–Gates, acho que já está na hora dela saber. – eles trocaram olhares e Syn assentiu.

–O que? – perguntei confusa.

–O Jimmy, ele deixou toda a herança em seu nome, casas, carros, cachê, a conta bancária, direitos autorais, propriedades em geral, bem, tudo! – Zacky explicou e eu arregalei os olhos.

–Ele não fez isso! – falei incrédula e eles riram da minha cara.

–Você está surpresa? Isso era óbvio pequena! Ele te amava mais que tudo nesse mundo, estava na cara que ia deixar tudo pra você!

–Mas... Como minha mãe não sabia disso? Ou ela sabe?

–Não, ela não sabe, no testamento dele está dizendo que você só vai poder acessar a conta aos 18 anos, ou seja, quando sua mãe não tiver mais direito sobre você. Então nós falamos com os advogados e decidimos que seria melhor sua mãe não saber até seus 18.

–Nossa. – murmurei.

–Então não diga que não tem casa! Você tem muito mais do que isso! – Syn sorriu.

–Mas eu não posso! Isso não é certo! – falei – Eu não estava lá quando ele mais precisou de mim! Eu nem fui pro enterro dele! Nunca nem vi o tumulo de meu próprio padrinho! – murmurei inconformada.

–Mas é claro que você estava lá quando ele precisou! Ele podia estar o mais triste o possível, mas sempre que te via, era como se a alegria estivesse voltando a ele, então não diga que não merece ou coisa parecida! – Syn reclamou.

–Eu sinto tanto a falta dele! – falei e Syn me abraçou.

–Nós também! E sentimos muita falta de você também, você não sabe o quanto! – pra descontrair o clima, eis que Johnny me vem com essa:

–Porra Mel, você ficou fudidamente gostosa nesses últimos anos! – Johnny falou e eu revirei os olhos.

–Obrigada anão.

–Eu só não te pego porque é minha sobrinha, se não...

–Mas John, eu não... – comecei, mas ele me calou.

–Calada, ou eu vou pensar que você quer... – eu revirei os olhos, assim como Syn, que secou as lágrimas e se levantou.

–Você está se iludindo a toa! Todos aqui sabem que se a Mel fosse se casar com alguém, seria com euzinho aqui, não é a toa que o apelido dela é Miss Gates, afinal. – Syn se gabou e o resto revirou os olhos.

–Vai se fuder, Gates! A Mel é muita areia para o seu carrinho de mão! – Johnny provocou e Syn lhe mostrou o dedo do meio.

Nessa hora, a porta se abriu e entrou Arin, eu não o conhecia pessoalmente.

–Ótima hora Arin! – Matt se levantou – Nossos convidados são Edu, que você já conhece, e Melanie Sullivan. – falou sorrindo, eu me levantei.

–Oi Edu e... Ual! Finalmente estou conhecendo a famosa Melanie Sullivan! E pelo que pude ver, eles não exageraram em nada nos comentários. – falou me olhando dos pés a cabeça, eu me senti mal com isso, mas dei um sorriso amarelo. Syn percebeu meu desconforto e veio pra trás de mim, passando os braços pela minha cintura.

–Ela não é pro seu bico Ilejay, cai fora. – falou hostil e meio brincalhão, mas ele estava tenso, por que isso, afinal?

–Wow, nossa Syn, eu sabia que você era ciumento em relação a ela, mas não acha que isso já é demais? – perguntou cínico, a cada segundo que se passava, eu gostava menos dele.

–Eu só dei um aviso, nada mais. – Syn respondeu, sem me soltar, até que do nada Edu se levantou.

–Melanie, nós devemos voltar, o show começa em 2 horas. – falou me encarando, eu assenti.

–Tudo bem. – falei saindo dos braços do Syn e lhe dando um beijo na bochecha – até o show.

–Lembre-se de ficar visível, eu quero tocar te olhando. – falou me abraçando forte, eu retribuí.

–Certo, até mais garotos! – deu um beijo em cada um (menos no Arin) e saí com o Edu, no caminho, comecei a falar.

–Já sabe, né? – falei e ele revirou os olhos, assentindo, mesmo assim, continuei – Eu confiei em você para isso, por favor, não me decepcione. – pedi.

