Vi os três cadernos da Boonie e resolvi dar uma olhada. O do meio, na verdade, era um livro. O grimório!! O abri e na última página escrita tinha um endereço.
~~x~~
Fui me deitar ao notar que Damon demorava, e acabei adormecendo. Acordei com alguém se deitando do meu lado. Pela luminosidade por trás de minhas pálpebras, eu podia ver que ainda era noite.
– Você demorou... - murmurei me aninhando nos braços que me foram estendidos. Comecei a ficar com frio. - Você está gelado... - abri os olhos para me acostumar com a luminosidade e fiquei encarando seu rosto. O que era meio estranho, pois nem dava para lhe enxergar direito. Quando pude ver algo, percebi serem olhos dourados. - Edward!! - me empurrei da cama e acabei caindo no chão.
– Eei, calma... - pediu se aproximando.
– Calma nada... Onde está Damon? O que faz aqui?
– Não gostei que escolheu ele...
– Edward... - murmurei me levantando. - Eu o escolhi e não tem nada que você possa fazer para mudar isso.
– Nada?
Se aproximou até me encurralar no canto, onde as duas paredes se encontravam.
– Nada. - confirmei e o empurrei em direção a janela. - Quantas vezes teremos que passar por isso? - apareci em sua frente e o joguei do outro lado do quarto. O segurei pelo percoço e seus olhos brilharam em compreenção. - O que veio fazer aqui? - perguntei lhe olhando nos olhos e sua expressão relaxou.
– Avisar que Emmett e Rosalie também sumiram...
– Para onde foram?
– Não sei...
– Mais alguma coisa que queira me contar?
– Alice me ligou...
– O que ela disse? - perguntei ficando entediada. Nem parecia uma conversa de verdade mas eu precisava saber.
– Que teve uma visão, onde você morre. - Congelei no mesmo lugar.
– Ela sabe sobre mim?
– Somente que está viva. Não onde está.
Edward piscou os olhos e pareceu voltar a realidade.
– Esqueça o que viu. - o hipnotizei de novo. - Vai esquecer de tudo até eu ir embora, então você não deve me procurar!! - fiz uma pausa. - entendeu? - ele assentiu e eu me lembrei de já ter-lhe dito essas palavras. - Ótimo, agora vá embora.
~~x~~
– O que Edward fazia aqui? - Me assustei e larguei a coberta no chão antes de arrumar a cama de novo e olhei para a janela, onde Damon estava sentado no parapeito.
– Veio avisar, hã...
– O que? - ficou confuso e andou até mim.
– Que a irmã dele teve outra visão. Ela é vidente. E me viu morrer. - bom, talvez ele saber disso pudesse ser útil. Cansei de mentir para ele. Mas agora não dá tempo de dizer a verdade. Não mais.
– Você não vai morrer. - disse determinado antes de me abraçar.
– Hun... Não? - brinquei.
– Se depender de mim, não. Mas se não quiser... Vou respeitar sua opinião e te protejer até que seja natural.
Prendi a respiração involuntariamente. Ele estava me oferendo a eternidade? Ao lado dele?
Embora eu só quisesse me atirar em seus braços e dizer que sim, minha mente gritava que não. Eu já tinha a eternidade. Mas não era o sangue de Katherine que eu queria em mim. E eu o odiava por mentir e me perguntava porque ele não desmentia tudo. E agora eu percebo que é pelo mesmo motivo que o meu: porque não dá mais tempo de fazer isso. Porém eu vou embora, e contar a verdade antes de ir. Ele pretende esconder por quanto tempo se quer dividir sua eterna vida-não-vida comigo?
– Também disse que Rosalie e Emmett sumiram.
Ele suspirou. E eu entendia. Ele me ofereceu a eternidade ao seu lado, e eu lembro de Edward... É, eu me sinto péssima. Pela primeira vez em meses eu me sinto péssima.
– Fiquei sabendo...
– Alguma ideia de onde podem estar?
Me soltou e evitou me encarar.
– Não...
– Damon? - continuou encarando o abajour como se fosse a coisa mais interessante do mundo. - Ei. - segurei seu queixo e virei seu rosto, mas seus olhos ainda vagueavam por todo quarto, olhando qualquer coisa menos eu. - Dam... - Ele suspirou e se rendeu, me fitando. - Não fique assim... Emmett e Rosalie me ajudaram muito.
