Perfect Two escrita por oliverqueens


Capítulo 6
Faça um pedido


Notas iniciais do capítulo

Narrador: Blaine Anderson



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Eu ainda não voltara ao Mckinley. Voltaria na Segunda. Nisso, eu aproveitaria o meu final de semana ao lado de Sam, ou na minha casa ou na dele. Ele já havia retirado os pontos e o arroxeado em seu olho melhorara bastante. Felizmente, eu não gostava de ver ele machucado.

Fazia um Sábado fresco, de brisa bastante leve. Naquele dia, vesti-me com uma roupa bastante confortável. Havia um cinto bastante discreto, em comparação com a minha calça de um tom avermelhado. Além disso, eu usava, acoplado no rosto, um dos meus típicos ray ban, este de uma cor amarelada. O meu cabelo, muito preto, estava bem arrumado e penteado para um lado, assentado por uma quantia ideal de gel fixador. E assim parti para a casa de Sam Evans, após pegar o meu carro. Não demorei a chegar lá, eu tinha excepcional domínio no volante. Na casa do garoto – que era um ambiente bastante simples, mas muito aconchegante – não demorei a ser atendido pelo próprio Sam, sentindo-me seguro por isso. Ele, todavia, me alertara anteriormente de que os pais dele costumavam sair nos finais de semana e só voltavam tarde da noite do Domingo, o que significava casa livre para nós dois.

– Hey, Sam! – Cumprimentei-o e cruzei a porta, esperando que o garoto a fechasse. Ele sorriu para mim e me abraçou, assim que a porta foi fechada. Era um abraço extremamente doce e eu me perguntava naquele momento se não estávamos confundindo o sentimento fraterno com algo a mais. Fui soltando-o, deixando um beijo estalado em uma das enormes bochechas do loiro. Ele fez o mesmo, mas fora mais ousado, depositando um beijo em minha bochecha que foi escorregando até o canto dos meus lábios. Aí ele não prosseguiu. Interrompera e me estendera a mão, me conduzindo para outro cômodo que não fosse o hall de entrada da residência.

– Então, Blaine. – Sam disse, assim que chegamos a um local onde havia algumas poltronas e uma mesa central. Adiante, uma lareira feita de pedra. Ele me indicou um dos assentos e no que eu ocupei, ele foi se sentar ao meu lado. Eu tive que rir, era fofo a forma de Sam demonstrar amor. Ele era companheiro e parecia ser muito fiel. – Vamos estudar, certo? – Ele me questionou.

– Sim, claro! – Respondi-o, movimentando as sobrancelhas que, segundo Sam, me dava um charme especial. – Podemos estudar o quê? – Perguntei.

– Estou com dificuldade em Química. É complicado. Confundo dois com quatro! – Ele disse, apavorado, me fazendo, outra vez, cair em risos.

Então ele me repreendeu:

 – Não ria, Blaine, estou com muito medo da reprovação, ainda mais que estamos próximos da metade do ano... –

– Certo, loirão! Mãos a obra. – Exclamei entusiasmado, deixando o sofá e, claro, puxando Sam junto, colocando-o sentado no chão ao meu lado, de frente à mesa central, onde havia alguns livros e folhas livres para anotações, empilhados. – Esse é o material que usaremos? Ok!

Sam concordou com a cabeça e abri um livro de Química dele, percorrendo os olhos pelas páginas, cheias de cálculos, explicações e ilustrações.

– Isso é fácil, Sam... – Falei a ele e o loiro movimentou-se, colocando a cabeça sobre o meu ombro esquerdo, apoiando-a ali, enquanto prestava atenção – eu acho que sim – no que eu ia explicando a ele.

E o tempo passava. Só depois de cerca de vinte minutos que Sam me disse que não entendera um ponto da matéria por mim explicada.

– Mas como não entendeu, Sam?! Você disse que compreendeu isso há menos de cinco minutos atrás! – Aquilo me assustava. Será que o déficit de atenção do menino era tão alto?

– Não, eu entendi, mas... Esqueci. É que olha onde eu estou. Olha o que a minha cabeça está vendo. O seu perfil, os traços do seu nariz, as curvas que seus lábios fazem ao se moverem, o constante abrir e fechar das suas pálpebras, o perfume que vem desse cabelo... Blaine! – Sam suspirava à medida que falava, em tom incrivelmente apaixonado. O loiro ergueu uma das mãos e mergulhou-a entre os meus fios de cabelo, bagunçando-os, mas depois Sam foi gentil em arrumá-lo, ou tentar. – Vamos, continue. – Ele pediu, mas sem muita vontade.