–O que você acha que eu sou afinal? Acha mesmo que eu vou chegar lá e convocar uma reunião só pra falar de você? – comentou levemente raivoso, eu fiquei um pouco sem graça, sabia que ele não faria isso.

–Me desculpe. É que eu ainda estou nervosa. Acho que a parte do testamento foi demais pra mim. – comentei.

–Só relaxe, você ainda tem 16, só daqui a dois anos vai ter que se preocupar com isso. – falou.

–É, você tem razão, tenho coisas maiores pra me preocupar agora. – nós entramos no ônibus e eu vi meus três amigos me encarando com cara de cu – Como isso.

–Boa sorte. – ele sorriu e entrou na cabine do motorista.

–Er... oi. – fiquei sem saber o que fala.

–Ah, você lembrou que tem amigos, é? – Dan cruzou os braços.

–Não é pra tanto! Só devo ter ficado fora durante meia hora. – falei, lembrando que o tempo tinha passado tão rápido.

–Meia hora? Você e o Eduardo ficaram 2 horas e 45 minutos fora do ônibus! – Samantha me encarava com raiva.

Quase três horas? É, o tempo passou realmente rápido.

–E seus olhos! Estão inchados e vermelhos. – Sabrina falou.

–O que só me deixa com duas opções: ou você chorou muito, ou se drogou.

–Ou o Eduardo socou seus dois olhos!

–Meu Deus! – falei horrorizada – Claro que não foi isso! Eu só queria ver um filme e chamei o Edu pra ir comigo, o filme foi muito emocionante! – ok, nem um criança cairia nessa!

Dando uma desculpa qualquer, fui para o meu quarto e me tranquei lá até a hora do show, quando saí ao ouvir Lizzie chamar e fomos para fora do ônibus, indo em direção a área vip, como sempre, eu, Dan, Samantha e Sabrina ficamos na grade, bem no centro da plateia. Hoje eu não me maquiei.

Ficamos conversando sobre banalidades (eles entenderam que eu não queria falar sobre o assunto), até que escureceu e finalmente ouvimos o grito, do Synyster dessa vez.

–Good Night Oklahoma!! Vocês estão prontos para gritar? – eu e todos da plateia gritamos até ficar sem voz, foi quando Syn surgiu no meio do gelo seco, depois Arin, depois Johnny e Zacky e Matt entraram juntos.

A primeira musica foi Scream, e no backing do The Rev, eu senti uma paz em mim, diferente das outras vezes, que me davam vontades de chorar. Acho que foi por Syn ter me avistado e vindo pra minha frente, mandando beijos a todo momento.

Julianna, que estava relativamente próxima a gente, não parava de me lançar olhares invejosos, simplesmente ignorei a criatura e aproveitei o show.

–Porra, vocês são fodas! – Matt falou quando acabou de cantar. A plateia gritava como nunca.

Eles tocaram Bat Country e foi incrível, Syn ficava correndo pelo palco e atiçando a plateia, mas vira e meche ele vinha pra nossa frente, Matt também vinha muito nessa direção e ficava junto de Syn.

Eles tocaram Almost Easy, onde todos faziam backing vocais.

–Agora, essa musica é uma das preferidas de uma pessoa muito especial para mim, senhorita Gates, essa vai pra você! – Brian disse no microfone, evitando olhar pra mim, pra não chamar atenção da plateia.

–Nossa, como eu queria ser importante assim! – Dan cochichou no meu ouvido, se acabando de rir, eu revirei os olhos e esperei pela musica.

Era Seize the Day. Minha favorita mesmo.

Zacky começou a cantar com seu violão, mas logo todos entraram e Matt assumiu o vocal.

Enquanto Syn cantava também, olhava diretamente pra mim. Na parte do Jimmy, simplesmente fechei os olhos e me concentrei ao máximo em sua voz, era tão linda!

–Mel, você está bem? – Dan perguntou no meu ouvido. Eu voltei a abrir os olhos e sorri, assentindo.

–Melhor do que bem Dan, estou ótima! – dei um beijo em sua bochecha e voltei a olhar pro palco.

