- Você ta maluca garota? – Taylor dizia, enquanto Avril apenas bufava. – Se você quer foder com ele, vai lá e fode, mas vim com esse papinho de “eu te conheço de algum lugar, não é?” é estupidez.

- Mas, Taylor... – Taylor interrompeu-a.

- Vai falar com ele. – Disse séria. Avril tentou hesitar, mas Taylor logo a cortou. – Vai logo!

Avril suspirou, levantando-se da mesa em que estava sentada com sua “turma”. Por uma parte, ela entendia o fato de sua melhor amiga estar tão brava com ela, afinal, desde que ela colocou os pés na escola, não consegue ficar sem falar – ou pensar – em Justin. Olhou para o garoto dos olhos castanhos, observando-o; calça jeans surrada, camisa branca social de botões com as mangas encurraladas acima do pulso e Supra. Lindo, como sempre.

Respirou fundo, depois de olhar novamente para Taylor, que a lançava um olhar de “vai lá”. Suspirou, e com as pernas tremulas, começou a caminhar até Justin. Ela não entendia o porquê de estar nervosa, mas sabia que tinha algo naquele garoto, algo que ela conhecia e que queria saber o que era.

Justin conversava normalmente com seus amigos, e quando notou a presença de Avril próximo a ele, estremeceu. Havia tanto tempo que não a sentia tão próxima assim. Sentia falta dos velhos tempos.

- Oi. – Justin estremeceu ao ouvir novamente o som da voz da garota que ele mais amava no mundo. Ele não sabia exatamente o que dizer ou como reagir. O amor da sua vida estava bem ali, a sua frente, esperando qualquer tipo de resposta sair de sua boca, afinal.

- Olá. – Disse rapidamente a primeira coisa que invadiu sua mente. Avril se sentiu feliz e encantada ao ouvir uma voz rouca e sedutora sair daqueles lábios avermelhados. Ryan, Chaz, Christian e mais algumas outras pessoas, observavam atentamente a conversa. Já era de se esperar, afinal, a garota mais bonita, popular e deseja do colégio, estava bem ali, puxando assunto com um novato, gostoso, mas ainda sim, misterioso.

E antes de qualquer palavra tremula sair da boca de qualquer um dos dois, o sinal tocou. É, a sorte não estava mesmo com eles.

[...]

Avril sentiu o chão tremer debaixo de seus pés assim que pisou dentro da balada de rock mais movimentada de toda Atlanta. Depois de muito insistir, Taylor conseguiu fazer com que a amiga aceitasse ir para lá. As luzes de cor rosa fluorescente e verde-piscina rondavam pelo local, capaz de cegar qualquer um. O som estava alto e parecia que os ouvidos de Avril iriam estourar com o barulho enorme. Garrafas de bebidas e copos quebrados tomavam conta do chão. A “pegação” que havia por ali? Ah, é difícil de explicar. O local era bem amplo e decorado; algumas paredes eram totalmente brancas, outras totalmente pretas e mais algumas pichadas, escondendo o verdadeiro tom de tal parede.

Taylor já não se encontrava mais ao lado de Avril. Deveria estar se “pegando” com algum garoto por aí. Pois é, ela já não estava mais de paixonite com o Derek. Mas, já era de se esperar tal coisa da garota, já que ela era uma das “pegadoras” de Atlanta e tinha quem quisesse na hora que quisesse. Involuntariamente, Avril se sentiu tonta com tantas luzes e com o barulho tão alto, e resolveu se sentar, a fim de fazer com que a tontura passasse. Caminhou até o pequeno “bar” dentro da balada e um garçom cheio de piercings e com delineador nos olhos, veio atendê-la. Avril pediu o de sempre; Tequila.

Enquanto isso, Justin observava a garota de cabelos loiros e maquiagem escura atentamente. Ela tomava um copo do que parecia ser Tequila, e parecia um tanto entediada. O garoto agradeceu aos céus por adivinhar que Avril estaria naquela balada. Rapidamente, como em um piscar de olhos, ele teve uma idéia. Idéia essa, que poderia causar boas coisas em questão de seu “plano”. Tomou o copo de Vodka da mão de Ryan e bebeu um pouco, sentindo o líquido descer queimando por sua garganta. Ryan o olhou, chateado com o ato de Justin, mas logo voltou sua atenção à loira que permanecia em seu colo. Justin odiava beber, poderia ser estranho, mas era a pura realidade. Estar com hálito de bebida; primeira parte do “plano” completa.

Meio nervoso e um tanto desengonçado, Justin caminhou até onde Avril se encontrava, sentando-se num lugar vago ao lado da garota. Assim que Avril notou a presença dele, ajeitou-se em seu lugar, perguntando-se se estava realmente bonita. Justin, notando tal ato, resolveu se pronunciar.

- Não se preocupe, você está linda. – Afirmou, e sorriu ao perceber as bochechas de Avril ficarem avermelhadas.

