Ela olhou o lugar ainda amedrontada, o que o cocheiro lhe disse a caminho daquela casa não era uma das melhores coisas para se ouvirem, entretanto ela não tinha outro para ir, sem ser aquele.

Ela bateu à porta, ninguém lhe atendeu. Num suspiro desaminado ela voltou a bater, fosse pela força que usou, ou qualquer outro fenômeno, a porta se abriu. Pé ente pé Lucy entrou na casa de arquitetura monstruosa e fachada sombria; constatando que o cenário dentro desta não era melhor.

O local estava entregue a um breu fúnebre, e um cheiro de mofo e poeira dava-lhe boas vindas. A loira repousou a sua mala ao seu lado e tentou – com a luz pálida que o final do dia despejava no hall de entrada – visualizar melhor o cômodo.  Contudo o que enxergava era formas disformes de possíveis móveis, e o inicio de uma escadaria.

A casa apesar de mostrar-se do lado de fora possuir diversas janelas, não demonstrava que essas eram usadas propriamente. O lugar estava mergulhado num negror frio e fantasmagórico.

Cautelosa a loira deu mais dois passos casa adentro, o ranger de umas das tabuas do assoalho certamente velho, como a porta que lhe atendeu, a fez parar receosa. O som propagou pela casa, o que poderia ser um bom sinal... Ou ruim. Lucy não tinha ainda certeza se queria conhecer as pessoas que viviam naquele lugar.

O silêncio que apoderou do lugar em seguida, denunciou que ninguém havia ouvido a recém chegada – ou que a casa estava completamente vazia.

-Talvez a tenha abandonado. – sussurrou a loira num tom desaminado.

Sem ainda saber o que fazer, ela simplesmente ficou ali. Parada olhando para a escuridão da casa.

Num minuto seguinte, porém, uma luz se acendeu no andar superior. Esse iluminou toda a escadaria que outrora gozara de tempos fartos. E agora era só um espectral desta, corroída pelo tempo e entregue a sujeira.  

Lucy continuou parada, olhando apreensiva para o topo da escada. Neste despontou uma mulher ou garota – a loira não tinha certeza. A possível anfitriã desceu vagarosamente a escada, sem tirar os olhos nos de Lucy. Essa aos poucos notava que a ruiva lhe lançava um olhar interrogativo – o que era mais que normal.

-B-boa t-tarde. – gaguejou Lucy.

A outra parou na sua frente, analisando-a do pé a cabeça.

-Boa. – respondeu num tom indiferente. – O mestre não está. – disse.

Mestre? Indagou-se Lucy em pensamento.

A ruiva não esperou que loira disse alguma coisa, ou lhe perguntasse quando o mestre voltaria. Essa simplesmente se afastou de Lucy sumindo num anglo ainda escuro da casa, certamente adentrando ouro cômodo, que uma morada da casa não teria dificuldade em encontrar em pleno breu.

Lucy então voltou a ficar sozinha olhando para o nada. Mas sua solidão não durou muito tempo.

-Já disse que não fui eu ! ...

A loira virou-se, dois rapazes estavam parados a porta da casa. Um tinha um estranho cabelo rosa o outro, apesar de possuir os cabelos numa tonalidade normal, não tinha pudor algum. Este estava apenas de cueca.

O rosado rapidamente se colocou diante deste, enquanto Lucy, envergonhada, virava o rosto.

-Desculpa. – um dos dois falou, Lucy não se atreveu a olhar quem.

-T-tudo b-bem. – respondeu ela ainda de rosto virado.

-Eu disse para vestir a roupa...

-Muito conveniente falar isso. E onde elas foram parar?

-Vou eu saber! Quem as estava usando não era eu!

-Mas eu tirei antes de entrar no lago... Enquanto VOCÊ, cuidava delas!

Lucy olhou de esgueira os dois. Ambos estavam se enfrentando agora frente a frente, lançando olhares furiosos um por outro.

-Ah, vocês chegaram!

Lucy virou-se bruscamente para o outro lado, a ruiva voltara. Ela estava com as mãos na cintura e olhava duramente na direção dos rapazes.

-Espero que não estejam brigando.

-Claro que não! – disse os dois em uníssono.

-Mas Gray, diga-me, onde estão suas roupas?

Silêncio.

Lucy não os olhou para saber a razão deste.

-Gray?

-Não sei. Algum engraçadinho as pegou. – Lucy notou a voz contida dele, certamente segurando-se para não estourar como a pouco.

 Lucy então mirou a garota com certa admiração, vendo nesta uma imagem de irmã mais velha para aquele dois rapazes. Isso a fez dar um sorriso... Exatamente no momento que a ruiva a olhou. E essa também sorriu.

‘O cocheiro estaria mentindo?’

-Ficará esperando pelo mestre aí? Pegue suas coisas e entre, você tem muito o que fazer!

-Sim! – respondeu a loira prontamente, sem nem saber o por que.

Essa quando percebeu já estava com sua mala em mão, nem se preocupou em ficar de frente para o rapaz só de cueca, e tampouco em pensar duas vezes antes de seguir a ruiva para o segundo andar...