Believe escrita por emeci


Capítulo 6
5 - Te daria tudo o que você precissasse


Notas iniciais do capítulo

Minhas fofas, lindegas, Beliebers, todos os nomes especiais que vocês encontrarem. Antes de tudo, tenho 3 recomendaçõeeeeeeees! Yaaaaaaaaaaaaay! *gritinhos, palminhas, saltinhos, crise de histerismo* Obrigada meus amores! Mesmo obrigada! *-* Estou tão contente! Então esse capítulo é dedicado a todas as leitoras que sempre deixam um review, a todas as que fizeram e vão fazer uma recomendação. E aviso já, quem fizer recomendação vai ter personagem na históriaaaaaa! (sou mesmo querida não sou? xp)
Vamos logo passar a história, okay? Vos explico tudo lá em baixo.



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5º Capítulo


“(…) Give you everything you need(…)”

-One Time

Não sabia o que pensar. Não sabia o que fazer. Naquele momento só tinha que me concentrar em respirar e não morrer ali mesmo. Inspira, espira. Inspira, espira. Levar oxigénio ao cérebro era bom. E ao coração também. E sentir a mão do Ryan no meu ombro esquerdo também era bom. Alguma força sobre humana fazia com que as minhas pernas não tremessem. Era a terceira vez, em apenas um dia. Mas mesmo assim apenas aquele gesto fazia com que nada importasse. Com que nem o oxigénio fosse importante. Correntes frescas percorriam a minha coluna e eu ouvia o bater do meu oração nos meus ouvidos, veloz e pouco coordenado. Daquelas três vezes, o mundo parou e eu me senti extremamente concretizada. Extremamente bem comigo mesma. Leve como uma nuvem, sabendo que naquele momento tudo estava bem.

 Era a terceira vez que Justin olhava somente para mim, olhos nos olhos. Aqueles olhos castanhos caramelizados me fitavam, quase sorrindo para mim. Estávamos numa sala, com televisão – aparentemente ligada, com um videogame colocada em pausa -paredes claras, um sofá preto pouco vistoso, alguns quadros coloridos e estranhos e uma outra porta, ou fundo, à minha direita, que, provavelmente seria o banheiro.

Carol respira fundo. Precisava me acalmar, respirar várias fezes. No entanto com Justin ali tão perto e toda eu focada nele, era difícil. Diria quase uma missão impossível.

Apesar de os nossos olhos estarem conectados, daquela vez era diferente. Tudo era diferente. Já não estávamos num show com o mais variado tipo de luzes e efeitos ou cercados por outras Beliebers, também apaixonadas por ele, lutando pela sua atenção. Já não havia gritos histéricos, barulho de fundo, música ou mesmo olhares sobre nós. Já não havia microfones, ramos de flores ou um boné roxo. Já não havia Justin Bieber, o astro pop, mas sim um garoto completamente normal. E como tal, já não havia uma Belieber totalmente apaixonada. No lugar dela, uma garota com cabelos cacheados, olhos castanhos-escuros com um brilho intenso, tentando agir normalmente.

Não pude deixar de reparar na roupa que ele trazia vestida. Ao invés da t-shirt e calças brancas que ele usara no espetáculo, umas calças largas, pretas, que pareciam super confortáveis e uma t-shirt também preta, cobriam-lhe o corpo. O cabelo ligeiramente molhado indicava que tinha tomado duche há pouco tempo. Nada de pensamentos perversos agora, por favor.

Eu também estava diferente. Tanto o buquê de rosas vermelhas perfumadas que eu esperava que durassem a minha vida inteira, como o boné roxo que eu nunca iria deixar que se sujasse e a minha bolsa pouco importante relativamente aos itens adquiridos recentemente, tinham ficado no carro de Pattie. A minha t-shirt que dizia “I Love JB” estava também na mala do carro preto, num saco de plástico, uma vez que se encontrava toda encharcada, devido à chuva, e no lugar dela, uma t-shirt azul como o céu com desenhos indecifráveis coloridos. Era de rapaz e me ficava ligeiramente larga Quando a vesti, Pattie me informou que a peça de roupa tinha sido de Justin, no entanto já não lhe servia mais. Sorri quando ela mo contou. Tentei imaginar Justin, mais novo com ela, e o que me apareceu na mente foi uma imagem bem divertida. Aquela t-shirt tinha o cheiro dele. Aquele cheiro de verão com uma pitada de morango. Aliás, todo aquele quarto onde estávamos eu, o Ryan e Justin tinha o cheiro dele. A sala estava confortavelmente quente, o que era agradável se tivermos em conta o frio que estava no exterior.