– Izzye... A maioria das vezes que eu falo com você, Edward está no meio.
Ficamos nos encarando e a luz do abajour era fraca, de modo que tornava o clima mais tenso e pesado. Enrosquei minhas mão nos seus cabelos e o puxei para mim.
– Eu - lhe dei um selinho - amo - outro selinho - você - mais um, só que prolongado. E apartir disso tentei aprofundar o beijo. Não que eu já não soubesse que ele iria retribuir, e foi quase prontamente.
Suas mãos me puxavam quase possessivamente pela cintura enquanto me empurrava em direção a cama. Acabamos caindo - quer dizer... Le-se:: ele me jogou - na cama e tirou meus sapatos.
Meu celular tocou e Damon escondeu seu rosto no me pescoço.
– Não sei quem é, mas pode se considerar morto. - murmurou de um jeito que até me deu medo e pareceu que estava falando sério.
Somente quando entendi que era brincadeira ri fraco. Mas quando vi o nome que o visor marcava, jurava que se ele soubesse mataria mesmo. Atendi: - Oi.
Percebi Damon rosnar baixinho.
– Bella, Damon está aí?
Arqueei as sobrancelhas e olhei para Damon. Ele parecia tão confuso quanto eu. Lhe passei o celular e forcei a audição.
– vou falar rápido porque não tenho muito tempo. - Falou tão rápido que mal consegui acompanhar
– O que quer?
– Será que você poderi... - Logo após isso ele gritou, e veio um barulho como se tivesse derrubado o celular.
– O que foi? - perguntei enquanto ele encava meu celular na mão, com as sobrancelhas unidas.
– Acho que não foi só Rosalie e Emmett que sumiram... De certo modo, antes de perder contato, eles deviam saber onde estavam...
– E, aparentemente, só Edward conseguiu tentar chamar ajuda. - conclui.
– É... - confirmou. - Porém, não teve tanto sucesso e ainda não sabemos onde eles estão. - Ficamos em silêncio até que eu comecei a me levantar, mas fui segurada pelo pulso. - Onde vai?
– Pesquisar... - murmurei e ele me soltou. Joguei dentro da mochila o celular e as chaves. Por via ads dúvidas levei o grimório que Boonie havia me dado.
Parando para pensar nisso perceib que, enquanto eu mentia para tudo e todos, Stefan, Boonie e Caroline nunca me trataram mal. E eu sabia que eles não entederam porque eu fazia isso. Para ser sincera, nem eu entendo mais porque continuo fazendo isso...
– Vamos. - murmurei indo em direção as escadas.
~~x~~
– Não. Não vou trabalhar com ele.
– Damon... Por favor. Precisamos de ajuda. - parou de andar enquanto me puxava e segurava meus ombros.
– Não, Izzye.
Bufei.
– Tá, então eu trabalho com ele.
Ele revirou os olhos e me puxou pela mão.
– Vai mesmo insistir nisso?
– Que outra escolha temos?
– Hãn... Bom. Poderiamos... - o encarei de sobrancelhas erguidas. - ah, não faço a menor ideia. - resmungou e eu ri leve. - vamos acabar logo com isso. Quanto mais rápido começar mais rápido nos livramos do professorzinho.
– Ninguém vai se livrar de ninguém aqui. Com isso quero dizer que ele vai nos ajudar, talvez a troco de alguma coisa, mas você não pode mata-lo quando soubermos onde Elena e comphania estão.
Ele bufou de novo e entramos na sala. Era terça de noite, então a escola estava vazia. De alguma forma eu sabia que ele estava lá. Quando entramos na sua sala percebi que haviam velas espalhadas pela sala. Fogo... Obrigada, Boonie. Talvez eu pudesse me comunicar com Stefan ou Caroline... Quer dizer, se pudesse falar com Boonie ela já teria entrado em contato com não sei o que de feitiço.
– Ele fica na escola após a meia noite? - murmurou ao meu lado.
– Toc Toc. - disse o ignorando e batendo na porta aberta. Alaric ergueu a cabeça.
– Isa, Damon. O que fazem aqui?
– Ela - Damon apontou para mim e revirou os olhos - não sei como, mas sabe sobre você.
Ele ergueu as sobrancelhas.
– Alaric, será que poderíamos conversar?
