Acordei com uma movimentação. Era Damon me soltando e saindo da cama. Provavelmente havia se passado meia hora. Fiquei de olhos fechados e controlando a respiração em profunda. Me remexi, de modo que se eu abrisse um dos olhos poderia ver a janela e a porta. Ele continuou andando até a janela ao perceber que eu não iria 'acordar'.

Abri um olho e fiquei em silêncio, observando-o abrir a cortina e ficar no parapeito. Mas ao invés de pular ele se transformou em um corvo e saiu voando, deixando poucas penas para trás.

Após alguns segundos sentei com tamanha rapidez que quase 'voei' para frente. Andei em passos rápidos até a janela e peguei uma das penas no parapeito bem a tempo, antes que o vento soprasse aquela ali também. Ela reluziu em arco iris.

Era ele!! Depois da festa de Caroline, as penas no meu travesseiro... Senti minha raiva crescendo. Ele que brincou com minha sanidade!!

~~x~~

Stefan?! Boonie?!

~~x~~

Levantei as três da manhã. Havia visto Damon se transformar em um corvo e não dormi desde então. E também não conseguia ficar deitada, a cama me parecia desconfortável. Eu até estava considerando a ideia de ficar aqui, com ele... Mas depois dessa, foi a gota da água para o copo derramar. De tantas coisas que ele já fez, acho que a mentira foi a pior delas. Talvez esteja errada, mas depois do que presenciei hoje meu raciocínio não está perfeito e essa frase é a única que me vem a mente.

Nem parece que foi recém ontem que eu apareci como rockeira ou algo do gênero. Coloquei uma blusa nova preta com caveiras em vermelho, calça preta colada e meio rasgada, de modo que aparecesse em baixo a meia calça vermelha. Botas com salto, com caveiras em cada ponta do cadarço e os acessórios.

Desci as escadas e percebi que não se passaram nem 3 minutos. Então voltei para cima e lavei o rosto com água quente. Tentei ouvir algo na casa e a única coisa que eu conseguia eram respirações profundas e batimentos "retardados" por assim dizer.

Pulei a janela e corri o máximo possível após me certificar que Emmett e Rosalie não voltaram. Mas que diabos estavam fazendo? Ouvi um berro, seguindo de sussurros. Dei meia volta, andando mais duas quadras para trás e virei a esquina. Fiquei imóvel, trancando a respiração ao ver Damon e outra garota.

Ele sussurrou algo em seu ouvido e ela parou de gritar. Em seguida mostrou os dentes e os afundou no pescoço da garota. Fiquei pensando se o parava, chamava sua atenção ou dava meia volta e ia embora. Me assustei quando ele grunhiu, de modo que eu dei um passo involuntário para trás. E ele pareceu ter me ouvido.

~~x~~

BooniePOV

Caminhei de modo lento, como se o chão pudesse quebrar ao menor ruído sob meus sapatos. Continuei caminhando. Estendi a mão para a parede e a senti quente. Muito quente. Era velha, e desgastada. Perfeito para cenário de filme de terror. Afinal, o que eu fazia ali?

Continuei andando pelo corredor e algo rangiu. Segui o olhar e percebi que a porta havia se aberto sozinha. Antes que perdesse a coragem e achasse a razão para parar de achar que era um sinal andei até ela. Quando passei pelo batente era um quarto. Com os móveis do mesmo estilo e nos mesmo lugares do quarto que Rosalie e Emmett tinham. Era quente. Mais quente que a parede do corredor. E conforme me aproximava do armário, mais quente ficava. Embora o que atraísse minha mente era a cômoda. E o que seduzia minha alma era uma caixinha roxa com arabescos lilases em formato circular. Estendi novamente a mão para o guarda roupas e a retirei ao sentir que poderia queima-la. O que não fazia o menor sentido.

Enfim fui até a cômoda. Abri sua gaveta e revirei tudo que havia em seu interior. Cartas sem destinatário ou remetente. E um anel com a pedra lápis lazúli. Vampiros? Fazia menos sentido ainda. Revirei a gaveta do meio, então. Encontrando alguns lápis e algumas folhas rabiscadas. Não entendia muito bem a letra, e o papel estava amarelado, dobrado e redobrado além de estar apagado nas laterais. Pude ler um número. Só não entendia muito bem se era um "7" ou um "1". Porém algo me gritava que era um 1. Continuei a revirar a gaveta e percebi três ramos de verbena. Ainda vampiros? E a cada vez isso parecia ter menos sentido.

