Wingless Angel escrita por Sugi_hide


Capítulo 2
Aceite sua condição.


Notas iniciais do capítulo

Oi! Estou muito feliz porque recebi mais review do que imaginava! Então escrevi o segundo capitulo com gosto!
Muito obrigada meus anjinhos por darem amor a esta fic!
ah! Eu não tenho beta nesta fic, então desculpem-me os erros.



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Joguei uma mochila sobre a cama e abri o armário a fim de escolher algumas roupas para levar ao hospital, porém somente algumas peças estavam espalhadas pelas gavetas. Fechei os olhos contendo algumas lágrimas acumuladas no canto dos meus orbes; lembrei-me de que já não tinha uma vida normal e que vivia amarrado naquele maldito hospital.  Quanto tempo eu não parava em casa? Uma, não, duas semanas. Duas semanas que não dormia direito, não sorria de verdade e muito menos levava uma vida tranqüila ao lado de YoungMi como sempre desejei.  Entretanto, não era hora para filosofar sobre as decepções da vida, tratei de enfiar o resto de roupa em minha mochila e passar no quarto da princesinha para pegar o ursinho cor de rosa como ela desejava.

Depois de tudo arrumado, voltei apegar a chave do carro e rumei para o inferno outra vez. Eu amava minha profissão e, com certeza, não trocaria a medicina por nada, mas quando um filho seu esta deitado em uma cama de hospital a coisa toma outro sentindo. Ir para o hospital trabalhar era uma coisa, ver seu bebê sofrendo era outra totalmente diferente.

Não demorei a estacionar meu carro e retirar tudo que havia trazido comigo; enquanto andava pelos corredores alguns funcionários me cumprimentavam dizendo “boa noite, doutor KangIn” e eu apenas acenava com a cabeça.  Quando cheguei à ala das crianças o silêncio chamou-me atenção e quando olhei no relógio de pulso constatei ser onze e meia da noite. Acenei para as recepcionistas com cara de sono e corri para o quarto de costume adentrando sem alarde. Assim que mirei o ambiente, pude notar que Yesung havia caído no sono deitado no sofá bege que havia ali para acompanhantes; um livro de biologia estava entre suas pernas e supus que estudava, mas não agüentou ficar acordado. Na cama, dormia YongMi e Ryeowook de mão dadas e foi inevitável sorrir verdadeiramente depois de muito tempo, parecia que uma pontinha de esperança havia despertado novamente em meu coração.

Cheguei próximo ao moreno e sacudi de leve seu corpo tentando acordá-lo, sem muito sucesso.

-Yesung, acorda... –Sussurrei próximo de seu ouvido e recebi um resmungo como resposta. – Vamos... Acorda, Yesung!

-Hum? –Tinha os olhos inchados e bem avermelhados, olhou-me confuso até recordar-se de onde estava. –KangIn?

-Isso mesmo, você pegou no sono... Já esta tarde é melhor levar o Wook pro orfanato.

-Que horas são? –Perguntou enquanto seu corpo espreguiçava e se remexia.

-Quinze para meia noite.

-Puta que pariu!  Aquele velho vai me matar achando que eu seqüestrei o Wookie! –Levantou-se num pulo juntando seu material espalhado pelo chão. –Agora nem adianta levá-lo pra lá, eu não tenho a chave e todos já devem estar dormindo. Vou levá-lo pra minha casa.

-Yesung, você tem que ficar mais esperto!

-To sabendo... –Ele chegou próximo a cama e retirou a coberta de Ryeowook fazendo um carinho em seus cabelos. –Wookie acorde. Ryeowook!

Fiquei só de olho nas tentativas de Yesung, mas o menor agarrava-se cada vez mais nos lençóis ao escutar seu nome; cansado de esperar, o moreno pegou Wook pelos braços e envolveu em seu pescoço agarrando a cintura do pequeno passando suas pernas por volta da sua própria cintura. Ryeowook parecia um macaquinho grudado em Yesung, logo que se ajeitou deitou a cabeça no ombro do futuro médico e voltou a dormir.

