Os Cinco Marotos escrita por Cassandra_Liars


Capítulo 6
Capítulo 6 - Detenção


Notas iniciais do capítulo

Eu ia postar esse capítulo ontem, mas não sei o que aconteceu e quando eu clique para salvar o capítulo, minha internet caiu e eu não consegui enviar, então aí vai o capítulo.



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James acordou e se sentiu estranho. Abriu os olhos e constatou que tudo estava levemente embaçado. Ele pegou os óculos na mesa de cabeceira e os colocou. James estava na enfermaria. Sim, ele se lembrava, tinham atacado Ranhoso e ele tinha quebrado o tornozelo. Madame Pomfrey tinha o consertado na hora, mas insistiu que ele precisava de descanso e expulsou Pam, Sirius, Lupin e Peter da enfermaria.

Ele ouviu os passos da enfermeira e se deitou de novo.

_Ótimo, você já acordou! – disse ela.

_Será que eu posso ir agora?

_Humm. – ela olhou para o relógio na parede. – Está na hora do café da manhã, então… Ah, está bem, você pode ir. Mas procure não se meter em nenhuma confusão outra vez!

_Pode deixar! – disse James pulando da cama e indo para o dormitório para trocar de roupa.

Distraído, trombou de frente com alguém e seus óculos caíram no chão.

_Olha por onde anda! – ele disse, bravo.

A pessoa a sua frente, se abaixou e lhe entregou os óculos.

_Olha você por onde pára. – disse uma voz que James reconheceu quase que imediatamente.

Pam olhava, divertida, para ele.

_Então você saiu da enfermaria!

_Saí. – disse ele sorrindo também, ao perceber que a garota usara as mesmas palavras que ele usara no primeiro dia de aula. – Cadê os outros? – disse ele olhando para os lados.

_Não sei. Acordei hoje de manhã e subi para o quarto deles, mas eles não estavam lá. Frank disse que já tinham ido para o Salão Principal. Parece que só você faz a gentileza de me esperar.

_Mas o que aconteceu? Vocês brigaram?

_Eu não sei! Ontem a gente tava super bem, daí eu subi para o meu quarto para terminar uns deveres e não vi mais eles.

_Humm. – pensou James por um tempo. – Eu vou para o dormitório tornar de roupa. Vai indo para o Salão Principal que eu já vou.

Pam assentiu e foi embora.

_Vocês não me esperaram! – disse Pam, emburrada, quando se sentou ao lado de Lupin e na frente de Sirius.

_Foi mal! – disse Sirius. – Mas começou a dar ataque de fome no Lupin. – ele olhou para o amigo que parecia nem estar vendo o que colocava na boca. – Então viemos antes de você. Foi isso, mas nada.

_Vocês tem notícias do James? – perguntou Peter.

_Eu tenho. Encontrei com ele no caminho para cá. Ele foi para o dormitório colocar outra roupa, mas disse que já vem.

_Legal… - comentou Sirius. _Bom, eu estive pensando e eu acho que já sei o que vamos fazer desta vez, eu só vou precisar ir para a Zonko’s comprar uma xícara mordente e talvez uma…

_Ah, não, Sirius! Ainda tem aquela detenção sua, do James e da Pam e você já está pensando em fazer mais coisas? Quer ser expulso? – disse Lupin, parando por um breve momento de comer.

_Ih… Nossa. O que deu em você? Nunca te vi comer tanto. Ou melhor, nunca vi ninguém comer tanto. – comentou Pam, olhando para Lupin levemente preocupada.

_Nada, eu estou ótimo.

Mas Lupin sabia exatamente o que estava acontecendo. Aquela era uma noite de lua cheia e ele tinha que comer por ele mesmo e pelo lobo dentro de si. Ele podia ouvir o sangue pulsando, irresistível, no pescoço nu de Pam. Sentia seus reflexos perfeitos. Podia ouvir até o que os professores conversavam, sentados à mesa deles, longe dali. E sentia uma fome voraz, que ele não conseguia saciar com a comida da escola.

_Que aula nós temos agora? – Ele ouviu Pam perguntar como se ela estivesse gritando na orelha dele.

_ Defesa Contra as Artes das Trevas. – respondeu Sirius, displicentemente.

_ A Profª Funke é uma chata não é verdade? Eu odeio ela às vezes. – disse Peter.

