Olhos De Sangue escrita por Monique Góes


Capítulo 11
Capítulo 10 - Ajuda Inesperada




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      Não encontrei nada no primeiro dia de ronda, apesar de ter procurado minuciosamente em cada metro por que passei, até às quatro horas da manhã. Após isso, voltei para a casa de Harrys, dormi o tempo que me restava e fui praticamente me arrastando para a escola e por pouco não fui pego dormindo na aula de Física.

      Eu acabei criando uma espécie de rotina. Eu acordava acabado por ter dormido por muito pouco tempo, tomava café, me arrastava para o ponto de ônibus e ia para a escola, e com um pouco de sorte (ou azar) eu dormia em alguma aula, normalmente Química, mas o rapaz que sentava ao meu lado, Derek, me salvava ou me acordava quando o Prof. Nix suspeitava de mim. Eu então ia buscar Raquel na casa da Sra. Garcia – sempre sendo alvo de suspeita de Polyana, que me sondava incansavelmente. – que nos entupia com bolos, tortas e biscoitos dizendo que estávamos muito magros – o que, pessoalmente, eu não discordava. Quando eu voltava para casa, cheio e cansado, acabava desmaiando no sofá e acordava quando Harrys chegava, por volta das sete horas. Às onze horas normalmente eu saía e dependia o horário em que voltava.

       Mas eu tentava ao máximo parecer um aluno normal na escola, e conseguira fazer algumas “amizades”, apesar de saber que elas não iriam para frente. Não poderiam. Acabei descobrindo que Sophie – a minha vizinha. – e John, o cara do ônibus que falara muito brevemente comigo faziam parte do grupo de “populares” da escola. Sophie acabou me encontrando na aula de inglês no dia seguinte após a minha primeira ronda e praticamente me arrastara para conhecer os outros, e John acabara falando mais comigo pois a grande maioria das aulas que eu tinha eram junto com ele. Biologia, Educação Física, História e assim por diante.

       Na aula de Biologia eu me sentava na frente dele e ao lado de uma garota chamada Mary. Ela era alta e magra, com os cabelos castanhos puxados num rabo de cavalo apertado e usava óculos de armações grossas e negras. Por algum motivo, ela não parecia gostar muito da minha presença, talvez intuição.

        Os cochichos que surgiram quanto a mim no primeiro dia de aula continuaram a me perseguir, até que no final do primeiro mês, reparei algo esquisito. Eu estava saindo da escola quando reparei que algumas pessoas olhavam para mim e então pareciam confusas, outras murmuravam coisas umas com as outras. Continuei andando quando John, acompanhado por Mike, um cara da minha altura de pele negra chegaram.

        - Hã, oi Yudai. – Mike começou. – Podemos falar uma coisa?

        - O quê? – perguntei, estranhando, mas continuei andando. Estava morto de sono.

        - Bom, imagine... – John começou.

        - Hm? – resmunguei enquanto reprimia o bocejo.

        -... Que você tivesse um irmão gêmeo, idêntico, mas nunca tivesse contado sobre ele para ninguém.

        Olhei para ele por cima do ombro, erguendo uma sobrancelha. Eu me encaixava nesse caso.

        - E... Ele aparecesse na escola na hora da saída. – Mike terminou. – Na frente da escola.

        Estanquei no lugar. Ah, não me diga...

        - Obrigado pela informação! – gritei, enquanto saía correndo numa velocidade humana.                             

        - Hã, de nada! – John gritou de volta, incerto.

        Cobri rapidamente a distância que me separava do local onde estava para frente do prédio, tendo que muitas vezes desviar de alunos e ouvir professores falando para não correr no corredor. Quando saí de lá, o pátio estava cheio de alunos, mas eu pude ver um pouco de longe.

        Hideo sentado no murinho de pedra da frente da escola.

        Ele estava de costas para mim, e era ignorado por alguns alunos, mas alguns repararam nele e então me avistavam, depois fazendo uma cara estranha. Hideo ignorava-os, depois de quatro anos no emprego que nós temos, ignorar as pessoas era natural para nós.

        Soltei um suspiro e andei até ele, embora Hideo não tivesse percebido, então tirei minha mochila das costas e joguei com força sobre ele.