Ele fez um gesto com a caneta que segurava, indicando as duas cadeiras na frente da sua mesa.
~~x~~
– Então foram sumindo dois por dois?
– Até Edward... Ele foi sozinho... - confirmei.
– Muito bem... - jogou a caneta na mesa e se reclinou na cadeira. - E onde eu entro nisso?
– Você vai achar o endereço. - Damon disse.
– O que Damon está tentando dizer, é que precisamos de sua ajuda para saber aonde eles foram. - falei com Alaric, mas olhei para Damon o repreendendo com o olhar.
– E quais pistas tem até agora?
Peguei a mochila e joguei o grimório na mesa, á sua frente. - Temos apenas o grimório da anscestral de Boonie, Emily Bennett. Ela me deu pouco antes de achar o que significavam alguns números. Mas... - parei para pensar - antes mesmo de saber o que significavam ela havia escrito um endereço na última página em branco...
Alaric folheou o livro e examinou o endereço.
– Porque não me contou? - Damon me encarava perplexo.
– Que parte? - perguntei meio culpada.
– Já sabe de onde é?
– Não...
– Então vamos descobrir. - Damon se levantou e pegou as chaves do carro, me puxando para cima. - E da próxima vez, que tal fazer o favor de contar?
– Ficou muito chateado? - perguntei mais culpada ainda. Ele suspirou.
Nós saímos da sala e Alaric folheava o grimório enquanto eu e Damon caminhávamos em direção ao estacionamento.
– Não, só deveria ter me contado.
– Mas eu só soube do endereço pouco antes de... você chegar. Quer dizer... - continuei ao perceber que estava mentindo de novo. - Pouco antes de ir me deitar para lhe esperar...
– Você ia dizer antes de Edward chegar, não? - perguntou, seu rosto não demonstrava expressão.
– Ia. - disse em um suspiro. - Mas juro que não o convidei. - me apressei em dizer. - desculpa...
– Sempre. - sussurrou passando o braço pela minha cintura.
~~x~~
– Izzye, você fica aqui. - Damon desligou o carro.
– O quê?
– O local fica além dessa floresta. Eu sou vampiro, Alaric tem umas armas que vão ajudar. Mas você fica. - disse já tirando o cinto enquanto Alaric já estava em pé ao lado do carro, observando em volta.
– Isa, pode ser perigoso. Você saber sobre eles já é perigoso. - Alaric falou colocando cabeça para dentro do carro.
– Ah, não não não. Eu vou ir!!
– Você fica!! - Damon fechou a porta e as trancou apertando o botão da chave.
Arregalei os olhos no escuro e tateei a porta, mas o que trancava a porta só devia abrir pela chave. Suspirei e me recostei no banco, contando mentalmente quanto tempo eles iriam demorar para voltar. Liguei o rádio no celular e fiquei cantando baixinho, quase murmurando.
~~x~~
Quando esperei por mais de meia hora decidi sair do carro. Forcei a tranca e andei em direção a floresta, abraçando a mim mesma por causa do frio da madrugada. Girei o corpo quando ouvi um barulho. Não vi nada, então voltei a andar apertando os passos. Outro barulho e eu estava correndo floresta adentro. Desviando de árvores e ganhando alguns arranhões no rosto. Quando cheguei no fim das árvores, me virei de modo brusco e vi uma raposa me seguindo. Existem raposas aqui?
Rosnei e ela saiu correndo na direção contrária. Então me lembrei de Kassy. Havíamos nos aproximado tanto... Meus pensamentos ficaram em pânico ao ouvir o longo grito que vinha de pouca distância.
Andei devagar, tomando cuidado para não fazer barulho e avistei uma casa. Era desgastada e parecia abandonada. Pisquei os olhos com força e, quando os abri, vi a casa em chamas. Fogo... Então mais alguns gritos de pânico. Era o que eu havia sentido no ritual de Boonie. Pisquei de novo e estava na frente do mesmo casarão velho. Não, não havia imaginado e disso eu tinha certeza.
Voltei a realidade quando ouvi outro grito, desta vez de dor, agonia...
Pulei no telhado, torcendo para que ele não caísse, e segui o som. Deu em uma janela do último andar. Olhei por ela. Havia uma cortina na frente. Então não dava para ver muito, só o que a fresta me permitia. Alguém caminhou até o centro da sala.
Boonie... Ela riu sarcástica.
