Believe escrita por emeci


Capítulo 7
5 - Os teus lábios, a minha maior fraqueza


Notas iniciais do capítulo

Lindinhas! Oi, como vocês estão? Desculpem por ter demorado a postar este capítulo, mas queria que ficasse perfeito :') Espero que vocês gostem e, já agora, este capítulo é dedicado à Cinthia, que me fez uma recomendação linda. muito obrigada flor!
Então, nos vemos lá em baixo.



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5º Capítulo (parte 2)

“(…) Your lips my biggest weakness (…)”

-U Smile


Tinha os olhos postos na TV e estava totalmente concentrada. Não podia perder outra vez. Era a sexta ronda que eu tinha perdido todas elas contra Justin. Mas estava confiante. Na corrida que acontecia na televisão eu estava um pouco mais à frente que ele – por milagre. Queria ganhar. Apertava o botão que fazia o carro acelerar, com força. Sorri. Só faltava mais uma curva e chegava à meta, primeiro que ele. Eu ia ganhar! Eu ia ganhar! Lalalala! Rodei o comando para a esquerda, com o intuito de fazer a curva mas o resultado não foi o pretendido. Um segundo depois de o meu carro ter começado a virar, reparei que estava em alta velocidade e ia sair da estrada. Não, não, não! Travei rapidamente quando vi um obstáculo, mas era tarde de mais. O carro derrapou, bateu no poste, voou pelos ares fazendo piruetas por causa do embate, e ainda em movimento, bateu contra outro carro vermelho quando aterrou, ficando totalmente destruído, mesmo perto da meta. ‘Tá de sacanagem, certo? E para piorar, o carro de Justin – que, só para constar, era preto e muito, muito lindo - passou pelo meu que, antes da batida e de arranhões causados por outras batidas não tão fortes, era roxo e ainda mais bonito que o carro dele, fazendo uma curva perfeita, sem encostar em nada, chegando à meta.

Que bom. Ele me tinha ganho seis vezes seguidas. Fiquei encarando a TV com cara de idiota até aparecer do meu lado “Game Over”. Estávamos ambos em frente á televisão, sentados em almofadas roxas, ligeiramente afastados. O comando ainda se encontrava nas minhas mãos.

--Ganhei de novo. – Justin disse, um pouco afastado de mim.

Olhei para ele, que estava com aquele sorriso fofo no rosto, orgulhoso da sua vitória. Por pouco não sorri também. Era quase impossível. O comando da x-box ainda estava nas suas mãos. Os olhos dele pediam incansavelmente a atenção dos meus. E a única coisa que eu conseguia pensar era o quão bonito ele era.

--Não gosto desse jogo. – falei, fazendo biquinho e encarando aquele mar castanho que também me fitava – Se não fosse o poste eu tinha ganho.

Sabia que podia não ser verdade. Afinal, Justin chamava a sua x-box de namorada, porque dizia que quer nos bons, quer nos maus momentos ela estava lá para ele. Eu gargalhei quando ele mo contou. E afirmou, que quando encontrasse uma garota que substituísse aquele objeto, seria o garoto mais feliz do mundo, uma vez que para a substituir a garota tinha que ser divertida, apoiá-lo em todas as ocasiões e ser capaz de o aturar horas e horas seguidas sem se cansar das loucuras que ele dizia ou falava. Portanto, ganhar um jogo a Justin Bieber era uma tarefa impossível.

Ele riu de mim, fazendo o hair-flip. O cabelo loiro já estava seco e agora dava vontade de passar a mão, mais uma vez. Cruzei os braços, pondo antes o comando no chão, e continuei fazendo bico, parecendo uma criancinha amuada. Não estava realmente triste, era só mesmo para brincar.

--Não quero mais jogar. – falei com vozinha de bebé. Ele riu, abanando a cabeça de um lado para o outro, e pousou o comando no chão. Depois olhou para mim, me encarando de alto a baixo. Eu também o olhava para ele. Aqueles olhos castanhos me fitavam de uma maneira única e eu tinha vontade de ficar os olhando para sempre. A t-shirt preta lhe dava um ar mais adulto, mas sexy, e a cada pequena coisa que ele fazia me derretia por completo.

Ele se arrastou até mim e se sentou bem do meu lado, com a perna dele tocando na minha. Depois me olhou de novo e um arrepio quente passou pela minha coluna. Engoli em seco.

--O que você quer fazer? – ele perguntou, naquela voz melodiosa.

Eu continuava com minha pose de amuada, que nem uma criancinha, mas totalmente derretida e com o coração batendo rápido. Ele era perfeito. E aquela noite, todas as coisas que tínhamos feito, todas as brincadeiras bobas, as conversas sem sentido, provaram isso mesmo.

--Nada. ‘Tou chateada com você. – menti.

Ele ergueu o sobrolho, como se perguntasse a razão, mas rapidamente percebeu que eu estava brincando. E mesmo que quisesse nunca estaria falando a sério. Quem é que consegue ficar zangada com aquela pessoa que significa tudo?

--Você tá parecendo a Jazzy agora. – ele falou, com um sorriso  de irmão babado. Jazzy era a irmãzinha dele. A criancinha mais fofa e lindega e cutxie desse planeta. E sim, ele a adorava.  – E sabe o que eu costumo fazer com ela quando ela está brava comigo?

Um monte de ideias passou pela minha cabeça. Desde Justin a lhe pedir desculpas cantando para ela, até ele pegando na irmã ao colo e fazendo figuras bestas para ela se rir. Abanei a cabeça, admitindo que não fazia a mais pálida ideia.

Ele fez um sorriso malicioso, antes de dizer:

--Isso.

Um segundo após aquela pequena palavra ter sido pronunciada pelo Biebs, eu me contorcia no chão e ria que nem doida. Aquele idiota estava me fazendo cócegas!

Eu gargalhava loucamente enquanto tentava, inutilmente, afastar as mãos dele de mim, uma vez que Justin era muito mais forte. As pernas dele estavam de cada lado do meu corpo, me prendendo ao chão, fazendo com que me levantar fosse uma tarefa que exigia muita mais perícia e força do que a que eu tinha. Ele ria, divertido, devido ao meu sofrimento enquanto meus braços o empurravam pelos ombros.