_Às vezes? – riu Pam. – A odeio o tempo todo. Como vamos nos defender sem usar uma varinha? É como se de repente aparecesse… ah, não sei… um vampiro aqui. Então nós começássemos a falar “um vampiros tem pressas muito afiadas e blá blá blá” – disse ela se endireitando e empinando o queixo, em uma imitação cruel, porém
exata, da professora. _ Como se ele fosse embora…

_Talvez isso o deixasse confuso e você pudesse bater com o livro na cabeça dele. – riu Sirius.

_É, - Pam riu também. – Talvez sim.

James chegou de repente e se sentou ao lado de Sirius.

_E aí? O que vocês estão falando?

_Nada, só sobre como a professora Funke é chata.

James sorriu.

_Vocês tem toda a razão.

_ Bem, se você não for comer nada, James, acho melhor nós irmos.

O dia passou consideravelmente rápido. Lily olhava feio para os cinco amigos sempre que possível, no que era frequentemente acompanhada por Dory e Lene.

James não ficou nada feliz com isso, parecia sinceramente chateado.

Porém ele não teve muito tempo para se preocupar com isso. Lupin tinha desaparecido de novo.

Apesar de os quatro amigos o procurarem por toda escola, ele parecia ter simplesmente evaporado. Não estava na biblioteca, não estava no salão comunal, não estava no dormitório, não estava na enfermaria… E ninguém parecia ter o visto o em lugar algum.

Infelizes, eles foram falar com a Profª McGonagall, a última esperança que tinham.

_Creio que Sr. Lupin tenha tido que se ausentar.

_Por quê? – perguntou Pam, animada por finalmente achar alguém que tinha alguma notícia do amigo.

_Eu não sei exatamente, mas ele foi para a casa dele. – e a professora foi embora.

Desanimados, os quatro amigos foram para a sala comunal.

_Ele disse que a mãe estava doente, talvez tenha ido visitá-la. – sugeriu Pam.

_É, talvez… - disse Sirius, sem entusiasmo.

_Você não acham estranho ele ter saído da escola assim?

_Assim como, James? – perguntou Pam.

_Assim, sem dizer nada para gente, nem nada.

_O que você está sugerindo? – disse Sirius, sarcástico. – Que ele foi seqüestrado ou algo do tipo?

_Não. Eu só acho que isso é muito estranho. – ele disse, pensativo. – Acho que talvez ele esteja escondendo alguma coisa da gente.

_Tipo o que?

_Tipo que ele é um bruxo das trevas! – exclamou Pam de repente, dando um susto em Peter.

_Não, não seja boba! – disse James. – Claro que não!

_Então talvez você ache que ele é um lobisomem. – disse Sirius, em uma voz debochada e começou a rir.

Todos caíram na gargalhada. Até James achou graça.

_Você tem razão. – disse ele por fim. – Isso é bobagem. Ele não é um bruxo das trevas ou um lobisomem. Eu estou imaginando coisas.

Sirius ainda sorria.

_Ei, gente, quem quer jogar snap explosivo?

_Eu! – disseram os outros em uníssono.

*~~*~~*~~*~~*~~*

O final de semana chegou. Para outono, sábado tinha sido um dia particularmente frio. Durante o almoço daquele dia Pam, Sirius, James e Severo receberam bilhetes, todos dizendo a mesma coisa:

Sua detenção será hoje.

Começara uma hora antes da meia noite.

Esperem Filch no Saguão Principal.

Professora Sprout

_Ótimo! – exclamou Pam, irônica. – Temos detenção às onze da noite com o Ranhoso.

_Olhe pelo lado bom, podemos enfeitiçar ele de novo! – disse James, com um sorriso maroto.

_Talvez… mas aquele garoto sabe bem mais feitiços do que nós, isso vocês vão ter que admitir. – disse Sirius, pensativo.

Pam rolou os olhos, mas ela e James assentiram, ainda que contrariados.

_Então, qual o plano brilhante? – caçoou James.

_Bom, eu fui à biblioteca…

_Biblioteca? – disse Pam, quase se engasgando com o suco de abobora que acabara de colocar na boca.

Peter arregalou os olhos tanto que era como se eles fossem saltar da órbita. James olhou preocupado e espantado para o amigo.

_Tá está com febre? Está se sentindo bem?

_Nossa, gente, eu só falei que eu fui a biblioteca, o que tem de mais nisso?