Então desisti e abri a primeira gaveta. Havia uma foto. Mas não se podia ver o rosto. Estava desbotado e manchado. Outra foto, desta vez rasgada. Atrás haviam alguns rabiscos. Juntei de modo que formassem algo lógico. O que eu achava meio difícil outra vez o número três aparecer.

Por fim desisti de arrumar aquilo e me levantei, indo até a estante de livros e pegando a delicada caixa. Não consegui levantar a tampa e ver seu interior. Embora o que eu havia encontrado antes não fazia sentido, essa caixa não havia importância alguma. Era só uma caixa. Olhei mais de perto e percebi que uma ponta do lacinho estava rasgado, ao que parecia ter sido com estilete, o número 4.

Rondava a minha mente "lápis lazúli; cartas, verbena, foto, caixa. números 1, 3, 3, 4." E minha cabeça não parava de rodar.

Sentei ofegante na cama, assustando Caroline enquanto gritava - TRÊS, UM, TRÊS, QUATRO!!

~~x~~

IsabellaPOV

Dei meia volta e corri o máximo possível, me rendendo a realidade: não conseguiria o encarar. Sabia que ele havia levantado a cabeça para olhar, mas eu torcia para que não tivesse me visto.

Corri para casa. Não sabia o porque, já que ninguém deveria ter acordado ainda, mas algo me dizia que eu tinha que ir para casa. Enquanto corria, fiquei com aquilo na cabeça. Porque eu não o encarava?

Pulei a janela e percebi uma movimentação estranha. Sai do quarto com cara de quem tinha recém acordado e saído do banho, ainda meio dormindo e fui até o quarto de Rosalie e Emmett. Todos estavam ao redor de Boonie.

– O que foi? - perguntei e minha voz saiu baixa. Todos me olharam e eu me encostei no batente, erguendo a sobrancelha. - O que?

Caroline entrou e lhe deu um copo de água.

– Eu tive um sonho estranho. Que coisa.

– Pesadelo. - Stefan corrigiu, olhando para ela mas falando comigo em seguida: - Ela acordou gritando. Não ouviu?

– Stefan, estava com tanto sono que mal ouviria uma bomba nuclear. - menti. - Mas não conseguia mais dormir, aí fui tomar banho. - verdade! Bem, meia verdade.

– Eu sonhei com o número 3134. Tem algo haver com 5734? Quer dizer... Tem 4 dígitos igual. - Boonie murmurou.

– Veremos... - Stefan falou baixinho. - Mas agora você tem que descançar. Não são nem 4 horas.

~~x~~

– Aonde a senhorita vai? - Parei com a mão na maçaneta. Me virei lentamente para trás, encarando Emmett e Rosalie de braços cruzados e Stefan me encarando da porta da cozinha.

– Hãn...

– Falta duas horas para a escola. Onde vai? - Rosalie descruzou os braços enquanto Emmett continuava com o ar sério. - Onde vai? - Emm repetiu.

– Bom... Tem algumas coisas que deixei de fazer sexta na PetShop, pensei em dar uma passada antes da escola antes que seja demitida. - Menti. - Acho que tenho que alimentar os gatinhos novos e dar uma olhada nos filhos de coelho. - Olhei para Stefan, que deu um sorriso triste.

–Tá. Quer que eu vá com você? - Emmett perguntou.

– Não precisa. - falei rápido. Até demais. - Quer dizer... Faço mais rápido se estiver sozinha.

– Ahn. Então tá. - Murmurou, mas não parecia convencido.

– Acho que ela tá de Tmp. - Rosalie murmurou baixinho. Ignorei, sabendo que nem deveria ter ouvido e girei a maçaneta, ainda olhando para Stefan. Dei-lhe um aceno com a mão e me virei, saindo de casa.

Passei pelas ruas com a garganta queimando. Achei uma garota andando apressada. Seu sangue tinha um cheiro amargo, indicando que ingeriu alcool. Pouco me importava. Estava com tanta sede... Apareci na frente dela e ela deu um passo para trás, deixando o celular cair no chão.

Antes que ela gritasse, afundei minhas presas na sua jugular, matando-a. Eu não a queria mata-la. Só que quando eu ficava muito tempo sem "comer" meus instintos me dominavam. Stefan mesmo já havia dito isso para mim. Mas ele se referia a coelhos...

Arrastei o corpo até um beco escuro e o coloquei encostado na parede. Peguei algo que deixaria uma marca de facada ou coisa parecida e a deixei em posição como se tivesse sido atacada. Peguei seus pertences para simular um roubo e dei um jeito na marca em seu pescoço.

Em seguida segui para a PetShop e a percebi com luzes ligadas. Entrei e estranhei ao ver minha chefe no balcão. Como sempre lendo revista, com pilhas de novas delas com assuntos de fofocas no balcão ao seu lado. Mordiscou um pedaço de biscoito. Então bati na porta, mesmo ela já estando fechada e eu dentro da loja.

