Derrubando Barreiras escrita por GabMaia


Capítulo 2
Novas sensações




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Domingo, 30 de Janeiro de 2009.


Um vulto passa por trás de mim. O homem com quem estou conversando leva um susto, guarda suas coisas e começa a correr. Corre como se estivesse fugindo.. Fico apavorada, e começo a correr também. Corro muito, mas não consigo sair do lugar. Me canso e não movo um centímetro. Uma sombra está se aproximando, e ao invés de ela querer me afastar, ela me convida para entrar. Cada vez mais, ela parece estar chegando perto. Ela toma conta de mim, e tudo o que eu consigo é ficar alegre, sentir um cheiro bom e ficar em êxtase. Luzes distantes me lembram que nem tudo é breu. Sons. Risadas? Não sei.. Vou me sentindo fraca e cada vez meu corpo parece ceder à pressão que a sombra exerce. De repente percebo que estou só. Sinto medo, muito medo. Começo a correr, mas parece não haver nada que consiga que eu me mova. Começo a soar frio. As luzes não existem mais. Corro, me movimento, tento gritar mas ninguém parece ouvir.


*******


Levantei da cama como um raio. Estava soando frio, e não conseguia entender o que teria causado o pesadelo. Eram 3 da manhã. Não conseguiria voltar a dormir. Fui no banheiro, e percebi que meu braço direito estava com uma mancha roxa. Como um hematoma.. Tentei lembrar como ele havia surgido, mas não consegui. Lavei meu rosto, e, me conhecendo, sabia que não conseguiria voltar a dormir. Desci pra ver TV e não tinha nada de bom passando. O jeito era tentar dormir de novo. Mais tarde iria pra casa do Arthur aproveitar os últimos dias que restavam das minhas férias. Merda. Eu não conseguia pensar em ter que voltar para escola.

Subi pro meu quarto, peguei meu notebook e mexi até cair no sono.


*******

Acordei ao meio-dia. Liguei pra Fernanda pra perguntar que horas seria a festa. Ela não atendeu, como sempre. Tomei banho e resolvi ir comprar alguma coisa na padaria.

Peguei dinheiro na carteira da minha mãe e comprei alguns cigarros e coca-cola. Me odiava pelo fato de fumar, mas não me considerava viciada e achava que tinha tudo sob meu controle. Ou, pelo menos, até então eu tinha. Fiquei na rua por um tempo, pensando em minha vida e em como tudo havia mudado desde que meus pais se separaram.. Eu não tinha mais saco para aturar a minha mãe, e não via a hora de me livrar dela. Do meu pai também, já que ele sempre me ligava pra saber como eu estava. Como se ele realmente se importasse..

Voltei pra casa e vi um filme. Já eram 6 da tarde e eu ainda não sabia que horas a festa começava. Liguei pra Fernanda. Ela atendeu.. Tava com uma voz meio estranha..

– Fernanda? É você?

– Oi, Mê.

A Fernanda tinha uma mania de me chamar de Mê. Não me pergunte porque, ninguém nunca me chamou assim..

– Tá tudo bem?..

– Sim, não se preocupa.

– Ok.. Você sabe que horas vai ser a festa na casa do Arthur? Você vai né?

– Não perderia por nada. O João também vai. E é as 8. Você não quer vir se arrumar aqui?

– Não vai dar. Mas você pode passar aqui pra me levar?

– Posso!!

– Ok então. Me liga quando estiver saindo daí. Tenho que desligar, ainda preciso escolher minha roupa. Tchau.

– Tchau.

Merda. Tinha me esquecido totalmente da roupa que eu ia usar..

Peguei minha calça de couro que eu tanto amo e a primeira blusa que encontrei. Minha cor preferida é preto... Então nunca pode faltar preto nas roupas que uso. Joguei tudo em cima da cama e fui tomar banho. Vesti a roupa, passei perfume e fiz minha maquiagem. Peguei o que restava do meu maço e botei a sandália.

Desci e esperei até que a Fernanda me ligasse.


*******

Lá haviam poucos rostos conhecidos, muitos olhares pervertidos, muita bebida, muito cigarro, muita música, muita droga. Esse sim era o lugar em que eu gostava de estar. Menos pela droga.. Nunca havia provado e, pelo menos nisso, tinha orgulho de mim. Andei por esse meio desde os meus 14 anos, e nunca havia provado uma gota, uma partícula, ou mesmo uma tragada de nenhuma droga. Ou melhor, era o que eu pensava até aquela noite..

A Fernanda, logo que chegou, correu atrás do João. Novidade. O Arthur logo veio falar comigo. Ele estava querendo ficar comigo desde o ano passado. Sendo que na verdade nunca havíamos tido uma oportunidade dessas. Não numa casa. Não com quartos e lugares reservados..

Fui dançar, o som estava nas alturas e eu amava dançar. Logo que eu cheguei lá, o Arthur chegou por trás e começou a dançar comigo. Levei numa boa e dancei com ele. Ele botou a mão em meu pescoço e me deu um beijo. Fui na onda, e depois de muita pegação e a coisa foi esquentando. Ele foi beijando a minha nuca e puxando meu cabelo levemente.. A música nos dava um ânimo louco e a bebida já estava subindo à minha cabeça. Ele tentava botar a mão em meu peito, mas eu não queria deixar.. Não agora. Ainda era virgem e não me sentia pronta.

Entre muitos copos de vodka, oJoão e a Fernanda resolveram aparecer pra falar com a gente. Já estavam um pouco bêbados, mas menos do que eu. O João botou alguma coisa na minha boca e me fez respirar aquilo. Não sabia o que era, parecia algum tipo de cachimbo, respirei aquilo e a fumaça foi tomando conta do meu pulmão. Senti uma espécie de dejavù.

Tudo ficou colorido. As pessoas eram estranhas e ao mesmo tempo tão engraçadas. Todas pareciam tão felizes e alegres. Tudo parecia se encaixar agora. O que era ruim sumiu, e eu me sentia melhor do que jamais havia sentido..

– JOÃO!! O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO?!

– Ué, relaxa gata, é só pra fazer a lindinha aí ficar um pouco feliz.

– JOÃO, NÃO!

A Fernanda tirou o que parecia um cachimbo da minha boca e me arrastou até lá fora, e resmungava algumas coisas que eu não conseguia entender.

De repente, tudo se apagou, e o que restou foi a escuridão.


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