_Para e entenda a estranheza desta frase: Sirius Black foi à biblioteca. – disse James.         

Sirius pensou por alguns segundos e finalmente disse:

_É, você tem razão. Isso é estranho. Mas desde quando eu faço coisas que fazem sentido?

Desta vez, os outros tiveram que concordar e Sirius sorriu triunfante.

_De qualquer forma, eu foi à biblioteca e pesquisei sobre feitiços de duelos.

_Ah! E o que você achou?

_Nada, minha cara Pam, nada, apenas os melhores
feitiços que se pode achar. - disse ele, com um sorriso malicioso.

Ela sorriu, conhecia o amigo.

_E quais são? – perguntou ela, animada.

Sirius puxou um pedaço de pergaminho do bolso e o entregou a amiga, onde estava escrito, no letra desleixada de Sirius:

Densaugeo – Faz os dentes de uma pessoa crescerem

Everte Statum – Joga a pessoa para longe

Flipendo – Empurra a pessoa para longe

Furnunculus – Faz furúnculos aparecerem na pessoa

Gás Fedorendo – Faz a pessoa feder

Immobilus – Usado para paralisar pessoas. Variante do Petrificus Totalus

Petrificus Totalus – Usado para paralisar pessoas. Variante do Immobilus

Impedimenta – Impede uma pessoa de chegar até determinado alvo

Expelliarmus – Feitiço de desarmamento

Estupefaça – Joga a vítima longe

Estupore – Faz a pessoa desmaiar

Protego – Usado por bruxos mais experientes, faça o feitiço ricochetear; ou simplesmente o feitiço se desfazer no ar.

Rictusempra – Faz o alvo rir

Tarantallegra – Faz o adversário dançar sem parar

Trip jinx – Faz o alvo tropeçar

Pam olhou espantada para a lista que o amigo tinha feito. Era impressionante. Ele tinha feito uma lista completa.

James olhava por cima do ombro de Pam, tentando enxergar os feitiços.

_Tem alguns feitiços que nós já conhecemos e tem alguns que o Ranhoso usou da outra vez, com a sua especificação. Demos sorte, escapamos de danos maiores.

Pam assentiu, não conseguia imaginar o corpo de Sirius coberto por furúnculos.

_O melhor que a gente faz é lançar o Expelliarmus logo de cara.

_A Pam tá certa. – disse James, e sorriu malicioso – Depois podemos nos divertir.

_Vai com calma, James. – disse Pam, ainda analisando o  pergaminho com certo receio. – Primeiro, vai ter um professor conosco. E segundo, eu não quero ser expulsa. Só vamos usar esses feitiços se ele atacar primeiro. Tá bom?

James rolou os olhos.

_Assim você até parece o Lupin! – exclamou Sirius.

Ela olhou séria para eles, e mesmo a contragosto, eles tiveram que concordar com a amiga. Nenhum deles queria ser expulso logo no
primeiro ano.

_Tá bom. – disse James, derrotado.

_Tanto faz. – Sirius bufou logo em seguida.

_Jurem. – disse ela, olhando desconfiada para eles.

_Não acredita em nós? – disse James, em tom de falso ofendimento.

_Sinceramente, não. Agora jurem.

James rolou os olhos de novo e olhou para Sirius, dizendo silenciosamente “Dá para acreditar?”, antes de os dois disserem:

_Eu juro solenemente que não pretendo fazer nada de bom.

Apesar do incomum juramento, Pam sorriu satisfeita. O juramento era algo que eles tinham adotado. Sempre que juravam alguma coisa,
não importava o que, diziam isso.

Como ainda fosse cedo, os quatro foram para a Sala Comunal. Depois de conversar um pouco e James e Sirius jogarem xadrez bruxo
enquanto Peter e Pam olhavam e davam conselhos, o grande relógio na parede mostrou que eram onze horas.

A garota, Sirius e James se despediram de Peter e foram para o saguão principal, esperar Filch. Ranhoso já os aguardava.

_Vocês vão ver… não perdem por esperar… vocês vão ver… - murmurou o sonserino por entre os dentes.

_E o que exatamente você vai fazer, Ranhoso? – perguntou Pam, tentando parecer divertida, mas por dentro estava furiosa.

_Vocês vão ver, vão ver… - ele continuou murmurando, ignorando ela.

