O tempo quente da manhã ou ameno da tarde, agora tinha sido substituído pelo frio noturno, quando os dois saíram da velha casa. Um lugar realmente apropriado para aquele tipo de atividade, longe de olhares curiosos, embora Lucy imaginasse, como tudo que acontecia no orfanato, era de alguma forma dado vista grossa em relação a isso.

Afinal para a loira somente isso explicaria como um lugar ainda conseguia funcionar, sendo que seus moradores se envolviam em tantas ilegalidades. Ou será que eles conseguiam esconder a verdadeira natureza deles. Algo que ela não duvidaria, olhou discretamente para Natsu ao seu lado, quem o olhasse agora tão alegre com um gato em seu colo, não suspeitaria que na verdade ele era um ladrão.

‘Então é assim que eles escondem’

Suspirou penosa pela sua má sorte, foram tantos lugares que poderia ter ido, mas o assistente social a enviara para aquele orfanato, infortunadamente para lá.

—Obrigado. – Agradeceu Natsu quebrando sua linha de raciocínio.

Lucy virou o rosto para olhá-lo, e como temia lá estava mais uma vez aquele sorriso radiante que a fazia se perder completamente, como ele poderia ser um ladrão, era um mistério que certamente seria eterno para ela.

—O que aconteceu afinal de contas lá? – Indagou ela.

—Estava fazendo uma apresentação com Happy, e ele resolveu fugir, imagino que estava aborrecido pelo dia de hoje, antes que eu pudesse alcança-lo ele entrou naquela casa. Odeio aquela casa. – Disse num suspiro longo. – Bem, tive que ir atrás de Happy, entretanto não conseguir pegar a tempo de Zeref pegá-lo.

—Zeref? – Perguntou curiosa.

—Sim, aquele idiota que você conheceu lá dentro. – Informou, fazendo-a torcer o nariz. – Quando ele reconheceu o meu gato, disse que somente me devolveria se eu apresentasse você a ele. – Lucy Franziu o cenho. – Mas disse a ele que não poderia, já que você era minha namorada, ele duvidou e disse que então caso você viesse e dissesse que realmente era, então poderia ter Happy de volta.

—Ah, então foi isso que aconteceu. Mas porque você disse que era meu namorado?

Ele desviou o olhar dela.

—Ele é um idiota. – Disse apenas.

Lucy poderia imaginar, porém, o que ele queria dizer com isso. Continuaram o restante da caminhada em silêncio. Retornaram para o restaurante, onde ela pode ver que se encontrava todos do orfanato, assim que eles viram os dois foi uma enxurrada de perguntas. Natsu sorrindo respondeu.

—Fiz isso por causa de Zeref.

O semblante de desagrado foi unanime entre todos ali sentados. Então, com pedido pelo mestre, Natsu e Lucy se sentaram e o garoto de cabelos rosas explicou o ocorrido, deixando claro que sua grande salvadora foi Lucy.

—Então vocês estão namorando agora? – Indagou Erza numa inocência que Lucy desconhecia nela.

Lucy agitou suas mãos diante de si, em forma de negação.

—É logico que não. – Gray protestou. -Ela apenas aceitou para ajudá-lo. Certo?

Lucy ficou surpresa com a pergunta dele dessa forma tão brusca, faz ficou feliz que ele a tenha feito, assim tudo ficaria esclarecido.

—Exato. – Confirmou.

Ela então olhou para todos, para ver se entenderam, mas deparou-se com um olhar ríspido em sua direção. A garota de cabelos azuis. A Juvia.

—Rival. – Ela sussurrou em sua direção, fazendo Lucy arquear sua sobrancelha direita sem conseguir entender realmente a garota.

Fora esse incidente com Juvia, o restante do jantar foi agradável para Lucy. Ela conseguiu apreciar um momento de paz e conforto junto daqueles que agora fazia parte de sua vida.

•••

Voltaram para o orfanato todos juntos, a conversa alta ecoava pelas ruas e preenchia a estrada de terra até a Fairy Tail. Todos riam e falavam alegremente, Lucy mais uma vez se deixou levar pelo momento, ria junto com todos. E mesmo que Juvia ora ou outra lhe lançava olhares assustadores, a loira se sentia incrivelmente bem.

Num dado momento Gray aproximou-se dela, sorrateiro e se colocou ao seu lado. Ela se virou para ele e lhe sorriu.

—Bom fazer parte de tudo isso, não?

—Sim, muito bom. – Disse ela franca.

—Nunca se esqueça disso, somos uma família. E nela cada um tem seu papel importante.

Ela fez que sim com a cabeça e ele lhe correspondeu com um leve sorriso.

E ainda no meio de toda a algazarra eles entraram na mansão da Fairy Tail, e cada foram para seus quartos. Lucy sentia que pela primeira vez poderia descansar.

Porém, antes que pudesse se vestir, a porta de seu quarto foi aberta bruscamente, a frente estava Wendy com um largo sorriso e logo atrás dela o restante do pessoal do orfanato.

A visão de ver todos adentrarem empolgados a fez recuar.

—O que...

—Eu contei a eles sobre sua ocupação e o valor que conseguiu ganhar. – Disse Natsu com entusiasmo.

—É verdade que ganhou nove moedas de ouro, loirinha? – Indagou Gajeel.

—Na verdade foram dez. – Corrigiu Gray.

—Dez? – Surpreendeu-se Cana, uma das garotas do orfanato, quem dividia o quarto com Juvia. – Uau!

Então foi uma enxurrada de parabenizarão para ela, deixando-a completamente envergonhada. Quando pediram para ela mostrar as moedas, com orgulho enviou a mão no seu bolso, mas não encontrou nada ali. Enviou no outro e teve a mesma descoberta, notou que nesse havia um buraco, lembrou-se então do rasgo no seu vestido. Certamente, foi no mesmo momento que rasgara o seu bolso. Desaminada ela contou a novidade a todos.

E mais uma vez foi unanime o desagrado de todos para com Natsu, que ficou completamente sem jeito coçando sua nuca.

—Não imaginava que isso iria acontecer. – Explicou com seu sorriso.

—Felizmente temos a recompensa dos demais, e você terá o próximo domingo para realizar uma nova façanha, quem sabe pode receber mais. – Disse o mestre em tom reconciliador.

Lucy sorriu para ele e concordou com a cabeça.

—Agora todos para fora, temos que ir dormir! – Gritou Erza.

Num piscar de olhos todos se retiram, deixando apenas Wendy e Lucy no quarto.

A garotinha puxou a trouxa estava em suas mãos até para perto de Lucy e dela retirou um vestido vermelho com renda rosa e branco, uma combinação que fez com que os olhos de Lucy se encantasse.

—Wendy, é lindo! – Exclamou com o vestido em mãos.

—Sabia que você iria gostar, apostei todos que tinha conseguido para consegui-lo. – Confessou.

Lucy a olhou surpresa e num gesto único que lhe sobrava, agachou-se diante da menina e abraçou-a forte.

—Muito obrigada, Wendy.

—Não foi nada, afinal você agora é membro da nossa família.

As duas se afastaram sorrindo uma para a outra, o ar de irmandade entre elas parecia inquebrável. E isso alegrou Lucy, que em seguida guardou o vestido e se arrumou para dormi. Agora ela tinha a plena certeza que conseguiria dormi em paz.