Moon Doom escrita por Yukimura


Capítulo 1
Lua


Notas iniciais do capítulo

Reescrevendo/Repostando pq agora eu tenho tempo (viu, só demorou 4 anos)



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Era uma noite anormal nas terras do Oeste, o ar estava abafado e quase sufocante, a lua brilhava como se estivesse a convocando. Olhou para baixo da arvore em que estivera observando a clareira, considerando mais uma vez a missão que lhe fora incutida e que ela absolutamente não concordava. Ordens eram ordens no fim das contas, teria de concluir mesmo que a contragosto.

Desceu da arvore com um gesto gracioso e silencioso, imediatamente percebeu a outra presença no local.

− Não sei o que veio fazer aqui, mas não vai ser bem visto pelo Lorde. – disse ela ainda sem que a figura prateada entrasse em seu campo de visão, poderia reconhecer o cheiro dele a distância.

− Quero a verdade Naomi. – a voz dele era fria como gelo, mas que melhor que ninguém ela sabia que vinha carregada de angustia.

Ele saiu das sombras e se aproximou da pequena figura de Naomi para que seus olhos dourados e acusadores a forçassem a falar mais do que já tinha entregado horas antes quando não pode conter a própria frustação com a missão.

− Você deveria fazer essa exigência ao Lorde, não a mim, Sesshoumaru Ouji-sama. – Os olhos azuis encaravam os dourados em desafio. Aquele simples gesto fazia com que o sangue dele fervesse, as garras se flexionavam automaticamente, e ela sabia que havia um ataque iminente.

Num período de segundos ela tinha sido atirada ao chão com um golpe do chicote venenoso, além da queda – essa que ambos sabiam que ela havia permitido – não havia nenhum outro dano.

Ele a olhava de cima, os olhos dourados ardiam à medida que a reflexão de que não poderia e não conseguiria feri-la o atingia.

− Já chega. – A voz altiva do Lorde das terras do Oeste interviu. No próximo instante Naomi estava ajoelhada aos pés do mestre e Sesshoumaru encarava o pai com sua petulância juvenil no auge. – A missão de Naomi já foi definida e já deveria ter sido cumprida a essa altura, vou encarar sua intervenção como um ato de transgressão, Sesshoumaru.

As garras do jovem youkai flexionaram na própria palma, qualquer tipo de repreensão de seu pai causava nele amargor e ciúmes por mais que jamais admitisse o último.

− Sinto muito Mi Lorde, mas o atraso só poderia ser culpa minha e de mais ninguém, Sesshoumaru Ouji-sama apenas estava a questionar sobre meus afazeres, a essa altura de fato a missão estaria concluída, porém, ainda apresento resistência, sou a ultima herdeira do colar lunar e não concordo com a posse de uma humana... – Sua voz era trêmula e ela sabia que aquele gesto de petulância poderia custar sua posição de general e conceito com o Lorde, mas passara a tarde toda, desde que recebera a ordem, refletindo sobre como não era correto sem uma cerimônia própria de namoro que esse colar fosse passado a uma humana.

O olhar do Lorde foi de raiva a decepção no breve momento em que escutara sua general e ele lhe ofereceu um de seus meios sorrisos.

− Já conversamos sobre isso Naomi, pode me achar precipitado, mas tenho uma razão concreta para tal... – Ele soltou um suspiro cansado, e aquilo causou espanto em ambos os youkais mais novos que o observavam – Não era dessa maneira que gostaria de contar, mas não vejo outra opção para que conclua sua missão sem o peso de sua desaprovação.

Naomi prendeu a própria respiração, de todas as criaturas vivas, Lorde Inu no Taisho era o ultimo a dever explicações ou motivos para acalentar lhe as preocupações. Ele obviamente fazia por apreço pela garota que fora criada como uma filha e pelo próprio filho indolente.

− A humana em questão já carrega meu próximo filhote e herdeiro, portanto o colar lhe trará uma proteção que posso não ser capaz de prover a todo momento, por mais que me seja doloroso admitir.

