Someone In Your Side escrita por Den Falk


Capítulo 6
Silence Friend - Prólogo VI


Notas iniciais do capítulo

Esse está bem menor que os outros, mas de verdade, desculpem. Não dava para desenvolver mais sem deixar cansativo.
Leiam as notas finais.



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Era pra ser um momento de alegria, ao menos minha mente me dizia que seria. Eu era pequeno, não entendia nada e nem pretendia entender. Aliás, não sei nem como posso ter essa lembrança sendo que eu era apenas um bebê.

Meu psicólogo disse que meu primeiro trauma foi forte demais para ser apagado, mas já que eu tinha quase 2 anos e sempre fui mentalmente desenvolvido de acordo com os médicos eu, infelizmente, mantenho isso na minha mente me atormentando em meus sonhos todos os dias.


Eu olhava para a estrada lembrando tudo. Talvez algo espetacularmente terrível e de outro mundo me fizesse ter lembranças claras de algo que eu não deveria. Talvez uma força sobrenatural que me atormentasse para sua própria diversão colocando isso na minha cabeça.

Mas era tão claro. Ainda é. Eu lembro sempre.


―Largue já essa arma, dona! – O segurança berrava em desespero. Ele deveria estar se sentindo culpado por ter se distraído a ponto de uma senhora que havia acabado de receber alta depois do parto conseguir lhe roubar a arma com tanta facilidade.


Minha mãe olhava para tudo e todos, seus olhos paravam desde a minha irmã recém-nascida no colo de meu pai até minha face assustada enquanto eu me apertava na perna dele escondido sem saber o que aquilo tudo significava.


―Não! – ela gritou de volta, visivelmente perturbada.


―Por favor, não faça isso. – meu pai pedia perdido. Ele mal sabia que atitude era certa a se tomar no momento.


―Eu vou. – Ela afirmava tremendo enquanto colocava a arma apontada para a própria cabeça e ameaçando os seguranças.

A respiração descompassada e os olhos sem foco algum, suas mãos suavam excessivamente e ela tremia como se estivesse em uma banheira de gelo. Sua pele estava pálida e seu rosto cansado, para ela era o fim da linha, sua última opção.

―Eles são um fardo! – Ela gritava dessa vez apontando a arma em direção ao meu pai e nós dois – Eu não posso lidar com isso! Não posso ter mais vidas em minhas mãos!


Podemos dizer que ela não poderia nem lidar com a própria vida, então imagine com as vidas dos filhos.

Não foi nada demorado, ela enfiou o cano da arma na boca e puxou o gatilho espalhando sangue e partes que eu acredito que fossem de seu cérebro ou algo assim. Não importa, me traumatizou da mesma forma.




Acordei de súbito dentro do carro. Havia cochilado durante a viajem e por isso minha mente começou a utilizar as pontas soltas das minhas lembranças para me dar um novo pesadelo. Meu coração estava disparado e SooYoung percebeu, colocando a mão em meu ombro preocupada. Sorri para ela alegando estar tudo bem.


Garante que está tudo bem? – Ela perguntou recostando-se no meu ombro.


Garanto. – falei alisando seus cabelos e fechando os olhos.


Abri os olhos devagar observando que meu pai lançar alguns olhares desconfiados pelo retrovisor. Ele abriu um sorriso quando eu fiz um careta e voltou a prestar atenção na pista.


Estávamos viajando já fazia um bom tempo, meu pai parecia cansado e mesmo sendo dia eu sabia que não custaria muito para que ele dormisse. Suspirei pensando como era difícil não poder ser maior de idade para poder ficar no lugar dele. Estava irritado por estar há tanto tempo preso no carro, mas ficava mais calmo ao lembrar que a viajem alegrava Sooyoung e ao Appa.

Soo dormia no meu colo enquanto eu acariciava seus cabelos. Ela havia completado 15 anos fazia tão pouco tempo, mas seu rosto já era tão bonito e ela parecia tanto uma mulher. Me sentia orgulhoso da minha irmãzinha. Na verdade não sei o que faria sem ela.


Ouvimos uma buzina alta que despertou Sooyoung. Um caminhão havia entrado na contra mão em nossa direção e papai entrou em desespero tentando pensar em algo para nos proteger além de sua buzina para avisar o motorista distraído que ele estava nos colocando em risco. Gritei para Soo colocar os cintos, o caminhão estava longe, mas para sair Appa deveria jogar o nosso carro na contra mão. Ele parecia pensar muito antes de fazer, então eu gritei. Gritei para que ele tirasse o carro dali, na esperança de isso nos salvar, mas foi a pior coisa que fiz em toda minha vida.

Assim que entramos na outra pista um ônibus entrou no cruzamento e pegou nosso carro pela frente, arrastando-o até o canteiro da pista e destroçando completamente toda a parte do motorista e do acompanhante.

Eu fechei os olhos e abracei Sooyoung sentindo o impacto e tentando fazer com que ela se machucasse o mínimo possível. Quando abri os olhos vi meu braço cheio de sangue por um corte profundo nele e meu lábio cortado, Soo estava desacordada, mas bem. Levantei a cabeça buscando por meu pai, o carro havia se partido ao ser prensado contra a cerca de aço do canteiro e na outra parte do que restou, no meio das ferragens, meu pai nos olhava com lágrimas nos olhos e sangue escorrendo pela boca. Ele apenas sorriu por nos ver bem e cuspiu mais sangue antes que eu pudesse ao menos chamar por seu nome.


Ele morreu ali, nos deixando sozinhos.



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Notas finais do capítulo

Faltam só mais dois prólogos. Me desculpem os que não participarem. Inicialmente eu havia separado 12 dramas que me enviaram, mas como eu não consegui nem ao menos desenvolver bons prólogos para todos imaginei como iria lidar com 12 problemáticos sem estragar suas essências... Pois bem, não posso. Eu amei as personagens que foram enviadas no geral, mas os que estou postando eu achei formas de ligá-los. De unir a todos em uma história só, como pretendo fazer.
E lembra o ponto que nunca falei por ser um grande spoiler? Pois é, provavelmente vou deixar um gostinho dele no último prólogo a ser postado.
Os próximos são dois meninos, eu dei preferências a eles pelas histórias, então me perdoem de novo por não poder usar todos que me enviaram.