--Justin, para! – eu gritei tentando recuperar o fôlego, no meio de risadas descontroladas. Cocegas eram o meu ponto fraco. Sempre foram. Desde pequenina que se alguém me tocava no pescoço eu começava a rir de uma forma quase espontânea.

--Diz que me ama e que me adora. – ele disse, rindo da minha situação.

Ele era tão idiota. Eu não ia dizer isso. Mesmo que fosse verdade, eu não o ia dizer. Porque a Carol que não era Belieber nunca diria isso a um garoto logo na primeira vez que o via. Mesmo que ele fosse muito gato, muito divertido, muito fofo. E naquele momento eu estava sendo aquela Carol. A Carol que não falava com posters dizendo que os amava, a Carol que não chorava ouvindo “Down to the Earth”, a Carol que sorri quando quer sorrir e diz as coisas apenas quando as quer dizer. A Carol que via Justin Bieber como um garoto normal, como um garoto cuja vida não era perfeita, como alguém com sentimentos, que se cansava, que se irritava, que fazia birras. A Carol que a partir daquela noite seria amiga do Biebs.

As mãos dele continuavam na minha barriga e eu ria cada vez mais, a cada pequeno gesto, a cada pequeno toque.

--Nunca! Eu não gosto de você! – disse com o meu maior sorriso, olhando diretamente para ele.

Ele também sorriu, sabendo melhor que ninguém que aquela era a maior mentira que eu tinha alguma vez dito.

O ar estava começando a me faltar e eu continuava rindo descontroladamente. Ele ria comigo. Ora pelas minhas caras estranhas, ou pela minha risada que era totalmente escandalosa, ou porque, simplesmente, gostava do meu sofrimento. Alguns minutos depois, ele, finalmente decidiu parar com aquela tortura, mas não se deu ao trabalho de sair de cima de mim. Ficou com aquele sorriso besta, que fazia covinhas, me encarando enquanto minha respiração voltava ao normal. Se ele tivesse continuado, talvez ficaria sem ar e morreria ali.

--Então princesa, ainda está brava comigo? – ele perguntou com um sorriso sapeca no rosto e o sobrolho erguido.

O meu coração acelerou. Toda aquela noite estava parecendo um sonho e eu agia como se assim fosse. Me deixava levar sem pensar o depois. Como uma folha é levada pelo vento. Não tinha objetivos nem missões a cumprir. Não tinha metas. Me limitava a viver o momento, e o que quer que ele fizesse eu alinhava, aproveitando a oportunidade. Porque no fundo, sabia que aquele dia maravilhosos ia acabar e que nunca se ia repetir. Mas mesmo com esta minha filosofia eu não deixava de sentir e de notar aspetos fundamentais. Como o fato de ele ficar extremamente atraente de preto, ou de me ter chamado de princesa e dito que eu era linda. Se calhar, para aquelas garotas realmente bonitas, que têm uma namorado charmoso, milhões de amigos, uns pais compreensivos e uma vida que eu achava perfeita, aqueles dois elogios eram apenas isso, elogios. Mas não para mim. Não para uma garota que pensava que era uma fraca, não para uma garota que sempre foi incompreendida, não para uma garota que tinha ouvido isso da boca do rapaz que ela amava.

Sorri do tamanho do mundo. Como é que poderia ficar chateada com ele? Aliás, como é que alguém podia não gostar dele? Simpático para todo mundo, sempre tentando fazer os outros sorrir… Como?

--Não seu bobo. Já não estou brava com você.

O sorriso dele aumentou, assim como o meu. No entanto nenhum de nós se mexeu, nem pronunciou uma única palavra. Os sorrisos desapareceram enquanto nossos olhos se acorrentavam. Eu não conseguia explicar. Por muito que tentasse, era como que de cada vez que o olhasse, todo ele me chamasse. Nunca tinha sentindo nada assim. O coração martelava forte. Me apoiei nos cotovelos para ficar mais próxima a ele. Ele me mirava e meus olhos continuavam submissos à vontade dele. Não sabia o que estava acontecendo. Só sabia que aquele desejo de algumas horas atrás, quando eu fora a Only Less lonely Girl tinha voltado. Aquele desejo de o querer beijar. De o querer tocar. E quando dei por nós, eu estava no colo dele, com as mãos nos ombros dele, o fitando. Nenhum de nós era capaz de mover um músculo. Estávamos simplesmente nos encarando com as respirações aceleradas sem fazer nada. As mãos dele estavam na minha cintura, fazendo com que eu não pudesse fugir. Com receio de recuar porque tudo aquilo era maravilhoso. Mas ao mesmo tempo não nos aproximavam. E durante alguns minutos, ficámos apenas ali, sentindo diversas emoções, com receio de avançar e que algo corresse mal. Porque, correria certamente. Eu era apenas uma fã e ele o meu ídolo. Eramos de mundos diferentes, pessoas diferentes. Mas ao mesmo tempo eramos bastante parecidos e aquele momento que tínhamos partilhado enquanto lágrimas escorriam pelos nossos rostos, provara-o. Eu não me soltara do mar achocolatado, nem minhas mãos se mexeram do tecido preto, perto de seu pescoço. Depois, extremamente atenta a todos os gestos dele, vi os seus olhos se fecharem durante instantes enquanto um longo e pesado suspiro saía da sua boca. Continuei imóvel, mas quando ele afastou as pálpebras uma da outra, fiquei preocupada. O desejo e a luxuria que há instantes se definiam naquela cor mel, tinham desaparecido, dando lugar a uma tristeza profunda, culpa e algum arrependimento. Vi ele murmurar qualquer coisa, mas foi tão rápido e baixo que não consegui compreender. E após isso, ele forçou um sorriso e perguntou:

--O que você quer fazer?

Meus olhos se abriram ligeiramente e me senti mal. Me senti terrivelmente mal. Tinha sido rejeitada, mais uma vez. Ou então a minha mente tinha inventado toda aquela atmosfera traiçoeira e coberta de deseja que eu pensara se ter instalado. Era o mais certo. Tudo não tinha passado de uma ilusão. Tirei as mãos dos ombros dele e as encarei, olhando para baixo, envergonhada por ter permitido que o meu cérebro fantasiasse tal coisa. Que absurdo!