– Oi...

– Isa... - Ela me cumprimentou com a cabeça. - O que faz aqui tão cedo? - Falou olhando para a revista de novo e cravando os dentes no biscoito, quebrando um pedaço e o mastigando-graças que ela sabe fazer isso de boca fechada.

– Poderia lhe perguntar o mesmo. - falei tentando soar gentil. - Mas eu só vim terminar o que não deu tempo na Sexta.

– Hun... - murmurou, mas não pareceu ter ouvido o que eu disse. Devia estar concentrada demais em ler um artigo sobre novos filmes e seus elencos. - Tem uma nova estagiária lá no fundo, fazendo bagunça, aposto. - falou a última parte em um resmungo. Ainda olhando para a revista, mas pegando outro biscoito no pacote e falando: - Dê-lhe uma ajuda.

Assenti, mesmo sabendo que ela não veria e segui até os fundos. Passei pela porta que dava as gaiolas de animais novos, que precisavam de ajuda veterinária para terem aprovação de serem vendidos, e achei uma garota.

– Com licença? - Ela se assustou e acabou derrubando o pacote de ração no chão.

– Ah, Merda. - Falou olhando para a ração espalhada e depois para mim. - Desculpe.

– Eu que peço. Não achei que a assustaria. - me ajoelhei com ela e agrupei alguns grãos com a mão. - Oi, eu sou Isa Hale. - É... Não dava para dizer Swan nem para Stefan. Quanto menos dizer que meu nome era Isabella para uma estranha.

– Eu sou Bree. Bree Tunner. - Estendeu a mão e a olhou, rindo em seguida. - Ah, foi mal. - Bateu uma mão na outra para tirar as migalhas e eu fiz o mesmo, apertando sua mão em seguida.

Respirei fundo. Seu cheiro denunciava que já usou drogas.

– Oi, Bree. - Sorri e ela fez o mesmo. Então voltamos a limpar o chão.

~~x~~

– Foi mal, amiguinha... - Murmurei enquanto pegava a coelha que havia acabado de ter filhotes e ouvi de novo o banheiro, onde Bree acabava de entrar. - sinto muito. - Sussurrei para a coelhinha cinza. - Vou tentar fazer com que não doa... - Apertei de leve a unha em seu pescoço e fui fazendo um pouco de pressão até sair um pouco de sangue.

Fiz careta e a levei até meu gosto. Bebendo pequenos goles, cuidei para que ela não sofresse. Mesmo sendo um animal acho que ela não deveria sofrer pelo que Katherine me fez; embora eu nunca tivesse pensado ou procurado um jeito de ser humana novamente. Em seguida limpei com a manga do meu casaco e a coloquei perto dos seis coelhinhos. Acariciei-lhe entre as orelhas e Bree saiu do banheiro.

– Eu vou para a aula. - Ela murmurou.

– Vou também. - Falei fechando a porta da gaiola e pegando a mochila.

~~x~~

BooniePOV

– Anda, Boonie!!

– Já vou!! - gritei enquanto amarrava os cadarços do sapato. Caroline era muito impaciente... Só porque ela se arrumava em 10 segundos-literalmente-não significava que eu também conseguia.

Quando ia sair do quarto tive a sensação do sonho novamente. Eu sabia que algo era e estava errado. Só não sabia o que. Porque a sensação era de que tudo fazia sentido. Decidi dar uma olhada no grimório de Emily antes de sair.

– Como esperado, nada. - sussurrei para mim mesma enquanto o guardava de novo na mochila. Um papel que caiu no chão me chamou atenção.

Deveria estar grampeado; mas como caiu, supus que estava ali há tanto tempo que enfurrujou.

– Códigos? - murmurei enquanto descia a escada lendo o papel. Escorreguei e soltei um grito; fui pega por Caroline no último degrau.

– O que aconteceu? - falou enquanto me ajudava a ficar de pé e recuperar o equilíbrio. Pegou o papel que estendi.

– Códigos... - Caroline começou a ler em voz alta e as pessoas começaram a aparecer ao nosso redor. Inclusive Kassy. - Bruxas usavam códigos para se comunicar entre si. Mensagens longas eram usados desenhos. Para mensagens curtas o comum eram números.

– Tá, Boonie. O que tem haver? - a voz de Damon me assustou. Ele estava parado na porta.

– 5734 e 3134. - Stefan falou, mas seu tom era de pergunta.

– Quero dizer que pode ser isso. Talvez seja alguma coisa.

