Moon Doom escrita por Yukimura


Capítulo 3
Água


Notas iniciais do capítulo

oie, desculpa a demora



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Ela não tinha pressa para retornar a sua terra natal, e, portanto, fez diversas paradas para admirar as mudanças do ambiente através dos anos. Costumava viajar muito em missões escolhidas pelo antigo Lorde das Terras do Oeste. Sempre teriam coisas que só ela poderia realizar, e não, não se sentia orgulhosa por isso.

Pensando que talvez o atual Lorde levaria mais tempo que o previsto para retornar por – muito provavelmente – estar viajando com o ser humano que encontrara no dia anterior, atrasava cada vez mais seu próprio retorno.

Gostaria de poder se misturar aos humanos barulhentos em um vilarejo qualquer, mas seria difícil passar despercebida com as marcas da lua e a pele reluzente.

Estava os observando do alto de uma magnólia antiga, sentindo o cheiro de suas comidas estranhíssimas e o escutando todos os seus irritantes ruídos. Os outros Inu Dai Youkais odiavam humanos, e Sesshoumaru não era diferente, ela podia recordar muito bem.

Sua surpresa por encontra-lo em meio a tantos daqueles que sempre expressou odiar era no mínimo formidável. Seu pai o grande Lorde Inu no Taisho também não fazia parte do grupo de Youkais que possuíam grandiosa aversão a seus inferiores, de fato, tinha até leve compaixão por eles, tanta que escolheu uma delas como parceira e mãe de seu filho mais querido.

Memórias dos dias após a revelação de que Lady Izayoi, uma nobre da raça humana carregava o filho mais novo de seu mestre, a atingiram e lembrou bem da reação do príncipe dos Inu Dai Youkais.

Decidiu por descer da arvore e procurar o riacho mais próximo, a água a acalmava como nada mais fazia.

****************

Jaken resmungava alguns palavrões enquanto colhia lenha para a noite que se aproximava vagarosamente, e como o batráquio desajeitado que era, atrapalhou-se nos próprios pés e deu de cara com a terra, e mesmo com a sua pele grossa, o contato com a terra seca ardia. Levantou-se e sacudiu um pouco da sujeira, tinha de ser mais rápido ou acabaria morto.

*********************

Sesshoumaru descansava sob a sombra de uma grandiosa árvore sugi, sabia que ao viajar com uma humana, teria que fazer mais pausas que o habitual para seu conforto.

A humana em questão estava a alguns metros de distância da clareira com A-un, seu antigo companheiro de sempre. Um apressado Jaken com roupas levemente sujas e uma porção de galhos para uma fogueira juntou-se a eles no momento seguinte.

Rin se sentiu mal pelo pequeno Youkai; Assim que estabeleceu que acampariam ali, Sesshoumaru deu a ordem de que o pobre Jaken arrumasse uma fogueira decente e também trouxesse algum alimento para a humana e para si próprio. E conhecendo-o do jeito que conheciam, sabiam que sempre uma ordem vinha acompanhada do prazo implícito: Agora.

A menina humana saiu do calor do dragão e se aproximou de Jaken lentamente, agachou-se e tentou sussurrar:

− Senhor Jaken, gostaria de ajuda para pescar? Eu posso fazer isso enquanto acende a fogueira. – Dizia ela gentilmente, não achava justo que ele fizesse tudo sozinho, ela não era mais uma criança e mesmo quando era muito mais jovem, já sabia como pescar.

O sapo lançou lhe um olhar enfurecido.

− Este Jaken recebeu uma ordem direta do seu mestre, o grande Lorde Sesshoumaru-sama e pode muito bem completa-la sozinha, e além disso não tem nada que uma mera menina humana possa fazer para ajudar um youkai experiente, seria perda de tempo. – Ele não se preocupou em falar mais baixo, pois sabia melhor que a garota que seu lorde escutaria tudo por mais baixo que fossem seus sussurros.

Ela não era mais uma criança que achava graça ou admirava senhor Jaken por seu comportamento de poucos amigos, e aquele tratamento a aborreceu mais do que gostaria que fosse capaz.

Rin enfrentou há alguns anos o turbilhão de emoções derivadas do aumento dos hormônios e a chegada da fase adolescente, e enquanto ainda era viva senhora Kaede aplicou-lhe diversos castigos, e deixou muito bem claro que independente de ser protegida de Sesshoumaru, ela era humana e que o comportamento rebelde não seria recompensado ou ignorado no vilarejo.

Portanto ela havia aprendido a manter o mínimo de seus nervos, mas aquele exato momento, a fez borbulhar.

Imediatamente seu rosto assumiu uma carranca e sentiu as bochechas esquentarem.

− Veja senhor Jaken, se fosse assim tão competente, eu, uma mera menina humana não estaria com pena do senhor. – Disparou em um tom nada agradável.

O sapo youkai a encarou, descrente da tremenda ousadia da garota humana.

