Improváveis Vestígios escrita por Jaque de Marco


Capítulo 4
Capítulo 4 - Esperanças renovadas


Notas iniciais do capítulo

Escrevi esse capítulo e o próximo em clima de “pré show” do Alex Band no Brasil (que foi demais, por sinal) então, para quem se interessar, acho que dá para entrar bem na história ouvindo músicas como Last Goodbye, Only one e Take hold of me. Beijinhos e boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/20554/chapter/4

Havia meses que não entrava naquele quarto. O leve cheiro de bolor, misturado com o cheiro adocicado do incenso impregnado nas paredes que entravam em suas narinas lhe forçava uma memória dolorosa. Lembravam-lhe de bons tempos que não eram compatíveis aos atuais. Tudo girava em sua mente como um filme, algo que acontecera com outra pessoa, não ela.

Caminhou poucos passos e já estava em frente a um pequeno guarda roupa torto de madeira. A porta estava levemente emperrada, fazendo um rangido após ser forçada a abrir. Algumas peças estavam penduradas em cabides. Tudo estava exatamente da maneira que deixara. Uma camisola branca se destacava frente às demais peças. Ela pegou a camisola, abraçando-a em frente ao peito, e sentou-se na beira da cama macia às suas costas.

Evitava momentos como este sempre que podia... eles a faziam se sentir sozinha. Há dois anos, Joss Atkinson, perdera o último elo familiar que lhe restara. Sua avó Helen fora morta em um ataque surpresa dos rebeldes da Ordem da Fênix na Mansão Malfoy.

Sua avó foi a melhor bruxa que já conhecera. A criara com muito amor e neste mesmo lugar onde estava agora, um quartinho na Mansão Malfoy, ensinara tudo o que hoje sabe sobre ser uma boa pessoa.

Nos últimos anos, Voldemort mantinha-se recluso em esconderijos cercado por seus mais fieis servos. A ameaça era maior a cada dia. A Ordem da Fênix conseguira muitos adeptos, inclusive fora do país. Estava cada vez mais difícil manter algum tipo de segurança para a comunidade bruxa. Essa era a tarefa de Joss. Trabalhava para Voldemort desde saíra de Hogwarts.

Ela se formou com louvor como a melhor aluna da turma. Com todo o seu bom desempenho, não teve muitos problemas por não ser uma bruxa de posses. Era sangue-puro e boa com feitiços, poções e transformações, e isso bastava e a mantinha longe das perguntas e comentários maldosos das pessoas.

Uma leve batida vinda porta a fez voltar a si. Após alguns instantes sem resposta, um bruxo muito loiro entrou, encostando a porta atrás de si.

- Atkinson, está na hora.

- Só um minuto. – Joss levantou-se constrangida e guardou a camisola dentro do guarda-roupa.

Sentiu-se desconfortável em ter sido pega num momento tão íntimo. Procurava evitar mostrar fragilidade, afinal estavam em guerra. Mas Scorpius Malfoy tinha essa terrível habilidade... Era como se ele fosse o único que ainda sabia de sua humanidade.

- Sentir saudade é algo bom, Atkinson. Você não devia usar isso como algo ruim.

- Do que está falando?

- Gostava de sua avó também, mas você não devia usá-la como motivo para o que está se tornando.

Joss ficou alguns segundos pasma, mas lembrou-se da última conversa que tivera com Scorpius sobre se tornar Comensal da Morte. Aparentemente ele era contra a idéia.

- Não é somente pela minha avó que quero fazer isso! Você vive no mesmo mundo que eu?

- Com certeza, mas quer mesmo saber? Não me importo. – Scorpius falava calmamente sentado à beira da cama – Não me importo se o Lorde das Trevas precisa ser protegido, ele está pagando pelos atos dele. Ou se a tal Ordem da Fênix perde ou ganha aliados. Ninguém mandou eles serem completamente estúpidos a ponto de deixarem Potter morrer. Todos estão pagando pelos seus atos. Não é minha culpa ou sua a existência desta guerra.

- Mas ela existe, Malfoy! Não tem como simplesmente ficarmos neutros. Eu já escolhi o meu lado. – Joss, ainda de pé, deu um passo à frente, ficando mais próxima do loiro - Achei que você pensasse da mesma maneira, afinal não serei a única a me tornar uma Comensal da Morte hoje.