Dessa forma, eu não tinha alternativa. Continuei a transmitir a matéria para o boca-de-truta, esperando que ele estivesse compreendendo. Ele mantinha a cabeça apoiada em um dos meus ombros e ora ou outra eu percebia ele roçar o nariz sobre o tecido da minha camiseta – eu estava o observando de esguelha –, provavelmente com o intuito de sentir o cheiro dela ou o meu cheiro próprio.

– Hmmm, certo, certo! – Ouvi ele murmurar, parecendo impaciente. De repente, senti uma das mãos de Sam bater contra a mesa e arrastar o livro para longe, fechando-o de maneira indelicada.

– Cansou? – Fiz a pergunta bem óbvia.

– Não. Só estou cansado de estar tão perto de você e não fazer nada, sabe? – Ele me olhou com olhos de cãozinho abandonado, me fazendo mordiscar os próprios lábios, com um pouco de pena. ''O que falta para eu beijá-lo?'', pensei, sem muitas opções. Estava escrito na testa de Sam que o que ele mais queria era me beijar, mas eu tinha um pouco de medo. E se ele só estivesse em mais uma das experiências dele? Experimentando por experimentar? Aquilo me doeria, certamente, e de machucados de Sam eu já estava cheio. Claro que o amor que eu sinto por ele curaria a maioria das dores, mas até que ponto o amor seria o maior curativo? Nada eterno. A única coisa que realmente é eterna, é o nosso caráter. Mas, quem sabe... Se eu começar a dar chances, eu tenho a oportunidade de ser feliz, com durabilidade e intensidade. Sam, será ele o meu par perfeito?

– Oi? – Sam chamou minha atenção. Eu havia deixado o garoto esperando por uma resposta, sabe-se lá por quantos minutos.

– Ah, entendo... –

– Entende o quê, Blaine? –

– Nossa. Estamos estranhos, hein. –

– Pois é! – Contestei.

– Sei do que você precisa... – Sam falou, virando-se completamente para mim. Ele avançou na minha direção com os seus enormes lábios, tentando me beijar, mas no momento virei o meu rosto, fazendo assim que nossas bocas não se encontrassem. Sem querer, o garoto acabou caindo sobre o meu corpo, me fazendo ficar estirado sobre o carpete da sala e o loiro, por cima de mim. – Por que não deixou eu te beijar? –

''O que eu respondo?'', me perguntei mentalmente. Sam devia estar me achando um frouxo. E eu estava sendo um.

– Me desculpa. – Falei.

– Ok. – Sam disse, seco, erguendo-se e indo para outro cômodo. Consertei minha posição, ficando sentado, apoiando as mãos sobre o tapete.

– Sam, você ficou bravo comigo? – Gritei, esperando por uma resposta.

Não demorou muito para que ele voltasse, carregando uma embalagem mediana dos famosos biscoitos em que vinha um bilhete dentro. Sam se sentou do meu lado, abrindo o pacote e me oferecendo um dos biscoitos. Sem demora, apanhei um e mordi, vendo um pedaço de papel embrulhado ali e tirei-o, desenrolando o papel e lendo o que dizia: ''Quero te beijar''. Ironicamente ou não, eu olhei diretamente para Sam, que também abria outro papel.

– O que diz no seu? – Perguntei a ele, comendo aquele confeito.

– ''Cuidado''. – Ele me respondeu, também fazendo a digestão do seu biscoito.

Resolvi abrir um novo biscoito, assim que coloquei a minha mão dentro do pacote desses. Dando delicadas mordidas, como se estivesse moldando o doce, vi que gradativamente o bilhete ia aparecendo e quando ele já estava bastante acessível, prendi-o entre dois dedos meus, puxando-o para fora e repousando a bolacha sobre meu colo, abrindo, ansioso para ler o que estava escrito.

– O que diz aí? – Sam me perguntou, aproximando-se de mim e conduzindo um dos seus polegares até o canto dos meus lábios, retirando o excesso de farelo que havia impregnado em tal região. – ''Cuidado''. – Ele repetiu o que havia tirado no seu biscoito. – Estou cuidando de você. Isso vale, né? – Perguntara, bastante curioso ao levantar as sobrancelhas loiras.