Peguei um papel do meu caderno e uma caneta e escrevi os números, um abaixo do outro.

– Acha que tem outra bruxa querendo se comunicar com você? - Caroline perguntou do meu lado.

– Talvez. - Guardei na mochila. - Vejo na escola. Estamos atrasados.

– Alguém viu a Isa?

– Preocupado com ela, Damon? - Ironizei.

– Cuidado, quebro seu pescoço antes de outra batida de coração.

– Era para parecer uma ameaça? Eu derrubo você com um olhar.

Nos encaramos até Stefan quebrar a tensão que havia se instalado no local:

– Tá, estamos atrasados. Vou te levar para a escola, Kassy.

~~x~~

IsabellaPOV

Bree era dois anos mais nova que eu e estudávamos na mesma escola. Enquanto caminhávamos ela me contou que fugiu de casa. Na verdade nem acho que foi intencional, talvez lhe tenha escapado. Mas fugir de casa me deixou curiosa. Do que ela estava fugindo?

Por termos diferença de idade ela se dirigiu ao prédio da esquerda, enquanto eu ia para o da direita. Refiz meu horário de hoje mentalmente. Segunda eu tinha Ética com Damon, Emmett e Rosalie-esses dois não se separam?-, Artes com Caroline e Boonie, História com Stefan, Damon e Boonie e Educação Física com Damon. Me dirigi a sala de Ética e Damon já estava lá.

– Oi. - murmurei, ainda meio atordoada ao me lembrar do que havia acontecido na madrugada. Sentei-me ao seu lado e larguei a mochila no chão, pegando o caderno.

– Tudo bem? - perguntou preocupado.

– Tudo, sim. - disse ainda não me sentindo pronta para encara-lo. Bom... Artes é dois períodos. Então terei esse tempo para me preparar antes de ve-lo de novo.

~~x~~

– Então Michelangêlo, hein?

– Hun... - murmurei ao seguir Caroline pela fila. Ela pegou uma porção de bolachinhas de mel.

– Você tinha que ver, Caroline. Ela pintou Michelangêlo muito melhor que o próprio.

– Não. Eu só copiei a obra, Boonie. - Disse revirando os olhos e pegando o cupcake de chocolate com granulado de estrelhinhas multicoloridas e comi uma rosa. Eliminaria todas as rosas!! Ri internamente com a bobagem que havia pensado e me lembrando da época que atuei como patricinha para a escola inteira. Foi engraçado, de certa forma. E só faziam dois dias que eu não agia assim.

– Isa!! - Caroline cutucou meu braço.

– O que?

– Você não estava ouvindo. - Fui repreendida por Boonie.

– ah, desculpe. O que era?

– Falei que o trabalho de artes - revirei os olhos - era copiar a obra de um artista. E você pintou melhor que o próprio.

– Tá, tá. Como for. - murmurei e fiz um gesto com a mão, enquanto passava das estrelhinhas rosas-que haviam acabado- para as verdes.

Elas sabiam que eu era vampira. Porque tanta encenação? Ah, é. Tinha mais gente além de nós na fila que estavam na aula e cochichavam sobre o assunto. Porque raios? Eu só reproduzi uma pintura. Voltamos para a mesa e vi Damon olhando o caderno.

– Bu! - disse segurando sua mão, que rodava a caneta.

– Oi. - sorriu para mim e se aproximou para um beijo. O afastei.

– Agora não. - disse só mexendo os lábios. Só então percebi que Edward estava na mesa junto. Damon Idiota Salvatore. Este deveria ser seu nome. - Me empresta o caderno de matemática?

– Para que? - perguntou arrastando o caderno que estava lendo para mim.

– Quero tirar uma dúvida. - Peguei o caderno e a caneta - obrigada. - falei antes de me escorar na larga cadeira e erguer as pernas, de modo que o caderno ficasse apenas na minha vista e apoiado no joelho. Desenhei penas negras nas bordas do caderno. Pelo menos ao redor de toda a folha dele. Em um canto superior fiz uma nuvenzinha sorrindo com os olhos em formato das penas e um "arco íris" preto e branco-oi?- saindo para fora da página.

Tradução: Era uma dica de que eu sabia sobre o corvo. E não dava mais tempo de se desculpar.

Fechei o seu caderno e o estendi, com a caneta por cima.

– Vou ao banheiro. - murmurei e lhe dei um beijo na bochecha-para sua tristeza. - Obrigada pelo caderno.

– Isa!! - Boonie me chamou e me estendeu três cadernos. - Pode ficar com eles para mim?

Seus olhos gritavam: mau pressentimento.

Assenti e os peguei, saindo do refeitório.