-Boa noite KangIn, obrigado ai...

-Eu que agradeço Yesung. Boa noite. –Abri a porta para que ele pudesse passar me despedindo outra vez com um aceno breve.

Voltei minha atenção para YoungMi que dormia como um anjo, corri pegar seu ursinho e o coloquei entre seus braços  ajeitando o cobertor em seu corpo. Pousei a palma da mão em sua testa checando sua temperatura e tudo indicava ausência de febre, o que me aliviou bastante. Depois tomei seu pulso verificando seus batimentos e tudo parecia em perfeita ordem.

Resolvi que era hora de descansar um pouco para agüentar firme o dia seguinte que seria corrido e desgastante devido a bateria de exames destinados a YoungMi. Tinha muito medo de descobrir algo sem cura ou algo que levasse minha princesa de mim aos poucos; ficava mais nervoso quando tinha os exames em mãos, a pior sensação do mundo. Peguei um edredom fino que havia em um dos armários e o coloquei sobre o sofá outrora ocupado por Yesung. Retirei meus sapatos e meias para, por fim, me deitar e tentar relaxar. Cheguei a cerrar os olhos e sentir o sono me levar aos poucos para terras desconhecidas, meu corpo doía de cansaço e minha mente trabalhava frenética mesmo quando minha consciência estava prestes a se desligar da realidade.  Entrei num sonho profundo, assim como a Bela Adormecida, achei que dormiria por 100 anos.

Doce engano, quando voltei para realidade já esperava deparar-me com os raios de Sol, porém a janela ainda estava negra e uma pequena fresta de luminosidade refletia em seu vidro. A Lua ainda brilhava no céu.

Virei de um lado para o outro incontáveis vezes até dar-me por vencido e levantar. Ainda eram duas da manhã e por mais que eu tentasse ficar mais tempo deitado, minha preocupação com YoungMi não deixava. Debrucei sobre sua cama deslizando meus dedos por seu rosto fazendo um carinho leve e sem intenção de acordá-la.

-Não consegue dormir? –Uma voz calma ecoou pelo quarto me assustando um pouco.

-Agora não... –Respirei fundo virando-me para confirmar que o garoto de antes estava ali sentado sobre minha “cama” improvisada.

Atentei-me mais aos detalhes, seu rosto fino e delicado realmente era angelical, os cabelos castanhos claros, quase loiros, jogados de lado recaiam sobre os olhos escuros e intensos. Anjos deveriam ter olhos claros, não é mesmo? Mais uma prova que aquela coisa a minha frente não era essa divindade.

-Ainda não acredita em mim?

-Eu não mudaria minha opinião em questão de horas. Ah! Eu to falando com uma alucinação! –Sacudi a cabeça tentando espantar aquela imagem feita por minha imaginação.

-Pare com isso! Eu não sou alucinação... Já disse que sou...

-Um fantasma, espírito maligno, miragem, anjo, chame como quiser para mim tudo isso é a mesma coisa que alucinação.

-Olha eu sei que é difícil aceitar, eu também demorei aceitar minha condição, por favor, facilite as coisas. –Juntou as mãos e olhou com suplica fazendo-me quase cair em sua armadilha. –Eu só quero lhe proteger.

-Sai, anjos não existem, assim como Deus não existe. Aceite isso e vá assombrar outra pessoa porque eu não estou com tempo. E se você continuar vagando na minha mente eu vou chamar um exorcista.

-Ta me comparando a um demônio? –Levantou-se e colocou as mãos sobre a cintura mordendo os lábios para, provavelmente, afastar a raiva.

-To dizendo que se você não sair da minha cabeça eu vou chamar um neurologista pra espantar você. –Ri de sua cara de desapontado, mas me preocupei por estar levando aquela conversa a serio.

-Nenhum médico vai me afastar de você, seus prepotentes. Enquanto eu não completar minha missão não saio daqui. –Bateu o pé e cruzou os braços como uma criança mimada.