A garota se virou para os amigos e fez um gesto de “ele é louco!”.

Não passou nenhum minuto e Filch apareceu, vinha com um sorriso de orelha a orelha.

_Olá, seus pestinhas.

O zelador os guiou para fora da escola, onde a noite e o frio pareciam ter consumido tudo. Outubro ainda não era tão frio, mas, de noite, onde o vento cortante atingia cada parte do corpo descoberto, deixava as pessoas o lugar ardendo.

De todos, Pam era a que mais sofria. A garota estava usando um casaco fino por cima das roupas, ao invés da tradicional capa e trazia as pernas descobertas por estar usando saia.

Pam esfregou uma mão na outra, tentando manter a temperatura corporal.

Isso pareceu animar Filch ainda mais.

_Espero que isso lhes ensine a nunca mais desobedecerem ao regulamento da escola. – disse o zelador, desdenhoso. – Dor e trabalho são os melhores mestres, se querem saber. Sinto falta dos castigos de antigamente, penduravam os alunos pelos calcanhares durante alguns dias. Ainda guardo as algemas, para o caso de voltarem a ser úteis.

De repente eles pararam perto de uma casinha que tinha passado despercebida aos olhos de Pam, Sirius e James. Para uma casa tão pequena, pareceu quase impossível que o seu morador, um homem quase duas vezes maior do que o normal, pudesse viver ali, mas foi justamente quem saiu de lá, passando meio curvado pela porta.

_Ah, olá, Filch. Estava imaginando quando vocês iam chegar. Já estou esperando faz tempo, até que em fim! Tudo bem? – perguntou o gigante, sorrindo amavelmente.

_Não seja simpático com eles, Hagrid. Eles estão aqui para terem uma detenção.

_É por isso que está atrasado, imagino. Andou ralhando com eles. Isso não é sua função! Eu os pego de agora em diante.

_Volto ao amanhecer para recolher o que sobrar deles. – murmurou Filch, ainda sorrindo, antes de dar meia-volta e andar em direção ao castelo.

_O q-que ele quis dizer? O q-que v-vamos fazer? – perguntou Pam, agora batendo o queixo de tanto frio.

_Vamos entrar na floresta. Há uns dois dias, um bebê de hipogrifo, tentando voar, se perdeu no meio da floresta. Estou tentando encontrá-lo desde então, mas eu preciso de ajuda.

_Mas por que a noite? – perguntou James, olhando com certo receio para a escura floresta.

_Porque os bebês costumam ter hábitos noturnos, já que para as mães é melhor cuidar deles a noite, para não se encontrarem com nenhum inimigo. Se você fosse procurar ele de dia, não o encontraria.

Ranhoso tinha os olhos arregalados, e olhava da floresta para o gigante, como se achasse que ele estava perdendo o juízo.

_Me desculpe, mas, quem é você? – perguntou ele.

_Oh, sinto muito. Não me apresentei ainda! Que bobagem a minha! Meu nome é Rúbeo Hagrid, sou o guarda-caças e guardião das chaves de Hogwarts. E você é deve ser Severo Snape?

O sonserino assentiu, sem olhar para Hagrid, encarando a floresta como se ela tivesse lhe ofendido profundamente.

_E você é a Pamela Porter, certo? – continuou o gingante, amavelmente, se dirigindo a grifinória.

Tentando controlar a tremedeira, ela assentiu.

_James Potter e Sirius Black. – disse o de óculos, apontando primeiro para si mesmo depois para o amigo, quando Hagrid lhes lançou um olhar sugestivo.

_Acho melhor nos dividirmos em grupos. James, Severo, vocês podem vir comigo e… - nesse momento, apareceu um cão enorme, tal como o dono, saiu de dentro da casa minúscula, parecia impossível que os dois morassem lá.

O cão parou ao lado de Hagrid e soltou um alto latido alto e grave.

Pam sorriu para o cachorrão. Gostava muito de cães, apesar de preferir corujas.

_Quieto, Canino, quieto. Volte para dentro de casa… - o cão continuou latindo para os estranhos.

_Ah, por favor, será que podemos levá-lo conosco? – pediu Pam, encantado com o cão.

Hagrid sorriu e depois de pensar um pouco, cedeu.

_Tudo bem. Vocês podem. Você, Sirius e Canino podem ir juntos.

