Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 12
Capítulo 11 - Descoberta


Notas iniciais do capítulo

E lá vou eu com mais um cap 8D
Essa fic/história está adiantada, estou terminando o cap 17 já, o que está meio que me deixando em depressão, pois ela está cada vez mais próxima de seu fim çç



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/204272/chapter/12

Hideo desceu logo depois de mudar para outra notícia e me olhou com curiosidade. Bocejou, sonolento e então perguntou:

– O que houve?

Dei uma olhada no relógio e falei:

– Depois te falo, temos que ir rápido. – rilhei os dentes. – Você está ferrado.

Hideo piscou novamente e apenas assentiu sem dizer nada, nos dirigimos ao ponto de ônibus. Já haviam algumas pessoas lá e o local estava com um ar pesado. Já sabia pelo que era, mas tive que esperar todo o percurso do caminho para a escola. Eu gostaria de ter falado o que era para Hideo, mas se eu falasse do modo que teria, alguém iria ouvir.

Quando chegamos à sala de Biologia, a primeira do dia. Mary não estava lá por motivos óbvios. Destaquei uma folha do meu caderno e escrevi em runas Darneliyenses:

Ontem foi seu dia de ronda, mas deu no jornal que uma pessoa foi encontrada morta, com o corpo aberto e multilado. E duas coisas me chamaram a atenção: O morto foi um colega nosso, o Mike, e Mary, que senta na cadeira aqui do lado direito, viu o ataque. Segundo o jornal ela não falava coisa com coisa.

Passei o papel para ele, que leu com atenção, então vi suas sobrancelhas se juntarem e sua expressão se tornar muito mais séria. Ele então escreveu e me passou o papel:

Se foi mesmo um ataque, não meu surpreendo que ela não esteja dizendo coisa com coisa, pois para as pessoas daqui, monstros não existem. Mas eu não consegui localizar nada ontem, o tamanho da cidade não ajuda e você sabe muito bem. Mesmo que nossos campos de rastreação consigam se estender até a cidade vizinha – e conseguimos isso fácil – mais o número de pessoas existentes aqui junto com seus animais e parafernálias nos atrapalham. Mas o fato de que eu tenha falhado não muda, e sinto pelo Mike. Ele era legal, e tocava violão bem.

Sim, ele era legal e com todo certeza não mereceu o fim que teve, ninguém merece. Mas Hideo tinha razão, havia várias coisas aqui que nos atrapalhavam e muito, e somados com cansaço nos deixavam mais inúteis. Afastei aquilo momentaneamente da mente e escrevi:

Sim, ele era legal, e o modo que morreu também não foi bom, mas... Mary viu o ataque, o que pode nos ajudar, e então... Devemos (ou devo?) falar com ela?

Ele leu e passou novamente:

Sim, acho que VOCÊ deva falar com ela, mas vamos esperar algum tempo. Ela está em estado de choque e não é a coisa mais linda do mundo ver um monstro comendo as vísceras de alguém a sua frente.

Li e franzi a testa, mas era apenas por sua letra.

Você tem que melhorar suas runas se quiser que eu as leia. E melhore sua letra também, fui pegar seu caderno ontem e quase não decifrei o que tinha ali.

Ele leu e revirou os olhos.

Melhorou? - escreveu.

Escrevi embaixo.

Melhorou. Mas como eu falaria com ela? Se eu fizer muitas perguntas sobre o que ela viu ela vai suspeitar ou vai achar que eu só fui tentar saber o que ela viu para dizer com certeza que ela está louca.

Ele leu e hesitou por um tempo. A aula já havia começado há muito tempo, mas eu nem prestava atenção, assim como ele. Depois, me passou novamente o papel e havia apenas uma frase:

Conte a verdade a ela.

Pisquei. Ele estava realmente falando sério? Olhei para ele e não vi nenhum tipo de brincadeira em sua expressão.

Você não está falando sério! Hideo, ela não vai acreditar que somos de uma dimensão diferente.

Ele leu e deu uma olhada no professor de Biologia, para se certificar que ele não estava reparando em nós.

Estou falando sério sim, Yudai. Diga a ela que acredita nela, seja compreensivo, e que está estamos atrás da coisa que matou o Mike há um bom tempo. Se ela não acreditar o que tenho quase certeza, conte a verdade a ela. Toda a verdade.

Me segurei para não dar um suspiro alto com as rasuras. E o modo que ele escrevera me fizera pensar que ele queria que eu desse encima dela.

Hideo raciocine comigo. Nós, quando éramos menores, não estranhávamos o fato de existir outra dimensão + monstros + híbridos porque crescemos sabendo de sua existência, como qualquer outra pessoa em Darneliyan, mas agora pense nela. Para Mary e todos da Terra, monstros existem apenas em pesadelos, filmes ou na mente de crianças. Agora, você quer que eu vá lá com ela e diga: “Olha, eu sei o que matou o Mike, foi um monstro que se alimenta de seres humanos e que ele escapou de outra dimensão chamada Darneliyan e veio para a Terra e está fazendo todo esse estrago. Ah! Esqueci-me de dizer que eu e o meu irmão gêmeo somos de lá e somos meio humanos e viemos daquela dimensão para cá pra matar esse monstro e então você pode dizer o que viu pra ajudar a gente?”.