--Não sei. – respondi num murmúrio, encolhendo os ombros. A verdade é que já tínhamos feito tanta coisa naquela noite que as ideias se começaram a tornar repetitivas. Logo após ele ter ido buscado os lenços, ficámos um pouco no sofá, conversando, comendo gomas e jogando ao “sério”. Eu sempre tinha perdido, obviamente. Mas quando um começava a rir, logo no segundo seguinte, o outro não se continha e gargalhava também. Lhe tinha pedido para ele me ensinar o dougie – eu sabia fazer, mas queria vê-lo dançar bem de pertinho – e quando demos conta, várias músicas conhecidas ecoavam do IPhone dele e cada um dançava da maneira mais absurda e patética que conseguia, fazendo caretas. Tínhamos pegado em celulares para fingir de microfone, e, quando ao acaso nos olhámos, ri-mos que nem doidos. Após o nosso “show” tinha perguntado ao Justin se ele tinha algo para comer, uma vez que estava esfomeada. Mas tendo em conta que aquele idiota fofo tinha comido dois Big Mac’s dos quatro que Pattie trouxera exclusivamente para nós, não tinha sido a única. Acabado o jantar – e depois de muitas batatas fritas, coca-cola e risadas – Justin me tinha convidado para o ajudar na extraordinária tarefa de seguir as suas lindinhas fãs no twitter. Obvio que eu tinha aceitado, com os olhos brilhando. Ele era tão carinhoso connosco. Os olhos dele brilhavam como estrelas e o seu sorriso era o mais encantador a cada tweet que lia.

«Porque você não as segue todas de uma vez?» eu perguntara, encostada a ele, observando os seus dedos se moverem habilmente no ecrã táctil segundo algumas fãs. «Porque não dá.» ele respondera calmamente. Eu o encarara, ficando bem pertinho dele. «Mas se desse você o faria?» Ele me olhara durante uns instantes, como se avaliasse a minha pergunta. Depois, suspirara, twettando mais qualquer coisa, e arrumara o IPhone no bolso das calças. «Se eu pudesse faria cada uma delas sentir especial. Abraçá-la-ias a todas. Uma por uma. Se eu pudesse os meus concertos seriam de graça para todas elas poderem ir. Tiraria fotos com todas as Beliebers que me pedissem e passaria autógrafos a todas as que me encontrassem na rua. Se fosse preciso, faria o tempo parar para me certificar que tinha ido a todos os países e cidades, e que não me esquecera de falar com nenhuma das minhas maravilhosas fãs. Faria elas verem que os sonhos se tornam realidade e que elas são tudo para mim. Porque se não fossem elas, eu não estaria aqui. Mas como não posso fazer quase nada daquilo que eu quero, ou porque é muito complicado, ou porque elas são muitas, ou porque é impossível, me limito a pensar nelas durante todo o dia. A dar o melhor que há em mim em cada concerto, a não as desiludir. A não as fazer desistir. Porque que eu sei… eu sei que, não importa quando ou onde, eu vou conhecer todas as garotas maravilhosas que choram por não me terem ao lado delas. Nem que não seja nesse mundo.» ele dissera, me olhando nos olhos, mas com o coração noutro lugar. Naquele momento, o meu coração batera descompassado, e os meus olhos se encheram de lágrimas. Aquele discurso tinha sido o mais lindo, o mais tocante que alguma vez ouvira. E quando eu reparara que dos olhos dele, tinha escorrido uma lágrima solitária, o abraçara. Num impulso, como que para simbolizar todas as fãs dele. Para o fazer sentir melhor. A culpa não era dele se ele não as podia conhecer. E também não era delas. Era… o destino?! «Não se preocupa, você vai conhecê-las todas e fazê-las todas muito felizes. Só precisa acreditar…» Ele sorrira e me apertara com força nos seus braços.

Depois desse momento fofo e que iria ficar para sempre na minha mente, tínhamos brincado às apanhadas, comido mais gomas, falado besteira, jogado x-box e agora estávamos ali. Um na frente do outro. Ele me encarando e eu olhando para as minhas mãos, ainda envergonhada por minha mente me ter enganado. Senti Justin se mexer e o dedo indicador dele pousar por baixo do meu queixo me obrigando a encará-lo.

Não queria olhar para ele agora. Era vergonhoso. Ele fez pressão novamente para cima mas eu continuava fitando minhas mãos.

--C… olha para mim. – ele falou, com a voz arrastada, implorando. Eu neguei, mas um pequeno sorriso aflorou meus lábios quando ele me chamou pela alcunha que criara para mim nessa mesma noite. – Anda… olha pra mim, por favor. – ele pediu com aquela voz de cachorro abandonado. Como se o fato de eu não olhar para ele o magoasse, o ferisse. Suspirei e, cedendo, ergui o queixo o fitando. Quando nossos olhos se encontraram ele abriu um sorriso e eu sorri também, como era de costume. De cada vez que o olhava era como se fosse a primeira. Como se o mundo parasse de repente, como se o tempo deixasse de andar.

No entanto, apenas quando ele tirou a mão quente, que me causava arrepios, de meu queixo e a ia levar para a minha cintura novamente, é que eu reparei. Tinha passado horas observando-o atentamente mas só agora é que reparara. Só agora…

O meu elástico! O meu elástico estava no pulso dele! Ele ainda não o tinha tirado! Olhei fascinada para o pulso dele enquanto este se movia e, sem pensar, travei o seu movimento agarrando-o na mão para certificar que aquele fio preto que dava a volta ao seu pulso era mesmo meu. E era. Olhei para ele com um grande sorriso pela minha descoberta. Aquele mesmo sorriso que as crianças fazem quando fazem um gol, jogando futebol e olham para a mãe; o mesmo sorriso que as adolescentes esboçam quando descobrem onde tinham guardado aquela pulseira que para elas tinha um valor especial. Porém ao contrário de meus olhos que deveriam estar brilhantes, ele me fitava de uma maneira um tanto… desconfortável?

Ele acabou por sorrir também quando meus dedos fizeram cocegas em seu pulso, como ele tinha feito comigo horas antes.

Humm, ele tinha cocegas.

Um plano se formava na minha cabeça, quando, num movimento rápido, ele prendeu os meus dois pulsos, com as mãos, à volta do seu pescoço, nos aproximando mais e me encarou bem de pertinho, com um sorriso travesso nos lábios. Aquela imagem fez o meu coração disparar. Eu estava tão vulnerável a ele. Qualquer coisa, qualquer gesto me derretia por completo. Me deixava mole, com um sorriso nos lábios. Me deixava hipnotizada. E com as nossas testas quase a se tocarem, eu senti, outra vez, aquela vontade incontrolável de o beijar. Pequenos centímetros separavam as nossas bocas. E como eu gostava de desfazer essa distância em apenas um beijo!

