem ousar apoiar os cotovelos na mesa. Um criado trouxe o chá para nós e Kaito nos serviu. Ficamos uns instantes em silêncio, apenas apreciando o chá e a presença um do outro até que eu resolvi quebrar o silêncio.

– Kaito-kun, eu te chamei aqui hoje porque tem algo que eu gostaria de conversar com você.