~~x~~

Como se eu precisasse ir ao banheiro. Me apoiei na pia e peguei na mochila o batom vermelho para retocar. Fui prensada na parede.

– O que...?

– Shh. - falou colocando uma mecha de cabelo para trás da minha orelha e acariciando minha face com as costas da mão. Então prensou com seu corpo o meu na parede.

– Não, Edward. - tentei o afastar. Ele segurou meus pulsos.

– Bella. Não acredito que o escolheu. Deveria ser a mim. - falou como se não tivesse quase quebrando minhas costelas contra a parede. Quer dizer... Se elas ainda fossem menos resistentes.

Então me beijou com urgência. Fiz careta e o empurrei. Só o fez se apertar mais a mim. O segurei pelo pescoço e usei toda a força que podia-de modo que a parede ficasse intacta- para o pressionar contra a parede contrária.

– Você não era assim. Eu o escolhi e seu ciúme não muda nada. - transformei meu rosto e ele ficou surpreso. - E agindo desse jeito eu nunca o escolheria.

– Porque não? - rosnei em resposta. - Ele é um canalha e você o escolheu. - Então parou para pensar e antes que eu pudesse irônizar ou ficar na defensiva fez outra pergunta: - Quem a transformou e quando na raça dele? Foi ele, não foi? - ao fazer a última pergunta ele rosnou.

– Não, não foi. - respondi em um suspiro relaxando o rosto. Até que ele reagiu bem. - Edward, olha para mim.

– Não vai me hipnotizar. Não conseguiria. - Desafiou me olhando nos olhos.

Aí que se engana, Edward...

– Vai esquecer o que viu. - comecei e seu sorriso sumiu enquanto prestava atenção nas minhas palavras - Vai esquecer que sou vampira e só vai lembrar disso quando eu for embora. Não me procure. - fiz uma pausa. - entendeu?

– Entendi... - murmurou.

Beslisquei de leve sua bochecha e sorri.

– Bom garoto. - Dei pequenas palmadinhas em cima de sua cabeça enquanto saia, rindo fraco e disfarçando com uma tosse.

~~x~~

– Achei. - Boonie murmurou para Stefan enquanto sentava ao seu lado, onde deveria ser Elena. - Oi. - disse para mim e Damon antes de se voltar para Stefan de novo e lhe estender o caderno.

Pude ler:

"3134 - 313N4 - Elena

5734 - 573F4N - Stefan"

Com ao redor do caderno rabiscado.

– Tem realmente outra bruxa se comunicando comigo. Mas eu gostaria de mensagens mais claras do que essa. Embora isso deixe claro que é sobre você e Elena não diz o que tem vocês. - sussurrou.

– Sabe onde ela poderia estar?

– Uma casa afastada. Posso lhe levar agora. - sugeriu.

Os dois se levantaram e saíram. Pouco tempo depois-e eu falo de muito pouco tempo mesmo- um homem entrou pela porta carregando uma pasta. O que fez me lembrar que o senhor Tunner está morto.

– Oi. Eu sou Alaric Saltzman, e serei seu novo professor de história. Vocês vão querer pronunciar Álaric, mas é Aláric.

Ergui a sobrancelha. Perto do senhor Tunner ele era bem mais descontraído. Olhei de canto para Damon que encarava com o cenho franzido a página de seu caderno em que eu havia desenhado.

Como eu disse, seu nome deveria ser Damon Idiota Salvatore.

~~x~~

– Trabalho em dupla... Acho que agora você pode prestar atenção em mim ou pelo menos fingir que eu existo. - Damon falou e segurou meu queixo, fazendo eu olhar para ele.

– Oi? - perguntei confusa. É, eu meio que estava dando um gelo nele. Mas me fingir de inocente normalmente me isentava da culpa.

– Oi. - respondeu revirando os olhos. Ri de leve e lhe dei um selinho.

– Foi mal. Tá, trabalho em dupla. - Peguei o livro e abri na página indicada.

– Gostaria que o trabalho fosse tema.

– Porque?

– Porque quartos são confortáveis de fazer temas. - sorriu malicioso.

– Idiota. - Resmunguei.

Em menos de meia hora acabamos o trabalho. Juntamos as folhas e fomos entregar.

– Fizeram rápido. - falou sorrindo. - gosto de alunos esforçados.

– Hum... É, não gosto de acumular. - dei um meio sorriso.

– E faz bem... - fez um gesto com a mão, se desculpando.

– Isa. - Assentiu e Damon lhe estendeu a folha.

– Bonito anel. - Damon comentou.

– Ah, é. De família. - apertou os lábios em um sorriso estranho. - O seu também?

