Entrelinhas escrita por ariiuu


Capítulo 13
Por quê...? – Pré Arquipélago de Sabaody


Notas iniciais do capítulo

E aee pessoal!? Demorei muito?? Espero que não xD
Como prometido, este capítulo não demorou um mês para ser postado. Tenho a plena certeza que vocês vão gostar muito desse. Há muita interação entre os mugiwaras e umas coisas a mais :]
Neste capítulo teremos: Jogos, desânimo, festa, garota misteriosa, ciúmes, engano, toques físicos falazes e tristeza.
Divirtam-se 0/



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Entrelinhas 13 – Por quê...? – Pré Arquipélago de Sabaody

– Verdade ou desafio?

– Desafio!

– Zoro, você só pede desafio! Não tem graça porque você vence todas as tarefas que damos a você! Então está banido o desafio pra você! – Usopp que comandava o jogo, contestava a atitude do espadachim.

– O quê? Não tem graça jogar algo que não tem diversão! – Respondia emburrado quando caracterizava a diversão do desafio uma verdadeira competição de força física contra Sanji. Mas todos estavam cansados de ouvir as discussões incessantes e desnecessárias da dupla tomar conta do jogo.

– Pra mim parece mais é que você está fugindo de responder qualquer coisa sobre sua vida... – Robin dizia cinicamente, esbanjando seu típico sorrisinho desavergonhado.

– Não há nada de interessante em minha vida que vocês queiram saber... – O moreno afirmava convicto.

– Não é verdade Zoro! Conte como eram as suas aventuras como Caçador de Piratas! – Luffy sorria marotamente e seus olhos brilhavam como os de uma criança quando se deparava com uma imensa porção de doces.

– Não, espere... Tem algo que sempre quis saber e que até hoje você não esclareceu... – Usopp mudava o rumo da conversa repentinamente.

– Não costumo deixar nada pela metad-

– Lembrei! É verdade que você tinha mesmo uma namorada no East Blue? – Uma longa pausa pairava ao redor de todos da tripulação que olhava abismada para o rosto do espadachim. Sanji deixava repentinamente o cigarro cair de seus lábios, no mesmo ritmo em que seus olhos se arregalaram. Os outros membros também tinham seus olhos mais abertos que o comum, com exceção de Nami que já sabia sobre a história por Usopp, e Luffy com um imenso ponto de interrogação estampado na cara ao não entender a reação de todos os companheiros.

– O QUÊ??? É verdade Zoro??? Ela era bonita?? – Chopper mostrava-se chocado com a afirmação de Usopp.

– ELE TINHA UMA NAMORADA!!? Você só pode estar mentindo Usopp!!! Esse pilantra não tem o direito de ter a mulher mais feia do planeta como namorada!!! – O cozinheiro dizia tal frase em tom de fúria, como se Zoro não tivesse dignidade suficiente para namorar com ninguém do sexo feminino, independente de sua estatura.

– Eu não estou mentindo dessa vez! Ele me contou uma história um pouco melancólica e pelo que entendi, havia sim uma garota que treinava com ele no Dojô da vila.

Nami ouvia tudo atentamente, com um grande nó na garganta. Seu coração estava palpitando mais forte e as mãos suavam frio. Por mais que negasse para qualquer um ali, ela queria saber mais sobre esse passado oculto de Zoro. Queria saber mais sobre as pessoas que eram próximas a ele, em especial a tal garota que Usopp dizia ser namorada do mesmo. Robin atentava para todos os gestos e feições de Nami, percebendo exatamente o que estava acontecendo com ela.

– Au! O amor é mesmo lindo! Até mesmo o cara com um coração de pedra como ele tinha uma namorada! Isto prova que esqueletos também podem se casar!

– Yohohohoho, você ainda tem dúvidas Franky-San?

– CALEM A BOCA VOCÊS DOIS! – Zoro se enfurecia ao não saber lidar com as piadinhas onde ele era o alvo.

– E então Zoro-Kun? Vai negar? – O atirador fazia uma cara de pateta, enquanto cutucava freneticamente o ombro do espadachim. Uma gota formou-se instantaneamente na testa do moreno.

– Vocês querem a verdade? Sim, eu tinha uma namorada. Satisfeitos? – Zoro cruzava os braços e encarava a todos novamente com seu semblante severo. E mais uma vez uma longa pausa tomou conta de toda a tripulação, juntamente com feições espantadas, com exceção de Luffy. Já Nami sentia uma compressão forte no estômago depois do que ouvira, como se Zoro tivesse terminado de fatiar seu coração em pedaços. No fundo ela não queria acreditar, mas não havia motivos para que ele mentisse. Não era de seu feitio alegar algo na frente de todos que não fosse verídico, afinal, se falassem sobre honra, automaticamente lembravam-se de Zoro. Mas o que mais lhe tirara o ar era o fato de que até mesmo ele possuiu alguém importante em sua vida. E o quão importante essa garota era?

– Ora, seu maldito! Como ousa namorar uma mulher!!! Eu vou te espancar até a morte!!! – Franky e Brook seguravam Sanji que se encontrava completamente exaltado.

– Então você não nega?? – Usopp questionava exaltado.

– Por que negaria? Não era isso que queria saber? – Se havia algo com o que o espadachim era bom, este era persuasão. Ninguém ali conhecia seu passado de verdade, então jamais descobririam que estava mentindo. Aquele interrogatório já estava lhe dando nos nervos, por isso para que não ficassem lhe cercando e fazendo mais perguntas, resolveu mentir e tentar acabar com aquela cena ridícula.