Tudo aquilo ainda me parecia muito irreal. Como se a qualquer momento, a qualquer movimento errado, tudo desaparecesse. Como uma miragem. Digo, quais eram a probabilidades de Pattie Mallete ficar com a minha bolsa roxa? E de ma vir entregar, no seu carro preto, justo quando eu precisava dela com o intuito de ligar para papi para ele me vir buscar, com um casaco, porque eu tinha frio? E de o meu pai me dizer que tinha havido uma reunião de urgência, e que só estava livre do escritório à meia-noite, e, consequentemente que eu teria que esperar no recinto do estádio até essa hora ou encontrar um lugar mais quente como um café para ficar até ele estar disponível? E, que, ao ouvir tal facto, Pattie se recusou a me deixar ali sozinha, naquela chuva ou mesmo num café perto da estrada, salientando exageradamente as coisas más que me podiam acontecer, porque ela era responsável por todas as fãs do Justin, me obrigando a ligar mais uma vez para papai? E que meu pai, após ter falado com a mulher de olhos verdes e esta lhe ter garantido quem era e que eu ficaria em devida segurança, deixou eu ir com Pattie para o hotel onde ela, o filho e o resto da equipe estavam instalados, combinando que, mal pudesse, me viria buscar? E que eu conheceria alguns elementos da TeamBieber como Ryan, o estilista do Justin, Scooter, o empresário do Justin e Carin, namorada de Scooter e também estilista do Justin? E que chegaria a conversar com eles, pondo a timidez de lado, enquanto Pattie ia pegar uma roupa para eu me mudar, uma vez que minha t-shirt predileta estava alagada? E de estar, mais uma vez com Justin, com ele olhando para mim, eu olhando para ele e o coração batendo forte, tudo na mesma noite?

Nenhumas.

Ou quase nenhumas uma vez que era isso que tinha acontecido. De uma forma demasiado irreal, estranha e estúpida, mas tinha acontecido. E era exatamente por aquilo tudo ser tão impossível, tão incansável que eu tinha medo que tudo se evaporasse de um segundo para o outro, de um instante para o outro.

 Meus olhos percorreram Justin dos pés à cabeça, absorvendo todos os mínimos detalhes. Eu realmente esperava que ele não notasse. E, ah, ele era lindo! Os olhos castanhos cor de mel captavam a minha atenção e o meu coração era capaz de se ouvir do outro lado de mundo, de tão alto que era. As minhas mãos brincavam uma com a outra e eu só não encarava o chão, porque, com uma vista daquelas, seria, certamente um pecado. Tinha sonhado tanto com aquilo. Noites perdidas no twitter para ele me seguir, vídeos feitos, textos escritos, concursos em que participei, tudo sem nunca conseguir obter nada. Toda a esperança se tinha ido embora, ou quase. Só quando soube que ele vinha a Madrid na sua primeira Tour, é que uma velha e fraca força se aliou a mim. Por mais que vivesse longe, que parecesse totalmente desapropriado eu realmente queria ver o meu tudo e que o meu tudo me visse a mim. Olhando para todos os obstáculos que passara, eu admitia a mim mesma que aquela era a recompensa. Mesmo que fosse um sonho, era demasiado belo para ser esquecido quando acordasse. E eu continuava ali, parada no tempo, apenas apreciando aqueles olhos meigos que desde há tanto observava apenas por imagens e vídeos. Nem a voz aguda de Ryan God me libertou daqueles olhos magníficos que eu desejava ver todos os dias.

--Então… - ele fez uma pausa – Justin essa é a Carol – ele sorriu, com aqueles dentes brancos, formando a tal covinha querida, ainda olhando para mim. Um sorriso quente, acolhedor, como se ficasse contente de me voltar a ver. – e Carol esse é Justin. – Eu sorri também, logo no instante a seguir.