Pam sorriu, enquanto Canino vinha em sua direção e ela o acariciou.

_Mas, na floresta não tem… lobisomens e outros seres horríveis? – perguntou Ranhoso, que só então parecia estar de fato acreditando que iam mesmo entrar na floresta; ele estava visivelmente apavorado.

_Lobisomens? – riu Hagrid. – Não, posso garantir que não tem lobisomens na floresta. Mas, sim, têm outros animais um pouco perigosos… Mesmo assim temos que encontrar o filhote e para isso temos que entrar na floresta. Acho melhor vocês pegarem as varinhas. Não acho que nada possa lhes fazer mal enquanto estiverem comigo ou Canino, mas sempre é bom prevenir. Se alguém encontrar alguma coisa, solte faíscas verdes. Mas se alguma coisa acontecer, soltem faíscas vermelhas. Certo?

Hagrid levava os garotos para a floresta enquanto passava as últimas intrusões, os guiando por uma trilha.

_Ah, e não saiam da trilha. – ele disse por fim, quando chegaram uma bifurcação. James, Hagrid e Ranhoso seguiram o caminho da direita; e Pam, Sirius e Canino o da esquerda.

Infelizmente, o último grupo pegara o caminho mais frio e agora Pam achava que ia congelar.

_Tome. – disse Sirius. Vendo que a amiga estar tremendo, ele tirara a própria capa e a passara sobre seus ombros.

Pam sorriu, agradecida, enquanto puxava a capa para mais junto de si.

_Mas e você? – ela perguntou depois, preocupada.

_Estou usando um suéter. – disse ele, apontando para a roupa que estava usando. – Não estou com frio.

_Obrigada.

Por um tempo, eles caminharam em silencio, mas a capa não estava fazendo grandes progressos, então Sirius ofereceu seu braço a amiga, que se agarrou a ele, tentando pegar o máximo possível do seu calor corporal.

_Quando a detenção terminar – disse Sirius, - vou te levar a enfermaria.

_Não precisa.

_Não está tão frio assim. Acho que você possa estar doente.

_ Não estou. – disse ela, fechando a cara momentaneamente para ele.

Os dois caminharam em silencio, observando os arbustos, a procura do filhote de hipogrifo.

_Olhe. – disse Sirius, apontando para o alto de uma das árvores. – Um dedo-duro.

_ Dedo-duro? – disse ela, apertando os olhos para onde o amigo apontava.

_É, aquele passarinho miudinho, azul.

Então ela viu. Era, de fato, um minúsculo passarinho azul voava freneticamente perto do topo das árvores.

_ Não faz barulho nenhum até o fim da vida, quando solta um som muito alto, composto de todos os sons que ele já ouviu, de trás para frente. Dizem que ver um dedo-duro dá sorte. – e ele olhou para ela.

Pam sorriu, sem graça diante do olhar de Sirius.

_Você se considera sortudo, Sirius? – ela perguntou, sem realmente querer saber, mas ansiando ter algo para falar.

_ Em alguns casos sim. – disse ele, ainda sorrindo e olhando para ela. Mas aos poucos seu sorriso foi amarelando e ele ficou sério. – Mas, em compensação, em outros eu me sinto a pessoa mais azarada do mundo.

_O que você quer dizer com isso?- perguntou Pam, levemente preocupada.

_Minha família… Bom, você já deve ter percebido que eles não são exatamente gentis. Minha mãe e suas manias puro-sangues… E Régulo, o filho perfeito! Como eu os odeio! O que eu não daria para fugir daquela casa horrível!

_Você tem um irmão?

_Infelizmente. Régulo Black, o maior idiota que o mundo já conheceu.

Pam não pode deixar de reprimir uma risada.

Sirius voltou a olhar para a amiga, desta vez com um sorriso forçado.

_Mas falemos de você. A gente já se conhece a dois meses e não sei quase nada sobre sua família.

_Bom, para começar, eu também sou a primeira grifinória da família. Mas não como você. Mamãe era lufa-lufa e papai era corvinal. Sou filha única, nada de irmãos.

_Alguma razão especial para isso?

_Mais ou menos. Minha mãe faz jus a má fama da Lufa-Lufa, não tem os miolos no lugar. Bom, ela não gostou muito das dores do parto e de ela ter engordado muito com a gravidez, então decidiu que não ia ter mais nenhum filho.