– Então, Stefan... Que tal o pulso.
– Emily, não. - ouvi sua voz, fraca, ofegante. Emily?! - Por favor, não.
– Que protetor. - Emily riu de novo, mas o corpo era de Boonie.
Quase pude ouvir o estalo que deu na minha cabeça quando entendi: Emily havia se comunicado com Boonie, lhe dando os números. Boonie deveria ter visto esse endereço e ter me dado pouco antes de Emily "possuir" seu corpo e "desvendar" o código para trazer Stefan aqui... Usando Elena como isca viva.
Percebi Elena ser puxada por um braço na frente de Stefan. Seu tornozelo pendia em um ângulo estranho e na sua perna havia um corte horrível.
– O pulso, então? - Emily sorriu e empurrou seu braço para trás, fazendo um barulho agúdo que vinha do pulso quebrado de Elena. O som da risada macabra foi encoberto por gritos.
– Emily... - Stefan implorou arfando.
Porque eu não entrava lá? Porque eu não ia ali e quebrava o pescoço daquela vaca. Não!! Boonie estava lá. De certa forma Emily usava Boonie, que deveria estar sofrendo por ter parte da culpa pelo que houve com Elena. Porque, ao menos, eu não a parava? Quando senti meu corpo frio ao tentar me mexer eu entendi: Estava em choque. Parada ao lado da janela. Forcei meus dedos até a janela e tirei um pouco da camada de poeira, que revelaram uma parte quebrada no vidro da janela. Passei os dedos por ali e puxei levemente a cortina.
Rosalie e Emmett estavam lá!! Eles sabiam do endereço... Então eles haviam visto o grimório quando fui deitar, antes de Edward chegar e descobrir sobre mim; pela segunda vez seguida.
Puxei mais um pouco a toalha. Edward. Mais um pouco e pude ver Caroline, então Damon no chão, com a respiração entrecortada. Todos amarrados em correntes, grudadas nas paredes da casa. Aparentemente as de Caroline, Damon e Stefan tinham verbena.
Já as de Edward, Rosalie e Emmett deveria ter algo enfeitiçado.
– Emily... - ouvi, desta vez, a voz de Elena.
– Ah, sim. Não disse o que queria... - Se dirigiu a Stefan. - Você matou Katherine. E eu vingarei sua morte.
Stefan riu. - Porque? Ela enganou você também.
– Ela me salvou uma vez... - Emily suspirou. - E eu fiquei devendo, e devendo e... Bom... Agora estou me livrando. - Elena gemeu no chão. - Ah, claro. Mas não tem nada haver com Elena. Ela era só a isca. Mas parece que todos vocês quiseram pagar junto com Stefan vindo aqui. Se eu quero fazer alguma coisa, quem fica no caminho acaba mal... - Disse empurrando, com o pé, Elena para o lado como se fosse um tapete mal colocado.
– Damon, me impressionou. - continuou falando. - Veio atrás do seu irmão mesmo o odiando? - riu de novo.
– Emily, eles não tem nada haver com isso. Deixe-os fora. - Stefan praticamente implorou.
– Nananinanão... - fez um gesto, negando, com o dedo indicador. - Já disse que quem se mete no meu caminho acaba se envolvendo. E Boonie, bom... Eu não sou exatamente algo físico. Precisava de um corpo para isso. Nada melhor que uma sucessora Bennett. E o professor de história foi mais uma distração... - Fez uma pausa. - Eu ajudei você, Stefan. A décadas atrás. Quando Katherine o transformou. E é assim que me agradece?
– Você não gostava dela... - Elena arfou do chão. Em uma tentativa de que ela fez isso?
– Sim, eu odiava aquela egoísta. Mas ela havia me salvado, portanto... - Deu de ombros. Então se virou lentamente e me joguei pro chão, pouco antes dela encarar a janela. - Tunner, pegue a garota.
Tunner? Uma garota pulou da janela e eu gritei. Em seguida estava sendo carregada devolta ao segundo andar. Ela me soltou no chão e eu caí de costas. Arfei e soltei um gemido involuntário de dor.
– Isa?? - Ergui um pouco a cabeça e vi Alaric preso a uma cadeira em um canto.
– Eu não consegui esperar. - admiti, deitando a cabeça no chão novamente. Algo segurou a gola da minha camiseta e me puxou para cima, me obrigando a ficar de pé. - Bree?