Não estava a ser racional, nem estava a ser a Carol que pensava estar a ser. Ou talvez estivesse e esta, talvez, se sentisse atraída pelo Biebs? Me censurei ao pensar tal coisa. Eu era uma fã. Eu era apenas uma garota normal e ele estava sendo apenas simpático. Mas então, o que tinham sido aquelas lágrimas, aquelas confissões, mal Ryan tinha fechado a porta? O que tinham sido aquelas brincadeiras e os raros olhares maliciosos?

Podíamo-nos considerar amigos, não era mesmo? Mas amigos não sentem o que eu estava sentindo naquele momento. Não pensam o que eu estava pensando naquele momento.

Porém, sabia que o que quer que fosse que acontecesse essa noite, não iria mudar a realidade. Porque esta era inquebrável como um pedaço de aço nas mãos de uma criança e inesquecível como o momento em que eu estive sentada na cadeira vermelha. Ela podia ser ignorada, mas o seu peso acabaria por se abater sobre nós logo no dia seguinte. Em poucas horas. Então, mesmo que tudo aquilo significasse algo – e as hipóteses eram bastante remotas – não valia a pena me iludir. Eu era uma fã. Uma fã com quem ele pudera conversar e desabafar. Talvez até uma fã amiga. Quem sabe uma fã que ele se recordaria. Mas seria sempre uma fã. E nem eu queria outra coisa. Porque ser fã dele, me tinha mudado, me tinha deixado orgulhosa. E eu não abdicaria da minha escolha de o meu coração lhe pertencer por nada.

E a voz dele, com aquele sorriso tentador, me puxaram dos meus dramas e desvaneios.

--Nem pense nisso, pequena. Não vai acontecer. Só eu posso fazer cocegas. – ele falou, num sussurro baixo, e um tanto misterioso.

Pequena… A palavra ecoava no meu pensamento vezes sem conta. Ele me tinha chamado de pequena. Talvez para aquelas garotas com uma vida que eu achava perfeita, se fossem chamadas de “pequena” poderiam até ficar ofendidas. Mas eu não. E aquela palavra significava tanto para mim. Quanto mais dita por ele! Me dava uma sensação de carinho, de amor, de segurança. Tudo o que, em sonhos, eu procurava em alguém. E era um nome tão lindo… Estava derretida. Um sorriso coberto de satisfação com uma pitada de felicidade floria, como uma flor de pétalas purpura, em meus lábios rosados. Se ele ao menos soubesse o que para mim era ser chamada de pequena, não o teria dito. Porque era um adjetivo tão íntimo, tão profundo, tão verdadeiro… Eu era pequena comparada com o mundo. Eu era pequena comparada com ele. Eu era pequena até para mim mesma. Mas ser tratada por tal, quando a voz que a pronuncia era a voz dele, me fez aceitar isso. Me fez querer que as pessoas me vissem como sou.

Eu fiz bico ao me abstrair daquela palavra linda e pensar no resto da frase. Então era assim? Não era justo! Ele podia me ver toda vermelha e me torturar e eu não podia fazer o mesmo com ele? Que injusto! Que idiota fofo!  

--Então você pode fazer cocegas em mim, mas eu não posso fazer em você? – perguntei, fingindo que estava ofendida, com o sobrolho erguido.

Ele riu, fazendo aquele som que eu tanto gostava. Me fazendo ir às nuvens e voltar.

--Viu como você acertou? – ele perguntou, ainda segurando os meus pulsos, mas agora fazendo um pequeno carinho neles, com o polegar. Um vai vem circular, ao de leve, que me fazia querer fechar os olhos e esperar o sono vir. Uma carícia suave.

Eu rolei os olhos perante o sorriso convencido que se assumira no seu semblante. Injusto! E depois sorri olhando o pulso dele e vendo o meu elástico lá. Se calhar ele se tinha esquecido de o tirar. Também era uma possibilidade. Muito mais realista do que todas as outras que passavam pela minha mente.

--Você está com o meu elástico. – comentei com o meu melhor sorriso fitando os olhos dele. Identificava os vários tons de castanho neles. Quase que poderia dar uma espreitadela para a alma dele, tamanha a intensidade que nos olhávamos. Causando uma vibração em todo o meu corpo. Deixando os meus instintos ávidos de um toque.

Ele fez aquele meio sorriso, um tanto envergonhado, mas não deixando de me olhar.

--Pois estou. – sorriso se alargou, fazendo as covinhas que eu tanto apreciava. Então ele sabia que estava com ele? E porque não o tinha tirado? E porque tinha ficado com ele? - Mas, lamento informar, ele agora é meu.

Eu soltei uma gargalhada que ecoou por toda a sala. Na na ni na não. Ok, sim ele podia ficar com ele. Nem me fazia falta. Era só que meio estranho… Para quê que ele queria ficar com ele? Talvez para não mo desiludir ao mo devolver. Sim, era o mais certo…

--Não é não. Você é que mo tirou. – disse sorrindo, fazendo manha.

Ele fez o hair-flip e olhou para mim, com um ar convencido fingido. Depois sorriu e disse, normalmente, naquela voz que eu tanto gostava. Naquela voz que eu ouvia todas as noites, cantando, através do meu IPod, com o intuito de ter bons sonhos.

--Você não tentou impedir.

--Claro. – eu rolei os olhos. Ele achava mesmo que eu o ia impedir de fazer algo? E, ali, naquele palco, então, eu estava totalmente deslumbrada maravilhada, num estado tão grande de êxtase que era impossível fazer qualquer coisa. Me tinha limitado a respirar e a guardar todo aquele momento na minha memória. – como se eu pudesse fazer alguma coisa com você cantando para mim. – disse sincera.

--Então você gostou? – ele perguntou.

