Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 30
Capítulo 29 - Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Argh, que raiva da minha internet --' Tinha feito umas notas iniciais e finais tão legais e a internet achou de cair, então perdi tudo ;3;
Bom, eu fiz essa primeira parte do cap escutando Rain, do cantor Gackt. Eu sei que nem todo mundo é aberto ao J-Rock, mas bem... óò
Espero que gostem. Fiquei com preguiça de scanear o desenho do Hideo com 11 anos - e o Yu por associação - mas é só um esboço. Eu vou colocá-lo como curiosidade próximo cap =)



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- Como está? perguntei a Diego que basicamente estava fechando um buraco profundo em seu estômago, fruto do ataque do Despertado. Era um tanto perturbador ver aquele buraco carcomido com tanto sangue que faria qualquer humano vomitar em contraste com a expressão quase que indiferente de Diego.

- Bem. disse, e então cuspiu sangue, manchando seu queixo. Ao menos sou bom em alguma coisa.

- Eu achei o lance do skate legal. Susana disse atrás de mim com sinceridade.

-... É, eu também. concordei, mas ele apenas balançou a cabeça, dispensando os elogios.

- Eu sou péssimo com espadas. confessou e fez uma tentativa de sorriso, que saiu deveras assustadora devido ao sangue que manchava seus dentes. - Aquilo foi mais um ato desesperado.

- Mas foi legal. Susana reafirmou.

Assenti e levantei, pingando lama. Ainda chovia o suficiente para molhar os ossos, então não me preocupei com o fato de que provavelmente estava com lama da cabeça aos pés, fruto de ter derrapado anteriormente. Inclusive parte de meu cabelo branco estava marrom.

Olhei por cima dos ombros, e vi Raquel meio que escondida atrás de uma árvore, olhando-me com hesitação. A música a entregara completamente, afinal, apesar de ter-se passado cinco anos, eu não a esquecera. Comecei a tirar as partes superiores da armadura, as ombreiras, luvas, tudo. Só continuei mesmo com as botas por cima do macacão negro. Quando me tornei o número 1, o macacão branco que eu sempre usava passou a vir negro por algum motivo que não entendi.

Vai falar com ela. Hideo disse em minha mente. Ainda duvida ou está afrouxando?

Não estou afrouxando. Falei, mas ele apenas me mandou um sentimento como se quisesse me repreender.

Então está esperando o quê?! exclamou irritado. Você procurou por ela por cinco anos diretos!

Ponderei um pouco e Hideo se irritou comigo. Era difícil ele ficar tão irritado (na verdade era difícil que ele se irritasse), mas talvez ele tivesse razão quanto a mim. Tirei a franja molhada de cima dos meus olhos, aquilo me incomodava, e Hideo fechou-se em sua mente, talvez para impedir-se de ficar mais irritado comigo.

Diego se levantou, ainda apoiando-se na árvore respirando fundo para verificar o ferimento de seu estômago, que estava completamente curado aos meus olhos e vi que ele havia perdido um dedo, seu dedo médio, mas o qual já estava regenerando. O osso já estava ali e os músculos já cresciam, e ele continuou centrando sua Aura ali.

Dei as costas a ele e à Susana, indo em direção à Raquel e disse para ela:

- Quero falar com você.

Ela piscou, e hesitou um pouco, mas então assentiu e me seguiu. Basicamente não fui a nenhum lugar em especial - que não existia, aliás , somente me afastei. Fomos somente o suficientemente longe para que Diego e Susana não escutassem nada. A chuva diminuiu ligeiramente, chegando a intensidade uma chuva normal. Olhei para cima, talvez mais pensando o que poderia dizer.

Eu admito que estava feliz por agora ter certeza que era ela. Eu havia encontrado Raquel, mas... Eu sinceramente não sabia o que falar. Sim, Hideo tinha razão de ter ficado com raiva de mim, como não ficar? Até eu admito que neste momento eu sou um perfeito idiota. Virei-me e olhei para Raquel, que estava atrás de mim, mas havia parado de modo que ficasse distante do local onde eu estava. Havia hesitação em seu olhar, e também medo. Mas medo de quê? De que eu a reprimisse por não lutar - embora tenha auxiliado ou medo pelo fato de eu tê-la reconhecido? Não conseguia entender o porquê daquele medo.

- Está com medo?

Ela piscou, surpresa, antes de responder:

- Não.

- Pois me parece.

Ela corou, provavelmente não queria que eu percebesse que estava amedrontada. Talvez estivesse pensando que eu não a houvesse reconhecido, ou talvez fosse o medo de que eu tivesse a reconhecido, mas não quisesse mais saber dela.

- Eu... suspirei, tentando falar algo que não parecesse muito idiota, mas acabou por sair algo muitíssimo idiota, na minha opinião. Você é a Raquel, não é?

Ela pareceu entender ao que eu me referia, mas Raquel não confiou em sua própria voz, somente assentindo. Poderia ser impressão minha por causa da chuva, mas pensei ter visto lágrimas mareando seus olhos. Aquilo me incomodou um pouco, apesar de que eu não sabia exatamente o porquê dela estar segurando suas lágrimas. Se era por estar feliz ou pelo medo que eu ainda via em seus olhos.