– Herança... - Damon disse rodando o anel no dedo.

– Que fofo. Posso experimentar? - Ele vai negar, claro. Até porque tem sol entrando pelas janelas.

– Porque quer essa coisa? É velha.

– Então porque usa?

– Herança... - repitiu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Bufei e dei meia volta, voltando para o lugar.

Bateu o sinal. Educação física? Bom... Preciso me afastar de cadernos.

– Damon, Isa. - Alaric chamou. - Acham que podem me ajudar hoje a noite? Preciso organizar minha sala e acho que vocês são ótimos alunos. Se não quiserem não precisa.

– Claro. - respondi e sorri.

~~x~~

Andamos pelo corredor e Rosalie e Emmett se juntaram a nós; Emm segurou minha mão-a que Damon não insistia em enlaçar nossos dedos.

– O que foi?

– Stefan e Boonie sumiram. Ninguém mais os viu. - Emmett murmurou, dando tapinhas leves na minha mão.

– Eles foram atrás da Elena. - respondi confusa.

– Bel... Isa, posso falar com você? - Rosalie atropelou as palavras. O que indicava estar mesmo preocupada.

Me separei de Damon e Emmett e fui com ela. Demos meia volta.

– Como assim atrás da Elena?

– Ela descobriu o que eram os números. Eram nomes. Stefan e Elena. Depois de mostro porque faz sentido. - emendei a última parte na frase depois de me lembrar como os números substituiam as letras. - Porque tanta preocupação?

– Boonie prometeu a Caroline que contaria se descobrisse algo. Ela disse que Boonie costuma cumprir as coisas.

A encarei em silêncio.

– De certo ficou com pressa por causa de Stefan...

– Espero que esteja certa. - murmurou e paramos de andar; dei meia volta em direção ao ginásio.

~~x~~

Fiz questão de ficar no time contrário ao de Damon. Ele encarou como um desafio no momento em que sorri irônica.

– VAI!! - O professor apitou-não falei o suficiente com ele para lembrar seu nome- e eu fui sacar.

Quando Damon rebateu pulei perto da rede e fiz questão de não controlar tanto minha força, de modo que ele caiu no chão e ficou me encarando perplexo.

– Um a Zero!! - outro apito.

Enquanto me encaravam, eu o olhava sorrindo-torcedo para que parecesse inocente-e balançava o corpo de um lado para o outro. Após um curto tempo de jogo, o professor gritou um:- Quinze a Dois! - o apito final foi dado e meu time comemorou a vitória.

Resultado no fim do jogo? Damon Idiota S. não sabe entender indiretas.

~~x~~

– Tá, então ajudamos a arrumar e saímos. - Damon resmungou enquanto andávamos pelo corredor, iluminado por poucas lâmpadas acessas.

– Deixa de reclamar. Alaric parece legal.

Ouvi um som nas minhas costas de passos. Damon reduziu o passo, eu continuei como se não tivesse ouvido nada.

– Vou ao banheiro... - murmurou levemente irritado. Ergui a sobrancelha olhando suas costas se afastando.

Fiz barulho com os pés, como se tivesse seguido o corredor, mas dei uma espiada atrás de um armário. Um barulho meio agudo e Damon segurou a estaca que lhe foi atirada antes que o acertasse.

– Que feio, professor. - repreendeu irônico. - O que isso faz com você? - perguntou observando o pedaço de madeira em sua mão.

– Eu... Sei o que você é...

– Mesmo? Que pena... Para você, claro. - sua voz era carregada de sarcasmo e ele atirou a estaca longe, avançando em Alaric.

– Alaric! Está aí. - intervim. Damon me analisou e Alaric desviou o olhar para mim.

– Oi... Isa, certo?

Assenti.

– Estava te procurando. Viemos ajudar com sua sala.

~~x~~

DamonPOV

Pedi para Izzye buscar algo no meu armário e lhe dei a combinação. Mesmo que ela soubesse sobre o que sou, não queria a envolver tanto nisso. Encarei o professor.

– Não tente de novo. Ainda estou irritado pelo que fez. - falei mexendo no potinho de clips. eu celular vibrou e eu o atendi.

– Damon, alguma notícia de Stefan?

– Não, o que houve?

– Ele e Boonie não voltaram para casa ainda. - Caroline ficou histérica.

– Calma. Devem estar... pesquisando. - olhei Alaric por um momento. - Algo sobre Elena?

– Rosalie disse que foram atrás dela. Mas não sabiam onde.

Isa entrou com minha mochila na mão e nos encarou, talvez percebendo o clima.

~~x~~

IsabellaPOV

Não sabiam onde, né? Pois eu acho que sei...