“Minha mãe é uma curandeira, no St. Mungus; meu pai trabalho no ministério, mas morava fora, nos Estados Unidos, para fazer algumas pesquisas, mas isso eu já te disse. Meus avós paternos eram como seus pais, só aceitavam que os filhos se casassem com puro-sangues sonserinos, mesmo que eles próprios não o fosse. Papai casou com mamãe, que apesar de ser puro-sangue, é lufa-lufa; então eles cortaram os laços e eu nunca os vi. E…”

Ela engoliu em seco, encarando os próprios pés e finalizou:

_E é só isso.

_Tem certeza? Tenho a impressão de que você está escondendo algo de mim. – Sirius erguera uma sobrancelha e a olhava, desconfiado.

_Nada a ver. Esconder… O que eu poderia esconder de você?

_Ah, isso é você quem vai ter que me dizer.

Depois disso, os dois parecerem ficar interessadíssimos nos próprios pés e os encaram, sem falar nada, por alguns longos minutos. À frente, as patas de Canino faziam barulho ao pisar nas folhas secas.

Só voltaram a se falar quando ouviram alguma coisa se mexendo no meio dos arbustos.

A garota apertou o braço dele com força, temendo o pior; e ele segurou com mão livre a ponta da varinha dentro do bolso.

De repente, de trás do arbusto, saiu um bicho estranho. Tinha a cabeça de uma águia e o corpo de um cavalo; tinha os olhos alaranjados e um cruel bico cinza.

Sirius se preparou para atacar, mas Pam pulou a sua frente e fez uma referencia.

O garoto achou que a amiga estava perdendo o juízo, mas quando o bicho retribuiu a reverencia, ele percebeu que ela estava fazendo a coisa certa.

Pam então esticou a mão e acariciou a cabeça cinza do bicho, que fechou os olhos, mostrando que gostava do agrado.

_É o hipogrifo. – ela disse para Sirius, que ia se aproximando  devagar. – Faça uma reverencia e não pisque muito.

Confuso, Sirius se inclinou muito devagar, o hipogrifo retribuiu tal como com Pam.

_Ele não é uma graça? – perguntou Pam, sorridente.

Sirius observou o bicho de novo. E agora, que tinha superado o primeiro choque de se encontrar com um animal tão exótico, ele observou o jeito com que a pelagem parecia reluzir, mudando suavemente de pena para pêlo. Ele sorriu de volta para Pam.

A cabeça do hipogrifo batia mais ou menos na altura do peito de Sirius.

_Vou chamar os outros. – e Pam apontou a varinha para o alto e soltou faíscas verdes, anunciando que tinha encontrado o hipogrifo.

Não demorou muito e Hagrid, James e Ranhoso aparecerem. O sonserino com um corte na testa, olhando feio para James.

_Ótimo, - disse o gigante. – vocês encontram o Bicucinho!

_ Bicucinho? –riu Pam da excêntrica escolha para o nome do hipogrifo.

_É. Na verdade, é Bicuço, mas…

Ela acariciou a cabeça de Bicuço. Tinha gostado bastante do animal.

_Mas onde está o Canino? – disse Hagrid, olhando para os lados.

Até agora Sirius e Pam não tinha dado pela ausência do cão, mas era verdade que ele não estava em parte alguma.

_CANINO! _ Hagrid soltou um berro desumano e o cão saiu de trás de alguns arbustos, farejando o chão.

Pam, Sirius e James riram, percebendo que obviamente o cão andara se escondendo de Bicuço.

*~~*~~*~~*~~*~~*

Lily queria ter podido esperar Sev no Salão Principal, mas não pôde. Agora ela se virava inquieta na cama, esperando que nada de ruim tivesse acontecido.

_Lils! Você quer ficar quieta? Não ta me deixando dormir! – gritou uma voz do lado dela.

_A culpa não é minha, e quantas vezes eu já não te disse para não me chamar de Lils?

_Ah, não… - ouvi-se uma voz lamentar.

_Elas vão começar de novo…

Um vulto mais próximo a porta se sentou na cama e murmurou “Lumus”.

De repente uma luz iluminou o rosto de Lene.

_Escutem. Agora são mais de uma da manhã. Será que vocês duas não podem adiar essa briga por causa de apelidos para amanhã? – ela perguntou para a ruiva e a de cabelos castanho-claros.