-E qual é a missão da alucinação? Perturbar a mente dos médicos malvados que não acreditam em Deus até eles virarem pastores e dizer que só salvam vidas em nome de Jesus?  Que se não fosse por Ele, nós não seriamos nada... Conta outra tá. –Rodei meus olhos e ri ironicamente perdendo o contato visual com aquela criatura.

-Na verdade, minha missão é te proteger... –Sua voz saiu carregada de angustia e por um momento eu me senti culpado e pensei na possibilidade do menino estar falando a verdade.

-Qual seu nome mesmo? Park...

-Park Jungsu ou Leeteuk...

-Leeteuk? Isso significa especial não é? –De certa forma estava curioso.

-Dizem que eu sou um tipo diferente de anjo, porque não tenho asas.

Eu não sabia que reação tomar, sinceramente, não acreditava em nada que aquele suposto “anjo” estava falando, mas meu coração parecia se confortar com aquelas palavras. Saber que alguém vai te proteger no momento da vida em que você mais precisa me deixava mais calmo. Por outro lado, não dava para aceitar aquela situação.

-Já que você vai ficar na minha cola... Ouvi uma história que anjos não possuem sexo, da pra virar uma gostosa ou vai ficar como macho mesmo?

-Você é algum tipo de idiota ou coisa parecida? Sinceramente achei que você fosse uma ótima pessoa e, principalmente, um ótimo pai. Mas to vendo que você não passa de um cara arrogante e infantil. –Eu infantil? Ele estava batendo o pé com um bico enorme nos lábios fazendo birra e eu era o infantil?

-Anjinho –Disse provocativo –Coloque-se em minha situação vai... Não da pra te aceitar. Desculpa.

-Cacete! Não da mesmo pra conversar com você! Seu idiota! –Alterou sua voz e começou a gritar em minha direção; parei em sua frente com uma expressão nada contente prestes a chegar ao mesmo nível de seu timbre.

-Cala sua boca! Para de dar chilique, vai acordar minha filha assim!

-Eu posso gritar quanto eu quiser porque somente você pode me escutar e me ver. –Um sorriso vitorioso brotou em seus lábios, que por sinal, já se abriam para criticar-me mais.

-Olha o absurdo que você acabou de dizer! Quer que eu acredite em você sendo que só eu posso te ver e ouvir? Tá na cara que você é uma alucinação e eu acabei de chegar ao nível extremo de loucura porque estou aqui tentando explicar para uma pessoa que nem existe que ela não existe! Nem eu estou me entendendo mais! –Bufei cansado e me sentei a cama de YoungMi. –Se sua intenção era me deixar louco, parabéns já conseguiu.

-Essa não era minha intenção, já vi que hoje não vou conseguir te convencer mesmo... Vou embora.

-Faz um favor pra mim Leeteuk...

-O que?

-Me deixa em paz... Eu já tenho que me preocupar muito com a YoungMi, não posso ficar doente da cabeça agora, entende?

-Eu vou... Mas tenha certeza que você vai pedir para eu voltar. –Sorriu novamente. –Olhe, tenho uma ultima coisa para dizer.

-O que é? –Disse grosseiro.

-Prepare um balde de água fria e muitas toalhas. YoungMi está com febre de trinta e nove graus e meio e o remédio que você dará a ela não surtirá efeito. Até mais.

Fiquei parado um bom tempo até absorver aquela ultima frase do “anjo” antes de partir. Depois que sai do transe, coloquei minha mão sobre a testa da minha princesa como havia feito horas antes e desta vez seu corpo ardia em febre. Abri afoito a gaveta do criado ao lado da cama de hospital e encontrei um termômetro que determinava a temperatura em três segundos. Pressionei-o sobre YoungMi e obtive uma resposta já esperada quando os números vermelhos declaravam uma temperatura de trinta e nove graus e meio.

