Corri até chegar á minha cabana no meio da floresta. Fui surpreendida por uma certa pessoa que me seguiu.

– Allison. - chamou Thalia atrás de mim. Ela me encarava com aqueles olhos azuis elétricos que eu sinceramente morria de medo.

　

Puff. Morria de medo. Essa piada passou a ser sem graça agora.

　

E naquele momento eu sabia...

Eu estava ferrada.

　

Rezei para que Thalia não notasse meu nervosismo.

　

Com minhas mãos tremendo fiz meu caminho até o quarto e fingi estar observando os desenhos na parede.

　

– Então... O que faz aqui? - perguntei.

　

– Quer a verdade?

　

– Não, minta para mim. - respondi sarcasticamente.

　

– Estou preocupada com seu destino Ally. Toda vez que eu falo sobre você com Quíron ou com lady Ártemis eles soltam um suspiro de lamentação. O que aconteceu na casa da sua mãe? Descobriu alguma coisa?

　

Ignorei suas perguntas e encarei o desenho de um pássaro que estava na minha frente.

　

– Você sabia que existe um tipo de pássaro que toda vez ao por do sol, no momento em que só há escuridão, ele pensa que está morto. Ao amanhacer quando ele vê o sol, o pássaro fica tão contente que esta vivo, que ele canta lindamente.

　

Por um momento Thalia fica em silêncio. Provavelmente pensando que eu pirei de vez.

　

– De qualquer maneira... Talvez você não vá ficar feliz com isso mas... Eu tenho rezado por você.

　

Me virei e a encarei.

　

– Você é perfeita não é? Com seu arco-e-flecha, e sua imortalidade, andando para lá e para cá com as caçadora, salvando o mundo. E ainda por cima reza para os deuses do Olimpo. Reza para que eles tenham piedade na minha pobre alma. - zombei me aproximando - Os deuses não têm piedade, é por esse motivo que eles são ótimos no que fazem.

　

– Isso parou de ser uma vingança Ally. Você pode ter pensando que iria chegar aqui e destruir os Deuses ou algo assim. Mas no fundo você é só uma garotinha assustada.

　

– Quer saber? Você tem razão. Eu não vou precisar me vingar, já que não sou a unica que quer ver a ruina do Olimpo. Uma guerra está vindo Thalia querida. E você, Annabeth, Jackson e todos os seus amiguinhos estão na linha da frente do exército, enquanto os Deuses se escondem no fundo.

　

– E onde você vai estar nessa guerra? Do lado inimigo imagino.

　

No mundo inferior, pensei.

　

Neguei com a cabeça.

　

– Sai. - murmurei.

　

Com uma careta Thalia saiu da cabana.

　

– O que eu faço agora? Escrevo uma carta de despedida, para ser toda poética e tal. - pergunto me olhando no espelho. - È, acho que não.

　

De dentro de minha mala tirei uma seringa com um liquido rosado. Amarrei uma fita no meu braço e suspirei.

　

– Vamos meu velho amigo, dê-me força ou qualquer coisa desse tipo.

　

Injetei a agulha no meu braço e fechei os olhos enquanto o liquido entrava no meu sistema.

　

Sem muita consciência dos meus atos o meu corpo me guiou para fora da cabana.Sai em direção ao Chalé de Poseidon tomando cuidado para que nenhum campista me notasse.

　

Subi no telhado fazendo bastante barulho pra acordar o nemo semideus. Depois de alguns segundos uma figura aperece no chão.

　

– O que você está fazendo? - Percy perguntou.

　

– Eu to chapada. E além disso eu pensei que estaria mais próxima das estrelas aqui em cima.

　

– Eu vou chamar Annabeth....

　

– Não se atreva.

　

Um minuto depois ele se juntou a mim no telhado.

　

– Umas merdas estão para vir Jackson. È melhor se preparar.

　

– Como você pode saber disso?

　

– Estou sentindo. Meu pé esta formigando.

　

– Você sabe que algo ruim vai acontecer porque seu pé esta formigando?

　

– Não seu burro são dois fatos diferentes. Eu só tava informando que meu pé tava formigando. Você bateu a cabeça quando bebê ou você já nasceu retardado assim?

　

Ele bufou e virou o rosto para o lado oposto.

　

– Ah, eu feri seus sentimentos? - disse fazendo cara de cachorrinho perdido.

　

– O que você tá fazendo aqui mesmo? - perguntou.

　

– Estou sendo poética. Enfim, é nesse momento que eu peço para você cuidar de Annabeth. Porém eu to tão pirada que eu nem ligo pra o que você vai fazer.

　

– Por que eu teria que proteger a Annabeth?

　

– Você não vai? - arregalei os olhos - Nossa você deve ser um péssimo namorado.

　

– È claro que vou proteger ela. Sempre. Mas do que?

　

– Dela mesma eu acredito. Quando vier, e acredite irá vir, existe uma possibilidade do orgulho dela a levar diretamente para...

　

– Para onde?

　

– Você já pensou em quantas profecias você e ela foram envolvidos nesses ultimos 5 anos. Em quase todas acredito. - falei mudando de assunto. - Eu duvido que esse hábito de "Salvar o Olimpo mesmo que isso signifique a minha própria morte" vá mudar.

　

– Ahn?

　

Vi uma borboleta branca brilhante passar perto de mim. Estiquei mão e ela pousou sobre meu dedo indicador. Eu não sabia se ela era real, ou se era efeito da droga.

　

Um raio foi ouvido ao longe e a borboleta assustada voou se afastando.

　

Eu queria segui-la. Eu tinha que segui-la.

　

Pulei do telhado indo em direção ao chão. Por incrivel que pareça eu cai em pé.

　

– Allison, onde você vai? - perguntou Percy.

　

– Adeus, Jackson. - gritei enquanto corria atrás da borboleta.

　

Ela voava longe entrando na floresta. Eu quase não conseguia vê-la, mas seu brilho a destacava no meio da mata.

　

E então... ela sumiu. E logo na minha frente se encontrava um homem com olhos azuis como os meus. E o mesmo sorriso de canto que Luke possuia.

　

– Olá, papai.