– Claro que vale... Olha, Sam! – Concordei e então, preparei-me para recitar o que estava escrito no meu: – ''Cuidam de você''. – Eu e Sam rimos em uníssono. – Sugestivo, não acha? –

– Muito. Que tal abrirmos um último, Blaine? –

– Antes, espera. – Ao falar isso, virei meu rosto na direção do loiro e movimentei meu braço, guiando minha mão até uma das bochechas dele e pousando-a ali, acariciando a região macia que era a pele de Evans. Meus olhos prenderam-se a todos os traços faciais do garoto, eram simplesmente encantadores! Sam sorrira, mediante minhas carícias e então sorteamos um novo biscoito da embalagem prateada.

Mordemos as laterais do doce, até que encontrássemos o que tanto desejávamos. Os bilhetes. Em conjunto, retiramos o pedacinho minúsculo de papel do interior visível do alimento e abrimos. Nossos lábios se escancaram, surpresos, e nossos olhos brilharam, como na primeira vez em que nos abraçamos. Mas não havia um contato físico, agora.

– ''Faça um pedido''. – Falamos juntos, nossas vozes se misturando. Os nossos tons vocálicos se misturaram em grande harmonia naquele momento... Simbólico? Seria algo simbólico?

– Estranho, tiramos a mesma frase. Será que o amor está conspirando contra nós, Blaine? – Ouvi Sam me perguntar aquilo e fiquei confuso, mas não tardei em lhe dar uma resposta bastante séria:

– Amor? Então você sente o mesmo que eu? E eu não acredito, Sam, que o amor esteja conspirando contra nós, mas sim a favor! –

– Sinto, não percebe? Eu quero ficar perto de você, Anderson.  – O loiro me respondeu, em tom bastante sério e tranquilo.

– Sendo assim... –

– O que foi agora, Blaine? Detesto quando você fica estranho e age com diferença. –

– Não. Só estou pensando. –

– Não pense muito. –

A minha cabeça anteriormente abaixada foi sendo erguida aos poucos e me arrastei um pouco mais para perto de Sam. Ele não se moveu. Apenas cruzou os braços, colocando-os em frente ao peitoral, entrelaçados, fixando seu olhar no meu. Sem pedir permissão, desfiz o laço entre os braços do loiro e segurei as mãos dele entre as minhas, como minutos mais cedo, como ontem na Dalton, quando ele foi me buscar. Dalton! O pouco tempo que tive com Sam naquela escola me deixava com saudades, era uma lembrança inapagável.

– Sam... – Chamei-o.

– Oi? –

– Faça um pedido. – Pedi.

– Ser feliz. – Ele respondeu.

– Mas você não é feliz? – Questionei, sentindo as minhas mãos suarem de forma gelada.

– Sou, mas... –

– Mas? –

– A felicidade surpreende. Chega com rapidez e vai embora com mais pressa ainda. – Esclareceu ele, me olhando cabisbaixo.

– Não acho. –

– Por quê? Você já não passou por isso? –

– Mais ou menos. Não adianta um cultivar a felicidade sozinho se o outro não ajuda a cuidar desse sentimento... –

''Ele estava certo'', Sam pensou. Fora assim com ele. Em todos os seus relacionamentos ou quase-relacionamentos. Com Quinn, por exemplo. Apenas ele cultivara a felicidade e Quinn a deixara morrer. Com Mercedes. Ele cuidou da felicidade, assim que cultivou, mas Mercedes Jones simplesmente pisou em cima desse sentimento. Com Santana, um quase-relacionamento. As poucas raízes da felicidade que cresceram com a relação deles, foram devastadas pelo sangue latino da garota. E por último, com Sebastian. Apenas Sam se importava com a felicidade, já Sebastian queria aproveitar. Então significava que Sam era ingênuo e todos os outros eram superiores a ele? Mas eles não se davam tão bem em suas vidas e se tinham sucesso atualmente, provavelmente no futuro os caminhos dos sortudos do presente seriam tortuosos.

– E você, Blaine, cultiva a felicidade? – Perguntou Evans.

– Estou cultivando, só não sei se outra pessoa quer cuidar dela. – Respondi.

– Eu quero! Digo... – Sam começara a corar.

– É exatamente você quem eu quero que ajude a cuidar desse sentimento, comigo. – Eu falei e, estranhamente, minha voz não parecia muito exigente. Talvez porque com Sam as coisas eram diferentes e o sentimento parecia ter futuro.

– Tem certeza disso? –

– Certeza, Sam! – Afirmei com firmeza.

– Quer mais biscoito? – Ofereceu ele.