Por impulso, sai do quarto e corri por entre os corredores coloridos chegando ligeiro ao balcão da farmácia aonde somente os médicos podiam retirar medicamentos para seus pacientes. Pedi um paracetamol forte e voltei na mesma velocidade para o quarto de número trinta. Separei um copo com água e pinguei as gotas necessárias para curar a febre de minha pequena. Voltei para cama e fui a acordando aos poucos.

-Mi... Vamos acordar princesa, você tem que tomar um remedinho.

-Appa... Eu não quero. –Escondeu a carinha em seu travesseiro.

-Mi... –Disse puxando-a. - Vamos é rapidinho.

-Ta bem... –Contra gosto, ela se sentou e tomou o copo de minhas mãos sorvendo o medicamento entre caretas. Depois, tomou o outro copo da minha mão e bebeu da água. –Pronto appa.

-Obrigado filha. –Ela deitou-se outra vez e eu enrolei a coberta em seu corpo tremulo devido à variação rápida de temperatura.

Esperei pacientemente os minutos arrastarem-se pelos ponteiros do relógio. Quando vinte minutos haviam se passado, peguei o termômetro outra vez para conferir se o remédio havia surtido efeito. Trinta e nove graus e meio. Se ela continuasse com essa febre alta suas enzimas sofreriam danificações e conseqüentemente algumas funções de seu organismo poderiam ser afetadas. Descarreguei o ar de meus pulmões tomando impulso para ligar o chuveiro do banheiro que ficava dentro do quarto. Deixei a água escorrer gelada por entre meus dedos e voltei para buscar YoungMi.

-Mi, sua febre não baixou vamos ter que tomar um banho gelado.

-Hum... –Ela acordou um pouco assustada, pois eu a peguei nos braços levando a desesperadamente para o banheiro; mal a coloquei no chão e já fui arrancando sua roupa.

-Tá frio. –Ela tremia de bater os dentes e abraçou a si mesma esfregando a palma das mãos em seus braços buscando calor através do atrito.

-Eu sei filha, mas é necessário para você melhorar. –Dito isso, ela entrou sem protesto debaixo do chuveiro tremendo mais do que antes. YoungMi era realmente uma criança maravilhosa e de muita coragem.

Deixei seu corpo esfriar por bastante tempo, precisava garantir que aquela reação a sabe-se lá o que, livrariasse de vez de minha pequena. Quando julguei o suficiente, desliguei o chuveiro girando a torneira e lhe entreguei uma toalha. Ela começou a se enxugar sozinha, e mesmo que não gostasse de ajuda, peguei a toalha de suas mãos ao notar a moleza de seus movimentos. Coloquei uma camisola própria do hospital, ajeitei seus cabelos levemente molhados pelos respingos da água e coloquei a de volta na cama.

Quando YoungMi voltou a dormir, conferi mais uma vez sua temperatura e pude finalmente relaxar quando os números marcaram trinta e oito graus ponto nove. Estava baixando e isso que importava no momento. Cai sobre o sofá exausto, a janela trazia uma pequena claridade e eu notei que o Sol finalmente despertara. Respirava com dificuldade devido ao esforço e a adrenalina fazia meu coração bater mais rápido que carro de formula 1.

Uma frase soou em meus ouvidos quando o quarto ficou imerso em silencio outra vez. “Eu vou... Mas tenha certeza que você vai pedir para eu voltar.” Será que como naquele seriado famoso, House MD, eu estaria com medo de descobrir o que minha filha tinha, mas o meu lado “médico” sabia a resposta e por isso desenvolveu no meu subconsciente uma alucinação para me dar as respostas das perguntas que tinha medo de proferir? Ri depois de pensar em tal besteira. É, realmente eu estava precisando fazer uma consulta com um neurologista. Estava quase acreditando que um anjo era a salvação de meus problemas e isso não é um sinal de lucidez. 


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Notas finais do capítulo

Vou agradecer mais uma vez aos reviews lindos que eu recebi! Amo muito vocês meus anjinhos! ♥
se quiserem conversar : @pandora_s, pode seguir la!
kissus!