        - Ai! – protestou e percebi que ele estava com um copo descartável de alguma lanchonete. Ele se virou para mim e fechou a cara. – É bom te ver também Yu.

        Ele também estava com o cabelo negro e os olhos azuis claros como os meus. Hideo se levantou e pegou a minha mochila e jogou-a de volta pra mim.

        - O que você está fazendo aqui? – perguntei em voz baixa, recomeçando a andar enquanto ele me acompanhava.

        - Me mandaram vir te ajudar. – disse e revirou os olhos. – Acharam que talvez tivessem pego pesado com você e me mandaram. Mas tenho que admitir que o pessoal da Ordem estavam certos. Você está com uma cara péssima.

        - Sim, eu sei que estou mal. – me esforcei para não revirar os olhos. – Mas não foi isso que eu perguntei. Perguntei o porquê de você ter aparecido aqui, na escola, no horário da saída.

        - Atrás de você, ué. – respondeu.

        - Não podia esperar eu chegar em casa?!

        - Poderia, mas ficar lá sozinho seria muito chato. – disse bebendo do copo que segurava. – Resolvi vir atrás de você então.

        - Como você me achou? Quer dizer, você acabou de chegar.

        - Ah, eu segui o seu cheiro.

        Eu quase parei.

        - Hã?

        - Parece que por tanto passar pelo mesmo caminho por aquelas coisas amarelas... – disse, apontando discretamente para um ônibus.

        - Ônibus escolar. – falei, me segurando para não dar um tapa em minha testa, mas tive que dar um crédito à ele, pois quando eu chegara aqui também não sabia o que era um ônibus.

        - Então, de tanto você passar pelo mesmo caminho todos os dias num ônibus escolar, acabou ficando um rastro do seu cheiro. Então foi só seguir. – disse com simplicidade. – Só que acabei dando umas voltas por que o ônibus não vem direto para cá.

        - Hm... Como você conseguiu sentir meu cheiro? – continuei. – Eu não tenho um bom olfato quando tomo o Supressor.

        - Não? Eu continuo sentindo os cheiros e mais até do que deveria. – disse e antes que eu o impedisse ele deu uma cheirada no meu pescoço e eu o empurrei. Mas tudo aconteceu em nossa velocidade normal, então era quase impossível que alguém tivesse notado. – O que foi?

        - Lembre-se que estamos no meio da rua, idiota. – falei baixo, me esforçando para não lhe dar um soco ou coisa parecida.

        - Ah é. – disse com um ar falsamente ingênuo. Talvez sua intenção fosse me fazer passar vergonha. – Cheiro de esgoto.

        - Hã?! – exclamei, lembrando que o assunto da nossa – estranha - conversa era o meu cheiro.

        - Não é o seu! – se desculpou rapidamente. – Esse lugar fede a esgoto. - continuou, torcendo o nariz.

        Eu iria acabar indo para casa a pé, já que ele estava comigo. Eu sempre pegava o mesmo ônibus com o mesmo motorista e sabia que ele não decorava nem o rosto dos alunos, portanto não iria sentir a minha falta.                         

        - Eu não iria querer acreditar que eu fedia tanto assim. – resmunguei.                        

        - Bom, você não fede. – disse. – Você cheira a... Sei lá, chocolate?

        Pisquei. A Aura de Hideo cheirava a chocolate, então quer dizer que tínhamos até o mesmo cheiro?! Foi aí que me lembrei de perguntar algo.

        - Ei Hideo, você... Costuma sentir cheiros nas Auras?

        - Hã? Que pergunta é essa? – falou, me olhando como se eu estivesse louco.

        - Você sente cheiros ou gostos nas Auras? – perguntei.

        -... Não. Por quê? Você sente?

        - Sim. Acho então que realmente tenho sinestesia em relação ao rastreio de Auras. – falei.

        - Deve ser. – disse pensativo. – Você sempre foi anormal nesse quesito.

        Bufei. Ficar com sono normalmente me deixava de mal humor, e então meu pavio se tornava realmente curto. Eu poderia acabar explodindo com as coisas mais simples, incluindo brincadeiras dele.

        - Ainda tenho que buscar Raquel na casa da Sra. Garcia... – murmurei para mim mesmo.

