Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 36
Capítulo 35 - Vingança


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Como prometido, mais um capítulo!
Este capítulo foi particularmente difícil de se fazer para mim. É, eu nunca tinha escrito um capítulo narrado pelo Hideo antes. Já tinha tentado, mas não tinha conseguido captar a essência do personagem!
Tudo o que ele sente é intenso! Vivo! Profundo!
Espero que eu tenha conseguido passar esta impressão!
A cena de luta aqui foi muito tensa para eu escrever, mas talvez seja a melhor que eu já tenha escrito! Senti até um certo orgulho quando vi o resultado final...
Escrevi este capítulo zapeando pelos meus CD's do Nightwish (amo essa banda), então, escolhi as que mais passam a impressão deste capítulo.
Devil & The Deep Dark Ocean
Sacrament of Wilderness
The Pharaoh Sails to Orion (eu super indico essa)
End of All Hope
(Meu bom e velho) Scaretale
Last Ride of the Day
Enfim, as notas iniciais já saíram maiores do que deveriam, mas espero que gostem como eu gostei!



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Uma cena digna de um pesadelo.

Era como eu poderia descrever aquela cena.

A mão e o braço daquela Despertada, quase que da largura de Yudai, atravessando seu abdômen, o sangue começando a esguichar abundantemente, manchando ainda mais a neve. Ela flexionou o braço, suspendendo-o do chão. Yudai arregalou os olhos brevemente, o sangue escorrendo por sua boca, então largou sua espada, que caiu com estrépito no chão. Ele sequer teve muito tempo de sentir dor, apenas começou a senti-la. Seus olhos então rolaram nas pálpebras e se fecharam, a cabeça pendendo para baixo, o sangue escorrendo lentamente por seus lábios entreabertos.

E seu cabelo se tornou tão vermelho quanto seu sangue, sua Aura desaparecendo completamente.

Não.

Não!

- Tsc. Esse era o melhor que possuíam? – Adamantia perguntou. – Bom... Se tivesse prestado mais atenção, não estaria assim...

Distração. Eu distraí Yudai, e essa distração, não...

Raiva. Raiva de mim mesmo. Se eu não fosse... Covarde o suficiente para ficar apenas parado enquanto os ataques se desdobravam como um leque de horror a minha frente, ou se... Fosse mais rápido para tirá-lo da linha de ataque...

Calor. O fogo começou a correr por meu corpo, minha visão começou a ficar aguçada, somente se concentrando no enorme ser à minha frente, tudo parecia gritar que eu deveria despedaçar aquela coisa até que não se soubesse mais qual pedaço pertencia a que membro, até que aquela coisa não existisse mais. Se eu fosse mais rápido, eu poderia... Eu poderia acabar com aquela... Daquele modo...

Todo o fogo se direcionou completamente para minhas pernas. Eu precisava ser mais rápido, eu precisava ser rápido para acabar com aquela coisa, eu precisava ser forte, precisava acabar com ela.

Adamantia moveu seu braço como se quisesse jogar Yudai no chão, mas ela não iria fazer com que ela se livrasse dele como se fosse um lixo, já bastava o que ela fizera com Dante e Hilda, e também... Eu não deixaria. Eu não daria a ela aquele direito, que desde o início ela não possuía.

Disparei em sua direção, a velocidade vertiginosa correndo por mim, estava rápido demais até para meu normal, mas não me importei. Havia algo errado com o calor em minhas pernas, eu pude sentir como se as botas da armadura estivessem se rompendo com algo que não podia identificar, mas aquilo não importava. Corri por entre eles, passando-me de lado, despedaçando o braço da Despertada no local onde ligava seu braço ao seu corpo e ao corpo de Yudai. As partes de minha armadura sendo deixada para trás, se quebrando de modo que eu não entendia, mas também havia algo errado. Minhas pernas estavam estranhas, parecia que meus joelhos só podiam se dobrar para frente, ficando flexionados, me forçando a vergar meu corpo para frente. Não conseguindo me manter ereto nem minhas pernas esticadas. Meus pés também estavam estranhos, pareciam errados, pareciam... Finos demais e parecia que eu só possuía quatro longos dedos.

Sentia como se meus pés fossem patas.

- Hideo?! – Alec gritou para mim, surpreso, desesperado, amedrontado. Tantos sentimentos que eu não sabia o que ele sentia ao certo.