Ele revirou os olhos diante do imenso parágrafo que mandei a ele e escreveu as runas de modo rápido.

Ela viu a morte do Mike e segundo a polícia, ela não falou coisa com coisa. Provavelmente ela viu o monstro, mas como aqui essas coisas não existem, eles simplesmente a ignoraram. Se ela realmente viu o monstro, ela vai acreditar na história das dimensões, o que é a mais pura verdade. Mas se ela for cabeça-dura não acreditar, faça alguma coisa, tipo... Ah, sei lá, chame-a pra sair e arranque um árvore, ou mostre que nossos pingentes se transformam em armas, dê um soco a ponto de quebrar um muro, mas faça alguma coisa!

Balancei levemente a cabeça em consideração ao que ele escrevera, então quando eu estava começando a escrever minha resposta, uma mão apareceu e tomou a folha de minha frente. Pisquei e acabei vendo que o professor de Biologia nos flagrara. Ele piscou diante as runas Darneliyenses, que para ele eram meros desenhos, e olhou para nós com clara antipatia e desaprovação.

– Pois bem, senhores Hentric, creio então que vocês não prestaram atenção em minha aula durante todo o horário, pois estavam muito ocupados fazendo desenhinhos.

Acho que o mesmo pensamento que correu em minha mente no momento que ele disse isso se passou na mente de Hideo: Estaremos ferrados.

Hideo foi rápido, literalmente. Ele jogou um frasco que estava na prateleira ao seu lado no outro lado da sala em tal velocidade que sequer eu quase pude acompanhar, então o professor com certeza não conseguiu ver. O frasco se quebrou e quando o professor se virou para ver o que acontecera, Hideo pegou o papel sem mudar sua velocidade e o rasgou completamente, colocando os pedaços minúsculos atrás da prateleira. O professor piscou, pois não havia nada de vidro onde Hideo jogara o frasco, e quando se virou, olhou confuso para as próprias mãos, em busca do papel.

Ele olhou para nós de maneira sugestiva, mas ele não conseguira acompanhar a velocidade em que Hideo se movera, portanto, para o prof. Donald, nenhum de nós havia se movido. Mas o papel não sumiria de suas mãos do nada.

– Levantam-se os dois, e mostrem, por favor, o que têm nos bolsos.

– Investigação policial! – alguém exclamou, mas se calou rapidamente quando o professor olhou-o por cima dos óculos com seus olhos negros.

Levantei e tirei o que tinha nos bolsos, ou seja: algumas moedas, o meu pendente que não colocara no pescoço e um pedaço de guardanapo de papel que estava rabiscado. Eu havia o pego na cantina no dia anterior e acabara desenhando nele. A única coisa que Hideo tinha nos bolsos eram o seu pendente e uma nota de dez dólares. O professor olhou as coisas e fingi que não sabia de nada, e Hideo estava com uma feição tão perfeita de inocência que se eu não tivesse visto que havia sido ele que dera fim no papel, teria acreditado.

Logo depois o sinal tocou e o professor bufou, mas deixou a turma sair, mas ameaçou que iria nos delatar à Diretora e nos mandou embora. Fui para a aula de Desenho – tinha essa matéria, mas o professor reclamou que eu não precisava dela - mas eu não estou me achando.

Vi que havia alguns alunos com os olhos vermelhos e com expressões abatidas, claramente por causa da morte chocante de Mike. Suspirei, entrando na sala. Sophie estava quieta e não falava com ninguém, apenas estava rabiscando o caderno.

Sentei e falei:

– Que horrível.

– Sim, foi horrível. – fungou. – Ele era a última pessoa que merecia isso. Eu soube ontem ainda.

– Ligaram para você?

–... Não, eu fui entregar o livro dele que ele esqueceu na escola, e quando cheguei na casa dele a polícia estava lá e a mãe dele estava em estado de choque, o pai mais ainda, que teve que reconhecer o corpo...

– Que horas eram, mais ou menos? – perguntei lentamente.

– Umas dez da noite. – respondeu.

Aquilo aconteceu antes de Hideo sair então, mas a essa altura o efeito do meu Supressor também já havia acabado. Como diabos eu não sentira nada? Em Darneliyan eu consigo sentir a Aura dos monstros antes de sequer pisar na cidade, mas algo dava errado aqui na Terra.

– Ele era filho único? – perguntei.

–... Não, mas sinto pelos pais dele. É o terceiro filho deles que morreu...

Pisquei e então olhei para ela.

– Terceiro?!

–... Sim, o irmão mais velho dele era do exército e morreu na guerra do Iraque... Ele teve uma irmã menor que nasceu prematura e morreu aos dois meses também. Agora eles só têm o irmão mais novo do Mike, Ehren, de dez anos.