        - Raquel? – Hideo me olhou de esguelha. – Não é aquela menina que você salvou?

        - Sim. – falei, contendo mais um bocejo.

        - Você não a deixou na cidade pra onde você ia?

        - Nero? Não, não deixei ela lá. – respondi. Meu cérebro parecia estar trabalhando mais devagar pelo sono.

         - Depois eu sou o louco. – bufou. – É perigoso você manter aquela menina com você, sabia?

         - Por Hakpisa, Hideo, não comece a ser superprotetor.

         - Não é tanto por você, é mais por ela. Você sabe que é estar por perto de um híbrido, por mais que eu odeie admitir, é perigoso.

         - Se um monstro ou animal selvagem aparecer – falei. – eu vou conseguir me livrar dele.                  

         - Pode ser. – disse. – Não estou rogando praga, mas se acontecer alguma coisa e você Despertar, aquela menina estando por perto vai ser a primeira coisa que provavelmente irá virar sua ração. 

         Não falei nada e Hideo me encarou por algum tempo, até que bateu contra a própria testa, como se estivesse tentando explicar coisas para um bebê.

         - Nem sei por que estou falando isso. – bufou novamente. – Você está com uma cara de sono tão horrível que tenho certeza que tudo o que falei entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

         Tive que concordar com ele quanto ao meu cansaço. Fazia um mês que eu não sabia o que era dormir decentemente, e ainda tinha que aliar com esforço mental na escola e esforço físico nas rondas noturnas. Esfreguei os meus olhos que desobedientemente insistiam em se fechar.

         - Você vai acabar dormindo em pé. – Observou. – Eu deveria ter um balde com gelo para ver se você acordava. Ou Alec. Ele serviria.

         - Você sabia que Alec tinha afinidade com água? – perguntei lentamente.

         - Sabia por que eu o vi transformando água em uma lagartixa, mas ele fez isso apenas por diversão.

         - Legal.

         Continuamos em silêncio o resto do caminho até a casa da Sra. Garcia e dessa vez, os cachorros praticamente enlouqueceram com a com a minha presença mais a de Hideo. Já quanto a Sra. Garcia, ela pareceu surpresa com a presença dele, mas ela logo perguntou o que havia de errado conosco, pois éramos muito magros na opinião dela. Ela foi para a cozinha e Polyana praticamente enlouqueceu, preocupada com o que poderíamos fazer com os seus filhotes, e saltava de um sofá para o outro, só parando brevemente para respirar. Nino e Lily pareciam se revezar sobre a ordem de quem “atacavam”, ou as mangas de quem atacavam.

         - Eles não se cansam? – Hideo perguntou, afastando Nino pela enésima vez de seus cadarços.

         - Eles perdem o interesse, mas quando você vem para cá de novo eles voltam a tentar te morder. – respondi.

         - Nossa, que empolgante. – murmurou.

         - Você veio para ajudar o Yudai? – Raquel perguntou.                                    

         - Sim. – falou. – E parece que ele precisa, olha...

         - Hideo, você já falou cem vezes que eu estou com uma cara péssima. Faça um comentário construtivo.

         Ele deu de ombros.

         - Eu falo o que vejo.

         - Eu sei muito bem que você sabe mentir.

         - Eu não vou dizer que você está com uma cara tão linda que parece que foi esculpida pelos deuses. – rebateu.

         - Não sei se você se lembra, – rebati também. – mas eu tenho a mesma cara que você.

         Raquel não aguentou e começou a rir. Mas era verdade, afinal, somos gêmeos idênticos. Se eu sou feio, Hideo também é. E em resposta, ele me olhou com uma cara que me lembrou das expressões que Alec e Nina haviam feito a mim após a caça ao Despertado.

         Quando fomos para a casa de Harrys, lembrei-me de perguntar para ele:

         - Ei, mas e as suas coisas? A casa está trancada, onde você as deixou?

         - Numa moita. – respondeu com simplicidade.

         - Será sorte sua se não tiverem roubado ela. – bufei.

         Ele deu de ombros e deu a volta na casa para buscar suas coisas enquanto eu destrancava a porta da casa. Quando ele voltou, deu uma olhada no recinto.