- Você conhece o meu motivo, Joss.

Contra sua vontade sentiu a seu rosto queimar. Fazia seis meses desde aquele beijo. Não entendia bem o que sentia por Scorpius, mas não queria misturar as coisas ou agir por impulso. Sabia que a frase do bruxo não precisava ser completada. Ele estava fazendo isso por ela e até quando isso fosse o certo, ela não o contestaria.

- Melhor irmos, Malfoy.

O loiro suspirou profundamente e entregou para Joss uma máscara branca. A mesma que passaria a usar assim que recebesse sua marca negra. Ela encarou o objeto e por alguns segundos refletiu sobre o que estava fazendo. Queria pensar como Scorpius e simplesmente não se importar, mas já era tarde demais... ela se importava.


- Vamos, rápido, entrem!

Rony retornou para ficar na retaguarda. Cerca de trinta bruxos, a grande maioria de idosos e crianças, estavam sendo levados para o esconderijo da Ordem da Fênix. Muitos machucados durante os anos de guerra mal podiam se movimentar, sendo amparados por feitiços saídos de varinhas dos demais integrantes da Ordem.

Era alta madrugada e só assim funcionava. Encobrir alguns bruxos por feitiços protetores é tarefa fácil, mas dezenas era praticamente impossível. Todos sabiam que mais do que contar com a magia, eles precisavam de muita sorte.

- Gina, fique com aquelas crianças ali. Esteja certa de que não façam muito barulho. – Rony sussurrava enquanto olhava para todos os lados como se estivesse sendo seguido.

Hermione estava a alguns passos do marido, com a varinha em mãos, preparada para qualquer eventualidade que pudesse acontecer. Anos de guerra a deixara preparada. Hermione sabia que um segundo de vacilo poderia significar a sua morte ou a de sua família.

- Não estamos muito longe agora. – Hermione falou num tom um pouco mais alto que um sussurro, que pôde ser ouvido por alguns bruxos ao seu redor.

- Vamos apertar um pouco o passo! – Rony ordenou.

Com o enfraquecimento das artes das trevas e o apoio internacional, a Ordem ganhava cada vez mais adeptos. A comunidade mágica estava cansada da Guerra e muitos viam a queda de Voldemort como a última esperança para um mundo de paz.

Os rebeldes já estavam em frente ao celeiro que há anos servia de esconderijo da Ordem. Teddy Lupin foi o primeiro a entrar, sumindo da visão dos demais. Após menos de um minuto ele retornou e fez um sinal para que todos o seguissem.

- Okay, vamos, eu ajudo o senhor. – Hermione ajudou um bruxo vestido com um manto muito amassado.

Colocar todos dentro do esconderijo demorou cerca de cinco minutos. Com todos dentro do piso subterrâneo do celeiro, Hermione sentia-se inconscientemente aliviada. Mais um resgate bem sucedido. Estranhamente sentia como se estivesse em casa, já que há muitos anos não conhecia outro lugar suficientemente seguro para chamar de lar.

Todos os integrantes da Ordem ajudavam os demais a se acomodarem. O espaço tornou-se pequeno para tantas pessoas, que foi necessário enfeitiçar o local para que dobrasse de tamanho alguns meses atrás.

A alguns metros, Hermione viu Rony ajudando um senhor a carregar uma grande trouxa de roupas. Ele se tornou um grande homem, não que antes não fosse, mas hoje Rony adquiriu para si a real posição de líder e era assim como todos o viam. Nunca o viu tão engajado em algo como em acabar com a guerra.

- Parabéns pelo sucesso do resgate! – Hermione se aproximou por trás de Rony assim que ele se afastou do senhor que ajudara há pouco.

- Não conseguiria nada sem a sua ajuda. – Ele virou-se e abraçou a esposa – Acho que estamos indo bem, não?

- Acho que estamos indo muito bem, Rony. Com o tempo formaremos uma equipe suficientemente grande para atacar a primeira linha dos Comensais.

- Mas nada disso adianta sem descobrirmos o esconderijo Daquele-que-não-deve-ser-nomeado.

Hermione beijou amorosamente Rony antes de concluir.

- Isso é questão de tempo. Logo acabaremos com tudo. Seremos livres novamente.