–Essa musica vai para o Jimmy, nós te amamos cara! – Zacky disse no microfone, ele ainda estava com seu violão e começou a tocar So far away.

Daniel me abraçou e eu sorri, mas não desgrudei os olhos do Syn.

–Manda forças pra eles. – sussurrei em seu ouvido e ele assentiu.

No começo da musica, Syn perambulava pelo palco, parecia não saber onde estava, estava aéreo, em modo automático. Johnny e Zacky tocavam um ao lado do outro e Matt, bem, esse parecia buscar forças da plateia para cantar.

Assim que o olhar de Syn se encontrou com o meu, foi como se ele finalmente saísse do piloto automático, seus olhos transbordavam emoção, um sentimento triste, de partir o coração de qualquer um.

Apesar de eu amar muito o meu padrinho, sei que a dor dos meus amigos da banda é maior, bem maior. Tá certo que ele me criou praticamente e passou quase toda a minha infância comigo. Mas com os amigos dele, ele passou mais de 18 anos, principalmente com o Syn, que desde a 1° série sempre foi seu melhor amigo.

Ver tanta dor nos olhos do Brian me deixavam angustiada, eu queria poder tomar toda ou pelo menos parte dessa dor para mim, eu não me importa, desde que ele ficasse feliz.

Quando acabou a musica, ele saiu do palco, mas voltou alguns instantes depois, com sua outra guitarra, a que eu e tio Jimmy demos pra ele há uns 6 anos atrás, ele tinha tanto cuidado com ela que parecia impecável, na verdade, eu tenho certeza de que ela não tem nenhum arranhão.

Os outros 4 saíram do palco e só deixaram o Syn ali, era a parte dos solos dele. Ele fez de tudo, conversou com a plateia, solou enquanto corria, fez piadas e até cantou um trecho de algumas musicas conhecidas.

–Ok Gates, acabou a mordomia. – Matt apareceu junto com os outros, Syn riu e disse “Fuck you Shadows” no microfone, antes de voltar ao seu lugar.

–Agora, um descanso ao Mister Gates! – Matt falou enquanto o piano subia no palco.

Syn saiu do palco e as luzes se apagaram, focalizando-se apenas uma, na cadeira do piano, que estava vazia.

Fiction começou a tocar, as primeiras notas me deixavam tensa, mas aos poucos, fui relaxando, eu estava triste e queria chorar, mas meu coração estava calmo, com muitas saudades, mas calmo.

Antes da voz do Jimmy soar nos auto falantes, Syn voltou ao palco sem guitarra, mas com uma cerveja na mão, se sentou na beira do palco, de frente pra mim. Sorri fraquinho pra ele quando a voz do The Rev soou nos auto falantes, ele também deu um sorriso triste e elevou a garrafa ao ar, dizendo alguma coisa, consegui ler seus lábio e vi a palavra “Jimmy” ser formada. Eu sussurrei Jimmy também e ele assentiu, mas se levantou logo em seguida.

Ele entrou no backstage e voltou alguns segundos depois, com umas 5 garrafas nos braços, sorriu travesso pra mim e atirou a primeira garrafa bem longe, alguém lá atrás gritou, a maior parte da plateia estava em silencio.

Depois ele ficou bem na minha frente e atirou a garrafa, com algum esforço, consegui pegar, ele atirou mais duas e ficou com a outra, ele de novo elevou a garrafa ao ar e deu um gole, eu fiz o mesmo. Depois me virei pro Dan e ofereci um pouco, ele negou com a cabeça, ofereci pra Samantha e essa também negou, mas Sabrina aceitou e bebeu um pouco, devolvendo-me pouco depois.

Olhei de relance para o outro lado e vi Julianna, essa só faltava morrer de raiva, pra sacanear, elevei a garrafa em direção a ela, como o Syn tinha feito, e tomei mais um gole, rindo da cara da vadia. Eu estava pensando em jogar o liquido na cara dela, mas não merecia a pena.

Tomei mais um gole, em homenagem ao meu tio, e dei a garrafa a Sabrina.

Depois de Fiction, eles tocaram Welcome to the Family, depois Nightmare, depois Victim, depois Danger Line e por ultimo, A little piece of heaven.

Na boa? Foi o melhor show dessa turnê!