Meet Athena escrita por Nunah


Capítulo 14
capítulo 13 - formatura


Notas iniciais do capítulo

E aí gente? Qual a boa? -qn
Enfim, chegamos ao "último capítulo", depois desse tem só o epílogo e o bônus >< Admito que estou com um aperto enorme no coração vei...
Mas acho que vocês vão gostar, sério. Eu mudei algumas coisas, coloquei outras que fluíram na hora, que eu nem imaginava que ia ter... tá, leiam vai.



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This time, this place, misused, mistakes,

Too long, too late, who was I to make you wait?

Just one chance, just one breath, just in case there’s just one left.

‘Cause you know, you know, you know… that I love you…

I have loved you all along, and I miss you, been far away for far too long.

I keep dreaming you’ll be with me and you’ll never go,

Stop breathing if I don’t see you anymore…

– Far Away

Athena

Eu me olhei no espelho novamente. A primeira parte do ‘Grande Dia’ havia chegado. A formatura de Apolo. Em seis meses seria a segunda parte e a minha vez de entrar na vida adulta definitivamente. É até estranho ver seu irmão mais novo se formar antes de você, mesmo que seja apenas por alguns meses.

Eu havia colocado meu vestido branco soltinho, o mais confortável e bonito que consegui arranjar. Acho que não ficou tão ruim.

Agora tinha mais um membro na família: Hefesto. O bebê de Hera finalmente tinha nascido (o primeiro de muitos, penso eu). Vocês devem estar pensando “Nossa, então todos devem estar numa felicidade só! Os mais velhos vão se formar na faculdade finalmente e agora chegou mais um filho pra coleção!”... Ok, não é bem assim.

Hera entrou em depressão pós-parto, não queria ver o filho, não queria comer e nem sair do quarto. Nós quase fomos à loucura. Graças a Zeus, literalmente, que conseguiu segurar todas as pontas, ninguém surtou e ela agora está bem melhor.

Mordo o lábio enquanto me olho pela última vez. Suspiro. É, as coisas tinham realmente mudado.

Apolo

É, eu estava muito feliz, se te interessa saber (!). Tinha acabado de dobrar as mangas da minha camisa quando escuto a campainha de casa e, mais tarde, a voz de Hermes gritando alucinadamente escada acima:

– APOLO, PELAMORDEDEUS, DESDE AQUI AGORA!

E aí eu penso: Senhor amado, o que esse moleque quebrou dessa vez?

Então, eu, com a cara mais séria que consegui fazer, começo a descer degrau por degrau, e pra encontrar o quê?!

Meu melhor amigo parado no batente da porta sorrindo todo feliz!

WHAT. THE. FUCK.

– Mas... Mas o que...? – minha vontade era gritar de alegria, mas antes eu precisava dar uma bronca no meu irmão. – Hermes, seu filho da mãe, quer matar alguém do coração?! Pensei que você tivesse quebrado alguma coisa DE NOVO!

Ele me olhou incrédulo, como se dissesse: Tá brincando né?! Não viu quem tá aqui não?!

Fiz que não ligava e fui até Poseidon. Depois de tantos dias tenebrosos passados sem aquele clima de amizade verdadeira, não conseguia acreditar que era ele mesmo. Como era possível? Mesmo tendo conversado com ele no aeroporto um ano atrás, não achei que ele viesse mesmo.

Na verdade, nem deveria. Aquele lugar com certeza não era o seu preferido, só lhe trazia boas lembranças que nunca iriam voltar, ou o fazia lembrar maus momentos, o que era como colocar sal em feridas que nunca fechariam.

Fiquei parado ali. Olhando-o. Poseidon estava com o mesmo sorriso de sempre, com roupas idênticas às minhas, só dando destaque para sua camisa azul-petróleo.

Eu o abracei forte, trazendo-o para dentro de casa e fechando a porta. Não consegui dizer uma palavra.

– Parece que o gato comeu sua língua, Apolo. – ele riu.

Isso fez com que o clima de surpresa se quebrasse e eu o acompanhei, ri como se o tempo nunca tivesse passado.

– Você não perde o humor, hein?

Ele balançou a cabeça, rindo, e disse:

– Quer perder a hora ou o quê? Já são quase oito e meia.

Bati a mão na testa, é claro!

– Essa casa praticamente só tem mulher, Poseidon. Bem, vamos andando. Hermes, avise o pai que a gente se encontra lá, ouviu? – ele assentiu e sumiu escada acima. – Então, pode ir falando tudo.