Suspirei. Sim, gostei. Amei. Foi um dos melhores momentos da minha vida. Nunca o vou esquecer. Todas aquelas sensações, como me senti, as luzes, você cantando. Foi tudo mágico. Maravilhoso. E nem todas as palavras do mundo seriam suficientes para dizer o que senti, o que pensei, o que passei, o que vi durante esse dia. Porque elas não seriam nem suficientemente fortes para tal, nem eu tentaria explicar. Porque foram coisas que eu passei e que as outras pessoas não iam entender. Elas nunca entendem. Nunca entendem que o amar pode atravessar oceanos, e que um simples segundo pode fazer seu mundo parar. Como aquele em que eu te vi em cima do palco. Não entendem que o meu coração, quando está perto de você, fica sem jeito, sem rumo, descompassado, apenas guiado pelos teus gestos.

--Qual a garota que não gostaria? – perguntei com um sorriso. Realmente, eu acreditava que não havia. Todas as garotas do mundo gostam de se sentir especiais, únicas, com os nervos e sensações à flor da pele, onde até um olhar significa a paragem do mundo. Onde um passo nos faz ficar sem respirar. Onde um toque nos desfalece, destruindo todas as muralhas que criamos à volta do nosso mundo e coração, para ninguém lá poder chegar. E, mesmo que não gostassem dele – o que eu pensava que era uma loucura – iam se sentir maravilhosamente bem. As pessoas andam sempre à procura da perfeição, e mesmo quando ela se encontra à distância de um vídeo, de uma música, não a descobrem.

Ele sorriu de volta.

--Então posso ficar com ele?

Ficar com o quê? Meu coração? Não se preocupa, ele já te pertence desde há muito, muito tempo.

--Ficar com o quê? – meu olhar transmitiu dúvida. Do que é ele estava falando? Ficar com…? Justin encolheu os ombros e se aproximou mais alguns milímetros de mim fazendo minha pulsação cardíaca aumentar. Ele não podia continuar a fazer esses joguinhos comigo. Simplesmente se aproximar, assim sem mais nem menos, fazendo a minha mente fantasiar todo o tipo de movimentos e de sensações que eu faria se ele se aproximasse e depois se afastar. Me fazia mal. A mim, à minha mente. Porque de cada vez que ele o fazia, eu o desejava mais perto do que ele estava. Mais perto do que ele deveria estar.

--Seu elástico. – Biebs disse, simplesmente. Com uma calma na voz. Como se fosse obvio.

Eu sorri. Porque não? Só a ideia de ele querer algo que era meu me deixava nas nuvens.

--Claro.

Ele pousou meus pulsos em seus ombros. Os senti formigar pela falta do toque dele. No entanto estes relaxaram totalmente sobre o tecido preto. As mãos dele foram de novo para a minha cintura, fazendo um arrepio quente percorrer toda a minha espinha e a respiração ficar presa durante menos de um segundo. Estávamos de volta à posição anterior. Eu com as pernas quase que envolvendo as suas costas, sentada no colo dele, de frente para seu rosto. Um sorriso simples permanecia no seu semblante, mas não era isso que os olhos dele transmitiam. Pelo contrário. Nada de simples se encontrava espalhado neles. Apenas as mesmas sensações que se refletiam por cada pensamento da minha parte. Luxuria, desejo. Dos lábios dele. Dele. No entanto tal como da última vez, eles piscaram e passaram neles a estar refletida a tristeza e a culpa. O sorriso não desapareceu. Continuava lá. Como se ele estivesse feliz. Porém, eu sabia que havia qualquer coisa que o assombrava. E o deixava triste. Qualquer coisa com que ele se debatia.

Durante um mínimo segundo mas que não me escapou seus olhos fitaram a minha boca, ou foi essa a impressão que tive. No entanto, quando se aproximou, beijou a minha face, ao de leve. Provavelmente a agradecer pelo elástico. Depois de afastou e olhou para mim, com um sorriso alegre. Ele tinha jeito para fingir que não estava triste, tal como eu.

--Quer jogar mais um jogo?

Eu suspirei. Não estava com vontade. Seis derrotas em uma só noite já era muito. Sete então, acabava com todo o meu orgulho.

--Não Justin, vamos brincar de outra coisa… - pedi, esperando que ele tivesse uma ideia fascinante de última hora.

Ele fez biquinho e olhou para mim com cara de cachorrinho abandonado como se jogar mais um jogo fosse muito, muito importante. E então pediu numa voz de bebê:

--Só mais um C! Por favor, por favor! Eu faço tudo o que você quiser!

Eu ri. Ai que fofo! Que coisa mais linda! Com ele me olhando daquela maneira e pedindo com aquela vozinha ou só tinha vontade de apertar as bochechas dele com força e o encher de beijos. Claro que eu não o ia fazer. Mas vontade não faltava.

--Você fica muito fofo com essa carinha e essa vozinha. Parece um menininho com cinco anos. – comentei sorrindo boba, ainda entorpecida por aqueles olhos grandes e cativantes.

--Vem jogar comigo? – ele perguntou, agora com a voz normal.

Como se eu tivesse escolha. Tudo o que ele faria eu ia alinhar. Aquele era o espaço dele, o sofá dele, o apartamento dele, até eu era fã dele. Como poderia discordar com ele? Como poderia não o apoiar por mais boba que fosse sua decisão? Essa era uma das principais regras das Beliebers. Ser fiel ao seu ídolo. Apoiá-lo mesmo que você não goste da decisão, no entanto, chamá-lo à atenção e ficar triste. Mas não deixar de o amar. Nunca.

--Não tenho outro remédio, não é mesmo Dr. Bieber? – perguntei, fazendo um jogo entre a palavra remédio e uma música dele.

Ele gargalhou a alto e bom som, fechando os olhos e inclinando a cabeça para trás. Céus! Como aquele som era lindo. Quase tão lindo como a voz dele cantando. Podia ouvir aquela risada para sempre. Eu também gargalhei porque o riso dele era contagiante. Depois da barulheira nos encarámos e rimos e novo.

--Lamento senhorita. Mas esse estoque é limitado. Não aceitamos um não como resposta.

Eu ri. Ele era um bobo. E um idiota. E um branquelo. E um fresco. E um fofo. E um garoto totalmente perfeito.

--Então vamos lá jogar, enquanto eu me mentalizo para perder outra vez.

Ele riu, enquanto ambos nos levantávamos um tanto desajeitados e nos arrastávamos até aos nossos comandos que ainda estavam no chão. Estávamos jogando o mesmo jogo idiota dos carros. Se eu daqui a alguns anos, conduzisse tão mal quanto nesse jogo, estaria ferrada. Mas ferrada para valer. Dessa vez ele se sentou mais perto de mim, quase com sua perna tocando na minha. No meio do jogo, em vez de ficarmos totalmente concentrados, começámos a falar. Mais propriamente ele começou.