- Se você diz. – Rony apertou mais fortemente o braço contra Hermione antes de soltá-la – Mione, será que você poderia ajudar aquela senhora ali? Ela me parece um pouco atrapalhada.

A uns dez metros de onde estavam, uma bruxa idosa tentava em vão colocar sua mala em cima da cama improvisada no canto do grande saguão. Ela fazia um grande esforço para levantar a mala que fez Hermione pensar se realmente a bagagem estava pesada ou ela estava fraca demais.

- Precisa de uma mãozinha?

- Acho que não seria de todo mal, querida. – e afastando-se um pouco da mala, ela deu espaço para Hermione se aproximar – Aqui, aqui. Quero colocá-la aqui.

Hermione sentiu uma leve preocupação ao constatar que a mala não estava realmente pesada.

- Obrigada, querida. Vocês todos são como anjos!

- De nada, senhora...

- ... Brandon. Keira Brandon. – a senhora falou com um grande sorriso no rosto.

- Hermione Weasley. Prazer.

- Você sabe, eu tinha uma vida muito boa antes da morte de Harry Potter e tudo mais. – Hermione não sabia se queria ouvir a triste história daquela mulher, mas deixou que falasse – Eu tinha um marido, uma irmã, um sobrinho. Tudo, absolutamente tudo me foi tirado. Hoje estou sozinha por causa Daquele-que-não-deve-ser-nomeado.

- Eu sinto muito pela sua família.

- Obrigada. – por um momento, Keira pareceu vagar por um mundo só dela e então ela olhou Hermione muito ansiosa, como alguém que acabara de lembrar de alguma coisa – Quer vê-los?

- O que?

- Aqui, querida. – Keira puxou Hermione pelo braço, fazendo com que ela sentasse ao seu lado na cama. A bruxa começou então a revirar sua mala, parando assim que encontrou um pedaço de papel – Aqui, minha família.

A bruxa segurava uma fotografia levemente rasgada. Na imagem, uma versão muito mais nova de Keira e mais três pessoas sorriam e se abraçavam.

- Este é meu marido Luke. Um verdadeiro cavalheiro. Meu sobrinho Sacha. Um doce de criatura. E esta, esta é minha irmã Helen. Uma das melhores bruxas que já conheci. Sinto muita falta dela.

Hermione olhou a fotografia sem muito interesse por um momento, mas aquela senhora era tão simpática que achou melhor olhar com mais atenção. Era uma família muito bonita realmente. E então Hermione teve um estalo. Aquela outra bruxa, a irmã de Keira, era a mulher que Hermione encontrou há dezoito anos naquele bosque em Wiltshire. Foi para aquela bruxa que ela entregara sua filha Rose.

E então o ar pareceu sumir e o chão pareceu rodar. Aí estava, a primeira pista em anos. A primeira oportunidade de realmente saber o que acontecera com sua filha. Quem sabe, afinal, ela ainda estivesse viva.

- Essa sua irmã, Helen, o que aconteceu com ela? – Hermione tentou disfarçar em vão a urgência em sua voz.

- Soube que morreu há dois anos.

- E ela não tinha uma criança? Uma menininha?

- Nunca soube nada de minha irmã desde o dia em que ela me ajudou a fugir da Inglaterra há dezoito anos. A última notícia que tive foi que ela morreu no ataque contra a Mansão Malfoy.

- Ela trabalhava para as Artes das Trevas? – Hermione sentiu um frio correr por toda a sua espinha ao pensar na possibilidade.

- Minha irmã? Nunca! – Keira ficou levemente ofendida enquanto falava – Helen foi dada como propriedade para pagar a traição de meu sobrinho. Ela nunca fez nada de ruim para ninguém. Somente trabalhava na Mansão Malfoy.

Hermione disfarçou um sorriso e com um aceno se afastou da cama onde Keira continuava sentada. Então era isso, ela tinha uma pista de onde Rose poderia estar. Continuava remota, mas ainda havia esperança. Após perambular por alguns minutos entre os diversos bruxos que ainda estavam se instalando no local, Hermione achou quem procurava.

- Gina!

- Ah, oi, Mione. Me ajuda aqui com esse senhor...

- Não tenho tempo para isso. Fala, quem temos como informante mais próximo da Mansão Malfoy?