Consegui parar de correr com um esforço inumano e Adamantia virou-se para me ver. Eu me sentia descontrolado, e no fundo sabia, estava descontrolado. Vi as tatuagens vermelhas em forma de fogo se espalhando por minhas mãos. A ponta de meu dedo indicador estava completamente vermelha, minha unha parecera até mesmo ter desaparecido em meio ao vermelho, as pontas da tatuagem parecendo línguas de fogo, subindo para as costas de minhas mãos, pelos braços e aumentava cada vez mais. A pele de meu pulso descascara, deixando o músculo a mostra, mas o sangue não fluía. Eu sentia meus dentes pontiagudos ferindo minha língua, e o sangue parecia ser... Delicioso. Minha mente parecia vibrar por mais, o calor era imensamente doloroso, dilacerante, pareciam estar arrancando meus membros lenta e dolorosamente, mas havia algo como prazer naquilo, havia um estranho e doloroso prazer naquilo. Mantinha-me firme para usar apenas o necessário, como em meu braço, mas eu não iria apenas utilizá-lo brevemente e guardar toda aquela força em mim, e sim iria mantê-lo daquele modo.

Olhei brevemente para baixo e vi que... Minhas pernas haviam mudado. Eram pernas de canídeo, ligeiramente curvadas, como realmente as de um cão que tentava se apoiar nas patas traseiras, tinham até pelos dourados. Eu me mantinha firme de pé, mas haviam ossos por fora, mas não conseguia ver utilidade alguma neles, pois os ossos que me sustentavam estavam dentro das pernas. As garras brancas de minhas patas fincando-se no chão.

- Despertou apenas as pernas? – Adamantia perguntou. – Você é estranho com esse autocontrole, mas é porque você está com raiva, não é?

Sequer corri dessa vez, eu empurrei o chão e lancei-me em sua direção, conseguindo sentir a neve se revirando à medida que eu passava, todo o mundo virando um fraco borrão dada à velocidade em que eu passava. Porém, Adamantia saltou simplesmente e dessa vez não consegui me conter ou parar, indo direto em direção a uma casa, afundando-me em suas pedras, sentindo-as me machucarem e romperem mais minha pele. O sangue começou a escorrer abundantemente por minha testa, escorrendo sobre meu nariz e olhos, ainda caindo sobre meus lábios...

Minha mente estava se desgastando pelo esforço que eu fazia para manter minha mente lúcida e não me render à dor e ao prazer. A adrenalina fazia com que meu coração batesse descompassado em meu peito, estava ofegante como se houvesse corrido uma maratona. Mas a velocidade em que eu me movera, aquilo já valia como uma maratona. O sangue deixava minha mente ainda mais nebulosa, minha língua ardia pelo contato dos dentes pontiagudos com ela, o sangue tirando-me dos eixos. Era como se eu precisasse cravá-los em carne... Rasgar a pele de macia de alguém, enfiar minha cabeça em seu ventre, para então devorar as vísceras ainda quentes, sorvendo também seu sangue.

Sacudi a cabeça, impedindo-me de continuar a ter tais pensamentos, eu ainda não era, não era um Despertado. Resignado com este pensamento, apoiei-me de quatro no chão. Era mais confortável para minhas pernas para que eu me mantivesse assim, mas iria me manter ereto. Peguei minha espada com a mão esquerda e arremessei o enorme destroço que estava sobre minhas costas, então disparei novamente em direção à Adamantia.

Comecei a atacá-la a toda velocidade, ignorando ao fato que meu braço ardia insuportavelmente, era velocidade demais até mesmo para ele. Tanta velocidade que parecia-se que ele iria esmagar-se. Não... Era velocidade demais para ele naquele modo. Naquela forma humana. Adamantia, por sua superioridade de braços, bloqueava todos os meus ataques, mas...

Eu precisava ser mais rápido. Precisava ser mais forte, precisava acabar com ela. Eu fui covarde em não me mover, e no momento em que fora, acabara por fazer a vida de alguém acabar...

Saltei, o mundo novamente movendo-se vertiginosamente por mim, então fui para trás de Adamantia, mas ela moveu-se rapidamente para trás de mim, pronta para atacar-me com todos seus braços. Movi-me ligeiramente para trás, para desviar dos ataques, recuando um pouco... Quer dizer... Essa era minha intenção. Quando percebi, estava a mais de dez metros de distância dela. Por quê? Eu só pretendia recuar um pouco para que não fosse acertado, mas então, porque fora parar tão longe?!