--C?

Eu ergui o sobrolho, pensando no porque de ele me estar chamando. Talvez para me distrair? Mas porquê se o carro dele estava mais à frente que eu, que, só por ter ouvido a voz dele me chamar, se espetou contra um arbusto verde?

--Sim?

Ele se mexeu e eu reparei que parecia estar pouco à vontade. Como se aquilo que o atormentava o obrigasse a mudar de posição constantemente. Se calhar era por isso que tinha pedido para jogarmos. Não devia querer ter o meu olhar sobre ele.

--Imagina… - ele fez uma pausa respirando fundo – imagina que você queria muito fazer uma coisa. Mas que você sabia que não deveria. Você a faria?

Ele estava… retraído? Desconfortável ao falar daquele assunto? A que é que se estaria a referir? Pensei um pouco… Então eu queria fazer uma coisa mas sabia que não a devia fazer. Será que a faria? Ou não? Isso dependia de muita coisa… Do que é que estávamos a falar, das suas consequências, o que é que implicava, o porquê de eu o querer fazer. Se fosse por ele, quebraria todas as barreiras, obviamente… Mas e se fosse para ir para casa de uma amiga minha às escondidas de noite, sem os meus pais saberem? Fá-lo-ia? Não, penso que não. Amo os meus pais, eles me dão tudo o que preciso e era incapaz de lhes mentir.

--Depende do que é que eu queria fazer, das consequências e porque é que eu não o podia fazer.  – disse, concentrada ainda no jogo. Reparei que o carro dele andava cada vez mais devagar. Se calhar aquela conversa era séria e ele estava refletindo sobre o que eu dissera.

--Não, mas …. – ele parecia tentar arranjar as palavras certas, tentar se explicar para não me dar a entender algo errado. Algo que não fosse verdade. – Mas e se você quisesse mesmo fazer isso? Se o porquê de você não o poder fazer tinha apenas a ver com o estilo de vida que você levava e a pessoa que você era?

Com o estilo de vida que eu levava e a pessoa que eu era? Como assim? Mas logo percebi o que ele queria dizer. Ou o que eu interpretei dessa conversa. Quantas vezes eu não quis mudar? Ser diferente para os outros me aceitarem? Deixar de me importar com a opinião dos outros? Me vingar delas formando planos malévolos e fazendo maldades tal como elas tinham feito comigo. Me defender. Me revoltar. Quantas vezes não o quisera fazer? E porque não o fiz? Porque eu não era assim. Sempre me preocupei com os outros. E tenho a firme certeza de que algo acontecesse a alguma delas até ficaria um pouquinho triste. Porque mesmo elas sendo frias, nojentas, más, cruéis, tinham sentimentos. Já as tinha visto chorar. E isso mostra que ninguém é perfeito. Ninguém é feito de pedra. No entanto se eu quisesse mesmo mudar, nada disso me iria impedir. E foi isso que aconteceu. Já que os outros não gostavam de mim eu ia apenas ser boazinha, fazer o certo. Acreditando que um dia tudo se ia acertar.

--Então talvez faria. Eu queria, certo? Eu queria mesmo, não é? Então, porque não? – perguntei desafiadoramente. Era nisso que pensava. Se eu quisesse mesmo, não seriam regras que me parariam. A vida era minha. As escolhas eram minhas. Os momentos eram meus. E não havia nada melhor do que ser recompensada por todos os seus esforços, por tudo o que você fez, por tudo o que você passou, como eu estava sendo naquele momento. Respirando o mesmo ar que ele. Olhando para ele tão perto que eu ia ao céu e vinha.

--E se isso envolvesse outra pessoa? Se esse ato envolvesse outra pessoa e, talvez, a afetasse? – ele perguntou um tanto receoso, com os seus olhos ainda na TV.

Suspirei. Quando nossos atos afetam outra pessoa é melhor não os fazermos. Porque essa pessoa tem sentimentos. E nós poderemos magoá-la, fazê-la sofrer. E isso não é bom. Porque há duas coisas que nós nunca devemos partir na vida: promessas e um coração. Mas e se fosse desse ato que dependesse o nosso sonho? De empurrar ou não a garota que estava na tua frente para chegar ao Biebs?

-- Não sei. Envolvendo outra pessoa é mais complicado, porque aí, se você não deveria fazer isso, ela também sairá prejudicada, certo? – fiz uma pausa. No entanto não era assim que eu vivia. O meu lema era aproveitar todos os momentos e pensar positivo.  – Mas quer que eu te seja sincera? Se você quer fazer, faça. É a principal lei da minha vida. A vida é sua, as decisões são suas e, em vez de se perguntar o que pode dar errado, se pergunte o que pode dar certo. Em vez de pensar nas consequências, pense no quão bom seria viver esse momento que você tanto quer. Em vez de pensar que você nunca conseguirá, persista, tente e tente outra vez. Porque, caso você não tentar ou não fizer, como saberá o que podia ter acontecido? Talvez até nem tenha consequências. Talvez até dê certo. E se você não o fizer, não arriscar, nunca vai saber como seria. Vai sempre se ficar perguntando: e se eu tivesse feito? Como estaria? O que teria acontecido? Então, o meu conselho é que se você quer, faça. Não tenha medo. Aproveite. Porque, no fundo, nós só nos arrependemos das oportunidades que não aproveitamos.

Ele consentiu com a cabeça. Não tinha ideia de onde aquele discurso tinha vindo. Nem ideia do porquê. Não que isso fosse importante. Ser Belieber não é apenas ter posters do Justin e saber tudo sobre ele. Ser Belieber é o apoiar nos piores momentos, mesmo que espiritualmente. E, se ele me tinha feito aquelas perguntas, um tanto esquisitas, eu só tinha que dar o meu melhor e responder. Tentar compreende-lo. Fazê-lo não desistir. Continuar a agir como sempre agi. Por ele, em torno dele. Depois o jogo ficou em pausa e ele me chamou. Estava tão absorta em meus pensamentos que nem reparei que Justin se sentara bem junto a mim. E que me tinha tirado o comando das mãos.

--C?

