Minha mão hesitava na maçaneta, por mais que eu tentasse nunca conseguiria abrir aquela porta – não do jeito convencional. – Me afastei da casa a fim de pegar uma boa distância, e com um único chute o velho pedaço de madeira caiu.

–P-Peggy. O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI! – Lisa cuspiu as palavras, surpresa e totalmente assustada.

–Isso mesmo sua vadia, achou que eu ia deixar você livre? – Gritei

– Ultimas palavras Best? –Ela disse sarcástica enquanto engatilhava uma arma idêntica a minha.

–Eu vou te matar.

Ponto de Vista: Matt.

Entrei na casa logo após Peggy dar o sinal. Por sorte as escadas ficavam perto da porta dos fundos, o lugar era imundo e precário, havia madeira podre por todo lado. Sophie estava em um quarto sujo no segundo andar da cabana, eu a encontrei chorando e abraçando os joelhos.

–Hey pequena, achou que ia ficar ai pra sempre?

–Matty! – Ela gritou de felicidade.

–Pssshhh! Agora segue o tio Matt e fica bem quietinha tá? – Ela fez que sim com a cabeça, e me acompanhou.

Descemos as escadas rapidamente, na sala, Lisa e Peggy discutiam e apontavam suas armas para a cabeça uma da outra. Peggy me lançou um olhar, me implorando pra que eu me assegurasse que a irmã ficaria a salvo. Peguei Soph no colo e sai correndo, ao entrar na mata ouvi dois tiros ao longe, naquela hora meu coração pesou uma tonelada.

Chegamos ao carro, as minhas lagrimas escorriam livres levando com elas uma parte da dor que habitava minha alma. E se Lisa fosse a mais rápida no gatilho? E se Peggy fosse mais uma das inúmeras vitimas que conheceram seu fim por meio de Lisa Croft? O som do meu celular me trouxe de volta e esta galáxia.

–Peggy? –Era a voz de Anne.

–Não Anne sou eu, Matt.

–Matt, eu descobri algo muito importante sobre a Lisa. – O nome dela enviou uma onda de ódio mortal ao meu corpo.

–Tudo que eu quero agora é a morte daquela vadia.

–Ela é filha da Senhorita Morello.

–Hã? Morello. Cris Morello. A nossa professora.

–A própria, ela colocou a filha pra adoção semanas depois do parto. – Eu não tinha mais controle sobre a dor no meu peito.

–Ela pode ter morrido!

–Como? Você que dizer...

–EU NÃO SEI TÁ BOM! ELA DISSE PRA EU IR EMBORA E EU FUI. EU A DEIXEI MORRER...

–Matt, eu sinto muito, mas você tem certeza que ela tá morta?

–Não. – Respondi ainda com lagrimas nos olhos.

–Então não há motivo para celebrar o funeral sem o defunto. – Não respondi. – A nossa Peggy é guerreira com certeza vai escapar dessa, e ainda vai pendurar a cabeça da puta louca em cima da lareira como um alce morto. – Não pude deixar de rir, ela e Lupi formavam um casal de nerds, mas de vez em quando Anne deixava escapar um comentário carregado de humor negro.

–Ok Anne, obrigado. Eu vou voltar pra cidade, recuperamos a diabinha da Soph

–Ei... - Sophie se manifestou no banco de trás.

–Tchau.

–Tchau. - Meti o pé no acelerador sem dar a mínima para o limite de velocidade, quanto mais rápido eu chegasse em casa mais cedo Sophie estaria em segurança. Só espero que Peggy também esteja bem.

Ponto de Vista: Anne.

–Acredita em mim agora? – Apontei para o arsenal de facas reluzentes em cima da mesa do quarto de Lisa.

–Minha própria filha fez tudo aquilo? – Cris parecia horrorizada, não era pra menos, nenhuma mãe merecia descobrir que a filha era o capeta em pessoa.

–Cris... Eu sinto muito por isso, mas você não tem culpa de ela ser, bem uma psicopata.

–Eu sei que não, mas...

–Deve ter sido difícil ter que dar sua filha pra alguém. – Comentei.

–Na época parecia a melhor opção. – Ela se sentou na beira da cama, com lagrimas nos olhos.

– Eu era jovem, tinha uma vida toda pela frente, a última coisa que eu queria era um bebe, chorando no meu ouvido. Então a deixei no primeiro orfanato que vi no caminho, e fui embora. – Ela sorriu sem humor nenhum. – Queria ser atriz, ter fama, pelo visto a sorte não foi muito minha amiga.

– Cris, você pode contar comigo pra qualquer coisa. – Eu realmente queria ajudar, ela era muito legal, do tipo “hey se você tem um problema, me conte eu posso te ajudar”.

–Muito obrigada Anne, você é uma das minhas melhores alunas. – Ela se levantou e saiu tranquilamente do quarto, deixando um silêncio perturbador.