– Sim, mas você a deixou para se tornar um Caçador de recompensas? – Usopp insistia.

– Eu já respondi a pergunta do jogo. Não vou responder mais nada, então vou girar a garrafa. – Zoro rebatia de forma desinteressada, porém não pôde deixar de notar que todos aqueles olhares espantados lhe incomodava imensamente.

A boca da garrafa foi direcionada para Nami e o fundo na direção de Robin.

– Verdade ou desafio? – Robin perguntava bem humorada, mas Nami nem mesmo havia percebido que o jogo seguia normalmente, muito menos que ela era a próxima.

– Nami? – Robin arqueava uma sobrancelha ao reparar que a ruiva estava completamente distraída.

– O quê? – Perguntava quando por fim se tocava que ela era a próxima. – Aah sim... Verdade... – Respondia desanimada.

– Qual foi a última vez que saiu com alguém? – A pergunta ousada de Robin fez instantaneamente Sanji ficar entusiasmado, com os olhos em forma de coração e as pernas balançando inquietamente.

– Acho que sua pergunta ultrapassa limites pessoais, Robin... – A ruiva respondia constrangida.

– Mas se você não responder vou ter que te propor um desafio ainda pior. – A morena mantinha a expressão sorridente, mas que ao ver de todos podia se esperar algo terrivelmente assustador. Franky desconfiava das intenções malignas de Robin.

– Eu aceito qualquer tipo de desafio, Robin.

– Certo... Quero que encene uma declaração de amor.

– Só isso? É molez-

– Pro Zoro.

Uma longa pausa tomou conta do local.

– O-QUÊ?– A ruiva não pôde esconder os olhos extremamente arregalados. Sua feição era de pura indignação e perplexidade. O mesmo decorreu com o espadachim. A expressão de ambos era praticamente a mesma.

– O que é isso Robin? Porque quer me fazer passar por um papelão desses?

– Porque você disse que aceitaria qualquer tipo de desafio ao fugir da pergunta. Vai fugir do desafio também? – Robin sorria petulantemente. Franky fazia uma careta de espanto ao presenciar o cinismo e a ousadia da arqueóloga.

– Como assim Robin-Chwan? Por que não pode ser comigo? – Sanji se ajoelhava e choramingava aos pés da morena

– Por que será mais interessante com o Zoro. Quem sabe na próxima, Sanji... – O tom alegre de Robin soava como sarcasmo puro aos olhos de Franky que entendia perfeitamente a situação.

– Ela não precisa encenar. Estou caindo fora deste jogo idiota. – Zoro se levantava da roda. Aquilo já tinha passado dos limites. Ele não sabia por que, mas não iria adiante com uma brincadeira que parecia ser tão séria, quando se tratava dele e Nami.

– Não pode sair do jogo enquanto não encerrarmos o turno da Nami. – Usopp contestava o espadachim.

– Quem vai me obrigar? – Zoro exibia um olhar mortífero para o atirador.

– Ninguém, marimo. Pode ir. – Sanji acenava para o companheiro com um sorriso idiota no rosto.

– Robin, quem é o substituto? – Usopp contestava.

– Nesse caso... Sanji.

– É pra já Robin-Chwaaaaaaan!!! – O cozinheiro levantava-se rapidamente, andando na direção de Nami que ainda estava sentada na roda.

A navegadora tentava esconder a expressão plangente ao ver que Zoro não ligava para quem fosse o substituir. Sentia-se mal. E a melhor palavra para descrever tal, era rejeição. Zoro estava sempre fugindo dela. Uma hora demonstrava que ela era importante para ele, e logo depois o mesmo agia com indiferença como se nada tivesse acontecido. E então quando conseguem finalmente serem sinceros um com o outro, ele lhe empurra precipício abaixo, pouco se importando se sobreviveria. Sentia-se farta com toda aquela situação. Se existia alguém tão importante na vida dele e tudo indicava que nem mesmo a tal namorada representava tamanha consideração, qual seria a posição que ela poderia ocupar em seu coração? Constatou que não havia espaço suficiente. Ele já havia preenchido.

– Me desculpem, mas não estou me sentindo bem... Vou para o meu quarto... – Nami se ausentava do local sem olhar para a cara de ninguém.




Havia um navio no meio da rota dos Chapéus de palha. Mas este era um navio bem diferente de tudo o que viram antes. Ele era imenso e possuía uma forma excêntrica, porém, os elementos que o compunham, podiam facilmente descrever que tipo era. E que não passava de nada mais, nada menos que um grande navio no auge de uma festa em pleno começo de noite. Havia uma plataforma gigante no meio, cercada por balaústres e com uma cobertura. Vários raios de luz se mexiam sem parar, aqueles do tipo que chamavam atenção das pessoas de longe. Tal não passou despercebido por Luffy, Robin, Chopper, Usopp e Franky que se encontravam no convés.

– Uooooohohohohoho, pessoal, venham aqui ver! Um navio diferente e que está tocando uma música agitada! – Luffy bradava aos companheiros ao vislumbrar o tal navio de longe e ao ouvir a música que vinha do mesmo. Pulou freneticamente com a visão que estava tendo.

– O que é aquilo? – Chopper perguntava para Robin em tom curioso, e encantado com todas aquelas luzes.

– Aquele é o Faster Dance. Vocês não conhecem?

– Não, o que é esse Faster Dance? – Usopp perguntava confuso.

– Um navio muito conhecido por suas festas diárias em alto mar. Piratas de todos os cantos da Grandline costumam parar suas rotas para entrar no Faster Dance. É uma típica forma de descontração, ou seja, um hobby entre piratas.