Ela riu.
– Irmã dela. - sorriu, mostrando presas. Alguém havia lhe transformado em vampira há quanto tempo? Provavelmente fora o sangue de Stefan há dois dias atrás...
– Separe a cabeça dela. - Emily mandou.
A irmã da minha colega da PetShop me soltou e eu dei dois passos para trás.
– Não se preocupe, não vai doer. - falou com um sorriso ameaçador.
– Isa!! - Damon murmurou, como se não conseguisse elevar mais a voz.
– Tem razão... - murmurei. - Não vai doer. - disse e quebrei seu pescoço. - Eu não senti nada. - irônizei antes de erguer a cabeça e encarar Boonie perplexa.
Fui até ela e afundei meus dentes em seu pescoço. Não sei como, mas eu sabia que era só retirar sangue suficiente para o seu corpo aguentar somente Boonie, não Emily junto. Conforme eu ia bebendo, em pequenos goles para controlar a quantidade, percebi que as cordas que amarravam Alaric sumiram. Boonie parou de se debater e eu sabia que deveria parar em pouco tempo. Logo, Rosalie, Emmett e Edward pareceram acordar e se recuperar. Emmett foi o primeiro a quebrar as correntes. Em seguida Caroline, Stefan e Damon foram soltou, as correntes sumindo no ar. Mas Elena continuava a arfar no chão quando Stefan se ajoelhou ao seu lado, me encarando em surpresa.
Afastei meu rosto do pescoço da Boonie e ela ficou mole em meus braços. A deitei no chão. Ela parecia estar quase dormindo quando mexeu os lábios em "obrigada".
Mexi os lábios também: - obrigada você, por me me dizer o que fazer.
Sim, eu sabia que a influencia de beber seu sangue em grande quantidade, mas o suficiente para deixa-la viva, veio dela.
Ergui o rosto e Stefan, Elena e Caroline, que sabiam o que eu era, apenas me encararam com surpresa por eu estar ali. Emmett, Rosalie e Edward me encararam com incredulidade. Mas conforme a expressão de Edward relaxava eu sabia que ele havia se lembrado das duas vezes anteriores. Alaric me encarava incrédulo. E Damon, bom... Evitei o olhar, mas o encarei mesmo assim. Sua expressão era de indiferença, indecifrável. Empinei o queixo quando entendi que ele estava disfarçando as emoções. Ele já estava de pé. Deveria estar melhor. Também acho que deva estar puto da cara comigo... E quer saber? Dou a maior parte da razão para ele.

~~x~~
Epílogo
1/2
~~x~~

DamonPOV
Stefan e Elena foram no hospital e eu acabei trancado em casa, deitado na cama com tanta dor emocional que eu não saia onde a esconder.
Alguém bateu na porta. Desci as escadas e a abri. Isabella tinha cara de culpada e mordia o lábio inferior. Tentei não demonstrar que estava totalmente arrasado por dentro.
– Posso entrar? - perguntou hesitante. Lhe dei espaço e ela parou ao lado do sofá; fiz um gesto com a mão para que sentasse. Se ela quisesse. Ela não sentou.
– O que quer aqui? - perguntei de braços cruzados.
– Dam... - murmurou o que parecia um lamento. Não nos falávamos desde ontem. E eu me sentia tão... Chateado, triste... Traído!! Enganado!! - Sinto muito..
– Sente pelo que, Isabella? - sussurei, então elevei a voz não contendo minha raiva: - Sente por não ter me contado que era vampira? Ou porque ficou fazendo joguinhos de ciúmes comigo e Edward? Quem sabe é porque mentiu para mim. Você é igual a ela. Você e Katherine são tão parecidas que chega a me dar 'nojo'. Quem te transformou mesmo? Meu irmão, ou aquela vadia?
Ela se encolheu. - Sente pelo que, Isabella? - baixei o tom de voz. - Me enganar?
– Damon Salvatore... - Isso não podia ser boa coisa... Ela ergueu o rosto e empinou o nariz, me olhando com postura firme. - Você fala que eu fiz joguinhos de ciúmes. Bem, você só queria meu sangue. E você também mentiu para mim. Quem me contou que você era vampiro foi Stefan. Sim, Katherine me transformou; e se diz sou igual a ela ao mesmo tempo que a chama de vadia... Saiba que está me chamando assim também. E eu sei sobre você se transformar em um maldito corvo que brincou com minha mente. - falou de uma vez só. - Adeus, Damon... - murmurou. - Eu só vim me desculpar e me despedir. Mas esqueça as deculpas. Ao que parece nós dois temos parcelas de culpa nisso. - falou indo em direção a porta.