...

Poseidon

Era um salão muito bonito, o da formatura, o mesmo que foi usado quando foi minha vez. Mas dessa vez não tinham fitas azuis e música alta, o ambiente estava estranhamente mais sério (só por que ele se formaria em Direito e não em Biologia Marinha?... quanto preconceito...).

Eu me sentei numa mesa com Hermes enquanto Apolo procurava os professores e os outros alunos para avisar que já estava ali. Aos poucos as mesas foram enchendo, as luzes escureceram um pouco e algumas pessoas subiram no pequeno palco que tinha na frente.

É claro que eu sei que era a formatura de Apolo, um dos dias mais importantes de sua vida, mas eu não suportava ficar ouvindo ladainha, ainda mais quando era mais irritante do que quando eu havia me formado. E por quê? Simplesmente porque a maioria daqueles alunos estava ali obrigada por pais de famílias milionárias e influentes porque o cara do microfone sabia que se desse uma fora, iria sobrar pro seu lado.

É... a vida é dura, realmente.

Nesse meio tempo me dediquei à observar mulheres com os vestidos mais caros que se podia comprar e homens de aparência militar, que comandavam tudo ao seu redor com punho de ferro. No mesmo instante, me lembrei de minha própria família. Meu pai, minha mãe, meu irmão Hades... como estaria ele?

Há mais de um ano eu não os via e eu não pretendia deixá-los saber que eu estava aqui, afinal pretendia voltar para minha vida no Brasil o mais rápido possível depois de matar as saudades...

Eu estava tão distraído com meus pensamentos que tomei um susto enorme ao ver que o resto da família já estava se sentando em volta da mesa (que era muito maior que as outras, ocupadas por famílias com no máximo quatro membros).

E foi basicamente isso, um monte de gente subiu lá pra ficar falando merda, eles receberam um diploma, aquelas coisas normais de formatura e tal.

Finalmente, A PORRA DA FESTA! Não que tenha sido tão animada, com todas aquelas pessoas que pareciam estátuas, mas é a hora em que a gente se solta um pouco, graças aos deuses!

...

Athena

Eu observava Poseidon de longe, sentada a uma mesa, totalmente isolada (que novidade Athena!) e invisível. Ele não estava tão diferente do garoto brincalhão que eu conhecera, mas parecia muito mais maduro. Quando eu soube que ele iria para o Brasil eu pensei, “Nossa, que legal, ele vai embora seguir sua vida!”; eu fiquei feliz por ele.

Mas não posso negar que me deu um aperto no coração. Eu teria gostado muito de ter ido me despedir, mas parecia que só de se olharem ele e Frederick pareciam ter estabelecido uma rixa como se se conhecessem há anos! Fred me segurou no aeroporto e me convenceu a ficar ao seu lado.

E depois eu percebi que ele tinha razão em me impedir. Eu tinha negado Poseidon, tinha me esquecido dele desde que Frederick chegara em casa e não tinha me importado com seu olhar cheio de dor ou com a distância que começara a se instalar entre nós. Agora, parecia que nunca tínhamos nos visto antes. Era como se nunca tivéssemos sido amigos, ou qualquer coisa parecida.

Nós ainda éramos os mesmos, mas parecia que nossa antiga amizade tinha sido um sonho há muito esquecido. Nem um pouco surpresa, senti uma lágrima solitária escorrendo por minha bochecha.

Oh, you can’t hear me cry, see my dreams all die, from where you’re standing on your own. It’s so quiet here, and I feel so cold, this house no longer feels like home.

Eu sabia que ele nunca mais iria olhar na minha cara. Provavelmente, ele já tinha caído de amores por outra, talvez até começado uma família e ainda não contara nada. Era bem possível. Poseidon era um bom homem, bonito, simpático. Tinha tudo para conseguir o que quisesse, onde quisesse.

Tinha começado a tocar So Cold, uma música que eu sempre gostara, mas que agora fazia total sentido para mim. Engoli o choro e me levantei. Era uma música lenta, por isso ele estava indo se sentar (quem dança uma música lenta sozinho?!). Ninguém se importou muito quando eu passei, tenho certeza que nem repararam em mim, mas eu consegui segurar sua mão e fazê-lo me olhar.

Tenho certeza de que ele não me esperava. Eu não esperaria. Ficamos uns bons momentos nos encarando. Seus olhos pareciam querer me dizer mil coisas ao mesmo tempo: surpresa, alívio, saudade, aflição, dor.

