It Always Comes Back To You escrita por Sweet Seddie


Capítulo 17
Pensar


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é dedicado à minha melhor amiga, que é a pessoa mais paciente que conheço e leu quinhentas versões da mesma coisa.



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Foi quando ela me disse que se algum dia decidisse deixar tudo para trás, não queria que eu escrevesse cartas apaixonadas ou que a ligasse. Na verdade, queria que eu esquecesse a cara dela, que o melhor a fazer seria arranjar uma namoradinha qualquer que nunca iria me satisfazer do jeito que ela fazia; mas que eu não encontraria algo tão bom porque todos sabiam que só a cara dela era bonita.

Disse-lhe que a forma mais delicada para uma dama seria “rosto”, mas ela simplesmente mostrou-me o dedo do meio e saiu andando porque era geralmente assim que acabava.

Quando ela realmente decidiu ir, algo que eu nunca pensei que fosse acontecer, ela me disse que nada acontece do jeito que queremos e correu, porque era geralmente assim que colocávamos ponto final nas coisas.

Eu nunca fui muito bom em memorizar datas, mas lembro-me que apenas dois dias depois de ela ter me dito que eu era passado, tivemos uma noite inteira juntos – o que contrariou totalmente a teoria de Sam de que nada do que queremos acontece – e foi quando eu achei que ela iria ficar e que iríamos montar quebra-cabeças por toda a eternidade, de preferência aqueles de mil peças que ela termina tão rápido, mas ela foi embora porque é o tipo de coisa que a Sam faz.

No tempo sem ela, tudo o que eu conseguia pensar era que nós não havíamos nos saído tão bem quanto Carly e Gibby naquela época em que eles juraram estar apaixonados e namoraram por três dias, até que Gibby parou de avisá-la sobre as promoções na Glitter Gloss, e o amor acabou tão rápido que eu e Sam não conseguimos decidir se aqueles dias aconteceram ou se ambos tivemos o mesmo sonho. 

Mas o ponto não era aquele, a realidade era que, namorando por três dias ou três horas ou minutos ou qualquer coisa, eles haviam sido um casal melhor do que nós, que duramos três meses.

Às vezes, lembrar esse tipo de coisa quase me obrigava a também lembrar de que eu já era um homem de vinte e oito anos, que eu tinha uma filha com a mulher que eu amo e uma empresa para dirigir, e tendo essa vida perfeita, não deveria me prender a fatos do passado que poderiam vir a ser somente uma ilusão.

Mas voltar ao passado era algo que eu fazia com frequência então eu fingia que não estava fazendo aquilo e apenas continuava a pensar no que poderia ter sido diferente. Pra quem visse de fora, parece que eu só queria ter “acertado” no nosso relacionamento e que por não ter conseguido, tudo acabou sendo um erro. Mas não foi bem assim.

Ter ficado com Sam, dez anos atrás, me trouxe consequências irrevogáveis, impactantes e maravilhosas. Trouxe-a até mim, afinal. Mas eu nunca conseguia deixar aquele pensamento: “E se eu não houvesse dito aquilo? E se eu houvesse a obedecido? E se eu houvesse feito aquela tatuagem no bumbum, como ela havia pedido?”.

Eu não estaria aqui, provavelmente.

Teríamos sido felizes, muitíssimo felizes, teríamos namorado por muitos e muitos anos, e então eu a pediria em casamento… e ela diria não.

Porque a Sam nunca acreditou em casamentos – assim ela dizia, o que era bem contraditório já que o, talvez mais assustador acidente pela qual eu a vi passar, foi em causa de seu marido ter saído descontrolado de sua festa de casamento  – e como iríamos ser, assim planejado, “perfeitos” juntos, ela acharia que haveria uma maior probabilidade de tudo desmoronar. E haveria.

Ela me disse que nunca queria que eu me tornasse o que o pai dela foi para Pam, mas sim o que ele foi para ela, “o cara mais incrível do mundo”, “o cara mais engraçado do mundo” e títulos similares.

Para ser sincero, eu achava que já era assim tão incrível para ela. Mas não. Tudo o que eu fazia era achar demais com a Sam.

Era muito fácil fingir ser o melhor para ela, sem dar o melhor, e foi por isso que eu decidi que não acreditaria em nada do que aquele cara de joelhos à minha frente me contou. Ainda havia muito mais para mim e para a loira, eu tinha certeza, mas tudo o que ele me suplicava, tatuava aos poucos um ponto final em nossa história.

Ele soluçava, e gritava pela quinta vez a mesma palavra, mas tudo o que eu conseguia pensar era que a esta altura, Sam já estava entediada ou tentando arranjar um jeito de passar despercebida pela recepção e ir comprar uma casquinha de baunilha do outro lado da rua.

- Você não devia gritar em um hospital. – Disse-lhe e contornei seu corpo trêmulo em direção ao quarto 808.

Entrei, e decidi que eram nessas situações que eu questionava a minha sanidade, quando Sam sorri como se nada houvesse errado e seus olhos revelam o que não estava certo. Eu não tinha certeza do que fazer, na verdade, porque ela parecia tão frágil agora e isso era meio legal?

- Eu achei que você houvesse ido embora. – ela grasniu e pigarreou. – Se eu fosse você já teria escapado há muito tempo. Aqui é um saco, Fredward. Quando nós vamos embora? Acho que dá pra fugir pela saída de incêndio. – E apontou para o local, mas eu nem prestei muita atenção porque estava concentrado em não deixá-la ver que eu estava chorando de novo.

- Você e essa sua mania de fugir. – Meu tom de voz era trêmulo, mas Sam fez questão de ignorar, pois ambos sabíamos a verdade. Tentei engolir o nó da garganta.