– Então quer dizer que neste navio rola todos os tipos de festas? – Franky perguntava seriamente.

– Qualquer gênero, desde os mais requintados até os mais despojados.

– Então está decidido! Vamos embarcar nessa festa também! Vamos comer muita carne e cantar junto com eles!!! – Luffy pulava de um lado para o outro completamente empolgado.

– E-espere Luffy... Não sabemos se existem piratas p-perigosos nessa festa... N-não acha melhor ficarmos aqui e seguirmos n-nossa rota?? – Usopp gaguejava em seu típico jeito covarde e suas pernas tremiam instantaneamente, como se temesse que algo muito ruim pudesse acontecer.

– Luffy eu também quero ir, parece ser divertido! – Chopper corria junto com Luffy pelo convés.

– Parece ser um momento propício para nos divertirmos, o que acha? – Robin cochichava para Franky e esbanjava seu tradicional sorriso maligno, após apontar para a torre de vigia, lugar onde Zoro estava treinando. Esperou que o ciborgue captasse sua mensagem.

– Embora seja algo muito mau de sua parte, acho que você está certa... – Franky correspondia ao sorriso perverso da arqueóloga. – E qual é o plano?

– Pra começar, convença o Zoro a te acompanhar. Farei o mesmo com a Nami.

– Só convencer? Fácil. – Dizia enquanto acertava seus óculos no rosto.

– E depois disso, te passarei as coordenadas por partes. Feito?

– Claro. Aqueles dois ainda vão nos agradecer por isso.

– Ou talvez nos matar... – Robin dava seu risinho irônico, expressando um de seus hobbies favoritos, que era se meter discretamente em assuntos que não eram seus.

– Seja como for, o primeiro passo vai ser muito fácil.

– Minha tarefa será mais difícil que a sua. – A morena sorria de forma costumeira.

– Então me encontre aqui embaixo daqui à meia hora.

– Daqui à uma hora e meia é melhor. – Robin rebatia.

– Maquiagem? – Indagava o ciborgue.

– Talvez o figurino... – A morena pensava também que um penteado fosse a opção mais correta para alegar o atraso.

– Já entendi. – Franky deixou o convés e partiu para o topo do Sunny. Robin abria a porta do navio e ia direto para o quarto que dividia com Nami.





O ciborgue abria a porta da torre sem bater. Zoro treinava arduamente e teve seu 345º abdominal interrompido.

– Hey man! – Franky se aproximava do espadachim com seu jeito estiloso de ser.

– Pela milionésima vez, diga para o Chopper que não vou parar meu treinamento! – Bradava exasperado por ter seu treinamento interrompido.

– Acho que você deve deixar o seu suuuuuper treino para depois.

– Também não vou ficar de vigia hoje. Estou ocupado.

– Não vim aqui pelo Chopper, nem para te deixar de vigia. Ouça... Nos deparamos com um navio tradicional de festas do oceano. Todos estão se arrumando pra ir. Por que não vem junto?

– Festa? Não, obrigado. Vou varar com o treinamento hoje e não posso perder tempo.

– Tem certeza?

– Sim. – Rebatia convencido.

– Ok então, cara... Você provavelmente não vai querer ir pra um navio que está repleto de piratas misteriosos... – O ouvido de Zoro atentava para cada palavra que o ciborgue dizia naquele momento.

– Ah! E também não vai poder provar as melhores bebidas porque vai estar suuuuuuper ocupado. Eu te entendo... Então, vou indo nessa. – Os olhos do espadachim arregalaram após ter ouvido a palavra ‘bebidas’. – Ok, ‘piratas misteriosos’ e ‘bebidas’ eram bons motivos para suspender o treino. O moreno pensava.

– Espera... Todos vocês vão? – Perguntava tentando disfarçar a contradição das palavras ditas anteriormente.

– Sim. Inclusive a Nami. – Essa sim era a palavra que faltava para completar os motivos existentes que tirariam Zoro de seu treinamento consistente. Mas se havia algo que não combinava ali, este era Nami e festa juntos. Teria que vigiá-la para não se meter em encrencas. Não que este fosse seu forte, pois o cargo pertencia à Luffy, mas não seria correto deixar uma frágil garota no meio de tantos marmanjos bêbados e pervertidos. – Talvez ela nem devesse ir... – Pensava ele.

– Certo. Então vou tomar um banho e me arrumar.

– Cara... A festa parece ser a caráter. Arrume algo que preste pra vestir e não se atrase.

– Festa a caráter? Eu não tenho muitas roupas pra tipos de eventos como esses. – Zoro contestava Franky que já mostrava um meio sorriso.

– Se este é o caso, então eu arrumo algo decente pra você. Me encontre lá embaixo daqui à vinte minutos.





Robin adentrava em seu quarto e se deparava com a ruiva escrevendo em seu diário de bordo. Ela havia feito vários esboços de mapas, pois havia uma porção deles amassados no chão.

– Ocupada? – A morena interrompia a navegadora.

– Um pouco... Por quê?

– Já ouviu falar do Faster Dance?

– Sim, é um navio tradicional de dança...

– Festas. – Robin corrigia.

– É, deve ser isso mesmo. Já vi algumas matérias nos jornais. Os eventos de lá costumam bombar.

– E então? Vamos?

– Pra onde...? – Nami indagava confusa.

– Para o Faster Dance! – Robin sempre costumava circular em qualquer tipo de assunto e depois, ia direto ao ponto quando menos se esperava.