– Três filhos... – murmurei, e me veio à mente dor que seus pais deveriam estar sentindo. – Deve ser mais do que eles podem aguentar.

– Com certeza, e dois tiveram mortes horríveis... – falou e sua voz tremeu um pouco. – Principalmente a dele...

Eu ia encerrar aquela conversa antes que ela começasse a chorar, nesses meses eles já haviam falado várias vezes que eram praticamente amigos de berço, portanto devia ser um choque imenso. Aí veio uma coisa em minha mente: Alec.

A vida que ele levava fora destruída um dia antes de sermos mandados à Ordem. Ele estava em nossa casa e a irmã mais velha dele de 16 anos, Eleanor, fora buscá-lo. Para os padrões de Darneliyan, ela havia acabado de entrar na maior idade.

Ainda me lembro bastante dela, ela era muito bonita, e muitas pessoas faziam questão de dizer isso. Era alta e esguia, com o longo cabelo de um ruivo um pouco mais claro que o meu ou o de Hideo, e sempre usava os brincos que hoje Alec usa. Ela praticamente adorava Alec, a ponto de mimá-lo.

Ela levou Alec para sua casa e o que acontecera após isso, ele só teve coragem de contar para nós anos depois. Ele fora dormir e no meio da noite fora acordado por Eleanor, que parecia desesperada. Ela o empurrou para debaixo da cama e o obrigou a ficar quieto e logo após aconteceu: O monstro que fizera o híbrido – que nunca cheguei a conhecer pessoalmente – começar a buscá-lo em nossa cidade revelou-se ser o nosso tio Damien, ou seja, o pai dele.

Ele tinha terminado de comer as vísceras da mãe de Alec.

E Alec teve que passar o tempo todo em silêncio escondido embaixo da cama enquanto via Eleanor ser torturada e aberta pelo monstro, que começou a devorá-la quando ainda estava viva e consciente. Quando ela morreu e ele comera tudo o que poderia comer dela, ele começou a buscar por Alec e nessa hora o híbrido chegara, salvando-o a tempo, mas ele teve que suportar ver tudo o que ocorrera com sua irmã, impotente.

Depois disso, ele reuniu coragem para pegar os brincos dela, que ela não tirava por nada no mundo, pois foram os últimos presentes que nossa tataravó – sim, chegamos ao ponto de conhecer nossa tataravó. - dera a ela antes de morrer, com incríveis 115 anos de idade.

Quando ele contou isso, eu quase dissera a ele que provavelmente Eleanor gostaria que os brincos fossem enterrados junto com ela, mas me calei no último segundo antes que o fizesse se sentir pior.

Sacudi a cabeça, afastando os pensamentos da mente. Alec, além disso, ainda se colocava mais culpa, pois se o monstro não houvesse matado seu pai para tomar seu lugar, provavelmente todos os que haviam sido vendidos a Ordem seriam humanos até hoje. Mas eu e Hideo fomos os únicos que fomos, literalmente, arrancados da família, pois os outros eram todos órfãos – Alec era o único que não era do orfanato, por motivos óbvios. Estávamos saindo do hospital por conta de um ataque de epilepsia meu quando seguraram nossa mãe e nos pegaram. Minha saúde era extremamente frágil quando eu era humano, tanto que eu era asmático e epiléptico e qualquer coisinha me deixava doente.

– Yudai? – Sophie chamou. Eu havia passado muito tempo em silêncio.

– Ah, foi mal. – falei, então decidi dizer o que estava pensando. – É que... A morte de Mike me lembrou a morte dos meus tios e da minha prima.

– Sério? – perguntou.

– Sim, eles foram encontrados do mesmo modo que Mike, com o corpo aberto e todo mutilado. Eu tinha dez anos na época, mas o meu primo foi o único que sobreviveu.

–... O que aconteceu com eles?

Inventei uma mentira rápida.

– Eles foram a uma reserva selvagem nas férias e acabaram se perdendo e foram atacados por um urso e meu primo foi o único que sobreviveu ao ataque. Mas acabou vendo tudo. Ele tinha nove anos.

Ela empalideceu.

– Isso é horrível...

– Demais, mas depois ele encontrou uma menina que passou por traumas parecidos e hoje os dois ajudam um ao outro e namoram. – tive que me esforçar para não rir. Nina e Alec me matariam se me escutassem falando isso, mas assim como Hideo, eu falo o que eu vejo. Mas acho que devo ver pelo quesito de “amizade profunda”.

– Que amor. – disse e riu um pouco melhor, e então perguntou. – É sério?

– Sim. Quer dizer, tirando a parte do namoro. Eles são bem próximos, então eu, Hideo e uma amiga dela costumamos irritá-los com isso. É divertido.