Lancei-me novamente em sua direção, mas Adamantia deu um passo para trás. Cravei as garras no chão, tentando mudar de direção, mas não consegui parar ou mudar. Novamente me atirando para uma construção, cravando-me em meio às pedras. Bati meus olhos a ponto de que não conseguisse enxergar com eles, mas minha Aura moveu-se tão rapidamente que logo estava enxergando com eles. Novamente empurrei um enorme destroço de cima de mim. Eu mal conseguia respirar, meus pulmões queimavam, eu sequer conseguia mais sentia meu coração. Apesar da temperatura baixa e neve, eu suava, e suava muito. Uma voz em minha mente, dizendo que apenas aquilo não era o suficiente para que eu acabasse com ela.

Dizia que precisava ser uma besta para derrotar outra.

- Tch, você é um dígito único, mas é um Despertado incompleto. – Adamantia zombou de mim com desprezo. – Sua velocidade é tão alta que uma vez em movimento, fazer movimentos curtos ou mudanças de direção tornam-se impossíveis.

Desgraçada... A irritação pulsou em conjunto com a raiva. A dor e o prazer me faziam ofegar ainda mais, e eu despedacei a prisão de pedras que ainda me prendia, sentindo o sangue quente escorrer por todo meu rosto e pescoço. Conseguia ver que havia sangue em meu cabelo e minha franja estava colada à testa, provavelmente pelo sangue.

Atirei-me novamente contra ela, e um rugido escapou de meus lábios, mas nem mesmo eu reconheci o som que emiti, era inumano demais. Adamantia deu mais um muxoxo de desprezo e já se desviou lentamente, porém não iria fazer aquilo repetir-se novamente. Cravei minha espada no chão, rompendo as pedras, abrindo uma fina fissura flamejante no chão, meu braço quase sendo arrancado pela força a qual eu depositara, mas veio satisfação em meio aquilo. Ao menos eu conseguira conter a velocidade, e novamente disparei em sua direção.

Quando dei por mim, todos os braços de Adamantia se esticaram e vieram em minha direção, como uma jaula ao meu redor e se aproximaram, prontos para me despedaçarem completamente. Cravei minha espada no chão novamente e me empurrei em qualquer direção que me tirasse de lá, indo parar a vários metros distantes dela. Ofeguei, precisava voltar a respirar normalmente ou poderia, sem brincadeira, morrer sufocado.

- Hideo! – alguém gritou, mas somente percebendo tardiamente que eu já me movera.

Tive de me apoiar em minha espada, parecia que minha mente estava no limite humano, como se eu precisasse ou Despertar de uma vez ou voltasse ao normal. Droga, não... Eu ainda sequer fizera um arranhão nela, tirando o único braço arrancado. Eu precisava... Vingar... E precisava respirar para conseguir continuar a atacá-la. Mordi meu lábio, mas foi uma má ideia, pois meus dentes se cravaram sedentos na carne, fazendo mais sangue fluir e a selvageria em minha mente aumentar. Parece que agora eu sou masoquista.

- Não consegues manter um ritmo. – Adamantia afirmou no exato momento em que pousou no chão, sua cauda ricocheteando de um lado para o outro. – Quando tenta se conter, perde grande quantidade de energia.

Voltei a me por ereto, porém, meu corpo gritava ante a dor, que ainda trazia aquele maldito prazer. Nem mesmo eu sabia de onde vinha tanto autocontrole para ainda me manter minha mente tão humana. Eu sentia ódio por aquela Despertada, eu queria despedaçá-la, fazê-la tornar-se apenas migalhas do que era. Talvez fosse isso que me impelisse a continuar, juntamente com a vontade de vingar a morte daqueles que morreram.

- Não passa de um Despertado fracassado. – Adamantia cuspiu, provocando-me ainda mais.

Lancei-me contra ela com outro rugido, mas Adamantia desviou no momento em que iria acertá-la, fazendo com que eu golpeasse o chão, mas logo voltei a atacá-la furiosamente, talvez demonstrando como estava por dentro. Eu sentia tanta fúria por aquela Despertada, queria... Droga! Ela... Se ela matara Yudai, eu também não queria ficar de braços cruzados, sem fazer nada.

Ela desviou de mais um ataque e acabei por gritar:

- Droga! – eu precisava de mais força e acabei por verbalizar aquilo sem ter plena consciência do que fazia. – Mais... Falta... Mais!