Joss imaginava que já se passavam das 2 horas da manhã, pois o céu estava completamente escuro, sem nenhuma menção de que o sol nasceria. Estava em um terreno plano, cheio de mato, ladeado de contornos escuros do que deveriam ser montanhas muito altas. Ela não sabia exatamente a localização daquele lugar já que, por medida de segurança, fora conduzida do antigo presídio de Azkaban até ali por chave de portal. Ela não conseguiu conter o breve pensamento de que o Lorde das Trevas estava cada vez mais paranóico.

Já vestia um manto negro com capuz. Como ninguém ainda tinha a permissão de colocar a máscara de porcelana, pôde identificar com calma todos os bruxos ali presentes. Estavam dispostos lado a lado em um grande círculo. Eram cerca de vinte bruxos, homens e mulheres, muitos Joss não conhecia realmente, mas alguns se formaram com ela há dois anos em Hogwarts. Nomes como Alex Rookwood, Rebecca e Tom Avery.

Ela notou uma característica comum, todos eram muito jovens. Era fato que o grupo de Comensais da Morte e aliados do Lorde das Trevas vinham sofrendo muitas baixas nos últimos anos. Novos aliados eram aliciados para lutarem na guerra. A verdade era que muitos bruxos tinham o mesmo pensamento de Scorpius. Não se importavam mais com a guerra. Muitos, especialmente os mais jovens, não sabiam nem pelo o que lutar. Joss sabia que era uma das poucas que sabia o que estava fazendo. Não estava sendo forçada de maneira alguma. Tinha tomado aquela decisão, pois sabia que era o certo. Inconscientemente esperava que tudo aquilo um dia acabasse e que realmente pudesse ter uma vida, quem sabe ao lado de seu amigo Scorpius, mas para isso era preciso vencer a guerra. Não adiantava fugir.

Tentando ser o mais discreta possível, Joss rolou os olhos vendo de relance Scorpius em pé ao seu lado. Ele estava extremamente sério e não pronunciara uma única palavra desde que saíram da Mansão Malfoy.

Nesse momento, a atenção de Joss foi trazida de volta ao centro do círculo. Dois bruxos mascarados aparataram. Cada um portava um grande punhal cravejado de topázios na base. Entre eles, um grande caldeirão parecia ferver um líquido grosso que exalava um cheiro semelhante ao de borracha queimada.

- Todos vocês estão aqui pelo mesmo motivo. – o bruxo mais alto começou a falar – se tornarem Comensais da Morte. Mas será que vocês são realmente merecedores?

- O Lorde das Trevas precisa de servos fiéis. Que lutem com a própria vida para protegê-lo e livrar o mundo mágico da escória dos Sangues-ruins e Inimigos do Sangue.

- Agora, antes de começarmos, precisamos de um voluntário. – o bruxo virou-se, encarando cada integrante do círculo, à espera de alguém que desse um passo à frente. – Ninguém? Hum, quem sabe Rowle.

Joss já vira Augusto Rowle algumas vezes em Hogwarts, mas nunca foram exatamente amigos. Ouvira falar que era extremamente arruaceiro e sempre causava problemas para a primeira linha dos aliados de Voldemort. Diziam que só o aceitavam no grupo devido ao seu pai, Thor Rowle, antigo Comensal da Morte.

O bruxo se encaminhou vacilante até o centro do círculo. O comensal mais alto inclinou-se no caldeirão como se estivesse pegando algo, enquanto o outro comensal segurava Rowle pelos ombros, deixando-o de frente aos demais.

- Antes que digam sim à luta e tornem-se Comensais, precisamos mostrar que existem outros caminhos. Ninguém deve se sentir obrigado a se aliar permanentemente ao Lorde das Trevas. – ele pegou um frasco cheio do líquido escuro que o outro comensal acabara de retirar do caldeirão – Caso queiram sair deste círculo é só pedir.

Os bruxos postos em pé começaram a se entreolhar. Seria mesmo possível? Muitos estavam ali realmente por se sentirem obrigados. Joss olhou para o lado e encarou Scorpius, talvez ele devesse aproveitar a oportunidade, mas ele lançou-lhe um olhar muito firme e então voltou a encarar a cena do centro círculo sem mudar a expressão. O Comensal voltara a falar.

- Augusto Rowle, você vai se comprometer a doar a sua vida às Artes das Trevas, recebendo a Marca Negra e atendendo a todos os chamados do nosso Lorde, seguindo-o onde for, nem que isso o leve até a morte?