– Isab...
– Não precisa dizer que me odeia, eu sei disso.
– Eu te amo. - disse baixinho. Ela pareceu surpresa ao se virar. A puxei para perto - Amo muito...
Rocei nossos lábios antes de os selar em um beijo calmo, que acabou virando urgênte. Nem eu entendia direito o que sentia por ela, então estava torcendo para que ela não perguntasse isso. Suas mãos subiram até minha nuca, pouco antes de parar bruscamente e me empurrar.
(http://www.youtube.com/watch?v=Ra-Om7UMSJc)
– Não, Damon. - suspirou. - você não ama... - Abri a boca para falar mas ela me interrompeu com um dedo indicador. - Você conviveu comigo depois que havia perdido a aposta durante três meses em fingimento. Meu e seu, porque você realmente não tem cara de quem joga no time de futebol. Estou agindo como realmente sou a menos de uma semana.
– Izzye, não...
– Se realmente se apaixonou por mim, foi pela fase patricinha.
– Não, Izzye...
– Damon, encare os fatos. Você não mudou tanto para me agradar. Já eu fingia ser quem não sou. - Se afastou de mim. Tentei lhe segurar mas minhas mãos foram afastadas. - Você não ama quem eu realmente sou. E é por isso que nunca poderemos dar certo. - falou como se não pudesse respirar.
– Izzye, não. - pedi de novo. - Não vou lhe obrigar a ficar; mas, por favor, não.
– Adeus, Damon. - falou indo em direção a porta.
Me joguei no sofá após uns segundos encarando a porta.
Senti lágrimas se acumulando e teimando em cair. Tentei as segurar, mas quando a primeira caiu, todas as outras se desandaram a escorrer também.
Fechei os olhos com força. Embora tenhamos mentido um para outro, os dois tinhamos parcela de culpa, e nós dois tinhamos certa parte da razão. Mas embora tudo isso tenha acontecido, eu realmente havia tido mais esperanças em ficarmos juntos depois daquela festa em que ela foi de preto.
Ouvi uma porta ser aberta e passos em barulhos agudos indicando que usava salto alto. Quando abri os olhos só o que vi foram olhos fechados.e os cílios úmidos, então senti seus lábios pressionando os meus.
Lágrimas escorriam e eu sentia seu gosto salgado. Mas o beijo era tão desesperado que nem liguei para elas. Eu não sabia como interpretar. Ela havia me dito adeus, e agora havia voltado chorando. Ela iria realmente ficar ou era só um beijo de adeus?
A apertei mais a mim e ela enlaçou os dedos nos meus, com a outra mão em meu rosto. Terminamos o beijo com selinhos.
– Eu sempre amei você. - sussurrou apertando minha mão e deslizando os dedos pela minha face. - Principalmente seu jeito badboy... - falou mais baixinho que antes. - E meu coração sempre vai pertencer a você. - sussurrou de novo, e sorriu entre lágrimas. - Eu te amo. - soluçou antes de me dar um outro selinho e se levantar, apertando minha mão de novo e a soltando em seguida. - E eu sinto muito. - soluçou de novo e correu para a porta, a deixando aberta.
Senti meu coração apertar ao sentir algo ficando gelado na mão que ela segurara. Era a aliança de prata que eu havia lhe dado. Não consegui mais reprimir o nó na garganta e tudo o que eu queria agora era que a dor passasse. De um jeito ou de outro, porque ela deixara claro que não voltaria.

~~x~~
BellaPOV

Saí chorando e limpando as lágrimas com a manga do casaco em um gesto furioso. Porque tinha que ser tão difícil? Porque eu havia feito isso? Minha vida sempre foi uma mentira. As aulas de ballett que eu não queria fazer, as aulas de canto que eu me esforçava para criar desculpas criativas para faltas, o teatro mensal da escola que minha mãe insistia em me inscrever... Eu sempre menti!! Para minha mãe, meu pai... Eu não queria magoa-los... Mas se soubessem da verdade, concerteza era o que aconteceria.