– Não tem como irmos para... Espera... Não me diga qu-

– Ele está logo à frente do Sunny e todos estão se arrumando para ir. – Sorria classicamente em resposta.

A feição de Nami era de alegria. As fotos que tinha visto das coberturas dos eventos que aconteciam naquele navio eram de tirar o fôlego. Por um momento sentiu uma imensa vontade de correr para o guarda-roupa e escolher o seu melhor vestido, porém, um efêmero pensamento lhe tirou toda a felicidade. A imagem de Zoro lhe incomodou de forma agressiva. Sua expressão agora se baseava numa sombra de tristeza. Robin compreendia o ocorrido.

– Então vai deixar essa tristeza importuna lhe tirar um ótimo momento para se divertir? – A arqueóloga iniciava a sessão de frases de auto-ajuda para resgatar a auto-estima que a ruiva havia perdido ao longo dos dias por causa do espadachim.

– Você nem mesmo sabe como me sinto... – Nami dramatizava, embora soubesse que Robin não era tão sentimental como uma mulher normal.

– É aí que você tem que mostrar a diferença. – A morena sorria. Para ela, tudo parecia ser apenas uma estrada reta a se seguir, enquanto que para a ruiva, tudo não passava de um gigante e complexo labirinto, onde a saída se tornava inalcançável.

– Não quero fingir que estou bem... Você me entende...? – A feição da garota era de pura melancolia. E não havia nada que Robin pudesse dizer para confortá-la. Assim pensava a navegadora.

– Eu te entendo um pouco... Mas ainda acho que você devia dar uma chance ao Faster Dance.

– Acho melhor não... – A ruiva fitava o chão transparecendo uma intensa depressão. Robin observava tudo em silêncio.

Ok, plano B. – A morena pensava ao constatar a reação da companheira.

– Me desculpe Robin... Mas acho que não vai ser desta vez. Quem sabe numa próxim-

– Há uma tenda de apostas lá.

– FASTER DANCE, AÍ VAMOS NÓS!

Pronto. Estava tudo resolvido. Era só usar alguma palavra que estivesse ligada diretamente a dinheiro, e Nami mudava drasticamente a direção de seus pensamentos, falas e ações. Simples assim. A arqueóloga pensou que teria sido menos trabalhoso se tivesse falado das apostas logo no início. E lá estava a ruiva toda eufórica, procurando rapidamente algum traje em seu guarda-roupa.

– Nami...

– Sim? – A ruiva respondia animada.

– A festa é a caráter. Vista algo de acordo com o tema.

– E qual é o tema?






– Quer que eu me vista de Cavaleiro da guarda? Não vou usar essa roupa!

– Esta é a única fantasia que tenho. Não posso fazer nada se o tema é Guerra Civil! – O ciborgue tentava contornar a situação.

– O problema não é a roupa em si, mas... POR QUE RAIOS ESSE COZINHEIRO DE MERDA ESTÁ VESTIDO IGUAL!!?





Todos haviam se achegado ao navio de festas e caçado seus departamentos. Usopp procurou o lugar menos agitado. Luffy e Chopper se infiltraram no meio dos dançarinos. Sanji fez o mesmo trajeto, porém foi para o lado das dançarinas. Franky, Robin e Nami foram para a sala de karaokê e Zoro para o bar.

Enquanto degustava sua bebida, uma espadachim que mais parecia uma gueixa se aproximava de Zoro. Seus cabelos extremamente lisos e sedosos agitavam-se suavemente. Era possível visualizar uma faixa vermelha em sua testa. Suas roupas eram bem bonitas. Ela usava um sobretudo preto com estampas de tribais vermelhas e luvas de couro pretas. Usava também um coturno com várias fivelas prateadas.

– Ora, se não é o famoso Caçador de Piratas Roronoa Zoro... – Ela se sentava ao lado do moreno que franzia o cenho um tanto desconfiado.

– E você quem é...?

– Alguém... Não muito importante... A bebida daqui é boa?

– Por que não experimenta...? – O espadachim colocava a garrafa de vinho na frente da morena que passou a olhar fixamente para o rótulo.

– Hmm... 25% de etanol? Você está de dieta? – Ironizava.

– Não estou a fim de tomar nada pesado hoje. – Retorquia desinteressado.

– Deve ter um motivo bem especial... Não que seja da minha conta, ahaha... – A garota indagava relutante, já ele sorria discretamente.

– Você tem um péssimo senso de humor.

– Jura...? Mas eu estava pensando em trabalhar num picadeiro...

– Então eu sugiro que você vá.

– Você é mesmo um monstro, exatamente como dizem por aí! – A morena esbanjava um sorriso cínico em resposta.

– E você carrega uma espada lendária... – Zoro atentava para a katana rara que estava preso na cintura da morena.

– Ohh, isso aqui? É só uma mercadoria confiscada. Eu não sou uma espadachim.

– E eu ainda caço piratas. – O moreno delibava sua bebida após escarnecer da situação onde a mulher parecia mentir descaradamente.

– Heh... Isso não faz sentido, mas se me der licença, vou me retirar agora. Estou fugindo de maus olhados hoje. – A garota fazia menção de se levantar, mas Zoro havia rapidamente colocado um pouco da bebida no caneco que estava numa das bandejas em cima do balcão, no intuito de fazer com que ela continuasse ali, convidando-a mais uma vez a se sentar e atentando para um olhar mal intencionado proveniente de uma certa ruiva a metros de distância.

– Não se preocupe. Ela pode ter esse olhar tenebroso, mas não representa nenhum perigo.