Era verdade que a colega de quarto de Nina, Alma, dizia as mesmas coisas que eu e Hideo, mas pior até, já que dividia o quarto com Nina, poderia irritá-la com mais frequência. Alma era da minha altura, ou seja, quase um metro e oitenta e sua pele era cor de café, o que dava um contraste imenso com seu cabelo. Ela era realmente bonita, pois mesmo que eu não seja do tipo que se prenda a detalhes como esse, ela é o que se pode chamar de sensual. Mas o que chama a atenção nela é justamente a personalidade, já que ela muitas vezes age de um modo que lembra Hideo, ou seja, engraçada, irônica e irritante, às vezes mais sincera do que a maioria das pessoas gostam. Ela e Hideo juntos quase podem ser considerados armas contra a humanidade.

Continuamos conversando baixo sobre mais algumas coisas até o fim da aula e quando eu ia saindo, após ir embora, John me parou.

– O que foi? – perguntei.

– A Sophie está te dando mole. – disse de modo direto, e acrescentou em voz baixa. – Assim como muitas garotas aqui.

– Hã...

Antes que eu dissesse mais alguma coisa ele continuou.

– Olha, eu não me importo com nada, mas o problema é o ex dela, que se chama Douglas. – disse. – Ele é o capitão do time de futebol e ele age como se ela fosse uma propriedade dele.

Pisquei.

– Ele está de olho em você há algum tempo, mas eu o escutei falando com alguns caras sobre fechar você.

Ah, fala sério, tive vontade de dizer a ele que eu poderia acabar com todos até ficarem hospitalizados, mas eu não podia fazer isso.

– Ah, tudo bem, - falei e acrescentei. – eu não tenho nenhum interesse desse tipo com Sophie.

Ele piscou atônito e então riu.

– Fala sério! – exclamou e olhou envolta. – Você está tendo o que a maioria dos caras aqui na escola querem e você simplesmente não tem nenhum interesse por ela. Só teria uma explicação... Você tem namorada?

– Não, nunca tive uma. – falei.

– Por falta de garotas afim de você não é. – bufou. – Você é gay?

– Claro que não. – empurrei seu ombro. – Não preciso ficar com meio mundo pra dizer que não sou gay. Mas não tenho nada contra eles.

– Ótima resposta. – falou simplesmente.

Quando eu estava saindo da escola no último horário, um grupo de “armários” apareceu. Todos eram mais altos do que eu e mais musculosos, mas não me importei, e teria continuado andando se outro não tivesse aparecido, e incrivelmente era o mais alto e musculoso de todos. Ele tinha o cabelo cortado curto como um soldado do exército.

– Então, novato, o que acha daqui? – o que parecia ser o maior da horda perguntou, de modo um tanto ameaçador.

– Legal. – respondi, sem me deixar abalar. – Mas se você fechou o meu caminho só pra me perguntar isso, então eu estou indo.

Percebi que as pessoas começavam a olhar para nós, Hideo apareceu um tanto após, e comecei a circundar o maior para ir embora.

– Espera aí. – o grandalhão disse.

– O que é?

Ele se aproximou. Era uns 10 centímetros mais alto que eu.

– Ela é minha, já estou avisando.

– Não sei do que você está falando. – menti. Então esse era Douglas.

– Não? Você não me engana.

– Olha, você está vendo coisas que não acontecem, ok? – respondi.

Virei para ir embora, só que não esperava uma coisa: Que algo atingi-se minha cabeça por trás, com força. Um soco muito bem dado, mas a irritação gritou dentro de mim, virei rápido e apenas rosnei para ele:

– Se defenda.

~O~

– Olha, eu admito que foi um belo soco. – Hideo disse enquanto se deitava no sofá. – Mas você deveria ter se controlado.

– Ele pediu por isso. – murmurei, enquanto ia para a cozinha.

– Você bateu em alguém? – Raquel perguntou, enquanto me seguia.

– Ele quebrou o nariz de um cara na escola. – Hideo me entregou, reprimindo o bocejo. – A sorte dele é que ele quando disseram para reclamar na diretoria, ele disse que não. Acho que ele não vai denunciar o Yu. Mas foi uma coisa muito linda de se ver.

– Tá bom Hideo, agora vai dormir por que hoje vamos ser nós dois que vamos sair para ir atrás do bicho.

Ele resmungou e adormeceu rapidamente. Na cozinha, eu estava pegando água quando Raquel entrou.

– Yudai? – chamou em voz baixa pra não acordar Hideo que estava dormindo no sofá.

– O que houve? – perguntei.

– Hoje estava passando a notícia de um rapaz que morreu... – Disse, um tanto sem jeito. – Você acha que possa ser o...

– Sim. – respondi. – Hoje, quando o Hideo acordar, vamos os dois procurar, e tentaremos de forma melhor. Esse é estranho, ele consegue camuflar sua Aura muito bem... Mas não precisa ficar preocupada. - falei ao ver sua expressão.

– Você está se sentindo mal por não ter conseguido achar o monstro antes dele morrer. – falou. – Sua expressão tá diferente do que costuma ser.

Pisquei. Era verdade, eu estava me sentindo mal, pois eu vira como Mike era e convivera com ele na escola, ao contrário que de quando eu ia em missões usuais, que quando eu ia eliminar o monstro, eu não conhecia nem tivera contato com nenhuma das pessoas que ele se alimentara. A coisa piorara um pouco quando soube que seus pais haviam perdido mais dois filhos. Mas eu não esperasse que Raquel fosse perceber

– Vamos tentar mais agora. – falei. – Você não ouviu que hoje nós dois vamos atrás dele?

