Estava uma confusão enorme na minha cabeça, a raiva pelo que a Ashley tinha me feito, o jeito como o Lee Shin tinha sido comigo. Cada vez me convencia mais de que ele estava certo. Cada vez mais me convencia que a Ashley era bem mais do que uma colega de classe. E por mais que quisesse, não conseguia parar de chorar aquilo estava sendo de mais para mim.

No banheiro perdi a noção do tempo que levou para eu me acalmar e conseguir parar de chorar, me olhei no espelho e vi como eu estava um lixo, meus rosto estava vermelho assim como meus olhos. Que idiota eu sou... Agora não vou poder voltar pra sala, e encarar todas aquelas pessoas estando daquele jeito. Principalmente duas, Lee Shin e Ashley.

– Júlia?

Me assustei a ouvir aquela voz, era o Lee Shin! O que ele estava fazendo no banheiro feminino? Apesar de ser normal dele... Mas, mas não queria olhar para ele naquela situação. Fechei a porta e esperei que ele fosse embora mas não foi continuou me chamando.

– Júlia? Eu sei que você ta ai, abre a porta! – Disse já batendo na porta.

Fiquei em silêncio por um tempo antes de responder, ainda estava abalada e não queria que ele percebesse isso em minha voz, tentei fazer ela soar o melhor possível.

– Oi. O que foi? – Por mais que me esforçasse, minha voz demonstrava que eu não estava bem e as lagrimas já estavam voltando.

– Você está bem? Digo... Você saiu assim. –

– Sim, estou bem. -

– Não minta para mim, eu sei que você não está.

– Olha... Eu quero ficar sozinha, já me senti envergonhada de mais por hoje.– Falei chorando.

– Abre a porta?

– Não... Não quero que me veja assim.

– Ta... – Senti ele recostando na porta assim como eu estava. –

Depois de um tempo em silêncio não agüentei mais.

– Você não vai embora?

– Irei ficar aqui até você abrir a porta.

Droga... Como ele era teimoso. Ambos éramos, sentei-me já cansada daquele dia. Com a cabeça encostada na porta comecei a pensar, um tempo depois vi que ele tinha saído de perto da porta, deve ter ido embora afinal ainda tínhamos aulas. Esperei até todas as aulas terminarem para poder sair dali, afinal queria sair e pegar minhas coisas sem que ninguém me visse. Assim que o sinal tocou, o barulho dos alunos no corredor indo para casa foi enorme, assim que começou a cessar eu me levantei e abri a porta.

Me assustei a ver o Lee Shin parado em frente a ela, assim que me viu sorriu.

– Até que fim.

– Mas... o que você ainda ta fazendo aqui?

– Eu disse que iria ficar até você sair.

– Droga... Porque? PORQUE? Eu disse que queria ficar sozinha. – Falei já chorando de novo.

Ele apenas colocou seu casaco em mim, olhei para ele e ele dava um daqueles sorrisos, como se quisesse me animar.

– Porque eu gosto de você! Isso é suficiente?

Corei, na mesma hora ele puxou o capuz e colocou sobre minha cabeça já segurando em minha mão e me puxando para fora do banheiro. Fomos para sala já vazia, pegamos nossa mochila e saímos ainda de mão dadas. Não o encarava já estava corada de mais, estava feliz por estar com o capuz, e conseguir me esconder do olhar das outras pessoas que tinha ficado no colégio.

Já perto da saída onde ficava as bicicletas, senti ele segurando minha mão mais forte assim que olhei para a mesma direção que ele percebi o porquê, a Ashley estava parada olhando para nos com raiva. Droga, de novo não, essa menina deve ser uma stalker ou algo do tipo. Inconscientemente comecei a tremer, Lee Shin percebeu e segurou mais firme a minha mão. A Ashley veio andando até nós, parando na nossa frente e já berrando.

– Porque você está com ela?

... Ele nem a olhou nos olhos, apenas desviou dela e continuou andando, já me puxando.

– LEE SHIN!

– O que é?

– Solta ela!

– Não. Porque eu deveria fazer isso?

Ela se aproximou de mim, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa o Lee Shin me puxou.

– Não vou deixar você tocar nela de novo, não importa o que! – Disse bravo – Vamos Júlia.

Segui ele até a saída, esperei ele pegar sua bicicleta para me despedir. Mas ele não me deixou ir para casa sozinha, insistiu para que eu fosse com ele. Não tinha como negar, por tudo que ele tinha me feito hoje.

– Júh, você pode ir pra casa mais tarde hoje? - Disse tímido, me assustei um pouco por ele nunca ter me chamado pelo apelido.

– Sim, minha mãe vai trabalhar até tarde hoje.

– Certo, então vou te mostrar um lugar legal!

– Hum... É para eu ficar curiosa ou desconfiada?

– Os dois. – Piscou.

Em pouco tempo nos estávamos em uma praça perto dali. Sempre reparava nela quando voltava para casa, mas nunca tinha parado para visitar. Era uma das poucas coisas naquela cidade que eu poderia elogiar, era lindíssimo. Cercado de arvores e com um lago no centro que refletia a luz do sol. Amo lugares assim, áreas verdes, me fazem parar para pensar esquecer o mundo um pouco, era disso que eu estava precisando, ele tinha acertado em cheio.

Ele parou a bicicleta perto do carrinho de sorvete. Descemos, compramos dois sorvetes e ficamos caminhando.

– Que loucura né? Você está melhor?

– Estou sim, acabei me esquecendo de tudo.

– Desculpa...

– Pelo o que? Você só veio me ajudando eu que tenho que agrade...

– Bem, tudo isso... Foi minha culpa. A Ashley...Sabe...Tudo.

Ele parou de andar, parei também. Estávamos de frente um pra o outro, mas ele não me olhava dessa vez. Encarava o chão. Parecia triste, sua aura alegre de sempre tinha sumido. Fique preocupada, cheguei perto dele. Jurava que tinha visto uma lagrima cair-lhe sobre o rosto, segurei sua mão forte.

– Lee Shin? – Ele olhou pra mim, seu olhar foi penetrante diante o meu. Seus olhos castanhos pareciam sem brilho, aquele parecia não ser o Lee Shin que eu conhecia. Pareciam que tinham o apagado, era só uma copia em seu lugar, um boneco. Mas assim que ele sorriu, senti um pouco dele voltando, mesmo sendo um sorriso forçado.

Dessa vez, eu o abracei. Realmente não sabia o que fazer diante daquilo. Ele me abraçou de volta. Ficamos assim por um tempo até que ele me soltou.

Finalmente, vi o brilho de sempre voltando a ele. Não igual a sempre mas dessa vez melhor.

– O que foi? – Acariciei seu rosto com minha mão.

– Vem Júlia, vamos sentar. É uma historia longa.