Fãs percebem o que isso é. Aquela reação instantânea de só por a nossa estrela estar feliz, nós ficamos felizes também. É uma ligação que se tem, e que, querendo ou não, nos muda para sempre. Enquanto Ryan fazia as apresentações – uma vez que ele não sabia o meu nome – Justin ia-se aproximando daquela forma tão dele, mas agora mais relaxada. E eu continuava a sorrir que nem uma idiota, não tendo nada de específico no pensamento. Que mais poderia fazer?

Apenas esperar que ele se aproximasse. E rezar para que não ouvisse o meu coração. Porque a ele, eu nunca me ia habituar. Se só de imaginar algo, como aquele momento, a minha bomba ficava irregular, então vendo-o se aproximar de mim, com mãos nos bolsos das calças, o olhar confiante, aquela postura de bad-boy, era ataque cardíaco na hora.

Ele se aproximou mais e quando chegou bem perto de mim parou durante um segundo. Um segundo que se calhar nem ele notou. Que apenas uma pessoa atenta como eu estava a cada gesto dele. Menos que a distância de um braço nos separava. Podia saltar para os braços dele nesse preciso momento se fosse loca a esse ponto. Destemida a esse ponto. Vontade, não faltava. Nem que fosse para verificar que ele não era uma mera ilusão da minha mente esgotada ou uma criação. Talvez eu estivesse ficando maluca. Era possível. Mas assim, todo aquele dia tinha existido?

 Os olhos doces chocavam contra os meus, os lábios rosados se abriam num sorriso, o cabelo estava mais escuro por ainda não estar seco, a t-shirt definia os ombros. E após esse segundo, ele se baixou um pouco e deu um beijo na minha face. Um simples beijo, rápido mas não tão rápido assim. Um beijo que eu daria a volta ao mundo por ter. Um beijo que faria qualquer Belieber corar, limpar as lágrimas dos olhos e se sentir orgulhosa. Um toque suave, mas que me deixou totalmente amolecida. Depois olhou para mim com um sorriso ainda maior e disse:

--Hey.

Eu tinha vontade de rir, de gargalhar, de correr, de levar as mãos à cabeça, tamanha minha felicidade. E agora, quem é que nunca ia conhecer o Justin Bieber? Quem é que nunca ia a um concerto dele? Me sentia orgulhosa de mim, porque, vish, o Justin tinha me dado um beijo. Em pensamento mandava o dedo do meio a todos aqueles que me odiavam, a todos aqueles que me machucaram, a todos aqueles que me quiseram destruir, usando o nome dele como arma fatal. O meu coração batia forte como nunca e a bochecha direita ainda formigava. O calor da boca dele ainda permanecia lá, fazendo cocegas. A voz dele era tal e qual como eu me lembrava. Doce e amarga. Acho que todo ele era um pouco assim. Não só nos olhos, como a voz, e talvez, a personalidade. E só quando consegui racionar, é que descobri que ele estava esperando uma resposta da minha parte. Tendo o cuidado para não gaguejar, ou não fazer nada estúpido, disse, olhando no fundo daqueles olhos que me encantavam e abrindo o meu melhor sorriso:

--Hey.

Tudo estava bem. Minhas pernas tremiam apenas na minha mente enquanto esta era ocupada de perguntas, fazes, gestos, ações e tudo mais. Uma tranquilidade misturada com ansiedade, alegria e excitação (N/A: vejam lá no que vocês pensam sim, anjos? Xp)  Parecendo um sonho, até Ryan falar e a insegurança se esbater sobre mim

.

--Crianças, então, as apresentações estão feitas e eu vou vos deixar aqui. – Ao ouvir isto, meu cérebro trabalhou a mil. Ele não me poderia deixar ali sozinha com o Justin.

Não que eu não confiasse nele, porque confiava mais do que ninguém. Simplesmente não confiava em mim. Naquilo que diria, naquilo que faria. Tinha medo de pisar os limites, de que algo corresse mal. Que aquilo acabasse antes sequer de ter começado. Porque não podia ser real. Olhei por cima do ombro e encarei Ryan, implorando com os olhos para que ele ficasse. Para que ele não deixasse que eu estragasse a minha noite. Estava com as minhas emoções ao rubro e era difícil me manter focada naquilo que diria ou o que faria. Ryan, eu não quero ficar aqui sozinha com o Justin! Ele não via o perigo de deixar o meu ídolo sozinho, totalmente sozinho num quarto com uma Belieber? E se ela fosse louca e o atacasse?! Não que fosse o meu caso, mas eu me sentia impotente quanto às minhas ações naquele momento. Mas pelos vistos, o estilista com a barba por fazer e os olhos escuros como o carvão não percebeu o meu desespero. Tirou a mão de meu ombro, e antes de sair, piscou o olho ao Justin. Não estive para perceber o que aquele gesto significava. Seria algum código deles? Depois fechou a porta e o silêncio dominou a sala.