– Mas... É perigoso, não é?

Olhei para ela.

– Se vocês não o encontraram até agora, então ele deve ser perigoso, não é?

– Ei, não precisa se preocupar, vamos encontrá-lo e não vai acontecer nada.

Ao menos era o que eu estava tentando pensar. O fato do monstro conseguir enganar a mim e a Hideo juntos estava realmente me deixando preocupado também. Soltei o ar que deixei preso e pensei algo. Eu havia chegado a cerca de quatro meses, mais ou menos, e apenas agora o monstro havia se alimentado. Ele ficara o máximo de tempo que pôde sem se alimentar, mas no final havia precisado fazer isso. Mas com certeza, uma única pessoa não iria saciar a fome acumulada de quatro meses inteiros sem comer.

Meu celular apitou em meu bolso e quando o peguei, vi que era uma mensagem de John, dizendo que estavam circulando fotos do corpo de Mike, e embaixo o link para ver as fotos. Parece que nem as pessoas mortas podem ter paz, pelos deuses.

Mas aquilo poderia me ajudar a ter certeza se era mesmo um ataque monstruoso.

– O que é? – Raquel perguntou, curiosa.

– Não olhe, mas são fotos do corpo do rapaz que morreu ontem.

Ela arregalou os olhos e se afastou, e então comecei a ver as fotos. Já havia visto várias vezes o corpo de alguém morto após ser atacado por um monstro, portanto, sabia reconhecer.

As fotos eram bastante horríveis, mas batiam de fato com o que eu já havia visto antes. O rosto de Mike não sofrera um único arranhão, mas estava ainda contorcido em dor, medo e agonia. Mas seu rosto, braços e pernas eram as únicas coisas que estavam intactas. O seu tronco fora aberto e destroçado, e estava claramente meio comido em algumas partes. Sim, com certeza era um ataque de monstro.

Suspirei e apaguei as fotos que foram baixadas em meu celular, mais por respeito ao morto.

– E... Então? – Raquel perguntou, hesitante.

– Simplesmente horrível. – Falei. – Normalmente, quem visse isso ficaria com pesadelos por um bom tempo.

Ela estremeceu e tive que dar créditos a ela.

Quando deram onze horas, bati na perna de Hideo para acordá-lo e retornei ao quarto e peguei as coisas que normalmente usava para as rondas e subi no telhado. Hideo subiu logo após, ainda com a cara um pouco amassada de sono.

– Então, nos separamos para ver toda a cidade? – perguntou.

– Sim. – respondi. – Então, vamos escolher uma direção, não é?

– Bom, vamos “separar” a cidade em norte e sul e cada um vai a uma direção.

– Isso é óbvio. – olhei envolta e disse: - Eu quase sempre procuro ao sul, então vou para o norte agora.

– Tá bom. – disse. – Vamos agora, talvez com um pouco de sorte, o encontremos hoje.

– Ele passou um longo tempo sem se alimentar. – falei. – Talvez ele acabe tendo que se alimentar novamente, e...

– Provavelmente ele vai se mostrar novamente. – continuou. – Se ele fizer isso, provavelmente vamos sentir sua Aura.

– Peça que isso ocorra – eu disse. - e ninguém mais morra.

Ele concordou e eu saltei para a casa ao lado, e comecei a correr à direção norte que acabamos estipulando. Quando parei, estava já afastado da casa de Harrys, mas o que me fez parar foi uma coisa:

A Aura com o cheiro de mar.

Estava ali, e dessa vez, eu sabia dizer onde estava!

Olhei por reflexo para o outro lado da rua e vi. Era sem dúvidas um híbrido.

Ele aparentava ter uns dezoito ou dezenove anos, talvez menos, e estava de lado para mim. Ele estava usando calça jeans e uma camisa social branca com listras azuis colocada para fora da calça, lhe deixando com um ar ainda mais juvenil. Seu cabelo era curto, sendo que na nuca era bagunçado e repicado um pouco para cima. Pisquei. Eu nunca havia visto esse cara na Ordem, então...

Só podia ser um renegado, alguém que fingiu estar morto para sair da Ordem.

Nesse exato momento ele se virou e acabou me vendo, seus olhos brilhavam no escuro de modo assustador, mas era apenas por sua visão noturna ativada, pois estava em um canto escuro. Piscou atônito e acabou arregalando os olhos, mas depois não hesitou: disparou a tal velocidade que se tornou praticamente invisível aos olhos, ao não ser pelo fraco borrão que sua imagem tornou-se.

Fiquei parado por um único segundo e então acabei fazendo o que ao mesmo tempo era sensato e burro: corri atrás dele. Sensato para saber quem ele era, mas burro por que eu estava me desviando da caçada.