– Não, não. Deixa os biscoitos de lado. Agora eu quem vou te oferecer uma coisa. Na verdade, já ofereci. Só você que não percebeu... Te ofereço meu coração. Ele está em suas mãos. Você quer namorar comigo, Sam? – Pedi. Não queria ser romântico demais, mas queria parecer sério. Esperava estar conseguindo.

Sam ficou pensando. Certo, isso era muito incômodo para mim, era quase um ''não''.

– Você pensa demais, mas seus olhos já têm a resposta, Sam...  –

– Se eles têm, então você sabe que ela é um sim. –

Inundado pelo sentimento de felicidade que agora via eu não era nada irreal – Sam estava comigo e eu podia tocá-lo –, coloquei o meu corpo sobre o do garoto e abracei-o com considerável força, repousando minha cabeça no ombro dele, sentindo a respiração ansiosa do garoto.

– Eu te amo, Sam. –

– Eu te amo, Blaine. –

Movi o rosto e encarei Sam tão de perto. Um sorriso escapou dos meus lábios bastante cheios – não tão cheios quanto os de Evans, mas quase lá – e fechei os olhos, encostando os meus lábios aos dele. Era um gosto bastante doce (ou seria só o sabor do biscoito com chocolate que comemos há minutos atrás?) e delicioso. Ele tinha lábios molhados e quentes, como eu sempre imaginei que fossem. Sua boca, sendo maior que a minha, se sobrepôs a minha, em um gesto bastante carinhoso e afetuoso. Naturalmente, fora Sam quem apimentara aquele nosso primeiro beijo. Ele conduziu as mãos dele a minha nuca e ficou acariciando aquela região, brincando com os fios do meu cabelo que deslizavam suavemente entre os dedos das suas mãos grandes e fortes. Minhas mãos foram para a cintura de Evans, circundando a bem desenhada região do garoto, além de definida. Ele devia ter um abdômen incrível. Segundos depois, o loiro começou a mordiscar os meus lábios de forma provocante, mantendo os olhos dele cerrados. Eu sentia o coração dele bater com força, assim como o meu batia. Estávamos unidos e isso era mais que perceptível. Posteriormente, sem exercer força, fui deitando o corpo do garoto sobre o tapete e ele abriu um espaço entre suas pernas, fazendo com que eu me acomodasse naquele meio espaçoso. Ali instalado, eu fiquei, com o corpo inclinado sempre na direção do rosto do meu namorado. Ele me beijava com bastante doçura e eu retribuía, acariciando-lhe a barriga por cima do tecido da camiseta, enquanto ele brincava com a barra da minha blusa. Prosseguimos assim por longos minutos.

Eu não podia acreditar que passei o final de semana inteiro com Sam! Ajudando-o, dormindo junto com ele, beijando, fizemos nossas refeições juntos, tudo o que um dia eu esperava para mim. Não que eu nunca tivesse feito isso com Kurt, mas com o meu atual era tudo diferente e me envolvia ainda mais. O mais doloroso fora o fim do Domingo. A despedida. Mas nos veríamos na manhã seguinte, o que era ótimo, afinal tínhamos aulas no Mckinley. Já na porta da casa de Sam, eu do lado de fora e ele parado à soleira, nos observávamos. Podíamos perceber a rua sem muito movimento e o sol já ia se pondo, enquanto o céu ia sendo tingido por uma coloração arroxeada.

– Te deixar ir é tão doloroso, Blaine. – Sam balbuciou, colocando uma das mãos sobre o meu ombro e eu coloquei uma das minhas mãos sobre o peitoral do garoto, no lado esquerdo.

– Seu coração está batendo, não está? – Eu perguntei-lhe.

– Sim, está. –

– Pois então, Sam Evans...

– Só ''Sam'', Blaine. Só ''Sam''. – Ele me corrigiu, me fazendo emitir uma gargalhada suavizada com aquilo.

– Ok, Sam... –

– Sim, Blaine. Meu coração está batendo. –

– E eu estou aí dentro, não estou? Cuidando de você, pensado em você, te amando, principalmente... Né? – O questionei, com um olhar de curiosidade.

– Certíssimo. Assim como eu estou no seu coração. –

– Se está. Vou indo. –

– Ok... –

Nos abraçamos outra vez e beijei-o com rapidez, saindo do portal e indo em direção ao meu carro, no qual entrei e parti para minha casa, muito ansioso e feliz. No Mckinley seria diferente, agora. Fase nova, Anderson! Junto do seu boca-de-truta.


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