– Tem certeza? Parece que ela vai me engolir a qualquer momento. – A morena voltava a se sentar ao lado do espadachim enquanto observava Nami de longe.

– Se fosse assim, já teria sido devorado e digerido há muito tempo... – Contradizia, nem um pouco interessado se aquilo deixaria Nami com mais ódio.

– Mas você é um cara de sorte... Ela é uma gracinha... – A morena ria cinicamente no ímpeto de irritá-lo.

– Eu não acho. Ela é mesquinha, arrogante e gananciosa demais.

– Belos atributos... Aposto que vocês se dão muito bem! – A garota provava a bebida e fazia uma careta incompreensível no mesmo momento.

– Não ficamos no mesmo ambiente nem dois minutos. Isso é o bastante pra você...? – Zoro tentava mostrar para a garota que acabara de conhecer, sua real relação com a ruiva, mas a mesma ficou em silêncio por um tempo considerável antes de retornar.

– O amor é lindo... Mas... Caramba, isso aqui é água pura... Eca!

– Você é idiota? – Contestava indignado.

– Bem, se você quiser, eu tenho algo que despertaria o interesse de qualquer mulher no mundo em você. – Desconversava sarcasticamente.

– Não obrigado. Não sou adepto a amarrações amorosas e muito menos relacionamentos fora de época.

– Ahahaha... A vida de pirata é mesmo um horror... Tenho dó de vocês! – Naquele momento a garota deixava claro que ela parecia não ser uma pirata. Mas então o que ela era?

– Você é alguma marinheira disfarçada ou algo do gênero? – Zoro indagava, tentando entender por que uma garota como aquela carregava uma katana rara e ainda se dizia não ser uma espadachim.

– Heh... Marinha? Péssimo palpite. Nunca me juntaria a essas marionetes manipuladas pela corte imunda de Marijoa. Se for pra chutar, eu sugiro que arrisque uma posição mais alta.

– Hmm... Não faço idéia... – Por fim vencido, Zoro não conseguia imaginar que tipo de posição alta uma garota como aquela poderia ter e que não tivesse ligações com o governo.

– Mas seja como for... Sua namorada não está gostando nem um pouco de nos ver bebendo juntos. Estão brigados?

– Não exatamente... Só acho que não devemos ter esse tipo de aproximação, e... Espere! Ela não é minha namorada e por que estou te dando satisfações da minha vida pra você!?? – O moreno interrompia a conversa de modo grosseiro e incivil. Costumava se perder quando começava a desabafar com alguém, ainda mais se tratando de estranhos que coincidentemente lhe faziam abrir o jogo sobre assuntos que escondia até mesmo de seus companheiros de navio.

– Hihihihi... Que bonitinho! Ele ainda não consegue reconhecer seus próprios sentimentos!

– Acho que você quer morrer hoje... – Zoro tirava uma de suas espadas do cinturão, fazendo com que a lâmina ficasse a poucos milímetros do pescoço da garota. Ela continuou parada e bebendo, como se nada estivesse acontecendo.

– Que tal uma disputa? Se você ganhar, posso ceder esse encantamento que te falei.

– Heh... Não foi você mesma que disse que não era uma espadachim?

– Bem... Digamos que eu ainda esteja aprendendo a manusear uma espada... Certamente você vai vencer, então por que não aprender um pouco com um usuário Santoryuu?

Zoro deu um meio sorriso cínico. Aquela garota era bem misteriosa e algo nela lhe despertava um pouco de adrenalina. Talvez fosse o olhar, ou as palavras dela, que em sua maioria pareciam sarcasticamente tornar o ambiente um lugar mais interessante.

– Eu aceito o desafio. Aonde vamos lutar?

– Tem uma plataforma própria para combates no andar de cima. Vamos para lá.

– Certo.

Zoro e a misteriosa garota de cabelos negros saíam do lugar onde estavam e subiam as escadas. Nami havia visto a cena e se sentiu incomodada, porém fingiu não ligar. Foi então que a ruiva resolveu ir para a tenda de apostas.





Por mais que tivesse um de seus melhores entretenimentos, a ruiva tentou de todas as formas esquecer a cena onde Zoro conversava com a tal mulher, mas não conseguiu. Quando resolveu sair, ficou presa numa aglomeração de pessoas. Todos estavam subindo para a plataforma na parte de cima do navio para ver a luta entre os dois.

Depois de se desvencilhar da multidão, Nami achou Franky numa máquina de dança e Karaokê junto com Robin que estava cantando. Ela ficou perplexa por ver a cena mais absurda do mundo: Franky estava dançando de forma completamente esquisita, enquanto Robin cantava. Mas a música era sombria demais e a dança não estava em sincronia. Era a pior cena de terror que vira em sua vida. Mas pelo menos aquilo havia conseguido lhe distrair um pouco.

Sentou-se num puff que havia ao redor das máquinas de dança e karaokê. Franky parou de dançar e se sentou ao lado dela, mas Robin continuou cantando uma letra muito tenebrosa por sinal.

– Você não deveria estar apostando? – O ciborgue perguntava discretamente.

– Não estou com muita sorte hoje... – A ruiva respondia desanimada.

– Não está com muita sorte ou está triste por causa do Zoro?

– O-o-o-o-quê?? Do que v-você está falando? – Nami não pôde esconder o constrangimento ao descobrir que Franky havia acertado bem em cheio. Seu rosto corou miseravelmente, denunciando ainda mais o que tentava esconder.