Os olhares de espanto fizeram com que ele soltasse uma gargalhada, aquela não era a reação esperada.

Naomi encarou os sapatos, era vergonha que lhe atingia agora por pensar que seu mestre agira apenas por capricho ao querer ‘presentar’ uma fêmea humana. E Sesshoumaru parecia petrificado ao seu lado, obviamente o fato de não ser mais o único herdeiro das terras do Oeste o atingira como um golpe de espada no coração. Ela arriscou um olhar para o youkai mais alto ao seu lado apenas para confirmar seu maxilar travado e sangue escorrendo da mão fechada, uma vontade de tentar confortá-lo passou por sua cabeça por meio segundo, mas como diabos poderia ela confortar alguém como ele que, inúmeras vezes, suprimia toda e qualquer demonstração de sentimento e que a mais frequente em exibição era raiva.

− Vou completar minha missão o mais breve possível Mi Lorde. – ela foi a primeira a falar.

A sobrancelha do lorde em questão se ergueu e seu semblante levemente divertido se transformou em uma pedra novamente.

Aquela era a característica mais marcante entre os dois, a ‘expressão’ de indiferença. Não importava qual dos dois a usava, aquilo causava nela arrepios.

− Me entregue, eu mesmo faço isso, não há mais necessidade que seja cumprido por outra pessoa se estou disponível. – a ordem a deixou preocupada, mas tirou da manga do kimono o pequeno colar com a meia lua azulada e entregou ao seu mestre. No instante seguinte estavam sozinhos novamente e ela não arriscou encará-lo novamente, se apressou em voltar ao castelo e meditar suas ações. Pois consequências viriam.

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Centenas de anos depois, na província de Musashi.

 

A jovem Rin colhia ervas que seriam uteis para a Miko, que no momento já não tinha muito tempo para vir a floresta reunir material para seus remédios. Aprendera muito sobre as plantas e suas propriedades com Kaede-sama quando ainda estava viva e agora com Kagome que ocupava o cargo de Miko do Vilarejo.

Tirou um fio teimoso que escapava do penteado preso pela fita, seu cabelo era muito comprido agora e sua altura também já não era a mesma, anos haviam se passado e agora ela completava 19 anos.

− Rin-chan! – a voz de Shippou a tirou do momento de concentração. Levantou-se e olhou para o Kitsune que havia crescido muito pouco em comparação com ela.

A maneira como youkais amadureciam era engraçado para ela, o próprio Inuyasha não parecia nem um dia mais velho naqueles anos, enquanto Sango e Miroku já colecionavam mechas de cabelo prateados pela idade.

− Oh, desculpe, estive distraída identificando essas ervas para Kagome-sama. – ofereceu seu sorriso gentil ao jovem kitsune que apesar de menor, era bem mais velho que ela.

− Percebi sua cabeça de vento! Estou chamando há tempos! – seu temperamento não havia mudado também, o que lhe causava vontade imensa de rir de todas as suas fofas explosões. – Sesshoumaru chegou ao vilarejo, vamos se apresse!

Escutar que ele havia chegado fez seu coração juvenil disparar, fazia algum tempo que não recebia visitas do lorde, nos últimos anos ele lhe trazia presentes ou apenas encontrava com o irmão para perguntar sobre seu desenvolvimento, o que a fazia sentir rejeitada e esquecida. Não era justo que se sentisse assim no final, pois ele ainda se dava ao trabalho de gastar seu tempo com esse tipo de visita no final das contas, mas seus sentimentos eram incontroláveis quando se tratava do lorde.

Lembrava ainda de uma de suas visitas quando tinha 15 anos e seus olhares cruzaram de uma maneira que a deixou agitada, e que ele obviamente notara. A sobrancelha prateada arqueada e as palavras secas deram fim a visita, e ele agora demorava mais a vir e raramente se sentava e escutava sobre suas novidades como fazia quando era mais nova. Agora encará-lo exigia uma coragem que lhe faltava.

