Em nenhuma das ocasiões de minha vida, até agora, me passou pela cabeça que um dia isso iria acontecer. Bem... Essa é a minha sorte, pois se eu soubesse, anos atrás, ou até mesmo dias, não acreditaria que iria acontecer, mas agora... O azar é ter que passar por isso!Não agüento mais olhar. Como diz o ditado “o que os olhos não vêem o coração não sente.” Não acredito nisso. Meus olhos estão bem fechados neste instante, mas não consigo me controlar, tenho que mandar isso para algum lugar, pois mamãe me disse que poderia ir para o cérebro e acabar tendo um derrame ou coisa assim, pois então, sinto elas caírem por meu rosto de um jeito desengonçado, todo atrapalhado, de um jeito que nessas horas só a Meggy me faria sorrir. E elas continuam caindo, até chegar em minha boca, totalmente seca, e sinto o gostinho delas, mas não é qualquer gosto, é uma mistura de picolé de uva com abacaxi, meu preferido. Mas elas não param por aí. Continuam caindo e caindo cada vez mais, até chegarem em meu pescoço, que de um jeitinho bom, começa a arder, não sei como gostei disso, mas... Bem elas continuam o seu caminho, até chegarem em minha barriga aonde faz muita cosquinha, como Furfly me fazia, quando chegam em minha perna começam a escorregar para o lado e ir em direção ao chão. Minha felicidade acabou aí. Até instantes atrás tinha algo no que pensar, mas agora elas se foram, e não voltarão de jeito nenhum. Só se eu me esforçar bastante, o que não é minha especialidade, sempre fui ruim em me esforçar para fazer qualquer coisa que envolvesse exatamente “fazer esforço”! Papai sempre tirava sarro de mim: “a filha... se um dia eu precisasse de ajuda, a quem pediria? A você ou ao esforçado lá da esquina? Bem... Eu escolheria a segunda opção, já você e o esforço nunca se darão bem. Hahahaha...” ele se matava rindo disso, mas eu não vejo muita graça não, mas eu ria junto com ele, pois gostava do jeito que ele fazia essas piadinhas.

De repente, um silencio, não totalmente, sinto as vozes ao meu redor ficar mais baixas, assim como o som das minhas risadas que, até a pouco saiam sem esforço, e vão ficando cada vez mais baixas, sumindo, cada vez mais, até chegar a um silencio total. Começo a ficar eufórica, o que aconteceu com todo mundo que me cercava á anos atrás? O que estava acontecendo comigo?