Ele estava claramente a toda velocidade, mas eu só estava mais atrás porque começara a persegui-lo quando ele já havia tomado muita dianteira, porém eu conseguia segui-lo sem dificuldade. Para ter uma ideia, a velocidade média de um híbrido normal correndo pode chegar a 320 km/h, segundo já haviam conseguido contar em testes, mas assim como havia algumas pessoas mais rápidas do que outras, haviam híbridos mais rápidos que outros. Esse era claramente mais rápido do que a maioria, mas eu também era. Só não me peçam para apostar corrida com Hideo, pois ele é o mais rápido da Ordem, portanto eu comeria poeira.

Segui aquele cara por várias ruas, atravessando a distância sem problemas, mas quando chegamos a um prédio com cobertura, eu olhei um pouco para o lado. Havia uma viatura da polícia ali.

Mas esse foi o meu mal, eu acabei me distraindo e quando percebi havia aumentado ainda mais a velocidade. Não que isso fosse ruim, mais eu aumentara demais a velocidade, então tropecei em algo que não identifiquei e cai encima do cara que estava perseguindo. Caímos do prédio e ele bateu num poste de tal jeito que o arrancou e acabamos caindo numa confusão em frente à viatura. Ele acabou caindo encima do poste e eu caí por cima dele, que bufou e gemeu dolorido.

Ao longe vários cachorros começaram a latir, e as luzes das casas começaram a acender devido ao imenso barulho que fizemos. Os policiais nos olharam sem saber momentaneamente o que fazer e então começaram a pegar suas armas e tanto eu quanto o cara abaixo de mim fizemos a mesma coisa: Levantamos da maneira mais rápida que conseguimos e saltamos para cima do prédio, enquanto as pessoas começaram a aparecer, sem entender como o poste havia caído, e quando dei por mim, o cara já estava virando a esquina. Bufei e voltei a segui-lo, mas escutei a sirene da polícia.

Arranquei a tal velocidade que logo o alcancei, estendi a mão e consegui tocar levemente em suas costas, aumentei a velocidade e estendi meu braço envolta de seu pescoço, enforcando-o. Mas ele conseguiu estender o braço começou a me enforcar ao mesmo tempo em que eu e novamente caímos e rolamos, mas conseguimos ficar encima do prédio. Ele apertou meu pescoço com mais força a ponto de que eu não conseguisse respirar de modo algum e bufou por não conseguir respirar direito.

– Me... Solta... – bufei. Meus pulmões queimavam por eu não conseguir respirar, pontos estavam começando a aparecer diante os meus olhos.

– Solta você primeiro! – rosnou, e foi estranho. Eu já conhecia aquela voz. Era... Harrys? Seja lá quem fosse, estava apertando meu pescoço com tal força que eu já estava sentindo – e escutando – estalos perigosos em meu pescoço.

– Sem chance, me solta primeiro. – minha visão estava escurecendo, e meu pescoço estalou de maneira que deixou alarmado a medida do possível que minha mente permitia naquela situação. – Você vai quebrar o meu pescoço!

Ele hesitou um instante mas ele só afrouxou o meu pescoço, não me soltou. Lutei um pouco e ele acabou me soltando e o soltei em resposta. Minha cabeça estava girando e meu coração estava disparado. Tudo bem que eu havia começado a enforcá-lo, mas não depositara a força que ele depositara.

Ele começou a se levantar e puxei seu pé, fazendo-o cair novamente, e pelo visto ele bateu o queixo no chão. Ele soltou um palavrão tão alto que fiquei com medo de alguém ter escutado.

– Me solta! – protestou e soltou outro palavrão. Apesar de nunca ter falado daquele jeito, aquela voz era com certeza a voz de Harrys! – Eu vou te enforcar de novo! – avisou.

– Você... Harrys? – ignorei o aviso dele e apertei com mais força, mas ele moveu o pé e bateu-o em meu rosto, chutando. Senti meu maxilar se deslocando e doeu pra caramba. Pus ele de volta ao lugar e estremeci.

Ele praguejou no momento em que perguntei se ele era Harrys, e me olhou com um olhar que pela primeira vez em muito tempo, eu senti medo. Medo real. Senti que mesmo com a Aura extremamente fraca, aquele cara era forte, poderoso. Seus olhos estavam literalmente, felinos. Suas pupilas haviam se tornado pupilas de felino, o que acontecia com os olhos de híbrido quando se preparava para atacar. Recuei, mas vi que ele estava pegando algo em sua mão. Olhei para ela e vi seu símbolo preso a um anel de ferro. Das duas uma: Ele ia me apagar ou ia me matar.

O que aconteceu após foi muito rápido. Ele puxou seu símbolo transformando-o em uma espada com as lâminas duplas serrilhadas, do tamanho médio de uma claymore e me atacou. Saltei para trás no exato momento em que ele iria me acertar, e apoiei meu peso nas mãos enquanto meus pés estavam quase na altura da cabeça, atrás de mim. Girei mais e meus pés tocaram o chão, mas ele atacou novamente e tive que saltar por cima da lâmina, girando, mas ele mudou de direção rapidamente e percebi que ele havia me encurralado na parede. Consegui ir para o lado rápido e sua espada se afundou na parede, mas ele a puxou, destruindo a parede e vi um movimento tão rápido que achei que seria digno de Hideo.