O pedaço da floresta em que estava tinha cheiro de hortelã e camomila, ervas que ela extraía dali com certa frequência. Pegando o cesto que trazia para colher as ervas de sempre e também para algumas novas que precisavam ser identificadas, se dirigiu a passos rápidos ao vilarejo junto do kitsune.

Quando se aproximou de sua própria casa, viu sua figura sempre altiva de costas, ele saberia que ela estava próxima, sempre sabia, mas não se movera.

Jaken que sempre acompanhava seu mestre foi o primeiro portanto a esboçar reação quando ela se tornou visível. Ela congelou por um breve momento, fazendo Shippou cutuca-la para que continuasse andando.

− Menina Rin, você está mais velha! – Gritou o youkai sapo fazendo seu estardalhaço de sempre. O Inu Dai Youkai decidiu então virar e seu olhar âmbar gelado encontrou com os olhos chocolate da garota humana. Imediatamente seus pés eram seu novo foco visual, precisava se aproximar ou ele acharia que havia algo errado.

“Vamos Rin, não fez nada errado, não precisa agir como uma menina assustada, são seus antigos companheiros, que a conhecem melhor que qualquer um... Ou conheciam.”

Respirou fundo e se aproximou dos colegas, a essa altura Shippou tinha partido, as pessoas também já não ficavam próximas quando ele lhe fazia visitas. Primeiro os humanos não ficavam confortáveis com um Youkai daquele porte por perto e segundo, sabiam que ela era preciosa pra ele, por isso invadir sua privacidade poderia enervar seu pouco resistente bom humor.

Ofereceu um sorriso sincero ao youkai sapo, sentia falta de provoca-lo e competir sobre qualquer coisa como quando faziam quando era mais nova. Sentia falta de fazer coroas de flores para ele e para o mestre e de cantar suas várias canções enquanto ficavam sós esperando pelo retorno do atual lorde das terras do Oeste.

− Não envelheci Jaken-sama, cresci principalmente, você deveria tentar – e soltou um de seus risos que já não era tão agudo e estridente, agora muito mais melódico e controlado, afinal não era mais criança e sim uma jovem adulta.

O pobre youkai sapo fez uma de suas carrancas afetadas, mas antes de começar uma discussão com a pirralha humana, seu mestre se pronunciou:

− Vá dar uma volta Jaken, quando for pertinente encontrá-lo-ei. – a voz grave e distinta arrepiou os cabelos da nuca da garota, fazendo com que adotasse uma postura levemente rígida.

− Sim senhor Sesshoumaru. – disse o sapo a contragosto e correndo com as curtas pernas se afastou dos dois, deixando os por ora sozinhos.

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− Mas o que diabos ele quer ficando sozinho com ela? – vociferou o Inuyasha, aquela luz parecia até um pouco paternal, embora sua relação com a jovem sempre fosse muito breve e indiferente.

− SHH – repreendeu uma muito grávida Kagome – Desse jeito vamos ser descobertos.

Sua pose entre os arbustos era a mais ‘ninja’ possível com aquela barriga protuberante a atrapalhar. Inuyasha acompanhava a aventura de bisbilhotar de sua esposa sem nenhuma vontade, apenas fazia seu papel como futuro pai a proteger sua cria, e infelizmente sem conseguir impedi-la acabara escondido naquele lugar.

− Keh! Kagome ele sabe que estamos aqui, até parece que ele idiota arrogante não nos perceberia de tão perto.

Sua fala a deixou pensativa, obvio que se Inuyasha conseguia escutar metade do vilarejo sendo hanyou, Sesshomaru um Inu Dai Youkai completo os escutaria e saberia que estavam a bisbilhotar, mas agora já era tarde e ela iria ver tudo o que acontecesse ali.

− Ah, se ficarmos quietinhos ele não vai se incomodar. – disse ela dando de ombros.