 Quando me voltei outra vez, encarava o chão, com a cabeça totalmente para baixo. Estava corada, certamente. Tinha vontade de o abraçar, tinha vontade de correr para os braços dele como velhos amigos, tinha vontade de o encarar e dizer que era a sua maior fã. Tinha vontade de aproveitar aquela noite, me divertindo, sorrindo, esquecendo o mundo. Tinha vontade que aquela timidez estúpida e absurda que sempre me perseguia, me deixasse em paz para sempre. Estava desapontada, desiludida comigo mesmo. Nem tinha certeza de conseguir falar. Eu era tão imbecil! Quer dizer, tinha imaginado aquele momento milhões de vezes e agora que ali estava, não fazia nada? Ficava simplesmente a olhar para o chão?

Engoli seco e senti a garganta presa num nó. Estava frustada e isso nºao era bom porque quando esse sentimento se apossava de mim, eu sentia do vontade de me libertar dele, muitas vezes gritando ou chorando, como me apetecia fazer. Me xingava dos piores nomes que conhecia. Porque não fazes algo? Deixa a timidez para ele e olha-o! Sê quem tu queres ser!

Mas no fundo, sabia que ão era fácil e que não ia conseguir. Quase nunca conseguia! O que só me deixava pior. Sentia as minhas pernas tremerem e não podia acreditar. Sabia que Justin estava a olhar para mim, o que só me deixava mais nervosa. Eu nem deveria estar ali. Nunca fora boa a socializar nem a fazer novos amigos. Mafalda, foi uma rara exceção. Uma exceção de quando aquela vergonha traiçoeira me deixou ser eu, quem eu queria ser. Sorrir quando queria sorrir. Mas agora, era como se tivesse voltado a duplicar. Como se estivese atada, sufocada. Minhas mãos suavam devido ao nervosismo, o coração batia forte. Eu era tão idiota!

Ouvi Justin se aproximar de mim o que só piorou minha situação. Estúpida, estúpida, estúpida! E então, senti uma mão quente deibaixo do meu queixo e uma voz suave perguntar:

--Está tudo bem?

Ao invés de lhe responder, senti os meus olhos se encherem de lágrimas. O meu queixo tremia, assim como o meu lábio inferior. Queria acreditar que era por ele me estar a tocar – o que poderia mesmo ter acontecido – mas não era verdade. Estava à porta de mais uma das minhas crises de choro e insegurança e eu sabia disso, o que me deixava totalmente embraçada. Não sabia o que se estava a passar. Era como se todas as emoções e pensamentos que andassem escondidos até à data estivessem a atacar o meu sistema nervoso e memória. Como nas noites em que me cortava. Porquê logo agora? Mas que sentido de oportunidade tão bom! Lembrei-me da vez em que elas me humilharam em público na cantina da escola, lendo o meu diário que tinham conseguido roubar, bem alto, para que toda a escola ouvisse. Da vez em que me empurraram com força e caí um lance de escadas seguidos. Da vez em que foram dizer ao Guilherme, meu ex-namorado, mentiras sobre mim. Tentava dizer a mim mesma que nenhum daqueles atos e outros me tinha afectado. Que elas já não me afetavam. Mas quando uma lágrima sofrida escorreu lentamente pelo meu rosto me senti perdida.  O chão era de reestido com uma carpeta macia e os meus olhos continuavam fixos nele. Queria voltar a ser a garota que tinha sido com Mafalda, mas o passado não estava deixando. Uma parte de mim não estava deixando. Justin, ao ver a lágrima que me atraiçoara, limpou-a com o polegar, através de um toque doce, delicado, como se tivesse medo de me partir e me obrigou a olhar para ele, levantando meu queixo em sua direcção. Sem vontade nenhuma, o encarei, com a visão turva e a confusão na minha cabeça. Ele deve ter visto a dor eu meus olhos, porque num impulso, me braçou de uma forma forte e protetora. As mãos que estavam quer no meu queixo, quer na minha face, rodearam a minha cintura e juntaram os nosso corpos. Toda eu tremia contra ele e não era por causa do frio. A minha respiração era rápida e mais uma ou duas lágrimas se tinham libertado da prisão molhada que eram os meus olhos. Ao sentir os braços dele à minha volta, o seu corpo quente contra o meu ainda não totalmente aquecido por causa da chuva, o seu cheiro delicioso e reconfortante, coloquei os meus braços à volta do seu pescoço e desabei sem qualquer medo. Sem qualquer receio. Deixei que toda aquela confusão, sentimentos e pensamentos escuros, toda aquela tempestade, escorresse pelos meus olhos, sem tentar impedi-la. Não queria pensar. Só queria que tudo aquilo desaparecesse, fosse lá o que fosse.

