Nascidos Do Sangue escrita por Dickens


Capítulo 1
Noites Ruins


Notas iniciais do capítulo

eu nao sei escrever direito(acreditem, o ENEM me diz isso todos os anos), mas essa fic estava pedindo para ser escrita a um bom tempo, entao resolvi expulsa-la da minha cabeça.
boa leitura!



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Sua mão separou-se da de seu irmão de maneira lenta.



Ela podia sentir o quanto sua pele estava gelada, o quanto
ele estava nervoso, o quanto ele estava amedrontado. Sentados em frente à casa que
fora o lar deles. Olhavam ao redor todas aquelas pessoas uniformizadas, os
carros de policia, a ambulância. O único contato entre eles eram suas mãos
ligadas uma a outra, desde que ele a tinha encontrado escondida no armário
coberta de sangue, James não a largara. E ela parecia em choque.



Em meio a todo aquele barulho, toda aquela confusão, ela
sentiu que ele tremia enquanto trocava um olhar com ela. E nesse momento ela
soube.



Soube que a partir dali não compartilhariam mais apenas o
sangue e os segredos. Eles também dividiriam a dor e a vergonha pelo resto de
suas vidas.



Pelo menos ela o tinha para dividir o fardo. Ficariam
juntos, um cuidaria do outro, assim como sobreviveram as brigas de seus pais,
eles sobreviveriam a isso.



–-- “Eu vou cuidar de
você sara” - Disse James à irmã mais nova – “Não vamos deixar que isso nos
destrua!”



A felicidade de ouvir aquilo durou até que sara notasse a
mulher vindo em direção a eles acompanhada de dois homens estranhos. Suas
roupas alinhadas, os cabelos em seus devidos lugares e umas caras que ela já
havia visto varias vezes aquela noite. Pena.



Isso não seria boa
coisa
. Pensou.



–-- “Desculpem-me. Meu nome é Anita Gibs, somos do serviço
social e infelizmente tenho que pedir que se despeça de sua irmã.” Ela
dirigiu-se apenas a James e em nenhum momento parecia sequer notar a presença
de sara.



–-- “Você vai leva-la? Não pode fazer isso, ela é minha
responsabilidade agora”.



O suspiro que a mulher soltou junto com um rápido olhar para
os dois homens poderia traduzir os seus pensamentos. ”Ele vai dar trabalho”.



–-- “ James. Você não tem idade para assumir uma
responsabilidade dessas e não foi possível localizar ninguém de sua família. O
governo tomará conta de vocês ate que tenham idade suficiente” – Era estranho o quanto a ultima parti pareceu
como um discurso ensaiado, calculado, memorizado.



–-- “Vocês não a levarão”. Sara pode sentir a firmeza na voz
de seu irmão.



A mulher olhou rapidamente para os dois homens como se
estivesse selando um acordo.



–-- “Eu realmente não queria que fosse assim, mas vocês não
podem ficar juntos agora!”



E assim com um único gesto ela separou as suas mãos e
agarrou a da menina.






Para Sara sua mão separou-se da de seu irmão de maneira
lenta. Tudo agora se passava de maneira lenta.
A tentativa de luta de James sendo impedida pelos dois homens que o
agarraram assim que a mulher a separou dele.



Os gritos mudos de seu irmão em meio ao choro de ambos. As
outras vozes que diziam que tudo ficaria bem. As vozes que mentiam, ela sabia
disso.



Sara queria apenas James ao seu lado e ouvir o que ele
tentava lhe dizer. Mas ao virar-se em sua direção só conseguia distinguir
algumas palavras enquanto era levada para longe.



“Não deixe que isso a
destrua Sara!”.



“Somos melhores que
isso!”



Os gritos de James ficaram cada vez mais distorcidos, misturados
ao som de um alarme e ela não conseguia mais distinguir nenhum som além do bipe
insistente.



Trim., trim., trim. Um, dois, três.



Sara despertou em sua cama encharcada pelo suor.



Não havia mais James, policia ou qualquer outra coisa.
Apenas ela, sozinha na escuridão de seu quarto e o barulho do toque de seu
despertador ao lado de sua cama. Com o olhar desorientado precisou só de um
segundo para desliga-lo e dois para lembrar-se do sonho que tivera. Novamente
aquele sonho. Os gritos, o sangue, as luzes e os olhares.



Já era a terceira vez aquela semana. Desde que James fizera
contato pela primeira vez eles haviam se tornado rotina em suas “noites”. Precisava fazer algo logo, ou eles a
acompanhariam sempre. Muito mais constantes do que as outras vezes.



Eu sei o que fazer,
preciso falar com James.



Ela riu com a possibilidade de tal coisa, alguns dias atrás
isso seria uma ideia muito distante. Já se fazia anos que não via o irmão,
desde aquela noite. Mas agora era diferente, ele estava em Vegas e a tinha
procurado, lhe dado seu novo endereço e seu telefone, queria que fossem uma
família novamente e que conhecesse seus filhos e mulher. Ela lhe prometeu que
pensaria nisso.



Já pensei demais sobre
isso.
Sara decidiu-se, falaria com James o mais rápido possível e lhes
dariam uma segunda chance, porem não esta noite. Esta noite ela já estava
atrasada para o trabalho.



Arrumou-se em tempo recorde, mesmo tendo demorado bastante
em frente ao espelho na tentativa falha de esconder o cansaço de seu rosto. Dane-se, ninguém vai perceber todos temos
noites ruins.
Pegou suas chaves e
seguiu para seu carro, para o trabalho e para mais mortes. Pronta para
substituir seus fantasmas pelos fantasmas dos outros.


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Notas finais do capítulo

iai?
continuo ou procuro outra coisa para fazer?
diz aí... só nao esculhamba, por favor!