Pousei minha mão no topo de sua cabeça, tocando em seu cabelo molhado pela chuva. Ela continuava mais baixa do que eu, mas nossa diferença de altura era bem menor agora. Ela crescera obviamente, mas eu também. Raquel agora batia um pouco abaixo de meus ombros, pouca coisa. Eu tinha 1,82 de altura, então dava realmente para dizer que ela estava bem mais alta do que antes.

- Você está com medo de que eu não me importe mais com você? perguntei. Ou está chateada por eu não ter lhe reconhecido mais cedo?

Ela não respondeu, mas eu conseguia ver claramente as lágrimas em seus olhos. Com um suspiro, eu a abracei, admito que com força. A armadura que ela ainda usava atrapalhava um pouco, mas não me importei.

- Eu procurei por você. falei. Eu tinha prometido, não tinha? Eu procurei por você durante esses cinco anos.

Ela não disse nada, então apenas fechei meus olhos enquanto continuava:

- Eu não esperava que você tivesse sido pega pela Ordem. disse com sinceridade. E eu não queria que você tivesse esse tipo de vida, queria que você continuasse humana e vivesse bem. Mas não dá para voltar no tempo, e também não posso dizer que não estou feliz por ter encontrado você de novo. O que importa é que você está bem, e sobreviveu àquele dia, a Nicholas e ao que a floresta poderia trazer.

Toquei em seu cabelo e senti ao mesmo tempo em que escutava-a soluçar, me abraçando com força o suficiente para que doesse, mas não me importei com aquilo. Era de certa forma bom.

- Ainda mais, acho que quando você me encontrou naquela caverna, não foi a melhor momento de nos revermos, não é? perguntei, e ela assentiu. Eu conseguia sentir suas lágrimas quentes, já que seu rosto estava encostado em meu peito. Pode me bater se quiser por não ter reconhecido você lá.

Ela apenas balançou a cabeça negativamente, acredito que dispensando a oportunidade de me bater.

- Eu achava você mais alto antes.

Tive que rir com aquilo, já que ela também percebera a diferença de alturas. A chuva começara a diminuir rapidamente, logo chegando a um chuvisco que não molharia nada.

- Foi você que cresceu, mas não se engane, eu também estou mais alto.

Raquel assentiu.

Quando voltamos para a clareira, percebi que tanto Diego quanto Susana haviam ido embora. Achei que eles poderiam ao menos terem esperado nós voltarmos. Raquel pareceu ficar irritada com Susana, e pensando melhor, acho que Raquel havia contado para ela sobre o fato de que ela me acompanhava no passado, e por isso que ela estava tão animada. No fim das contas, talvez Hideo estivesse certo.

Raquel disse iria voltar para a caverna para pegar suas coisas, e fiquei para trás para deixá-la trocar de roupa. Olhei para o corpo do Despertado, ou melhor, da Despertada. Ela era albina, já que sua pele era extremamente branca, os cabelos loiros pálidos e os olhos eram quase brancos de tão azuis. Até seus cílios manchados de terra eram brancos.

Balancei a cabeça e lentamente comecei a rumar para a caverna, não me importando muito se demoraria ou não. A chuva finalmente parara, o suficiente para tirar toda a lama de meu corpo. Olhei para o céu, ainda estava nublado, bastante escuro, com nuvens negras e cinza escuras.

Quando estava na metade do caminho, senti uma Aura. Era profunda, imensamente maleável, porém, era uma Aura de híbrido, com as características das Auras de Lionel e Raban. Tinha um cheiro que me lembrava... Era uma mistura, ah sim, parecia o cheiro de maçã misturado com pêssego.

Eu tinha uma estranha sensação ao sentir aquela Aura. Era quase como se eu estivesse de frente a algo extremamente antigo, mais ainda do que a sensação que eu tive perante Futoji. E também parecia como se... Essa sensação já era parte de intuição, mas parecia que tudo estava atrelado a esta mísera Aura. A Ordem, os híbridos, Despertados... Por que essa sensação?

Nunca havia sentido aquela Aura antes, e ela vinha calmamente em minha direção. Se eu nunca havia visto-a antes, então deveria ser um renegado. Mas normalmente renegados evitavam ao máximo híbridos da Ordem, e aquele vinha justamente em minha direção. Ele com certeza podia sentir minha Aura, assim como eu sentia a dele.

Logo o dono da Aura apareceu. Era um homem, que aparentava ter uns 20 anos no máximo, aliás, forçando bastante para ele realmente parecer alguém de vinte. Ele era mais alto do que eu, era magro, musculoso e esguio, e seu rosto ostentava um ar meio... Aristocrático. Apesar da chuva de anteriormente, ele estava completamente seco, e seu cabelo branco era bastante ondulado, até a base de seu pescoço, cortado logo acima de suas sobrancelhas, crescendo gradualmente. Sua pele era bastante morena, que chegava a contrastar com o cabelo branco.