Entreguei a mochila de Damon e ele retirou algo de dentro. Como ele só queria que eu saísse da sala, não dei muita atenção ao que ele iria pegar.

Elena...

Boonie...

Irmãozinho... Onde foram se meter?

~~x~~

Acordei me sentindo um pouco tonta. Ergui o rosto e percebi que onde eu estava deirada não era meu travesseiro. Era Damon. Acho que fiquei tanto tempo pensando nessa coisa da Boonie sumir que acabei adormecendo pouco depois de ter pedido para ele dormir comigo. Quer dizer... Eu não queria ficar sozinha.

Resmunguei e o braço que estava na minha cintura me puxou mais para perto.

– Bom dia... - disse rouco, ainda de olhos fechados.

– Hun... - murmurei. Senti seus lábios nos meus.

– Desculpe. - Finalmente percebeu que sei sobre você para eu poder ir embora e você pagar-merecidamente-pelo que fez?

– Pelo que? - sussurrei.

– Por fazer você achar que só queria lhe beijar por Edward estar lá. - Resmuguei mentalmente. Quando vinha as consequencias da mentira dele? Ele só tinha que perceber, porra.

– Tá... E não era? - suspirei. Senti ele se apoiar no cotovelo e abri os olhos.

– Não. - falou incrédulo e parecia magoado.

Passei a mão pelo seu rosto.

– Desculpe por achar que era. - Sorri e me espriguicei. - Acho que vou tomar banho. - Fui levantar e ele me puxou de volta.

– Hum... Eu gosto de banhos...

Sorriu malicioso de olhos fechados.

– Tá. - disse e me levantei. Ele se levantou junto e quando ia pro banheiro o puxei de volta e o joguei na cama. - Então quando eu sair te acordo e você vai. - sorri irônica e entrei no banheiro a tempo de ouvi-lo bufar antes d'eu fechar a porta.

~~x~~

Terça Feira... Ciências e Matemática habtavam maior parte do meu dia escolar.

Fui para a aula de ciências e me sentei na última cadeira, mas ao me lembrar do sapo que tivemos que abrir na mesa afastei minha cadeira o máximo possível, embora ela exalasse um cheiro de alcool. Usavam alcool ao invés de desinfetante para limpar mesas, agora?

Quando Stefan e Boonie não apareceram hoje de manhã, me ofereci para levar Kassy a escola. Ela era quieta, mas eu a adorava igual. Viramos boas amigas. E quando Stefan e Boonie não apareceram hoje de manhã, também veio a questão "que droga aconteceu?". Porque eles não sumiriam por tanto tempo.

Abri minha mochila e vi que os cadernos da Boonie ainda estavam ali. Ela me deu porque achava que algo ruim ia acontecer, certo? Então me deu porque, talvez, achasse que fosse com ela. Então talvez os cadernos tenha alguma pista. Mas antes que eu pudesse ver se tinha alguma coisa, a professora entrou e mandou todo mundo sentar. Só então vi Damon ao meu lado. Ele encarava a janela. Observei também, seguindo seu olhar. Tinha alguma coisa entre as folhas. E parecia ser humano. Ao não ouvir batidas de coração, deduzi que era um vampiro!!

~~x~~

Damon me puxou pela manga da camiseta para dentro do meu quarto. Hoje o dia foi cansativo e eu até senti falta disso. Me encurralou contra a porta fechada.

– Eu te amo... - sussurrou.

O que eu ia dizer? Que o amava? Bom, tá. Mentiras tem limite. Mesmo que eu realmente o amasse, ele mentir para mim fez com que minha raiva se sobreposse a qualquer outro sentimento. E é exatamente por esse amor que não digo que o amo. Porque ele vai sofrer mais, e embora eu queira que ele sofra, quero que seja somente o que ele merece.

Segurei seus cabelos e o puxei para mim. Quando o ar-maldito ar-deveria ter feito falta me afastei ofegante e apoiei a cabeça na porta enquanto seus labios não deixaram minha pele, apenas passaram para meu pescoço. Eu o ergui, facilitando para ele.

– Eu posso? - perguntou, me causando um calafrio.

– Com as mesmas condições da primeira vez... - murmurei

– Não vou lhe matar, Izzye. - garantiu antes de roçar os dentes no meu pescoço. - Hum, espera!! Você ainda não esta perdoada. - falou se lembrando. Mordi o lábio inferior enquanto ele se afastava um pouquinho. - Que tal o jantar hoje?

Suspirei.

– Tá. Onde vamos?

– Só se arrume. - Falou e sorriu; antes de me desincostar da porta, me dar um selinho e sair.

