Lana entrou em sua casa, estava cansada de escrever. Depositou o livro no fundo falso da sua gaveta e resolveu tomar uma ducha. Seus pais para variar não estavam em casa, ela acabou acostumando-se e achava até melhor desta forma. Desde criança não sentia amor ou afeto por alguém, exceto é claro pela mulher que a cuidou desde que nascera. Sophia a jovem índia de uma tribo por nome Creek. A índia cresceu entre os brancos, mas mantinha contato com os seus após descobrir o paradeiro de sua família. Sophia acabou apegando-se a pequena Lana e desde então a criou como uma filha.

Lana deixou a água quente correr em seu corpo tão branco como a neve, sua longa cabeleira preta contrastava com sua pele. Estava tão cansada e relaxada com o prazer das inúmeras gotículas que banhavam seu corpo que não percebeu o som de uma janela sendo aberta.

Bobby não tinha os movimentos ágeis dos garotos, mas era esperto e experiente. Quando o caçador adentrou dentro do quarto da jovem pôde perceber imediatamente que a moça estava metida com magia da pesada. Vários artefatos antigos emolduravam a parede, bonecas com olhares tão penetrantes que incomodavam o velho Bobby. Ele se perguntava o que uma jovem de família tão rica estaria procurando? Suas perguntas agora não faziam diferença. Bobby começou a vasculhar os armários e quando ouviu o chuveiro sendo desligado, olhou para os lados em busca de um esconderijo. O único local que tinha seu tamanho era o guarda roupas. Escondeu-se atrás das roupas da jovem e pela fresta do armário tinha uma pequena visão do quarto. Lana saiu do box, a toalha enrolada em seu corpo logo encontrou o chão. Bobby sentiu-se um depravado, cerrou os olhos por alguns instantes. E abriu-os novamente quando Lana começou a pronunciar palavras em latim.

– Hic sapientia est qui habet intellectum conputet numerum bestiae numerus enim hominisest et numerus eius est sescenti sexaginta sex. – a moça continuava nua com os braços levantados acima da cabeça, Bobby sentiu um arrepio, um vento invadiu o quarto da jovem que continuava com os braços erguidos. Neste instante uma voz feminina se fez ouvir no recinto.

– Minha doce criança, estou orgulhosa de você. – Bobby não conseguia ver quem era a mulher de voz melosa.

– Fiz como me orientasse Sophy, e você tinha razão. Estou me sentindo ótima, aqueles desgraçados que riram de mim pagaram caro, tiveram o que mereciam. E os dois irmãos metidos a salvadores dos fracos e oprimidos estão comendo em minha mão. – a jovem gargalhou.

– Doce criança, continue escrevendo. Acabe logo com eles, são verdadeiras ameaças. – a índia aproximou-se da jovem e beijou-lhe a testa.

Bobby agora estava observando a figura da mulher índia,que a cada segundo parecia desaparecer.

– O mais velho só tem mais dois dias e morrerá, e então o outro ficará livre para você. Ainda não entendi porque você quer aquele corpo e não o de uma mulher.

– Você não entenderia não neste momento. Mas aquele jovem carrega muito poder dentro dele e não pode ser desperdiçado, sugarei suas energias e depois sim seremos apenas nós duas.

– Me sinto fraca quando escrevo, olhe para mim! Estou tão magra...

– Olhe novamente querida, dentro do seu “eu” – a índia a levou para frente do espelho e como passe de mágica Lana estava linda e saudável.

– Eu amo você Sophy, agradeço por me ajudar. Jamais perdoarei meus pais por te expulsarem de minha vida. Eu os odeio!

– Querida, sofri quando me mandaram embora como um cão vira-lata, perdi o sentido da vida sem você. Tentei de tudo para tirá-la desta prisão e quando eu estava morrendo, agonizando encontrei um homem que prometeu que eu ficaria com você mesmo depois da morte. Logo percebi que era um demônio que faria um pacto comigo, mas para minha surpresa ele apenas disse que faria esse livro para ajuda-la quando eu partisse e que apenas era para eu dizer SIM.

– Fico tão feliz em saber que você voltou por mim, sou amada!