Quando percebi, uma imensa estaca de gelo apareceu entre mim e Adamantia, quebrando a vidraça da casa que estava ao nosso lado. Olhei para ver quem fizera aquilo, mas era um tanto idiota, pois o único controlador de água ali era Alec. E certeiramente, ele estava apontando para nós, provavelmente controlando a estaca. Adamantia soltou um rugido baixo e disse:

- Melhor acabar com os ratos primeiro.

Adamantia me chutou por baixo da estaca e voei para trás, caindo sobre minhas costas, e lançou-se em direção a Alec. Levantei num salto e a ataquei, mas ela deu um passo para trás e passei por entre os dois, então o porrete de sua cauda golpeou minha nuca. Antes que eu tivesse tempo de cambalear, uma de suas mãos me agarrou pelo cabelo e arremessou na direção oposta. Bati num poste que ainda estava de pé, mas o impacto rachou-o ao meio e caí no chão, zonzo pela dor. Senti a explosão da energia que o mantinha iluminando o local, e a neve, incrivelmente, começou a pegar fogo.

Levantei a tempo de vê-la erguer suas mãos em direção a Alec, mas Nina interviu, lançando-lhe um raio, então dois braços de Adamantia foram a sua direção. Alec levantou-se num salto e atirou-se contra Nina, ambos caindo, ele por cima dela, mas a salvo do ataque.

Comecei a grunhir e senti parte do calor infernal subindo para minhas costas em vários pontos, meus olhos começando a lagrimar pela dor, e as labaredas alaranjadas ao meu redor se tornaram vermelhas, como se sangrasse juntamente comigo, lambendo minha espada, mantendo-se ao meu redor, queimando as construções, o fogo passando de uma para outra como peste. Fiz as lágrimas voltarem e levantei, forçando-me a ficar de pé e novamente corri em sua direção, minha espada estando iridescente devido ao fato de ter sido aquecida. Adamantia começava a se dirigir novamente em direção a Alec e Nina, que ainda não haviam se recuperado, mas intervi e comecei a atacá-la na mesma velocidade de antes. Senti as costas de minha armadura se despedaçando e algo formando-se dos ossos de minhas costas, e quase gritei de dor, mas não recuei, muito pelo contrário. Tentei dar um corte na horizontal, o qual Adamantia se desviou e atirou-se para trás. Corri atrás dela, mas ela deu um passo para o lado.

Para minha surpresa, as coisas que saíram de minhas costas ficaram-se no chão, fazendo-me perder a velocidade e mudar de direção. Vi brevemente coisas que pareciam lâminas de foice, porém feitas de osso, ligadas às minhas costas por músculos negros. Parecia que minha mente humana se dilacerava cada vez mais, o limite transpassado. Eu não permitia que ela seguisse em frente para que se tornasse bestial, mas meu corpo tomava as decisões sozinho. A dor era insuportável, tudo me dizia que se eu parasse de ser teimoso, aquela dor iria parar e só restaria o prazer, mas não iria me render.

Voltei a atacá-la e Adamantia piscou surpresa.

- Tração... – murmurou. – Então não é um Despertado inútil no fim das contas.

Sequer me importei com o que ela dizia e continuei a atacando, mas ela sempre bloqueava a todos os ataques, agora, porém com certa dificuldade. Minha Aura aumentava, eu mantinha minha mente humana, mas meu corpo estava se descontrolando sozinho.

- Hideo, já chega! – alguém, acreditei que Nina, tenha gritado, mas não era exatamente algo que eu pudesse controlar.

Três das garras de minhas costas se moveram e atacaram a Adamantia, mas ela empurrou-se, pisou na parede de uma construção e saltou vários metros acima, porém flexionei minhas pernas, sentindo minhas patas e garras afundando-se a cravando-se no chão, então me lancei em direção a ela, voltando a atacá-la no ar com a espada e as garras, e pela primeira vez desde o começo da luta Adamantia demonstrou alguma dificuldade, porém, aquilo ainda não era tudo.

Senti o calor alastrando-se ainda mais, somente isolando minha cabeça, dessa vez se dirigindo aos meus braços. Vi-os começar a se tornarem dourados e os ossos surgindo sobre eles; meus músculos estando tensos. A velocidade pareceu aumentar, apesar de eu não fazer aquilo conscientemente. Minha mão esquerda quase não conseguia segurar a espada, também estava se deformando. Também estava prestes a se tornar... Patas. Uma espécie de couraça alaranjada surgindo sob os pelos que começavam a crescer. Os cortes agora atingindo-a infinitamente, eu já não mais errava, e ela grunhiu. Antes que eu pudesse me conter, rosnei:

- Maldita... Yudai...