Hideo consegue atacar algo a tal velocidade que quando o vemos atacando uma coisa, pensamos que ele dá apenas um corte, mas quando damos por si, ele na verdade já havia atacado múltiplas vezes, e só reparávamos quando a coisa – uma pedra, por exemplo. – demonstrava estar com cinco golpes, no mínimo.

Ele atacou a tal velocidade que nem percebi que ele havia destroçado a parede atrás de mim completamente. O dono do prédio com certeza teria uma surpresa quando visse o estrago no dia seguinte.

Peguei minha espada e me defendi de um ataque que por pouco não acertara minha cabeça, mas ele havia depositado tal força que jogou meus braços para o lado. Aquele cara queria me matar.

Me abaixei, tentando desviar de outro ataque, mas quando ele não acertou, abaixou ataque e cortou minhas duas pernas fora.

Vi luzes quando isso aconteceu, doeu insuportavelmente e soltei minha espada, caindo de peito no chão. Arquejei e escutei-o dirigindo o ataque novamente. Ele acertou e quebrou o chão ao meu lado, pois rolei, e comecei a controlar meus batimentos cardíacos para que não perdesse muito sangue e cortei qualquer fluxo de sangue que fosse para minhas pernas, fazendo-as parar de sangrar. Me arrastei até a perna mais próxima, com a Aura eu poderia fixá-la no lugar e voltar a andar, mas quando me aproximei, o cara – ou Harrys, eu ainda estava boiando ali. – fincou a espada em minha mão, prendendo-a no chão. Gemi de dor.

Ele puxou o punho da espada, que começou a alongar-se, e dela saiu outra espada. Eu estava sem minhas duas pernas e preso ao chão, totalmente vulnerável, e ele iria me matar com certeza.

– Fala sério, se esse é o meu fim, não é nada legal. – bufei e tentei me mexer, então ergui o olhar para ele. Suas mãos estavam atrás da cabeça, segurando a espada, pronto para me decapitar. – Preso no chão sem as duas pernas, não acha que está fácil demais?

Ele começou a descer a espada e fechei os olhos, escutando a espada cortando o ar, mas quando estava quase sentindo a espada tocando em mim, ela bateu em algo.

– Salvo pelo gongo, não é, Yu? – Hideo bufou.

Pisquei. Talvez eu estava tão preocupado em na tentativa – miserável – de me manter vivo que sequer o percebera ali. O cara rosnou e Hideo acertou um chute em seu peito, fazendo-o voar até a parede destruída e arrancou a espada que estava me prendendo ao chão. Arquejei, por que doera do mesmo jeito.

– Fixe as pernas no lugar. – ordenou. – E me ajude.

Ele se aproximou do lugar onde o cara caíra e se preparou. Rastejei – de forma miserável, de novo. – até a que era minha perna direita e a aproximei do ferimento e aumentei minha Aura, refazendo todos os ligamentos ali necessários: liguei os nervos que foram rompidos, juntamente com ossos, músculos, veias, artérias e carne, até não ficar nem um arranhão e ela imediatamente começou a formigar por causa da falta de sangue, e fiz o mesmo processo na outra perna e só então fiz o sangue voltar a correr ali, quase ao mesmo tempo escutei o som de espadas se batendo. Levantei com esforço enquanto fechava o ferimento na minha mão direita e vi Hideo desviar de um ataque que se aproximou mais do que perigosamente de sua cabeça.

Quando peguei minha claymore e me aproximei, ele acertou um chute tão forte em Hideo que ele voou para fora do prédio e escutei gritos. Aí a realidade caiu como uma bomba. Tínhamos feito tanto barulho que provavelmente havíamos acordado toda a rua, senão todo o bairro. Mas o estrago já estava feito, então acertei o punho da espada em sua cabeça. Ele cambaleou e fiz o mesmo que ele havia feito com Hideo, mas dei primeiro uma joelhada em seu estômago e acertei seu rosto quando ele se abaixou. Ele puxou meu braço e me arremessou para fora do prédio ao mesmo tempo em que caía dele.

Acertei uma janela e caí sentado dentro de um quarto escuro. A mulher que estava lá dentro gritou e seu marido – ou acho que era. – imediatamente se sentou. Escutei o som de espadas do lado de fora e novamente acompanhado por gritos. Droga!

Me levantei e o homem gritou:

– Vou chamar a polícia!

– Eu não entrei aqui por que quis. – gritei de volta e saltei da janela e ataquei o híbrido desconhecido por cima. Ele bloqueou meu ataque com a outra espada e me arremessou, mas pousei de pé. Eram dois contra um, mas o cara estava com vantagem, pois Hideo também não era páreo para ele, assim como eu. Aí então Hideo cerrou os olhos e viu o símbolo da espada dele e arregalou os olhos.