Me sentia mole, enquanto quase carregada por ele até ao sofá. Os meus pés e as minhas pernas não tinham força para andar.Os soluços saiam e eu fechava os olhos com força.  Os nossos corpos continuavam colados, enquanto as lágrimas descima pelo meu rosto. Continuava tremendo e respirando com dificuldade. E me sentia tão fraca, tão carente. Ele se sentou e ainda abraçado a mim me fez sentar também, com delicadeza. E depois de confortável, abraçada a ele, enquanto um turbilhão de sentimentos se instalava na minha alma, comecei a chorar verdadeiramente. Sem tentar esconder as lágrimas frias os soluços audiveis. Não queria saber se ele era o meu ídolo ou não, se aquilo era certo ou errado. Eu estava carente, precisava de carinho, mesmo que de um estranho, e ele estava ali, abraçado a mim.

Chorei por elas me fazerem o que fazaim, pela minha família não me compreender, pela minha irmã parecer sempre melhor que eu apesar de só ter 10 anos; por me cortar; por não me sentir amada por ninguém; por não ser quem queria ser, livre, espontânea; por ser tão fraca e egoísta; por não ter a Maffy ali também comigo; por já não ter avô; por me achar feia; por não ser boa o suficiente e ser complicada ao ponto de até ter afastado algumas pessoas que me eram importantes; chorei por tudo o que passei, por tudo o que não passei e por tudo o que ia passar. Chorei ali, no ombro do garoto que tinha o meu coração como nunca chorara. E apesar de as palavras de Justin não serem muitas, o abraço e o calor dele eram o suficiente. A meio daquela crise emocional, senti uma das mãos dele que estava na minha cintura, me prendendo a ele, indo até meu rosto e colocar alguns fios soltos, para trás da minha orelha. E depois, foi até o meu cabelo, fazendo carinho, num ato simples e meigo. Não queria saber o porquê de ele o estar fazendo, só me interessava que ele continuasse. Porque me fazia sentir ligeiramente melhor. No entanto, a cascata de água salgada, não abrandou, porque aquilo era terrivelmente injusto. Eu devia estar me divertindo com ele e não a obrigá-lo a aturar mais drama que não era drama de mais uma garotinha jovem. No entanto, esse pensamento parou quando comecei a sentir outras lágrimas que não eram minhas e isso me fez apertá-lo ainda mais. Pensar nele chorando me destruia e senti-lo chorando era ainda pior. Tinha vontade que toda a tristeza dele passasse para mim. Ele não merecia nada de mau. Nada. Lhe daria tudo o que ele precissasse. Então, minhas mãos, que se encontravam rodeando o seu pescoço, subiram até à nuca e fizeram cafuné naquele cabelo loiro (N/A: para quem não sabe, cafuné é carinho no cabelo) que nem ele estava fazendo comigo.

--Não chora, por favor… - pedi, num sussurro baixo, com a minha testa encostada no seu ombro e a dele no meu.

Odiava vê-lo chorar. E com o meu pedidoele me apertou mais contra ele, como se tivesse medo de me largar, ou que eu fugisse. Sentia as lágrimas dele molharem a minha peça de roupa azul clara e ouvia os soluços dele. Continuei fazendo carinho no seu cabelo, enquanto os meus dedos deslizavam suavemente pelos fios or de ouro, da mesma forma que os dedos deles faziam com o meu cabelo castanho. O meu rpóprio choro não tinha cessado.

