Revirei os olhos. Nada que ele dissesse iria mudar a minha decisão, que era corta-lo totalmente da minha vida. Eu não preciso de mais um idiota ao meu redor.

-Vamos? – Perguntou-me.

-Foi o que eu combinei, não?
Seguimos silenciosamente para um café que havia perto da escola. Sentamo-nos em uma mesinha redonda que havia lá.

-Então… – suspirei. – Pode falar.

-Summer… Eu não queria dizer aquilo. Mas é que os caras estavam zoando de mim, por sua causa. Dizendo que a gente tava namorando, dizendo que eu tava virando boiola. E umas coisas assim… Eu tinha que dizer alguma coisa! – falou depressa.

-Que falasse a verdade então! – disse eu, colocando o rosto entre as mãos.

-Eles não iriam acreditar. – falou baixinho.

-Com licença… O que vocês vão querer? – uma moça loirinha com o uniforme do café perguntou gentilmente.

-Você é absurdo, Tomas. Nada justifica suas atitudes. Eu já deveria saber que você é só mais um moleque imaturo. – continuei, ignorando a moça, que percebeu que o melhor que ela tinha a fazer era se afastar da nossa mesa. O clima estava pesado.

-Summer, você é minha melhor amiga! Não faz isso comigo. Por favor.

-Tarde demais pra você falar isso.

Sai do café chorando, louca para chegar em casa…

                                             ~*~

Fui subindo a escada, tudo que eu esperava era que minha mãe estivesse em casa, precisava conversar. Fui me aproximando da porta de seu escritório e eu consegui ouvir ela falando ao telefone: 

-Não vou fazer mais nenhum sacrifício por essa menina. Eu devia ter abortado quando tive a chance. Não acredito que só a tive pra conseguir um homem, que alias, eu nunca mais vi na vida.

Prendi minha respiração, não era possível que era de mim que ela estava falando. Ela ficou  calada por um momento até continuar a falar:
-Não, ela é sim a coisa que eu mais me arrependo na vida…

O ar estava faltando, parecia que tudo a minha volta girava. Não é possível. Minha mãe me odeia? Como se já não bastasse uma decepção com Tomas, minha vida foi uma farsa?

Apesar de não me dar muita atenção, minha mãe era minha heroína. Era o exemplo de mulher. Eu a considerava tão forte por ter criado a mim e a meu irmão sozinha… Quando na verdade, eu era a pessoa que ela mais odiava.
Não conseguia me mexer, mas sabia que eu tinha que o fazer, pois logo minha mãe abriria a porta e me veria lá. Ou melhor, eu a veria, e no momento não posso me dar ao luxo de ser presa pro assassinato.
Eu realmente não sabia o que fazer, meu irmão não acreditaria em mim, minhas amigas tinham muita coisa para se preocupar, e eu não queria contar a elas isso.

A decisão mais sensata foi sair de casa, correndo.

Bati a porta atrás de mim e respirei fundo, eu teria que ser forte, pois agora eu estava sozinha.