Nem precisei saber dos erros de Damon para fazer a mesma coisa. Começou com um jogo para ele, então virou um jogo para mim também. E no fim acabei com o coração partido.
Para ter começado o jogo eu deveria ter em mente as consequencias. E me apaixonar deveria ser a primeira da lista. Para que eu pudesse evitar e vencer. No fim, nenhum de nós acabou vencendo.
Agora me sinto totalmente sozinha no mundo, e não sei com quem contar. Talvez se eu ficasse fosse mais fácil. Mas me pergunto se não é arriscado ficar vivendo sempre a mesma mentira.
Me lembrei de como o conheci. Não era exatamente o que se podia chamar de marcante. Mas era especial, então eu não esqueceria. As lágrimas escorriam, e eram tantas que eu já havia desistido de limpar.
Talvez Damon houvesse realmente mudado, durante o tempo que fingiu ser quem não era, mesmo que não tivese mudado mais que as músicas que ouvia. Porém eu fiz a mesma coisa. Eu havia feito pior. E não ia dar certo se continuassemos mentindo. Já fizemos uma vez. As chances de fazermos de novo não era menos que cinquenta porcento.
Meu coração não estava inteiro desde que Edward havia me deixado na floresta. Então fingi que seus pedaços estavam no lugar. Até me apaixonar por Damon. O que me fazia perguntar: Qual caiu no jogo do outro primeiro?
Qualquer que fosse a resposta não importava. Não importa mais. Nunca mais.
Eu havia dito a verdade: O amei e o amava. E perguntava a mim mesma: Ainda o amaria? Pela eternidade? Aquela que ele me ofereceu ao seu lado? Eu sabia a resposta, porém negava. Não era essas que eu deveria ter para não me machucar novamente. Ou sofrer pelo tempo que me restava, e eu não achava ser pouco tempo.
Meu coração estava quebrado em pedaços. Afiados demais para colocar no lugar. pequenos demais para serem notados, porém grandes demais para serem sentidos.
Afastei tudo isso ao me ver abrindo a porta do carro. Limpei as lágrimas e forcei as outras a não escorrerem. Segurei a direção e respirei fundo. Afastei de mim tudo o que eu sentia: dor, agonia, magoa... Escondi o que restou: saudade antecipada, carinho, afeto. Misturando tudo isso, forcei meu coração a não sentir o que meus olhos viam. Eu nunca, nunca mais, ia me magoar novamente. Havia quebrado o pescoço da irmã de Bree para salvar quem eu me importava. E agora eu não sentia nada por isso. Agora eu os teria deixado lá. Depois que me magoei de verdade e tentei esconder para não sentir sabendo que nem o tempo curaria... Bem... Ganhei meu coração de gelo e o sangue frio. E agora eu vou viver minha vida. Liguei o carro e pisei no acelerador.


~~x~~
Epílogo
2/2
~~x~~


Não tinha a menor ideia de para onde ir. Tudo o que eu sabia era que algo me influenciava a ir para a Italia. Então era para lá que eu iria.
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DamonPOV

Olhei as horas. Onze da noite. Suspirei e entrei no Mystic Grill. A melhor solução que encontrei era o alcool. Serviria por enquanto. Sentei no bar.
– O que tiver de mais forte. - pedi e quando veio virei tudo de uma vez.
– O mais forte que tiver, sim? - uma garota se sentou ao meu lado. Virei o rosto e a encarei.
– Afogando mágoas?
– Todo mundo tem mágoas. O que muda em cada pessoa é o que faz com elas. Eu bebo... - falou pegando o copo que lhe fora entregue e bebeu em dois goles.
– Pisaram no seu coração? - tentei
– Tá tão na cara? - riu. - Pisaram no seu também?
– A mesma garota... Pisou várias vezes de uma vez só. - dei de ombros.
Suspirou.
– Qual seu nome, gatinho?
Não sei se era efeito do alcool... Ela mal bebeu. Mas eu comecei a me divertir com isso...
– Damon. Damon Salvatore. - estendi a mão. - E o seu, ruivinha?
Me deu sua mão. Era fria, gélida. Ela era bonita e não dava para negar. Mas pela temperatura de seu corpo e ausência de coração, eu já deduzi o que ela era.
Sorriu e bebeu outro copo, desta vez de uma vez só antes de responder: - Victória.