         - Ei, mas avisaram Harrys que você vinha? – perguntei.

         - Bom, ao menos me disseram que sim. – disse e coçou um pouco a cabeça. – Acho que ele não vai voltar logo, não é?

         - Não, ele só volta lá pelas sete horas. – Raquel respondeu.

         - O que vocês fazem até lá?

         - O Yudai dorme. – ela me entregou.          

         - Eu preciso... – falei enquanto subia para deixar a mochila no quarto.

         -... Eu acho melhor eu começar minha ronda hoje... – ouvi Hideo começar, e então ele gritou: - E você dorme a noite inteira!

         - Pelos deuses, obrigado. – falei mais para mim mesmo.

         Quando voltei, Hideo estava mexendo no vaso vazio que estava encima da mesa. Pelo barulho vindo da cozinha, Raquel estava pegando água, então eu deitei no sofá e Hideo ergueu uma sobrancelha.

         - Boa noite. – disse.

         - É dia ainda. – retruquei, bocejando. – Ei, Hideo, faz um favor para mim?

         - Tá, mas o que eu ganho com isso?

         - Um soco na cara. – falei. – Assista o noticiário caso eu não acorde, por que pode passar algo que seja útil para nós.

         - Tá bom.

         Só escutei ele falar isso, e logo adormeci.

         Quando eu acordei já estava escuro, a TV estava ligada e vi Hideo sentado na poltrona ao meu lado, já com o cabelo branco e os olhos vermelhos. Quer dizer, sentado é a expressão errada, ele estava deitado de lado, deixando as pernas penderem para fora da poltrona e ao seu lado estava o monte de livros que eu lera no domingo antes de ir para a escola.

         - Folgado. – falei enquanto me endireitava no sofá.

         - Bom dia pra você também. – disse sem tirar a atenção do livro.

         - É noite ainda. – retruquei.

         - Pois é né? – disse irônico, pegando outro livro e começando a folheá-lo. – Você dorme de dia e fica na ativa à noite e tem olhos vermelhos. Você é um vampiro?

         - Você tem olhos vermelhos também. – rebati.

         - Faz um favor Yu, não estrague a piada. – retrucou.

         - Vocês batem de frente. – Raquel observou. Só então a vi sentada ao lado da poltrona em que Hideo estava sentado/deitado, com um livro em mãos também.

         - Intriga da oposição. – Hideo comentou, pegando outro livro.

         - Sendo que eu sou a oposição não é?  - resmunguei.

         - Bom, é. – respondeu.        

         - Aconteceu alguma coisa suspeita? – perguntei. – Assassinato, ou um corpo destroçado?

         - Não. – Raquel respondeu. – É estranho perguntar por um assassinato para ter uma pista.

         - Com certeza. – Hideo disse, distraído. – E antes que você pergunte, hoje eu vou atrás do monstro sim.

         - Que bom. – falei um tanto aliviado. – Amanhã eu vou procurar ele. Se você não o encontrar hoje.

         - A cidade é bem grande. – falou desgostoso. – Se você não o encontrou em um mês, eu não vou encontrá-lo em uma noite.       

         Olhei no relógio e vi que eram nove horas. Dessa vez eu havia dormido bastante, acabei tendo que me espreguiçar, com o pescoço dolorido por ter dormido no sofá.

         No outro dia eu acordei bem, mas acabei tendo que acordar Hideo que foi dormir bem tarde, com certeza. E como eu já previra, ele acordou mal-humorado, mas levantou sem problemas. Ele tomou banho, tomamos café e fomos pro ponto de ônibus.

         - Você vai ter que ir para a Diretoria para receber os seus horários, – falei para ele, já esperando o ônibus. – mas antes é melhor ir à Secretaria, mas um aviso: a secretária costuma usar fones de ouvido no máximo.

         - Ah que ótimo. – bufou. – Eu preciso de cafeína... Ou qualquer coisa que me acorde.          

         - Um tapa serve? – perguntei.

         - Engraçadinho.

         O ônibus chegou e entramos nele, eu me acostumei a sentar mais atrás, só que dessa vez Hideo sentou na janela, então acabei ficando no corredor.