– Por que você não vai embora? – Ela sugeriu e eu quase pensei que ela não me queria ali, mas só quase porque não havia tempo algum para questionar o que sentíamos um pelo outro. – Sabe… ir pra casa, descansar? Você está horrível, Benson. Olheiras fundas e escuras. Parece um zumbi.

- Como você acha que eu posso descansar se você está aqui?

- Eu não vou ficar melhor com você me fazendo sentir culpada. Eu juro Freddie, você nunca esteve tão feio para um cara tão bonito. Vem cá, deita comigo. – Sam levantou o lençol branco e me mostrou o espaço enorme que sobrava na cama.

Ela era tão pequena.

Tirei o paletó, os sapatos, e afrouxei a gravata, perguntando-me por que ainda estava com aquilo e deitei-me ao lado dela, com tanto cuidado que Sam riu e arqueou a sobrancelha, dizendo-me com gestos que ela não era feita de vidro.

Meus olhos encaravam a curva do pescoço dela e tudo o que eu queria era poder beijá-la ali e perguntar por que ela tinha que me deixar tão cedo. Eu havia acabado de pegá-la de volta.

Seus dedos longos e finos acariciavam meu couro cabeludo e eu haveria dormido no mesmo instante se Sam não houvesse feito questão de ter dito a coisa mais inconveniente que ela poderia em um momento como este.

- Eu estou com aquelas roupas de hospital que você precisa ficar pelada pra vestir, sabia? – ela deu uma risadinha pelo nariz e se sentou, deixando-me momentaneamente sedado ao ver toda a extensão de suas costas exposta. Engoli em seco.

- Por que essas roupas precisam ser tão abertas?

- Eu, sinceramente, não sei. Eu estou morrendo de frio com isso, mas é mais confortável que aquele vestido. - Sam se deitou de novo e se cobriu, enquanto eu a envolvi em meus braços. Não só porque eu gostava de tê-la ali, mas porque eu queria tocá-la. Meus dedos sentiam as fendas em suas costas e Sam suspirava suavemente contra o meu rosto, seus olhos azuis cobertos pelas pálpebras arroxeadas, a testa colada na minha.

- Falando no seu vestido, - sussurrei. – por que você quis uma festa tão exagerada?

- Eu achei que você já tinha descoberto, Fredbing, que foi tudo invenção da Pam e da Melanie. – Ela levantou as sobrancelhas e gemeu. – Elas resolveram tudo, e eu quero dizer tudo.

- Só não a lista de convidados, eu imagino. – apontei. – Nem morta Pamela me convidaria.

- Não, quem fez a lista foi o Zachary. – Sam contou. – Por isso eu achei tão estranho que você estava lá.

- Sério? – Desacreditei. E após alguns segundos, Sam riu como se fosse a coisa mais engraçada do mundo.

- Claro que não, bocó. Fui eu quem fez a lista.  Perguntei-os se pelo menos podiam me deixar escolher quem me veria naquele vestido ridículo.

- Então quer dizer que você não pretende usar um vestido de noiva nunca mais? – pigarreei.

- Acho que não… – disse. – mas se você estiver planejando me colocar em outro vestido branco, eu não estou objetando.

- Que bom. – encostei meus lábios suavemente no lábio superior dela. – Porque eu já tenho esse plano há muito tempo para descartá-lo…

- Imagine o quão nub eu vou ficar, com o seu sobrenome. – Sam me deu um beijo curto e eu apertei minha mão em suas costas. – Samantha Benson.

Sorri largamente. – Sam… você não tem ideia do que é saber que existe uma possibilidade de você se chamar assim um dia…

E então eu senti algo congelar dentro de mim. Existiria mesmo uma possibilidade?

- Vai ficar tudo bem, Sam. – Falei involuntariamente. – É só uma fase.

Arfei, esperando que ela não notasse o meu desespero.

Se tudo o que eu mais desejei naquele momento era que eu a tivesse ali abraçada comigo, a salvo, curada, com o meu sobrenome e não o de outro cara, por que eu simplesmente não a salvava?

- Sabe, eu acho que você está um pouco mais alta… - Quem eu estava tentando enganar, podia ver suas pálpebras se moverem.

Por que eu não era o Super-Homem dela?

Eu queria disfarçar meus sentimentos com a Sam? Logo com a Sam?!

- Porque existem coisas das quais simplesmente não somos capazes, Freddie. – Sam sussurrou contra meus lábios, o tom de voz dizendo-me que ela já sabia de todos os meus segredos.  – Ele já te contou – abriu os olhos e pela primeira vez eles não estavam com aquele brilho usual. - Não foi?

- Sam…

- Tudo bem. – sorriu triste. – Ele me contou antes.

- Por que você não está surtando, então?! – Perguntei-a, sentindo minha própria respiração descompassar e a imagem daqueles olhos tão magníficos se embaçava porque eu iria chorar de novo, como um garotinho assustado.

Bom, talvez eu fosse mesmo. 


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Notas finais do capítulo

É, pois é, olá. Engraçado eu estar postando né? Eu também achei. Mas, por favor, deixe um review.
Leitor antigo, me perdoe. Leitor novo, obrigada por estar lendo.
Ahhh, é que eu estou um pouco nervosa com esse capítulo, os últimos parágrafos não foram os meus preferidos... e é bem diferente dos outros que eu já postei.
Ah... a história já está na reta final há muito tempo, mas agora é sério porque eu já escrevi os últimos, então... sei lá, escreve um comentário e manda e... tá bom, vou calar a boca.