Eramos dois adolescentes com problemas, apesar de vidas completamente diferentes. Dois adolescentes que, por vezes, apesar de rodeados de gente se sentiam sozinhos. Dois adolescentes que precisavam daquele momento para se libertar de todas as dúvidas, mágoas, tristezas que a vida lhes estava a trazer. Seja por causa da fama, das pessoas que não gostavam deles, da falta de privacidade, do afastamento dos amigos, por os pais estarem separados ou por quererem ser pessoas diferentes. Ficámos abraçados, nos libertando de tudo aquilo, apenas na companhia um do outro durante um tempo indeterminável. Cada um estava partilhando a sua história com o outro, através de lágrimas salgadas. E não era preciso mais. Ele podia não me conhecer, mas, de certa forma, confiava em mim, tal como eu confiava nele. Os nossos peitos subiam e desciam enquanto o choro silencioso se arrastava.

E aos poucos, tanto as minhas lágrimas como as deles foram cessando. As respirações foram voltando ao normal, e os soluços enterrados. Mas mesmo assim não me queria separar dele. O calor que ele emanava era confortável e naquele momento, após o choro, exausta,  sentia o sono  aproximar-se de mim. Estava tão bem. Sentia-me tão segura, tão limpa, tão pura…

A respiraçaõ quente dele, batia no meu pescoço e eu era mesmo capaz de adormecer ali dentro de instantes se não fizesse algo entretanto. As minhas lágrimas estavam pesadas e com o carinho que ele estava fazendo, tão calmo e relaxante, lutar contra elas era quase impossível.

Porém a magia do momento era tão acolhedora que eu tinha medo que se falasse alto, ele despertasse e se afastasse rapido de mais de mim, por isso optei por susurrar o seu nome:

--Justin?

Ele retirou a cabeça do meu ombro, cautelosamente, como se tal gesto lhe custasse e olhou para mim, com uma certa distância. Os olhos estavam ligiramente vermlhos assim como o nariz. Parecia abatido, cansado. E eu estava preocupada por ele estar assim. Queria saber o que se passava. Queria poder ajudá-lo de alguma forma. No entanto, quando os nossos olhos se cruzaram, um sorriso aflorou-lhe os lábios carnudos e eu também sorri, me sentindo aliviada. Sabia que a minha imagem não deveria estar muito diferente. A vergonha e a insegurança de outrora tinham desaparecido e era como se, de certa fora, fossemos velhos amigos de infância. Sentia-me mais calma e sortuda por ele estar ali comigo. Por ter estado comigo na altura daquela crise.

--Precisamos fazer qualquer coisa divertida dentro de segundos ou eu vou adormecer. – comentei, quebrando o silêncio, ainda sorrindo.

Ele riu-se e eu senti um novo ar entrar pela sala. Ar que levava dor e mágoa e que trazia consigo a felicidade e o divertimento como aliada.

--Vou buscar lenços para nós e depois jogamos x-box e comemos gomas, que tal? – ele perguntou.

Eu sorri animada. Não tanto pela x-box, porque, honestamente, nunca fui boa a jogar nem tinha oportunidade, uma vez que não tinha nenhuma, mas sim pelas gomas. Um doce fosse qual fosse, era sempre bem-vindo. E também pelo fato de ele ter aceitado, se podemos assim dizer, o que acontecera minutos atrás – Mas antes, me promete que você não volta a fazer isso. – a voz dele era como música, apesar de um pouco rouca por causa do choro. Ele estava bem de frente para mim, bem pertinho, ainda com as mãos na minha cintura. Não que eu me importasse, como disse, era bastante bom. Ergui o sobrolho, me questionando ao que ele se estava a referir. E só quando a mão dele saiu de onde estava, deixando uma sensação de perda na minha pele, e pegou no meu pulso, passando o polegar pela cicatriz do meu último corte, fazendo a minha pulsação aumentar, é que percebi. Não sabia como ele tinha reparado. Nem sabia para quê que se estava a preocupar. Mas, tendo em conta, aquilo que tínhamos partilhado em tão pouco espaço de tempo, mesmo que para outros fossem apenas dois adolescentes a chorarem, para nós era bem mais que isso. Era como se admitíssemos que a nossa vida não era, nem nunca seria perfeita. Como sabíamos que estávamos no auge da carência e que até uma pessoa que tínhamos conhecido nesse mesmo dia, nos faria sentir melhor.