_Eu estava tentando dormir… - e o rosto de Dory também foi magicamente iluminado. – Mas ela fica se mexendo igual a um peixe fora da água e o barulho não me deixa dormir.

_Gente, por favor… - bocejou Alice.

Lily tateou em busca da varinha e murmurou o feitiço que fez a sua ponta se iluminar.

_Eu não consigo dormir! – ela disse. – Sev tem uma detenção hoje à meia-noite e eu estava preocupada…

Só nesse momento as quatro amigas deram pela falta de Pamela, quando a garota não fez nenhum comentário irônico.

_Gente, vocês viram a Pamela? – perguntou Alice, sobressaltada e agora também tinha o rosto iluminado.

_Eu… Bom, a última vez que a vi ela estava vendo o James e o Sirius jogarem xadrez… - refletiu Dory.

_Talvez ela tenha morrido. Mas não podemos alimentar falsas esperanças. – e com esse comentário de Lene, todas as outras caíram na risada.

Então Lily se lembrou. Estava tão preocupado com Sev que tinha se esquecido que Pamela, James e Sirius também tinham que cumprir detenção.

_Ela está na detenção. Com o Sev, o James e o Sirius. – a ruiva disse.

_Não é estranho que ela ainda não tenha voltado? – perguntou Alice. – Quero dizer, Lily, você disse que era a meia-noite que começava…

Um aperto invadiu o coração de Lily. Se Pamela ainda não tinha voltado, isso significava que Sev também não. Teria acontecido alguma coisa?

Elas ouviram passos nas escadas, murmuram rapidamente Nox e jogaram as cobertas em cima das cabeças.

A porta rangeu. E alguém entrou no quarto.

As quatro garotas, porem, continuaram com os olhos bem fechados, fingindo dormir.

A nova pessoa no quarto gemeu e atirou alguma coisa em cima da cama de Pamela antes de abrir o malão da morena e começar a mexer lá dentro.

Nesse momento Dory estava morrendo de curiosidade e não resistiu, abriu os olhos e viu a colega de quarto que mais odiava.

_Ah. É só você. – ela disse.

Pam pareceu sobressaltada. Não esperava encontrara as outras acordadas.

Todas as outras começaram a se remexer e alguém acendeu as luzes.

O rosto de Pamela tinha perdido a cor, apenas seus olhos azuis continuavam a brilhar como sempre.

_E-eu… - ela tentou falar, mas não conseguiu dizer nada.

_O Sev está bem? – disparou Lily.

_Está… - ela disse, mecanicamente.

_Ei, de quem é essa capa? Não é sua. – disse Dory, olhando para a capa que ela tinha jogado em cima da própria cama.

A garota se apressou em pegar a capa e jogá-la dentro do malão, que ela tivera preguiça de desarrumar e colocar as coisa na cômoda que lhe fora destinada.

_Que capa?

Dorcas pulou da cama e foi em direção de Pam, arrancando a capa de dentro de seu malão.

_Essa capa.

A morena arrancou a capa da mão da de cabelos castanho-claros.

_Não é da sua conta.

Pam voltou a guardar a capa em seu malão, usando um feitiço para trancá-lo e ela deitou-se na cama, se cobrindo logo em seguida.

_Boa noite. – a morena disse, seca, para as outras.

_Pamela… Você está escondendo algo de nós… - começou Dory, com a leve suspeita de que a capa pertencia a algum garoto, considerando que era bem maior do que as delas.

_Não tenho motivo nenhum para contar nada a você. Mas não, eu não estou escondendo nada, de qualquer forma. – ela disse. – Agora me deixem dormir. Amanhã tem jogo de Quadribol!

Lily bufou.

_Quadribol, Quadribol! Vocês só sabem falar disso?

Pam resmungou alguma coisa incompreensível em resposta.

Dory reconheceu que esta vez tinha perdido, sabia que não podia tirar mais nada de Pamela. E foi com esse infeliz pensamento, que ela voltou para a cama e dormiu finalmente.


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Notas finais do capítulo

Sim! A Pam está escondendo algo sobre a família dela! Só que eu não vou contar ainda o que é! Huahahahaha! Eu sou má!
Já arranjei uma beta (EBAA!!) É a Gaby Black. Esse capítulo
ainda não está betado, mas o próximo, se Merlin quiser, já vai estar.
BlueBerryKisses,
Cassie