Robin percebeu que Franky começou a conversar com Nami e colocou uma música ainda mais melancólica, daquelas em que você é chutado por alguém. E então a morena começou a cantar imediatamente.

– Como você pode achar que estou triste por causa de alguém? Você é um péssimo observador...

– Hmmmmm... Acho que você tem razão... Você não está triste. Desculpe por interpretar errado.

“O luar me envolve em angústias e aflições... Ooh, por quê você está tão distante de mim? Por quê não percebe que está me dilacerando assim...” – Robin cantava bem, e muitos homens que estavam ali ficaram babando pela forma como a mesma cantava.

Nami suspirava aliviada ao concluir que talvez estivesse precipitada ao achar que Franky podia ter percebido que ela e Zoro tinham uma atmosfera bem distinta dos demais.

– Você só está com ciúmes, não é? – E mais uma vez a ruiva foi surpreendida por ter a sentença acertada pelo marceneiro.

– Hãããããã!? C-ciúmes? De quem? – Tentava disfarçar, mas sua expressão mostrava justamente o contrário.

– Ciúmes daquela mulher com Zoro.

– Você ainda insiste nisso??

– Isso é algo que qualquer um perceberia. Embora somente eu e Robin saibamos, já que todos ali são inexperientes e inocentes demais.

– O-o quê!? A Robin te disse algo?

– Ela não me disse nada. Eu já tinha sacado que a relação de vocês dois era bem estranha, desde que voltamos para Water 7.

Nami ficou sem fala. Como eles dois sabiam tanto apenas por observar?

– Vocês podiam apenas cuidar de suas vidas e me deixar em paz... – A ruiva fez uma carranca em reprovação.

“Mas você não percebeu seu egoísmo ambíguo e cortou meu coração em pedaços...”

Nami e Franky começaram a prestar atenção na letra que Robin estava cantando. Várias veias surgiram instintivamente na testa da ruiva por constatar que Robin estava cantando uma música que lembrava muito o que ela estava passando naquele momento por causa do espadachim.

– Hey, o que vocês estão fazendo aqui?? – Usopp surgiu do nada, questionando a dupla que estava sentada observando a companheira cantar.

– Não é da sua conta! – O tom de raiva de Nami havia assustado o atirador.

– Bem... Só pensei que vocês quisessem ver o Zoro lutando contra uma mulher lá na plataforma. Ela parece ser do mesmo nível que ele! – Dizia empolgado.

Aquela recente frase havia sido o cúmulo para ela. – Quer dizer que além de ficar horas papeando com aquela mulher, ainda se dá ao luxo de lutar contra ela? Pra quê? Pra testar as habilidades dela e ver se eles têm algo a mais em comum? É claro que ele preferiria uma espadachim, não é mesmo? Afinal, sua ex-namorada era uma também. Por que ele iria querer uma garota tão fraca como eu, sendo que havia uma muito mais forte perto dele agora? – A ruiva pensava e se indignava por constatar que o ciúme estava se transformando em paranoia.

– Quem quer ver aquele idiota lutar? Quer saber? Vou voltar para o navio! – Nami saiu pisando duro e empurrando todos que estavam em sua frente.

– Hey... Nami...! – Usopp ficava sem entender por que a mesma havia ficado tão nervosa. - Eu fiz algo...?

– Não se preocupe. Não é de você que ela está com raiva. – Robin respondia a pergunta do companheiro que estava com um ponto de interrogação estampado na face.

Nami saiu empurrando todos que cruzavam seu caminho, indo para a borda do navio. Ela pulou de cima dos balaústres, direto para um dos botes que haviam usado para chegar ao navio, afastando as cordas que o prendia na alça.

– Oeeee, Namiiiiiiiiiii! – Luffy gritava de cima de uma das velas do navio.

– Arrghh.... – A ruiva estava com tanto ódio que até a voz de seu capitão conseguia lhe irritar ainda mais. Quando deu por si, Luffy havia pulado de cima da vela e ido parar direto no bote onde a mesma estava.

– Eu te vi lá de cima e... O quêêêêê?? Você já vai??? Por que não fica?? O Zoro está lutando contra uma mulh-

– EU NÃO QUERO SABER CONTRA QUEM ELE ESTÁ LUTANDO!!! PRECISO VOLTAR PARA O NAVIO AGORA!!! – Luffy tapou os ouvidos depois que a navegadora começou a gritar incansavelmente.

– Por que está brava?? Alguém te roubou!? – Luffy era tão inocente que associava o mau-humor da companheira com o grande vínculo que a mesma possuía com o dinheiro. Ele não conseguiria perceber nunca o dilema em que a mesma estava metida.

– Não, ninguém me roubou... Estou indo porque estou cansada...

– Mas você devia ver o que o Zoro vai est-

– Luffy... Pela última vez... – Suspirou antes de continuar. - EU NÃO QUERO VER O ZORO LUTAR!!!

– Você está chata hoje... Já que quer voltar, então vá! Vou voltar pra cozinha! – Esticou um braço ao balaústre do navio e saltou para cima do mesmo mais uma vez. A navegadora observava tudo calada. Estava se sentindo um nada naquele momento...