Mas eu não estava em condições de responder agora. Coloquei os braços em seu pescoço. Ele me abraçou pela cintura. Como eu sentia falta daquele toque.

You caused my heart to bleed and you still owe me a reason, ‘cause I can’t figure out why… why I’m alone and freezin’ while you’re in the bed that she’s in, and I’m just left alone to cry…

Não consegui esconder o que estava sentindo. Sentia lágrimas desceram silenciosamente de novo, dessa vez com permissão. Não dava para notar, mas eu sabia que ele sabia que eu estava chorando.

Quando a música acabou e novamente começou uma animada, pareceu nossa deixa para sair daquele salão e sentar em algum lugar isolado. Ele me mantinha apertada em seu peito como se tivesse medo de que eu saísse correndo, e com razão.

Nós nos sentamos em volta de uma mesinha na sacada, aonde ninguém viria nos incomodar. Assim que nossos olhos se encontraram, ele sorriu. Ele sorriu e enxugou meu rosto!

Athena, sua cretina! Você não o merece, sua filha da mãe! Saia já daí! Depois de tudo o que você aprontou... Arrrrg.

– Você está bem, mi luna?

OK. CHEGA. NÃO POSSO CONTINUAR COM ISSO.

Assenti, meio contrariada.

– Certeza?

Droga, esqueci que ele me conhecia mais do que eu mesma. Ótimo.

– Athena, você pode conversar comigo.

Seus olhos pareciam cheios de dor novamente. Ele estava triste! Triste e ressentido por eu não falar com ele!

Ele não entendia que eu não o merecia? Ele não entendia que eu estava tentando protegê-lo de mim e dos meus problemas?! Ele não entendia que eu... o amava demais para prejudicá-lo?

Abaixei a cabeça, envergonhada.

– Me desculpe – eu disse. -, Poseidon, me desculpe por tudo. Nós nunca deveríamos ter nos conhecido, essa é a verdade. Você não nasceu para conviver com gente como eu.

Ele arqueou as sobrancelhas. Abriu e fechou a boca diversas vezes, mas sem emitir som algum.

– Eu não mereço você, sua amizade, solidariedade ou qualquer outra coisa. Você não entende isso? Você tem de ir embora, Poseidon. Por favor.

Sua expressão agora estava surpresa. Ele parecia... bravo? Eu nunca o tinha visto bravo e olha que já lhe dei muitos motivos para isso.

– Athena, se está tentando me proteger, muito obrigado, mas eu não vou embora enquanto não souber o que está acontecendo. Você não está chorando de felicidade, sei disso! E nem de emoção em me ver. Tenho certeza de que não me quer mais na sua frente, mas Apolo é meu amigo, assim como Hermes.

Meus olhos se encheram de lágrimas novamente.

– Estou aqui porque ele me pediu, senão, tenha certeza, eu nunca teria voltado.

Ele disse aquilo baixo, como se fosse uma ameaça, mas não era. Ele sentia vontade de me jogar na cara muitas coisas e estava certo. Eu merecia aquilo e muito mais, é verdade.

Mas mesmo sabendo disso, meu coração parecia ter recebido uma facada bem calculada. Eu não esperava uma emoção tão forte.

Seems like it was yesterday when I saw your face... you told me how proud you were, but I walked away… if only I knew what I know today, ooh… ooh…

Aquilo realmente me atingiu como um raio. No fundo, bem no fundo, depois de todos os esforços de mantê-lo afastado, eu ainda esperava de que ele tivesse voltado por mim, mesmo que só para, sei lá, me dar uma bofetada na cara... mas eu sabia que ele nunca seria capaz.

Poseidon tinha senso de honra. Assim como o pai.

Em sua família, honra se lavava com sangue, mas bater em uma mulher nunca passaria por sua cabeça. Disso eu posso ter certeza.

Poseidon afagou minha bochecha e sorriu tristemente.

– Eu queria que as coisas tivessem sido diferentes... – sussurrei.

– Oh, eu também, mi luna, acredite... eu também.

Engoli em seco. Eu queria contar-lhe tudo. Eu conhecia Poseidon, sabia que podia confiar nele. Mas... voltar aos velhos hábitos às vezes é tão difícil... depois de tudo que passamos...

– O que aconteceu? – ele perguntou novamente, olhando-me nos olhos. Encorajando-me.