- Você... Despertou todos seus membros com único e exclusivo objetivo de me derrotar... – murmurou pasma.

Avancei contra ela, ainda mais veloz que antes.

-... Esplêndido.

Juntamente com minha espada, minhas garras se fecharam contra ela, despedaçando-a do modo que eu desejara desde o começo. O sangue espiralou em meu rosto, o cheiro tirando-me dos eixos. Repentinamente veio a mim a vontade de afundar meu rosto naquela carne que restara em meio à massa sangrenta e devora-la crua e completamente, mas não me permiti a isso.

- Já está bom! – alguém gritou. – Controle-se Hideo!

Grunhi, mas não era exatamente fácil controlar aquilo. Eu conseguia manter minha mente, mas o corpo era diferente. Era quase como se fossem duas partes diferentes, meu corpo fazia o que bem entendia, minha mente era teimosa a ponto de tentar resistir aos impulsos de meu corpo. E eu percebi que daquele modo, não dava para seguir em frente, eu estava sucumbindo, era uma batalha interna contra a selvageria, e eu estava perdendo miseravelmente. Não estava conseguindo resistir por mais muito tempo, então decidi fazer algo.

- N-não dá... Não consigo. – murmurei. – Não está mais sob meu controle...!

Ninguém disse nada, parecendo estarem horrorizados e surpresos pelo fato de que eu não estava rugindo como um animal e matando a todos, então falei:

- Larry, arranque minha cabeça.

Eu sei que isso não era possível, mas jurei que Larry empalideceu e pareceu que todos os olhares se voltaram para ele.

- O quê?! – Exclamou por fim. – Por que eu?!

- Estou conseguindo manter minha consciência, mas não meu corpo. Não consigo parar, então vou forçar todas as lâminas para ficarem paradas, e então estique seu braço e arranque minha cabeça. – expliquei fracamente. – Isso vai consumir toda minha força, então vá... Logo! Foi mal... Pedir uma coisa dessas...

- Não vem com essa! Sua mente ainda...! – gritou e eu me irritei com aquilo. Estava prestes a não aguentar mais.

- Vá logo! Você é o único que consegue me atingir de uma distância tão longa! – Exclamei. – Me mate enquanto minha mente ainda é humana!

Era difícil dizer aquilo, eu jamais esperava que um dia iria dizer pedir aquilo, mas não queria perder o controle de mim mesmo, não queria virar uma besta. Morrer ou virar algo que se alimenta de algo que um dia já foi e um dia serviu para proteger, e ainda seria caçado. Não queria virar um monstro.

Com um suspiro, me forcei a por todas minhas garras para trás, suas pontas nas linhas de meus ombros. Meu corpo inteiro doía, e minhas costas doeram ainda mais insuportavelmente. Conseguia sentir dolorosamente cada centímetro dos músculos que ligavam aquelas coisas às minhas costas, minha visão começava a ficar alaranjada, custando-me uma dor atrás dos olhos, minha cabeça já girava e escurecia. Cada membro de meu corpo doía de forma insuportável, mas me mantive daquele modo, teria de aguentar até que Larry... Matasse-me.

Larry grunhiu e se levantou, e direcionou seu braço direito para mim, segurando a espada. Por sua expressão, claramente não queria fazer aquilo, mas para mim seria melhor morrer quando ainda possuía a mente de um humano.

É, por pedir algo como aquilo, eu iria ficar em dívida.

- Urgh... Droga! – Larry grunhiu, quando começava a esticar o braço em direção a Hideo.

Mas alguém segurou seu pulso, impedindo-o de continuar. Pareceu que meu coração ia parar quando contastei quem era.

- Parece que essa situação é o inverso daquela vez, não é, Hideo? – Yudai perguntou, cuspindo sangue, o ferimento sangrento aberto em seu abdômen.




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Notas finais do capítulo

Pela primeira vez eu narrei em primeira pessoa um Despertar, e olha meu, não foi fácil! Eu tinha até tentado antes fazer em terceira pessoa pra facilitar mais (pra mim), só que todo ele deu um total de 1703 palavras, muito pouco para o que eu escrevo, o que dava 5 páginas e duas linhas da 6ª. E pareceu tão artificial e superficial que, para mim, seria sacanagem. Então eu refiz, em primeira pessoa, e ficou bem melhor...
Mas, continuando... Guardem suas lágrimas para o próximo capítulo!
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