~~x~~

Chegamos na pizzaria que havia recém aberto.

– Reserva? - a garçonete perguntou. Damon sorriu e a expressão dela mudou para compreensão. - Ah, você reservou a cobertura. Podem subir

– Cobertura? - Perguntei. Ele deu de ombros e me puxou para o elevador. Quando a porta fechou me abraçou por trás.

– Já disse que você fica bem de preto? - sussurrou no meu ouvido.

– Não... - ri

– Você fica bem de preto. Aliás, gostei da escolha do vestido... - sua mão desceu até metade da minha coxa, onde estava a barra do vestido. Dei um tapa na sua mão.

– Se comporte.

– Hum... - murmurou, mas não parecia que ia fazer o que eu pedi.

Quantos andares tinha essa coisa mesmo? Quando saímos do elevados vi direto um jardim de rosas vermelhas. Todos colocados em vasos decorados e com pedrinhas que levavam a um local circular, que tinha uma mesa e duas cadeiras bem arrumadas.

– Quanto custou tudo isso? - sussurrei, sem ser capaz de falar mais alto. Fui confuzida até a mesa e parei para observar a vista que a cobertura dava. A "grade" era feita de vidro, de modo que dava para se apreciar o mar da praia lá em baixo. Suspirei.

– Não se preocupe com isso. - sorriu e puxou a cadeira para mim. Sentei-me e ele deu a volta na mesa, sentando na minha frente. Fui me servir da pizza que havia no meio e ele bateu com a faca no meu garfo. - Escolhe e eu corto.

Revirei os olhos.

– Eu sei servir.

– Você ainda quer ser desculpada?

Merda. Eu queria? Eu não fazia ideia...

– Qualquer uma.

~~x~~

Terminamos de comer e a única coisa que fizemos foi conversar sobre assuntos sem a menor importância. Depois fomos caminhar na praia que era perto. Segurou minha mão e brincou com os dedos. Senti algo frio. O olhei confusa e ele me soltou. Ergui a mão e a abri. Um colar de caveira cujos olhos eram de coração. Arfei.

– Obrigada. - lhe dei um selinho e ele o colocou em mim. - Posso retribuir um dia desses? - perguntei de modo 'doce'. Fez que não e riu. Descemos e começamos a caminhar pela areia da praia.

– Então... Como ficamos? Estou perdoada? - perguntei após um certo tempo.

– Falta pouco. - Ele riu e me puxou para perto, colocando o braço sobre meus ombros.

Entrou areia no meu sapato e eu os tirei, levando na mão.

– Tsk, tsk, tsk. - estalou a língua no dente.

– O que foi?

Fui pega no colo.

– Confia em mim? - assenti e ençacei os braços no seu pescoço. Ele começou a correr e percebi que chegamos perto de algumas rochas. - Espere aqui.

Largou-me de pé no chão e me deu um selinho. Então entrou no que parecia uma caverna. Voltou cinco segundos depois e foi atrás de mim, cobrindo meus olhos com as mãos e me guiando para dentro.

– Dam, o que...?

– Shh... - me interrompeu e continuou me guiando cada vez mais para dentro. - Pronta? - perguntou quando paramos. Assenti e suas mãos passaram para meus ombros.

Respirei fundo e abri os olhos. Estava meio escuro, mas haviam várias pétalas de rosas sobre o chão e velas acesas, colocadas em posição de modo que se podia ler "Namora comigo?". Na minha frente fora erguido um anel de prata. Ofeguei.

– Damon...

– Não precisa responder agora. - sussurrou ainda me abraçando com uma mão, mas abaixou a outra e colocou o anel no meu dedo indicador. - Se aceitar quero que coloque no dedo certo.

– E se eu não aceitar? - Não resisti a não perguntar.

– Não gosto da possibilidade do não. Eu quero que seja minha e que eu seja seu. Mas se for o caso, pode me devolver.

Respirei fundo e girei em seus braços, selando nossos lábios em um beijo calmo. Seus beijos passaram para meu pescoço e meu ombro quando me afastei a procura do ar-que, aliás, eu não precisava.

– Eu quero. - sussurrei antes de lhe puxar de novo.

~~x~~

Abri minha mochila para arrumar os cadernos de amanhã. Damon havia passado em casa e eu tinha 5 minutos antes d'ele voltar para dormir comigo. Ainda não queria ficar sozinha. Principalmente depois de saber que tinha um vampiro nos vendo na aula. E eu tenho certeza que não era Edward.

Vi os três cadernos da Boonie e resolvi dar uma olhada. O do meio, na verdade, era um livro. O grimório!! O abri e na última página escrita tinha um endereço.