– Ei, eu conheço esse símbolo! – gritou para mim. – Ele é o número três de uma geração passada!

– Hã?! – Acabei aparando um ataque que se ele errasse, iria acertar um homem que fora espiar. Ele piscou assustado.

– É de mais ou menos quarenta anos atrás, pelo que vi, mas era para ele estar morto!

– Raciocina, ele é um renegado! – rosnei. – Não é o melhor momento para se conversar!

Olhei envolta e parecia que todos os moradores da rua haviam descido para ver o que estava acontecendo, e vi que diversos estavam – de maneira estúpida. – gravando a confusão com seus celulares, e tinha até gente com filmadoras. Hideo me olhou e em seguida disse em voz alta:

– Olha, isso aqui é sério! Nada de atuação ou coisa assim, se vocês ficarem aqui, correm risco de um golpe escapar e acertar alguém! Pode inclusive matar! – praticamente berrou.

Mas estavam absorvidas demais observando a luta que sequer se moveram. Onde está a histeria coletiva que normalmente aparecem nos filmes, em que todo mundo sai correndo?! Bufei baixo e aí que me veio:

Acompanhada por sirenes de polícia, uma Aura gélida com cheiro de enxofre e podridão. O monstro.

No exato momento, chegaram várias viaturas e jogaram as luzes direto em nossos olhos, fazendo-os doer insuportavelmente. Nossos olhos são vermelhos pelo sangue que passa por trás dele, pois não temos pigmentos neles, e isso os torna mais sensíveis à luz. Mas a Aura do monstro continuava, e eu precisava ir...

Todos os policiais sacaram as armas e um gritou:

– Coloquem as armas no chão e estendam as mãos na altura da cabeça.

Ah, fala sério.

– Hideo. – chamei em voz baixa, seria audível apenas para quem tivesse uma audição aguçada, sem soltar a claymore e nem levantar as mãos na altura da cabeça. – Consegui localizar o monstro.

Ele me olhou.

– Eu os distraio, vai atrás dele.

– Como?

– Vamos logo! – o policial gritou.

– Vamos fazer o papel de terroristas.

– Hã?!

Ele foi rápido. Pegou um rapaz que estava espiando na rua e com um estalo, percebi que era John, passou seu braço esquerdo envolta do pescoço dele e com a direita colocou a espada próxima ao seu pescoço. Os olhos de John quase triplicaram de tamanho e ele começou a tremer, pálido. Ouvi as pessoas gritando e Hideo anunciou.

– Se vocês se aproximarem, ele perde a cabeça!

A boca de John se entreabriu, horrorizado, mas eu sabia muito bem que Hideo estava fingindo não porque ele me avisara, mas por um fato: Ele era canhoto, e estava segurando a espada com a mão direita. Ele não conseguiria dar um golpe, e também não teria coragem de matar um colega.

Suspirei e saltei para cima de um prédio e várias pessoas exclamaram inclusive os policiais e comecei a correr, mas tive tempo de ver o híbrido correndo e Hideo soltar John e correr na direção oposta.

– Estão fugindo! – o policial gritou.

Segui a Aura, sequer me importando com a viatura que fora mandada para me perseguir e corri até que consegui ver o que era um almoxarifado. Era ali de onde a Aura vinha.

Saltei do prédio e pousei no chão, mas escutei tiros. Um passou de raspão por mim, mas o outro acertaria meu rosto se eu não tivesse erguido o braço, e ele acertou meu antebraço. Gemi de dor e senti a bala se alojar no braço, mas corri até o almoxarifado, e abri a porta.

A primeira coisa que vi foi o corpo de um homem já idoso, aberto a minha frente.

Me aproximei cautelosamente e verifiquei os ferimentos dele. Já estava morto e carcomido, sem dúvidas, seus órgãos internos comidos.

– Ponha as mãos para cima e... Meu Deus. – o policial atrás de mim disse, horrorizado ao ver o corpo.

O monstro se moveu nas sombras e então gritei:

– Pra trás! Isso é o que está matando as pessoas!

– Quem você pensa que... – A policial que estava ao lado do outro começou, mas nessa hora, o monstro apareceu.

Ele deveria ter dois metros e alguma coisa de altura, e sua pele era reptiliana, mas sua cara era quase humana, se não fosse o nariz torto, os olhos bestiais – mas em formato humano, as orelhas pontudas e os dentes limados. Aquilo não se parecia com nenhum outro monstro que eu já havia visto.

Ele estava babando e sua boca e pescoço ainda estavam sujas com o sangue do homem.

Os policiais foram idiotas: pegaram suas armas e começaram a atirar nele. As balas se alojaram em seu corpo, mas aquilo não o mataria, apenas serviu para deixá-lo mais irritado. Ele estendeu a mão e soube o que iria fazer no momento em que sua Aura se elevou.

– Cuidado! – gritei e empurrei o policial.

Nesse momento senti algo me acertar, e me atravessou.

Tudo escureceu.




Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu andei me perguntando se sou psicopata oO
Sou tão malvada com os meus personagens x-x



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Olhos De Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.