Encolhi os ombros. Já não me cortava. Desde aquela última noite. Desde que ele tinha aparecido na minha vida, que já não o fazia. E, especialmente agora sabia que havia outras maneiras de nos afastarmos da dor. De nos refugiarmos dos nossos medos e nos escondermos do nosso passado assombrado. Um abraço quente e forte de um amigo era uma dessas maneiras. Sentirmos, nem que fosse por um segundo que tínhamos alguém com quem poderíamos contar, era o suficiente.

--Já não faço mais isso. Parei o ano passado. – admiti, olhando também para a cicatriz em forma de “JB” – Desde que vi um vídeo, muito fofo com um garoto super lindo, chamado “Only Less Lonely Girl”. – olhei para ele me lembrando daquela noite em que o vi na tela do meu computador, pela primeira vez e sorri.

O sorriso dele ficou do tamanho do mundo e até pude ver os seus olhos brilharem. Eu não o queria que ele ficasse com uma opinião errada daquilo que eu pensava ou sentia. Estava apenas a ser sincera. Porque a sinceridade, para mim, era uma qualidade muito boa e rara nas pessoas e eu a estimava. Justin se aproximou e me deu um outro beijo na bochecha. No entanto esse foi totalmente diferente. Não foi rápido, muito pelo contrário. Foi lento, demorado e até que carinhoso. Daqueles beijos que sua melhor amiga te dá depois de não te ver por muito tempo. Como é óbvio, e porque eu não conseguia controlar isso, senti minhas bochechas ficarem vermelhas.

Ele se afastou e riu ao ver a tonalidade de meu rosto. Não um riso de gozação, mas um riso porque achava engraçado. A mão que antes tinha estado em meu cabelo, passou pela minha face e me fez uma leve carícia, desde a bochecha até ao maxilar, me dando uma sensação de déjà-vu. Envergonhada por aquele gesto íntimo olhei para baixo, me desviando do olhar penetrante e gostoso dele. Ele soltou um riso abafado, com os olhos postos em mim. Sorri e olhei para ele timidamente que tinha um sorriso gigante no rosto.

--Já agora – ele disse - se não ficou esclarecido quando eu te entreguei o bilhete, que fique agora. – olhou para mim com intensidade, e eu me perdi naqueles olhos. Minhas mãos continuavam atrás do seu pescoço e uma das dele na minha cintura. Estávamos próximos e isso quase me fazia delirar. No entanto ele já não era mais Justin Bieber. Para mim, quem estava ali na frente, era o meu Biebs – Quando eu disse que te achava linda, não estava brincando. Eu realmente te acho linda.

Eu sorri, boba e envergonhada, olhando para o teto. Na voz ele, não havia uma ponta se sarcasmo ou ironia. Havia, sobretudo, sinceridade. Ele tinha sido honesto.

 Nunca ninguém me tinha dito semelhante coisa, sem ser a minha mãe. Mas isso não conta, porque as mães sempre acham os filhos lindos. Justin Bieber, ou Biebs, me achava linda. Que mais surpresas a noite traria?


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Tipo, o encontro deles não era para ser assim, mas okay. Acho que ficou fofo. Também, com o Justin no meio, só poderia ficar né?
Desde aqui vos queria pedir desculpas por demorado tanto a postar :c Sério, foi mal.
Depois aquela histórinha das personagens da recomendação é verdade, mas não me julguem! Não é por estar querendo comprar recomendações. É simplesmente a minha maneira de vos agradecer.
E esse capítulo não ficou completo, eu sei. vai ter duas partes e eu vou tentar escrever o resto numa semana. TENTAR. E quando a tiver, publico-a como segunda parte mas depois junto tudo.
(:
Me dêem ideias. o que acham que vai acontecer? o que acharam da ligação deles? Muito forte para o primeiro "encontro"? ficou bom? O que posso melhorar?
Me digam fofas! Vocês e o Justin são a minha inspiração e como ele não lê a minha fic, têm que ser vocês a me dizerem, okay?
Qualquer coisa falem comigo, e quem sabe eu vos adiciono no msn. Adoro fazer amiguinhas novas!