− Você é muito boba mesmo.

− Senta! – brincar com o temperamento de uma Kagome grávida geralmente terminava assim.

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Se ele fosse do tipo que dá risadas, aquele talvez fosse o momento, seu meio irmão idiota e a parceira humana prenhe estavam a bisbilhotar seu encontro com a menina Rin. Precisou corrigir o próprio pensamento, pois ela já não era uma menina fazia alguns anos, era agora uma mulher e era impróprio continuar a trata-la como criança.

Sua aparência física era a mudança mais notável, porém o comportamento também havia se alterado, especialmente nos últimos 5 anos, ela estivera mais envergonhada e nervosa durante sua presença. Fazia menos visitas e ficava menos tempo próximo a ela, além de evitar o desconforto para a fêmea humana, havia também sua marcante mudança de cheiro. Não queria admitir, mas era também um incomodo para si mesmo.

Tirou o embrulho de seu kimono e o ofereceu a menina que encarava os próprios pés com muito interesse.

− Rin.

Não tinha necessidade de mais palavras, ela rapidamente pegou o embrulho lilás e curvou-se para agradecer.

− Obrigada Lorde Sesshoumaru por mais um presente, sou muito grata. – O agradecimento era formal e robótico. A distancia que crescera entre eles passou a ser um fardo nos últimos anos, fazendo-o gastar tardes a pensar se deveria simplesmente parar de vê-la e envolver-se em sua vida. Ela estaria bem e segura. Era agora uma humana adaptada a viver entre outros da sua espécie.

Isso sempre fazia com que levasse mais tempo para retornar. Mas uma mensagem recente de sua mãe o perturbava particularmente naquele dia, em que ficava combinado de ser o aniversário dela (até porque, ela não saberia quando seria já que tinha poucas memórias de sua infância antes de morrer e ser ressuscitada por tenseiga).

− Tenho uma proposta a fazer. – suas palavras fizeram o pobre coração da humana disparar mais uma vez. Inevitavelmente levantou o olhar devido a ansiedade e curiosidade que aquelas palavras lhe causavam.

Ele observou sua reação curiosa por um breve momento, e logo em seguida tirou o colar de meia lua de sua manga e posicionou-se para pendurá-lo em seu pescoço.

− Antes, esse é um presente que não pode tirar. – Não pretendia explicar mais que aquilo, não achava necessário, era uma ordem e ele sabia que ela seguiria. – Este Sesshoumaru está indo em direção ao Oeste, entendo que agora tem vontade própria e por isso, se não quiser ir ao castelo e permanecer no vilarejo, irei respeitar.

Agora de frente para Rin podia notar além das reações que só ele sabia, também um certo rubor.

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− Mas o que diabos ele pensa que está fazendo?! – praguejou o agora muito interessado Inuyasha.

− Você ‘tá fazendo barulho demais Inuyasha! Ele só perguntou se ela quer ir com ele ou ficar aqui, não vi nada demais nisso.

− Você é mesmo uma boboca Kagome!

− Olha, se você continuar com esse comportamento vou fazer você comer terra ‘ta entendendo?

Uma discussão entre o casal se desenrolava mais uma vez, mas foi interrompida por um tremor que fez com que Inuyasha tirasse a mulher grávida da área rapidamente.

O tremor vinha exatamente do lugar onde estava Sesshoumaru e Rin, e por isso ele também retirou a humana do local imediatamente. O solo cedeu e um enorme casulo azul celeste surgiu.

− O que você fez hein?! Seu maldito! – vociferou Inuyasha agora do lado do meio irmão. Mas Sesshoumaru estava concentrado demais no casulo familiar para rebater as ofensas do mais novo.

“Esse cheiro... Não pode ser...”


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Notas finais do capítulo

Então, gostaria de uma atualização na opinião de vocês também ksksks, me persigam no twitter caso precisem @tsukimyas, atualização vai ser semanal