Eu me virei para ele, encarando-o. O que não esperava era que o rosto dele estivesse a escassos centímetros do meu.  O meu coração tinha recebido um choque elétrico. A pulsação que antes era normalizada agora circulava com toda a força por minhas veias. Os meus olhos não se fixaram nos dele. Não se ligaram. Não se acorrentaram. Desta vez, se fundiram. Como num só. A intensidade era tanta. Os centímetros que nos separavam eram tão poucos. Podiam ser quebrados de uma forma tão fácil…  Nos inspecionávamos um ao outro. A minha respiração estava presa. Os meus pulmões precisavam de oxigénio. O meu cérebro também, para pensar. Mas que importava pensar numa hora daquelas? Numa hora em que o desejo das bocas um do outro se podia agarrar no ar, numa hora, em que nos fitávamos sem nos mexermos, mas com a nossa mente sabendo como tudo aquilo ia acabar? Porque agora, não havia escapatória possível…O cabelo loiro dele caía de uma forma natural, sobre a testa, os olhos cor de mel eram intrigantes, brilhando de luxuria. Aquilo estava acontecendo? Tudo parecia tão lento… Tão bom. As nossas duas respirações estavam ofegantes. Desejosas. A boca dele, oh! Estava entreaberta, respirando, me provocando. Porque eu não avançava?

Porque tudo aquilo era um sonho. E se eu avançasse, se ele avançasse, eu ia acordar. Era sempre assim. Os sonhos acabam nas melhores horas para, um dia, podermos construir o fim na realidade.

Suavemente e ainda fitando os meus olhos de uma maneira surreal, inexplicável, vi a mão de Justin se arrastar, lentamente, até à minha face. Como se tal gesto custasse. De uma forma torturante. E quando finalmente pousou de uma forma delicada sobre a minha pele, eu estremeci. O mundo todo girava. Tudo estava de pernas ao contrário. E eu não tinha acordado, o que era mais estranho. Porque, não era possível. No mundo real, Biebs nunca estaria me olhando de uma forma que me derretia, com a mão quente e áspera em contato com a minha face. Arrepios me percorriam, de cima a baixo. Sentia um leve tremor nas pernas e sabia que se estivesse de pé, tinha caído. Sentia correntes de calor e magia aquecerem todo o meu corpo. Nunca antes tinha sentido aquilo. Mas não estava assustado. Porque quer fosse um sonho ou não, ele estava ali comigo. E só isso importava.

Os segundos pareciam se arrastar e eu queria aquela boca. Aquela boca para mim, só para mim. Que importaria se eu acordar? Senti a mão dele fazer uma pequena carícia com o polegar. Um toque. Apenas um. Porém, saberia que, por esse simples toque que era capaz de esperar mil anos. Que era capaz de fazer mil loucuras para tê-lo. Que era capaz de viver mil vidas até o sentir de novo. Só para sentir o contacto da pele dele com a minha. Naquela mistura, naquele segundo, naquela harmonia.

Então algo aconteceu. Não algo inesperado. Não algo que eu temesse que fosse acontecer. Muito ao contrário. Algo desejado. Extremamente desejado. De me fazer festejar interiormente, de fazer gritar em silêncio, de me fazer chorar sem lágrimas.

Justin começou a se aproximar com aquela cor de anjo nos olhos, com um movimento imperecível, com um movimento delicado. Como se tudo aquilo fosse acabar em algum instante. Assim como eu. Meus lábios ardiam pelos dele. Minha língua ardia pela dele. Minha cintura ardia pelos braços dele `à volta dele. Meus ouvidos ardiam pela voz dele. Meus olhos ardiam por se fechar. Meu espirito ardia por se entregar. Eu ardia por ele, a cada instante, a cada momento. As chamas que em mim haviam eram inapagáveis. Tanto a chama de Belieber pelo seu ídolo, como a chama da Carol pelo rapaz que amava.

Justin o que é que estamos a fazer? Não devíamos fazer isso! Justin eu sou apenas sua fã! No entanto nós continuávamos nos aproximando. Cada vez mais. Ainda nos olhando. Ainda com o coração batendo forte. Ainda com correntes elétricas pelo corpo. Até que ficámos perto o suficiente para eu poder sentir a respiração quente dele na minha cara.

Nada estava certo, tudo estava errado. Mas como sempre, o errado é o mais apetecível.

A mão dele deslizou pela minha face e nesse momento fechei os olhos. Deixei de ver o rosto lindo dele se aproximando do meu. Deixei de ver aqueles olhos que me derretiam por completo e me deixavam totalmente perdida. Deixei de ver a minha razão de viver.

E logo no instante a seguir senti os lábios dele contra os meus. Um calor provinha deles e me aqueceu por completo. Tanto a mim, como ao meu coração. Aquilo era muito mais do que eu tinha pedido. Aquela noite era muito mais do que eu tinha pedido. Um calor soberbo, mas não daquele típico fogo da paixão. Um calor que nos percorre a espinha. Um calor agradável. Um calor quente, mas não escaldante. Um calor carinhoso.

Nesse mesmo instante, fiquei sem chão. Deixei de ter noção do que me rodeava. Naquela sala eramos só nós. Deixei de ter mundo. O meu mundo era ele. Desde há muito tempo que assim era. Deixei de ouvir a maioria dos sons. Os únicos que importavam eram o batimento do coração que partilhávamos – o meu – e o silêncio acolhedor que era apenas quebrado pelas nossas respirações. Mas não deixei de sentir. Oh, como poderia? Com nossos lábios encostados, ainda imóveis, com a mão dele pressionando meu queixo, para que eu fugisse? Com ele me beijando?

Senti os lábios dele se moldarem contra os meus e a língua dele pedindo passagem. Eu ia delirar. Já não pensava. Ele e todas aquelas sensações que me faziam parar de respirar para aproveitar o momento. Concedi imediatamente, ainda um pouco receosa.