         - E aí. – John cumprimentou, se sentando no outro lado e deu uma olhada em Hideo, que a esta altura já estava dormindo de novo.

         - Oi. – falei.

         - Há, então você tem um irmão gêmeo.

         - Sim. – olhei para Hideo. – Se ele estivesse acordado, eu te apresentava para ele. Ele se chama Hideo.

         - Vocês dois tem nomes japoneses. – Sophie comentou, passando pelo corredor e sentando no assento atrás de John.

         - Temos? – perguntei.

         - Lembra que meu pai te chamou de “guerreiro” quando te conheceu?  - falou. – É o significado do seu nome. Ele tem o costume de falar o significado de nomes em japonês. 

         - Ah...                    

         - Ok então. – John disse. – Eu já vi nome pior.

         A cabeça de Hideo pendeu para meu ombro e escutei a risadinha reprimida de Sophie.

         Depois disso chegamos à escola e tive que acordar Hideo e nos separamos, mas no terceiro horário, na aula de História, o diretor Morgan apareceu com ele. E coincidentemente, era a única aula em que eu sentava meio isolado. A professora de História encarou Hideo de um modo estranho, sendo acompanhado por toda a turma por algum tempo, mas depois fez a mesma coisa que o prof. Sloan: Perguntou de qual era seu nome e de onde viera. Ele respondeu de modo quase mecânico e então o professor deu uma olhada na sala. Só havia um problema: O único lugar vazio era ao meu lado, e mesmo que no momento não houvesse, mais tarde haveria confusão.

         -... Tudo bem, por favor, sente-se ao lado do Sr. Hentric. – A profª. Vincelli acabou por dizer.   

         Ele deu de ombros de modo quase imperceptível e quando se aproximou, disse:

         - E aí Yu.

         Novamente, parecia que todos da turma olhavam para nós, e eu tinha certeza que não era mania de perseguição. Hideo manteve-se indiferente a todos os olhares e por pouco não se jogou na cadeira, logo após a professora recomeçou a explicação.

         Depois disso, os dias foram passando rápido. Eu e Hideo nos revezávamos na procura pelo monstro, sendo que nós dois procurávamos nos fins de semana, mas ele era incrivelmente bom em suprimir a Aura, pois eu não o encontrava em canto algum, e mais somado ao tamanho da cidade, tudo tornava a busca mais difícil. Tinha ainda a escola para atrapalhar, pois apesar de o quesito estudo não fosse difícil, haviam os colegas. Eles sempre arrumavam um programa ou alguma pergunta que acabava nos pondo em problemas ou atrapalhando, como quando Mike perguntou o que nós fazíamos a noite para parecermos tão cansados.    

         Outra coisa que me chamava a atenção era a Aura com o cheiro de mar. Ela aparecia ocasionalmente e desaparecia tão rápido que eu nunca conseguia descobrir de onde ela vinha. Isso me deixava curioso, mas Hideo nunca sentiu Aura nenhuma.

         Nesse meio tempo, se passou outro mês, e agora estávamos em maio, e faltavam menos de um mês para as férias de verão, e então os professores passavam cada vez mais e mais trabalhos que tomavam certo tempo. A sorte era que conseguíamos terminar mais rápido os que eram passados para casa do que a maioria.

          Sexta feira, no final da primeira semana, eu estava quase saindo da casa, na verdade, eu estava esperando Hideo na porta. Ele sempre ficava mais lento quando era a manhã seguinte ao seu dia de ronda, e era irritante. Harrys havia ligado a televisão para escutar o noticiário, e aí veio a notícia:

          - Esta madrugada, outro assassinato ocorreu. – A repórter começou. – Como em alguns outros que ocorreram há cerca de cinco meses, o corpo foi encontrado multilado e aberto...

          Ela continuou a dar a notícia com um ar sério, mas aí que veio mais duas coisas que me chamaram a atenção: O morto Michael Murris, o Mike que junto com John, fora avisar que Hideo estava na escola, e que o crime havia sido testemunhado por outra pessoa, que estava em estado de choque e não que seu depoimento não ajudara a polícia com nada, pois ela não falava coisa com coisa. Era Mary, da aula de Biologia.

          Mas eu tinha uma pista agora.         




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