Nami havia ido para o banheiro de seu quarto e consequentemente se enfiou debaixo do chuveiro. Ficou ali por minutos apenas pensando o quanto se sentira fantasiosa, patética e idiotamente apaixonada por alguém que não poderia receber seus sentimentos. Todo aquele ciúme também era desnecessário. Zoro não se comprometeria com ninguém enquanto fosse um pirata. Ela sabia bem disso. E quem era ela para exigir algo dele? Não eram mais do que companheiros de navio e ele também possuía suas próprias ambições. Além disso, um relacionamento entre eles era impossível. Não poderiam ter algo assim. Seria difícil para ambos manterem qualquer coisa, pois sabe-se lá o que aconteceria nesta jornada. Tudo simplesmente poderia se transformar numa grande tragédia a qualquer momento. Se sentimentos e laços tão fortes estivessem envolvidos nisto, provavelmente sofreriam mais do que deveriam. Exatamente como Robin havia lhe prevenido anteriormente. Ela decidiu então não levar tal absurdo adiante. Zoro estava prontamente determinado a se manter distante. Então ela faria o mesmo.

Meia hora depois Nami saiu do quarto e se dirigiu para o convés. Se aproximou da balaustrada e apoiou as mãos ali. A brisa daquela noite estava densa. Ela estava vestida com uma camisola bege de alcinha e os cabelos estavam soltos, embora ainda estivessem úmidos por causa do banho. Ninguém havia voltado ainda e o barulho da música do navio era exageradamente perceptível. Contemplou as luzes por um momento e o semblante melancólico ainda se atrevia a permanecer em seu rosto por mais tempo.

– Por que saiu da festa tão cedo?

Nami havia se assustado com a pergunta repentina e se virou imediatamente para o dono da voz.

Ela franziu o cenho descontente ao avistar Zoro em sua frente. E mais descontente ainda por não conseguir despregar os olhos do corpo dele, por constatar que o mesmo havia de fato ficado extremamente atraente naquela farda negra de cavaleiro da guarda.

– O que você está fazendo aqui...? Não deveria estar lutando...? – Perguntava desinteressada enquanto mantinha uma carranca incompreensível no rosto.

– A luta acabou há pouco tempo...

– Hmmm... Legal... Estou indo dormir agora. Boa noite... – Respondeu desinteressada, dando as costas para o companheiro, mas foi surpreendida pela mão do moreno segurando seu braço. Automaticamente o rosto da ruiva exprimiu indignação. Justo agora que acabara de tomar uma decisão como aquela, ele tinha que começar com os joguinhos que lhe instigavam com tanta intensidade?

– Será que você pode soltar meu braço...?

– Não. Primeiro quero que fique com algo. – O espadachim tirava do bolso um colar de prata com um rubi vermelho pendurado. Nami ficou perplexa pelo que vira. Ela estava diante de uma das jóias mais preciosas que existia no mundo inteiro. Há uma lenda que diz que aquele colar pertencia à rainha dos sereianos na antiga ilha paradisíaca que afundou há muitos séculos. É uma das jóias mais procuradas e é estimada a oitocentos milhões de berries.

– Onde... Onde você conseguiu isso!? Me diga! – Os olhos da garota estavam mais abertos do que o comum. Parecia que ela havia visto um fantasma de tão assustada que estava. Sua voz mais alta do que de costume.

– Foi o prêmio do combate. Aquela garota me deu este colar.

– O quê? Como você pode ser tão ingênuo? Ela não te daria isto tão facilmente se não tivesse um propósito maléfico por trás!!!

– Não há com o que se preocupar. Confie em mim. Eu apenas disse a ela o tipo de mulher cara que você era...

– Você... Lutou por isto para me dar de presente...? – A ruiva deu uma longa pausa antes de continuar. – Mas seja como for, você não tem ideia do que esse colar representa! Se o governo mundial souber que estamos com isso, você sabe o que pode significar?

– Isto salda minha dívida com você?

Nami sentiu desapontamento naquele momento. Ela jurava que era um presente, no entanto, era apenas algo que podia saldar a maldita dívida feita em Loguetown.

– Eu não quero isto. Devolva imediatamente para ela! – Esticou o braço devolvendo o colar ao espadachim.

– Não posso devolver.

– Mas eu não quero!

– Por quê? Se for algo tão importante para o governo, então deveria ser para você também! Não quero mais ter nenhum débito com você, então considere essa dívida paga!

– Não! Como posso permitir que a vida de todos nós corra perigo por causa de uma jóia como esta!? – O espadachim olhou incrédulo para ela. Ele não estava acreditando no que estava ouvindo.

– Se este for o caso... Não precisa temer... Eu estou aqui e vou te proteger...

– Você está louco? Não posso deixar você arriscar sua vida por algo assim! Sei que sou gananciosa e mesquinha, mas não quero que se arrisque por isso... – Ele não estava ouvindo errado. Ela acabava de confirmar o que estava pensando. O espadachim deu um belo sorriso petulante naquele momento. Ele se aproximou ainda mais dela, deixando seus corpos quase colados. Nami podia vislumbrar aquele sorriso cínico que ela tanto apreciava, e sentir todo o conflito em seu estômago, ao qual lhe deixara sem ar, totalmente exasperada de tamanho nervosismo com toda a aproximação, porém, sua postura condescendente junto a sua aparência delicada e amena revelava justamente o inverso.

– Isto quer dizer... Que minha vida vale mais que esta joia...? – Indagou confiante e seu cinismo galanteador fazia com que a ruiva lhe odiasse ainda mais por estar prostrada internamente diante dele.

– E-eu não quis dizer que sua vida vale mais que esta joia, só que é desnecessário se arriscar por ela... – Ela tentava desconversar, olhando desesperadamente para o lado, fugindo de mirar-lhe os olhos que causavam um forte torpor. Ela estava decidida a se afastar. Faria o que ele tanto queria, então por que estavam ali daquela forma? Se perguntava.