Ele usava roupas de couro negras com botas que pareciam coturnos, e não trazia símbolo em lugar nenhum, nem em uma espécie de pulseira feita com tiras de couro enroladas firmemente em seus pulsos, em vez disso, ele trazia uma tira de couro que ia de seu ombro direito, cruzando por seu peito e terminava do lado esquerdo do seu tronco, estando sua claymore presa ali.

Aliás, sua espada era diferente do normal, seu punho era de couro avermelhado, que parecia gasto, e ela claramente tinha uma bainha amarronzada, também gasta.

Ele, também como Raban, trazia um ar de majestade, mas muito superior e muito mais imponente, ele parecia alguém parado no tempo. Só de olhar para ele, parecia que eu estava olhando para alguém muito antigo, mas por quê?

O cara a minha frente me deu uma bela olhada e passou tranquilamente por mim, sem antes dizer:

- Ora... Mais um número 1... Boa sorte com esse fardo.

Pisquei, enquanto ele se afastava rapidamente. Olhei por cima do ombro e vi que havia um corte na bainha de sua espada que me permitia ver seu símbolo, que era basicamente uma cruz com um pequeno círculo em seu interior. Ele rapidamente adentrou nas sombras da floresta, deixando-me para trás.

Balancei a cabeça. Se ele me ignorara, eu iria ignorá-lo também.

Logo voltei em direção à caverna, e quando eu cheguei, Raquel estava saindo dela com sua sacola. Me perguntei mentalmente por que ela era tão parecida com Sophia, então ela me viu me aproximando, e disse:

- Eu já estava saindo... Você quer que eu te espere?

- Não precisa, se quiser ir para a Ordem na frente, pode ir.

Ela assentiu, então entrei na caverna e peguei minha mochila, tirando roupas lá de dentro e vestindo-as, enquanto sentia a Aura de Raquel se afastar.

Você é um completo babaca. Hideo disse em minha mente.

Obrigado pelo elogio. respondi sarcasticamente.

Você procurou por essa garota durante cinco anos e simplesmente diz para ela ir embora?! Você é muito idiota.

Hideo, vá cuidar da sua vida, tá bom? rebati. E ela só está indo para a Ordem, eu vou voltar para lá também.

Quase pude escutar Hideo bufando, para então fechar-se novamente em sua mente.

Depois disso, eu voltei para a Ordem. Demorou alguns dias, mas pela primeira vez em meses eu pus meus pés de volta lá.

Era de madrugada, acredito que uma ou duas horas da manhã, então andei silenciosamente pelos corredores, até escutar uma coisa: passos e uma Aura com cheiro de morango. Ah não... Droga, Elizabeth, e ela estava vindo para cá. Estava prestes a bater em minha própria testa quando eu escutei o som de seus passos no corredor à minha frente.

- Oh, você voltou. disse quando me viu.

- Hm, é. falei, desejando que ela somente passasse direto, me deixando ir para o meu quarto sem tentar talvez conseguir se aproveitar de mim.

Tudo bem, não havia quem discordasse que Elizabeth era bonita, eu também não. Ela era mais baixa do que eu, mas pouca coisa. Um metro e setenta e pouco de altura, talvez, esguia, err... Curvilínea. Ela usava roupas ligeiramente coladas em seu corpo, então isso era bastante possível de se ver, uma blusa de mangas curtas brancas e calça preta, com botas por cima da calça. Seu cabelo era longo, até o meio das costas, quase caindo como uma cascata, além que ela tinha um rosto bonito. Mas eu normalmente tinha estupidamente medo dela. Tenho alguns... Motivos.

Estava prestes a passar direto por ela quando pareceu que meus músculos foram congelados de modo que eu não conseguisse mais me mover. Ah droga... Toda vez que ela faz isso, coisa boa não vai vir. Não era o tipo de coisa que eu podia resistir, já que não era um ataque ou uma técnica.

E comprovando minhas suspeitas... Elizabeth me puxou pela gola de minha camisa e me beijou. Como sempre, se eu não estivesse praticamente congelado em meu lugar, teria me afastado de primeira, mas era exatamente por isso que ela fazia questão de acabar com as possibilidades de que eu me movesse. E eu não posso dizer que tenha gostado ou coisa parecida, mas não era a primeira vez que ela fazia isso. Elizabeth já havia feito coisa pior. Bem pior.

Quando ela se separou e foi para o corredor atrás de mim, consegui sentir que podia me mover novamente, mas antes que eu pudesse dar um único passo, ela disse atrás de mim:

- Considere isto uma boa sorte para o que virá.


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Notas finais do capítulo

Ah... Elizabeth... Até agora ela é a única que conseguiu tirar algum proveito do Yudai, kkk xD
Bom, eu me esforcei para fazer a cena do Yudai com a Raquel, muito, passei mais de uma semana só nela, fiz e refiz várias vezes... Mas no fim, só saiu isso óò Se não gostaram, acharam muito "seca", deem uns toques nos reviews, que eu a refaço e a aviso, ok? Essa cena é muito importante, então, pra mim, tem que sair perfeita.
Bom, até o próximo cap!