- Obrigado. – Respondeu Avril, sorridente. Ela realmente não sabia o porquê de ficar toda boba quando estava próxima do garoto dos olhos castanhos.

Inexplicavelmente, começaram a conversar. Vários assuntos surgiram, e quando foram perceber, pareciam amigos há anos. Justin com suas piadas tão sem graça que faziam qualquer um sorrir e Avril contando histórias engraçadas ao qual se passaram em sua vida – como se Justin não as conhecesse como a palma de sua mão –.

- O que acha de dançar? – Perguntou Justin.

- Seria ótimo. – Avril respondeu. Ambos levantaram-se e caminharam ao centro da pista de dança. Tocava uma música desconhecida para Justin, mas que Avril conhecia bem, afinal, era uma de suas músicas preferidas; Editors – Blood. Justin não sabia dançar muito bem músicas daquele estilo, e conseqüentemente, falava mais do que dançava. Avril dançava animadamente, enquanto também prestava devida atenção a Justin.

Justin tentava ao máximo se aproximar cada vez mais da loira a sua frente, tentando seduzi-la de alguma forma. Se estava funcionando? Muito! Mas Avril não queria parecer “desesperada”, por tanto, tentava ao máximo esconder o desejo de beijar os lábios sedutores de Justin. Ela sabia que aquilo não funcionaria por tanto tempo. Até que, por ironia do destino, alegria de Justin e desespero de Avril, um garoto passou por trás de Justin e acabou batendo no mesmo, que estava de frente para Avril, fazendo com que Justin desse certo impulso e ficasse muito mais que apenas próximo de Avril. Justin havia adorado aquilo, e se tivesse visto o garoto, deixaria um lembrete em seu celular de agrade-lo algo um dia.

As respirações dos dois se confundiam, e eles se olhavam atentamente. Era possível ver a lúxuria brotar do olhar de cada um aos poucos. Justin colocou suas duas mãos na cintura de Avril e a puxou de certa forma, fazendo a garota arrepiar-se. Ele tinha ‘pegada’. Avril colocou um de suas mãos na nuca de Justin e a outra na altura de seus braços. Justin aproximou-se um pouco mais da garota e finalmente selou seus lábios, provocando certo tipo de arrepio em seu corpo. Fazia tanto tempo que ele não selava aqueles lábios. Involuntariamente, entreabriu os lábios e roçou sua língua nos lábios de Avril. A garota, sem hesitar, entreabriu os lábios, fazendo a língua do garoto invadir sua boca rapidamente. Suas línguas travavam uma batalha gostosa e ao mesmo tempo quente. Justin acariciava a cintura de Avril, e às vezes, dava alguns leves apertões, provocando gemidos lentos da garota entre o beijo. Avril, por sua vez, puxava fortemente o cabelo de Justin, e vez ou outra, dava algumas mordidas nos lábios convidativos do garoto.

Infelizmente, um ser - humano precisa de oxigênio, e por esse fato, encerraram o beijo com alguns selinhos leves. Ambos sorriam, enquanto tinham as testas coladas.

É Justin Bieber, seu plano realmente deu certo. Pensou o garoto.

[...]

Eram exatas 03h36 quando Avril pisou novamente no chão de sua casa. Com o cabelo um tanto bagunçado e a maquiagem um pouco borrada, ela acenou para Justin e soltou um beijo no ar para o mesmo, fazendo-o sorrir. Logo seu carro já sumira em meio à névoa da noite. Avril chegou cuidadosamente a porta, e fez certa expressão de ódio quando a tranca fez aquele barulho chato. Apoiou-se na parede e tirou os saltos, a fim de não causar mais nenhum tipo de barulho. Ela sabia o quanto seus pais ficariam bravos se a vissem chegando da balada há essa hora. Não que eles fossem chatos ou algo do tipo, mas ela conhecia seus pais. Ela também sabia o quanto seria difícil para acordar no outro dia, já que não iria descansar e dormir quase nada.

Na ponta dos pés, subiu para o andar de cima. Deu uma “espiadinha” no quarto de seus pais e eles dormiam jeito anjos, deixando Avril um pouco mais tranqüila. Entrou em seu quarto e fechou a porta lentamente. Desta vez não causou nenhum tipo de barulho. Avril despiu-se e tomou um banho rápido, colocando seu pijama preto com ilustrações de caveiras. Apagou as luzes de seu quarto, fechou a cortina e deitou-se finalmente em sua cama. Ela sentiu seus pés formigarem ao perceberem que finalmente descansariam. Inexplicavelmente, a imagem do beijo que Justin havia dado-a invadiu sua mente, fazendo um sorriso gigante brotar sem seus lábios. Levou uma de suas mãos aos seus lábios e tocou-os com a ponta dos dedos, fechando os olhos e tentando reviver a sensação de ter aqueles lábios macios e quentes colados aos seus de novo.

É Avril Lavigne, você está parecendo uma adolescente retardada. Riu de seu pensamento.

Acomodou-se um pouco mais debaixo das cobertas e adormeceu pensando no sorriso de Justin.