E quando nossas línguas se tocaram, perdi todo o controlo. Tanto eu como ele. Tudo o que antes fora lento de mais, agora tinha ganho ritmo, cor, velocidade, ânsia. O martelar descompassado do meu coração era uma sinfonia imparável. Justin pôs a mão na minha cintura e me puxou para si, contra o seu corpo. Minhas mãos, descontroladas, se refugiaram no cabelo dele, puxando com pouca força e fazendo um carinho gostoso na nuca. Senti um pequeno sorriso brotar como uma flor em seus lábios, sem desgrudarem dos meus. Toda eu estava livre. As emoções, as sensações, os sentimentos, os gestos. Me libertara da gaiola que costumava ser. Estávamo-nos beijando, não havia espaço para pensamentos. As nossas línguas dançavam num ritmo calmo, apreciando o gosto e o sabor de cada um. Descobrindo cada canto. Os nossos lábios se moviam de uma forma única, sincronizados. Estávamos ligados. Agora, não apenas psicologicamente, mas também fisicamente. E eu não queria quebrar aquela ligação por nada. Já tinha beijado alguns rapazes, mas nada se comparava aquilo.

Àquele beijo, aquele gosto de morango com mel, àquele toque. A ele. Não havia descrição. Estávamos ambos fora de nós, sem ter qualquer problema com isso. Ele me apertando contra si, para que eu não fugisse, com sua mão me fazendo carícias deliciosas na face. Ora a mão estava na face, ou ia até ao pescoço, ora ao ombro. Com um linha delicada, mas sensual. E a língua, que perdição! Que pecado!

Eu precisava de ar, mas não ia parar. Era demasiado bom. Todos aqueles apertos na cintura, todos os pássaros voando dentro de meu estomago, todas aqueles arrepios que me faziam querer respirar. Todos aqueles toques, aquele gosto, aquele sonho. Tudo aquilo que ele me proporcionava. Nossas línguas continuavam naquela dança, se explorando se conhecendo. Mas ao mesmo tempo tão íntimas, tão conhecidas, tão naturais…

Com meus braços à volta do pescoço dele, minhas pernas á volta da cintura dele, sentada no meu colo, suas mãos em meu corpo, nossas línguas dançando livremente e nossas bocas fundidas, eu soube que nós éramos o encaixe perfeito.

E os lábios dele, a minha maior fraqueza. Porque só eles tinham o poder me fazer sentir nas nuvens. Nervosa e completa. Quente e desejosa. Carente e impaciente. Só eles eram capazes de fazer o mundo desaparecer e de ficarmos apenas nós os dois. Apenas eles, com um gesto, com um toque, me deixavam derretida, sem escapatória. E mesmo que eu não fosse admitir, beijar Justin seria uma das melhores experiências da minha vida.

Porque ao beijo dele, não havia igual.

Porém o ar não durava para sempre. Nem a música. Nem a dança. Nem as sensações. E aos poucos, contra minha vontade, fomos nos separando. O que antes era uma dança, um movimento em harmonia, toques desesperados por mais, agora eram carícias simples.

Já com as bocas separadas, a mão que estava na minha cintura passou para o outro lado de meu rosto, fazendo carinho com o polegar, um vai e vem constante, suave, delicado, como se ele tivesse medo que eu me evaporasse. Meus olhos continuavam fechados enquanto meu corpo ainda era bombardeado com sentimentos e sensações novas, nunca antes sentidas. Justin encostou sua testa à minha. Minha respiração estava ofegante e eu tentava recuperar o fôlego. Minha mente ainda revivia o beijo mil e duzentas vezes por segundo. Oh, que beijo! Tinha ido à Lua e voltado. Tinha beijado o meu Biebs. Tinha descoberto a textura da sua língua, o sabor da sua boca e o quão bom era desvendá-la por inteiro.

E só após um segundo eu me toquei acerca do que tinha feito. Tinha beijado Justin. Justin Bieber. A super estrela. Tinha beijado o garoto que muitas garotas não chegariam sequer a ver. Tinha encostado os meus lábios aos dele. Tinha beijado o meu ídolo. O garoto que tinha milhões de Beliebers sonhando com ele. Eu. Tinha. Beijado. Justin. Drew. Bieber. A culpa se esbateu sobre mim. Mas não o arrependimento. Porque, quer fosse noutra vida, noutro ano, noutra situação, se esta oportunidade me aparecesse, eu faria exatamente a mesma coisa.

Quando tomei coragem, abri os olhos. À frente deles, se encontrava um paraíso cor de mel, que me inspecionava. Sentia a respiração, agora calma, de Justin na minha cara. E, quando me viu de olhos abertos, sorriu. Um sorriso orgulhoso, alegre. Um sorriso contente. O sorriso que me fazia sorrir. O sorriso que tomava conta da minha mente, alma e coração. E, logo tão rápido quanto veio, a culpa desapareceu.

Porque de todas as formas, eu tinha beijado o garoto que amava. O garoto que me abraçou numa crise e que me deixou ser eu, sem me julgar. O garoto lindo e perfeito. O garoto bobo, engraçado. O garoto que me fez rir toda a noite e me divertiu. O garoto que brincou comigo, falou besteira e que me aceitou. Eu tinha beijado o meu Biebs. E melhor que isso não havia. Não havia melhor sensação, melhor sentimento. Tudo parecia certo. Eu e o meu Biebs. O meu Biebs e eu.

--Quis fazer isso desde que te vi, há algumas horas atrás. – ele admitiu me olhando, olhos nos olhos. – Mas não sabia se devia, porém depois daquela conversa…

Coloquei meus dedos sobre os seus lábios, fazendo-o parar de falar. Naquele momento, me sentia tão calma, tão bem, tão segura, entre os braços dele que ainda faziam carícias no meu rosto. Me sentia tão tranquila, tão eu.

-- E eu quis fazer isso desde há três anos. Por isso ganhei, esperei mais tempo. – comentei, com uma cara convencida.

Ele riu. Porém nenhum de nós disse mais nada. E não era preciso. Nossos olhares eram o suficiente. Qualquer palavra mal dita estragaria o momento. Então, ele simplesmente colocou a cabeça na curva do meu pescoço, inspirando me causando uma arrepio e me abraçou. Com os braços à volta da minha cintura. E eu, pus também a cabeça no seu ombro, descansando. Me sentindo mole, cansada. Estávamos tão bem assim. Justos. Me sentia totalmente segura. E ali, naquela sala, eramos eu e o meu Biebs.


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Notas finais do capítulo

Então, então? O que acharam? Tipo... de verdade?
O BEIJO ROLOUUUUUU! ME SENTI SEM AR AQUI ESCREVENDO ISSO! :D Obrigada por todo o apoio minhas lindas. sério. Espero reviews okay?
Vos amo lindegas ♥