Aproveitando a surpresa do youkai, Rin ergueu-se e disse em voz alta:

− Vou pescar algo no lago aqui próximo enquanto acende a fogueira, e aposto que ainda consigo voltar antes de concluir essa mísera tarefa. – A pose orgulhosa e os passos pesados da menina irritada fizeram o sapo se assustar, tremenda eram as semelhanças com o Lorde no comportamento arrogante da antes doce criança Rin.

***********************

Rin caminhava entre a baixa relva escutando atentamente o som do riacho onde pescaria alguns peixes para si e seus companheiros, – Menos Sesshoumaru, afinal nunca presenciara o lorde comer em todos os anos em que o acompanhara. – Algum resquício de luz do sol de fim de tarde iluminava o caminho e após poucos minutos de caminhada chegou ao seu destino.

Durante o caminho, deixou pequenas marcas para não se perder, não que fosse tão desatenta, mas estava tão brava com Jaken por sua grosseria que talvez pudesse esquecer o caminho de volta, especialmente porque agora a escuridão estava muito próxima. Não se deixaria ser um estorvo e provar a ele que estava certo em chama-la de inútil.

Amarrou a barra do kimono e arregaçou as mangas. O ar já estava frio, o riacho já refletia a lua que agora tinha sua vez de brilhar. Isso ela sabia fazer muito bem, estava acostumada a pescar em qualquer que fosse a hora do dia, quando criança fazia isso com frequência durante a noite para que os aldeões não a pegassem.

Adentrou a água gelada e soltou um muxoxo frente ao choque inicial, só porque fizera outras vezes, nunca seria indiferente as sensações da água fria e o frio congelante dos primeiros momentos.

− Quanta falta de cortesia do Lorde permitir que a humana tenha de pescar sozinha a essas horas. – a voz feminina a assustou e fez perder o primeiro peixe.

Quando virou-se para a direção da voz, encontrou a mulher youkai com as mesmas marcas da lua que Sesshoumaru, com diferença na cor dos cabelos negros e olhos azuis, tinha o mesmo nível – ou quase o mesmo, talvez ninguém estivesse no mesmo patamar que ele – de elegância.

− Sinto muito por atrapalhar, posso ajudar se permitir. – respondeu ela em um tom que pareceu-lhe muito honesto.

Rin ficou estupefata por alguns instantes, o suficiente para a mulher se aproximar e entrar no riacho junto dela, porém sem esboçar uma sequer reação à água congelante.

− Você se sente bem criança? – agora mais próximo, sua beleza era ainda mais evidente, e Rin não pode evitar o sentimento de que era extremamente inferior a ela em todos os requisitos.

Mas afinal requisitos para que?

− Sim, desculpe, você me assustou. – disse ela saindo do torpor. – Eu mesma me ofereci para vir pescar, o lorde não me obrigou a nada. – e voltou sua atenção ao riacho, na esperança de encontrar outro peixe.

As suas costas, a mulher saiu do riacho e sentou na margem.

− Bom, não vou atrapalhar mais então.

Rin conseguiu enfim, após algumas tentativas frustradas, capturar o primeiro peixe, precisaria de mais 4 pelo menos.

Quando se virou para levar o animal a margem, encontrou a mulher youkai ainda a observá-la.

− Desculpe, mas faz parte da minha tarefa atual essa avaliação. – disse ela como se estivesse lendo seus pensamentos.

− Avaliação? – perguntou curiosa.

− Você não está falando mais do que deveria, certo Naomi?

Ao escutar o lorde tão próximo, a pobre garota tropeçou nos próprios pés e ia estatelar-se na água, mas ele era sempre muito mais veloz e a segurou. A situação ficava cada vez mais constrangedora.

Ao sentir novamente o terreno firme e seco, soltou a respiração que não lembrava de estar segurando.

O Lorde também afastou-se rapidamente para estar então frente a frente com a Youkai misteriosa.

− Eu? Quando me viu falar demais? – respondeu ela com um tom irônico que até mesmo a humana poderia entender.

− Rin, volte ao acampamento. – A ordem fez a menina estremecer, mas não tardou a seguir e voltar às pressas para onde encontravam-se seus companheiros de viagem.

*******************************

Ao voltar com seus passos apressados, sequer lembrava como pudera reconhecer o caminho correto.

− Ué, onde estão os vários peixes que foi pescar? – provocou o youkai sapo emburrado.

Rin sentou-se perto do fogo para se aquecer e ignorou qualquer coisa que Jaken dissesse.

Não sabia o que pensar sobre a relação do Lorde com aquela Youkai misteriosa, mas algo que não saberia nomear causava um desconforto em seu estômago.

− Você é surda garota? – Jaken estava aos gritos ao seu lado.

Rin o encarou por um segundo antes de notar que suas roupas permaneciam dobradas e amassadas. Corou com a percepção e levantou-se para ajeitar a aparência.

− Keh, até parece que alguém se importa com como você se parece. – resmungou mais uma vez o Youkai sapo.

A paciência da garota humana estava sendo testada mais uma vez, mas nesse momento, havia mais em seus pensamentos que as provocações constantes de Jaken.


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Notas finais do capítulo

descuuuulpa, mas nos vemos logo.



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