O bruxo encarou o chão, como se estivesse relutando com os próprios pensamentos. Os dois comensais encaram-se por um momento e então o mais baixo continuou.

- Está disposto ou não ao sacrifício? Lembre-se que sempre existe uma escolha.

Augusto agora estava em frente aos dois comensais, mas ainda não tirara os olhos do chão.

- Não... não estou. – o bruxo respondeu num tom de voz pouco acima de um sussurro.

Vários murmúrios foram ouvidos dos demais bruxos do círculo. Embora muitos também não quisessem ser comensais, poucos teriam a coragem que Rowle teve.

- É uma pena. Realmente uma pena. – após uma longa pausa continuou – Dê-me sua varinha.

Rowle finalmente levantou a cabeça e pela primeira vez Joss pôde ver o olhar aterrorizado do bruxo. Ela não conseguia imaginar como ele poderia ter pensado que sairia tranquilamente daquele círculo. Ficar sem a varinha e seguir a vida como um trouxa era um preço razoável pela deserdação, na opinião dela.

Relutante, Rowle tirou a varinha das vestes e entregou ao comensal a sua frente.

- Agora, antes de ir, beba!

Rowle pegou o frasco com o líquido negro das mãos do comensal. Joss analisou aquilo por um segundo. Conhecia muitas poções, mas nada parecido com aquilo. Augusto retirou a rolha do vidro e, muito relutante, bebeu todo o líquido grosso. Por alguns segundos nada aconteceu e então seu corpo curvou para frente muito rápido. Ele levou seus braços na altura do abdômen e jogou-se no chão. Seu corpo tremia freneticamente enquanto ele gritava de dor. Joss deu um pequeno passo inconsciente em direção ao bruxo, mas parou ao sentir o forte aperto das mãos frias de Scorpius em seu pulso. Ela virou e o viu encará-la com um olhar como se dissesse “não faça nada estúpido”.

Rowle continuou a gritar, mas agora estava esticado no chão. A cor da pele do bruxo estava ganhando um tom de roxo e escurecia mais a cada grito. Aos poucos, sua pele foi se ressecando e grudando aos ossos, como se todo o sangue e gordura tivessem sido sugados para algum outro lugar que não o seu corpo. Ele se contorceu por mais alguns segundos e então abruptamente parou. Seu corpo parecia ter entrado em estado de composição há meses. Seus olhos ainda abertos eram a visão exata do desespero.

- Estão vendo? Todos têm uma segunda chance. Ou se aliam ao Lorde das Trevas ou tomam a poção deste caldeirão e se libertam para sempre. A escolha é de vocês.

Todos pareciam refletir o que o comensal acabara de dizer. Joss reparou que ninguém ousava olhar para o corpo seco de Augusto Rowle no centro. Ninguém falou nada.

- Vejo que mais ninguém se opõe. Sigamos então.

O comensal mais alto fez um grande movimento com sua varinha, criando um desenho de uma serpente de fumaça e uma caveira no ar. Então o ar se encheu repentinamente com o rumor de capas esvoaçantes. Cerca de dez bruxos igualmente vestidos de mantos escuros, capuzes e máscaras de porcelanas aparataram. Conforme se encaminharam ao centro, Joss viu atrás deles estava um homem alto, esquelético, sua pele mais branca do que um crânio, com olhos grandes e vermelhos, um nariz chato como o das cobras e fendas no lugar das narinas... Lorde Voldemort.

Tornar-se-ia uma Comensal da Morte. Respirou fundo e forçou-se a pensar que era a melhor coisa a ser feita.


Cenas do próximo capítulo:

“Levantou-se, já vestida, e pegou as roupas de Scorpius do chão. A porta do banheiro estava apenas encostada. Ela sabia que não havia sido um mero esquecimento dele. Empurrou a porta e sentiu o vapor quente do chuveiro ligado.”

...

“- Todos a postos! Quero todos com varinhas à mão! - Rony mal terminara de alertar os demais na casa quando um jorro de luz verde atravessou a janela, quase acertando Audrey Weasley. Rumores de capas esvoaçantes eram ouvidos assim que diversos bruxos encapuzados aparataram na casa.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Improváveis Vestígios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.