Nami tomou a iniciativa de sair do enlace de Zoro, e caminhou para as laterais do navio.

– Eu realmente não quero isso. – Estendeu a jóia até o alto e a jogou no mar.

Zoro ficou completamente desacreditado com o que a companheira acabara de fazer. Naquele momento, ele concluía que estava equivocado quanto ao real caráter da ruiva. Ele não esperava que ela fizesse aquilo. Algo estava errado e ele ansiava em saber o por quê.

– Por que está fazendo tudo isso...?

– Tudo isso? É apenas precaução... Eu não quero que se aproxime mais de mim. A partir de agora fique longe... – A ruiva afirmava com determinação.

– Você também está levando isso a sério?

– Muito mais do que deveria, Zoro...

Por todas aquelas decisões ele não esperava. Como podia imaginar que ela também agiria daquela forma? Mais do que nunca, ele sentia a necessidade de comprimir a distância entre ambos. Como ela poderia abrir mão de uma joia preciosa pela segurança dele? De todos? Ele realmente não conseguia acreditar. A não ser que ela estivesse...

Imediatamente ele tornou a se aproximar dela, lhe encurralando entre os balaústres do navio. Se ela pudesse fugir, somente se jogando no mar, assim como fez com a joia.

– Me deixe ir... – A ruiva virava o rosto para o lado, tentando escapar do olhar que parecia lhe hipnotizar.

– Isto não é o que você realmente quer... – Levantou o queixo dela devagar, fazendo com que a mesma voltasse a encará-lo. A feição deslumbrada e alucinada que expressava diante dele só comprovava ainda mais o quanto os sentimentos que nutria pelo espadachim estavam mais vivos do que qualquer outra coisa que existia.

– Por que está fazendo isso comigo...? – Ela dizia baixinho enquanto mantinha os olhos semicerrados.

– Por que preciso saber a verdade... - O timbre se sua voz, definitivamente era algo que lhe incitava até o profundo e íntimo de sua alma. Ele parecia ter completo domínio sobre os sentidos dela, como se não conseguisse escapar de nenhuma outra forma.

Nami não entendeu a última frase e não houve tempo de contestar a aproximação. Ele já havia feito o que ambos tanto queriam. Os lábios haviam se encontrado e agora estavam em pleno contato. Nenhum deles se afastaria, por mais que quisessem. O deleitoso toque que almejavam ter a todo instante em que estivessem juntos atingia o ponto culminante quando tentavam se afastar e naturalmente viam-se presos novamente. Em meio ao enlace, Zoro tirou as luvas, somente para tocar os ombros femininos e sentir toda a sua maciez. Nami sentiu um arrepio percorrer por todo o corpo quando as mãos ásperas que manejavam espadas estavam pousadas e aos poucos eram deslizadas por toda extensão de sua pele. Quando sentiu seus lábios serem ainda mais pressionados, receando que todo aquele toque estivesse prestes a ser mais aprofundado, foi surpreendida pelo mesmo por ter interrompido tudo efemeramente. Ela não compreendeu porque ele estava lhe fitando de forma indecifrável.

– Então... Você realmente não bebeu... – O moreno constatava após ter provado os lábios da ruiva.

Nami ficou perplexa. Ele não estava levando tudo aquilo a sério? Ele só estava averiguando se ela havia bebido? Se questionou internamente como foi tão ingênua a ponto de ser enganada por ele.

– Por quê...? – Perguntava entristecida, como se mais uma vez o moreno tivesse retalhado seu coração, cortando os pedaços dos pedaços.

– Eu precisava saber se você não estava sob o efeito de álcool para jogar uma joia tão valiosa como aquela no mar e ainda me dizer sobre sua decisão, por que se está mesmo disposta a se afastar, então começamos a partir de agora.

– Mas...-

– E só pra constar... Eu nunca tive uma namorada.

Zoro finalizava com rispidez o começo de divergência com Nami. Depois de terminar de dizer tais palavras árduas, saiu do convés rapidamente, deixando a ruiva sozinha.

Nami sentia efemeramente lágrimas percorrerem seu rosto como gotas de chuva em dias de inverno. Sentia-se aflita e desolada. Era como se todos os sentimentos que nutrisse por Zoro naufragassem no mar e não restasse mais nada. Nenhuma alegria ou arrependimento. Apenas suplício e consternação.

Naquele instante Nami enxergava o rosto da tristeza. E ela estava sorrindo.


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Notas finais do capítulo

Eu espero realmente que vocês não odeiem o Zoro depois desse capítulo. Estou respondendo os reviews de todos dizendo que a Nami vai dar o troco e é o que pretendo.
Aconteceu de última hora: Uma viagem a trabalho. Talvez o capítulo do Time Skip demore um mês, então, por favor, tenham paciência. Como sempre digo, minha vida é bem inesperada às vezes e vira e mexe tenho que viajar. Isso por que ainda não me despreguei totalmente de SP mesmo morando no Rio :|
No próximo capítulo teremos: Perona e Mihawk jogando indiretas sobre os sinais que Zoro mostra sobre sua companheira navegadora. Algo bem legal e engraçado, principalmente por parte da Perona =P
Nami decidindo sobre seus sonhos e sentimentos por Zoro. Decisões em momentos de melancolia... Hora do drama! Muahahahaha xD
Ia dizer mais coisas que irão acontecer, mas se falar muito perde a graça.
Deixem reviews e sugestões. Ainda estou esperando os leitores fantasmas aparecerem e deixarem reviews, sendo que isso AJUDA MUITO na hora de escrever.
Nos vemos nos próximos ^/