– Frederick... ele foi embora. Não faz muito tempo e eu também não sinto sua falta, mas...

– Athena...

Decidi falar de uma vez. Eu o olhei duramente nos olhos e falei as palavras que demoravam a sair:

– Poseidon, eu estou grávida. Já fazem quatro meses. – eu disse isso lentamente, engolindo em seco. Ele com certeza estava surpreso, mas seu rosto não esboçava nenhuma emoção. Seus olhos automaticamente voaram para minha barriga e meu vestido largo.

Ele ficou mais de dez minutos só me encarando, encarando minha barriga, meu vestido, juntando as peças do quebra-cabeça.

Sua cabeça está a mil, eu pensava.

– C-Como isso aconteceu? – ele disse, baixinho, com medo da voz falhar.

– Você sabe muito bem como essas coisas acontecem! – eu disse irritada, no mesmo tom de voz.

– Aquele filho da puta. Por isso ele foi embora, não é? Eu soube que ele não te merecia desde a primeira vez! Como você deixou isso acontecer, Athena? Pelo amor...

– A culpa não foi minha, tá legal?! Eu o conheço desde pequena, ele sempre foi bom pra mim e pra minha família, meu pai sempre o adorou. Nós estávamos noivos, Poseidon!

– Se ele pretendia casar com você então não deveria ter ido embora quando soube que você estava grávida! Isso aconteceria cedo ou tarde depois do casamento.

Suspirei.

– Você não entende, Poseidon. Frederick não é muito bom das ideias, sabe? Não sei o que deu nele... é claro que ele não queria responsabilidades, ficava sempre adiando a data do casamento e tudo o mais... Aquele crápula.

– Ele só queria se aproveitar...

– Eu sei disso! Agora eu sei, ok? Se eu pudesse voltar no tempo e consertar as coisas eu o faria com muito gosto, mas todo mundo erra e se arrepende na vida e é obrigado a seguir em frente. O único lado bom que eu encontrei foi que na minha formatura, daqui seis meses, eu já estarei sem filho algum na barriga.

– Sim, mas estará super cansada, porque vai fazer um mês que você deu a luz. Você já pensou em como vai continuar estudando? Athena, você já contou para alguém?

– É claro que eu ainda não contei a ninguém, não vê que estou tentando esconder? A barriga começou a crescer só agora. E pare de me passar sermões, você quer o quê, afinal de contar? Eu não vou matar meu filho, não vou fazer nenhuma merda de aborto!

– Não estou dizendo para fazer isso, mas o que seu pai irá dizer? Como você vai trabalhar com um filho novo desse jeito? Zeus no mínimo irá matar Frederick, e com muita razão!

– Eu não vou tirar o meu filho de mim, ok? E também sei que vou ter de contar ou eles descobrirão por conta própria. Mas como eu faço isso? Meu pai não é muito compreensivo.

Ele suspirou e passou a mãos pelos cabelos. Gesto que eu aprendi a identificar como nervosismo.

– Bem, eu também não posso dizer nada, pela minha situação...

– O que quer dizer? – franzi o cenho.

– Eu também vou ter um filho. – ele baixou os olhos. – Sally, uma mulher que eu conheci no Brasil, ela é casada... mas não é uma safada maluca que trai o marido a torto e a direita, sabe? A gente teve bons momentos, mas ela me mandou embora. O marido dela não sabe de nada... mas eu vou voltar daqui alguns anos, quando ele estiver maior, para me apresentar. Provavelmente ele vai se rebelar, eu vou levar porrada do marido dela, o de sempre. Mas eu não vou deixar meu filho sem um pai.

É, estávamos no mesmo barco. Ótimo, assim podíamos nos consolar igualmente, sem um brigar com o outro por irresponsabilidade. Nós dois fizemos as coisas pensando no bem, mas Poseidon teve mais sorte que eu. Provavelmente Frederick nunca mais apareceria por perto.

– E o que você fará nesse meio tempo?

– Eu pensava em voltar pro Brasil. Eu imaginei que você estaria com Fred, e estaria feliz, por isso não queria estragar nada. Mas vendo que as coisas estão bem diferentes...

– Poseidon...

– Athena, você quer se casar comigo?


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Notas finais do capítulo

Espero ter compensado o capítulo anterior com esse aqui, mas eu ainda acho que o próximo será ainda melhor hm ;) fiquem na espera e acreditem: por mais que eu demore, eu não abandonei a fic! 2bj.