Norah

No meu sonho as coisas estavam bem estranhas ,sabe como é né ?Sonhos de semideuses nunca são só sonhos,sempre tem algo de verdade ,ou uma previsão estranha.Então...

Era uma casa estranha,muitos andares, todos eles tortos ,como se tivessem sido acoplados de acordo com a necessidade,haviam galinhas ciscado a terra ao redor da construção ,botas velhas espalhadas pelo terreno que não parecia ficar em um meio rural,além disso eu não reconheci nada daquilo,mas parecia um lugar aconchegante.

Um estalo ecoou pelas redondezas ,duas pessoas bastante pálidas andaram até a porta da casa :

O primeiro era baixo ,cabelos negros espetados e olhos verdes bem brilhantes,atrás de óculos de aro redondo,seu rosto expressava um evidente preocupação,algo muito mais claro pelo modo como mexia nervosamente em sua capa negra.Aparentava uns 30 a 35 anos ,talvez um pouco mais ,nunca fui boa com fisionomias.

O segundo era mais alto ,não vi direito seu rosto pois a luz que saia da casa não o atingiu,além do mais trazia o capuz de seu moletom suspenso ,mas não parecia ter mais do que 16 ou 17 anos,pelo modo como andava ,embora também estivesse nervoso ,seu andar era muito desleixado para ser um adulto.

A porta foi aberta,uma mulher ruiva e alta ,com os olhos castanhos inexpressivos apareceu,bufando.

–Disse que não iria levá-lo-Acusou ,apontando para o menino.

–Ele disse que quer ser auror ,então...-Disse o mais velhos dando de ombros

A ruiva fulminou-o com o olhar ,mas algo pareceu lhe recorrer ,um assunto mais importante:

–O que houve ?O que Stanley disse?É verdade?-Perguntou.

–Sim,ele disse que tinha provas-Murmurou o menor.

Sua voz era séria ,mas seu modo de proferir as palavras deixava claro que o assunto dos adultos não lhe interessava nem um pouco.

–Provas?-Surpreendeu-se ela-Que provas?

–Essa -Disse o primeiro homem ,tirando do bolso algo que eu automaticamente reconheci-A arma que matou Kim

Era uma espada,sem duvida,uma digna do Chalé de Hefesto,feita com bronze celestial.Com maior certeza eu poderia afirmar que a arma poderia muito bem ser do arsenal do acampamento meio sangue.Mas o que ela estaria fazendo ali,era impossível saber .

Acordei sem ter respostas para minhas perguntas :Que lugar era aquele ?Quem eram aquelas pessoas?O que aquela espada estava fazendo num local como aquele?Por que aquela cena era tão importante a ponto de ter sonhado com ela ?

Minha mente vagava ,tentando compreender as imagens que eu lembrava do sonho.

Ao abrir os olhos finalmente não reconheci o lugar,com certeza não era o chalé de Ares,não tinha ninguém roncando ou batendo em ninguém,na verdade não havia com quem compartilhar o belo quarto comigo.O cômodo tinha paredes verdes e teto branco ,não o vermelho do chalé com qual já estava acostumada,tinha uma janela grande branca dando para a rua ,agora tapada pelas cortinas da mesma cor,um pequeno guarda-roupa ,uma mesinha de cabeceira onde minha mala estava(não havia tido vontade de desfazê-la,apenas havia tirado meu pijama e escova de dente).

Era claro,talvez isso que tivesse me despertado,por que do jeito como aquela cama grande era confortável ,se ainda estivesse escuro ,demoraria muito para que eu acordasse.

Aos poucos fui tomando consciência de que não estava no acampamento e sim bem longe,um oceano de distância,Londres para ser precisa.

Apesar dos roncos dos meus meio irmãos,das brigas infantis,da bagunça logo cedo,e de tudo que eu vivia reclamando ainda era muito solitário não ter ninguém para acordar com um travesseiro na cara ,xingando o máximo que pode até ser calado com um grito da Clarisse.Dava saudade.

Mas ignorando o aperto no peito ,levantei-me e fui até o banheiro.Ao sair ,já vestida e pronta para o dia,peguei minha mochila,nela havia tudo o que um semideus precisa :ambrosia ,néctar,um punhal ,mapa de Londres ,dinheiro mortal,dracmas,uma varinha roubada de algum filho de Hecáte-graças ao povo de Hermes,mas a varinha não funcionava comigo,chatão-,tinha até uma muda de roupa caso ocorra algum incidente.

Tomei meu café na pensão mesmo,a mulher que cuidava dos hóspedes foi muito educada comigo,embora eu não houvesse lembrado seu nome no momento ,mas viria a saber que a moça se chamava Leda e era dona dali.

Sai, pronta para dar inicio a minha missão.

Tiago S.

–Mas mãe..!-Resmunguei.

–Nada demais Tiago,você e seus irmãos vão ou não vai nenhum dos três-Disse ela dando ponto final a nossa discussão.

Qual é!Alvo já tinha 13 anos ,ou seria 14,15?Dane-se ,ele podia vira-se sozinho ,na idade dele eu já fazia coisa bem pior que uma simples compra no Beco Diagonal.Mas meus argumentos de nada valeram com a minha amada mãe,Gina Weasley,só fizeram seus lindos olhos castanhos queimarem de irritação,contudo eu ainda tinha que levar Alvo e Lilian comigo ,mesmo já sendo maior de idade.

NADA DIVERTIDO.

Pois bem,apesar de ter feito maior birra para não levá-los ,acabei levando ,no carro do meu famoso pai:Harry Potter,er ,esse da cicatriz que vive aparecendo no Profeta Diário,isso,esse mesmo.Era um dia nublado-normal- e eu estava planejando outros tipos de companhias,umas mais bonitas e ''pegáveis'',ou talvez encontrar algum amigo da escola por ai.

Mas nããããããooo,tudo por que o Alvo quis vir também ,ai a Lily entrou na dele e resolveu ferrar com tudo.

–Tiago eu...-Ia dizendo Alvo no caminho,visivelmente culpado por ter arruinado meus planos

–Ca-la-do-Respondi.

E o caminho todo ninguém conversou.

Assim que fechei todo o carro vire-me para eles ,meus ''adoráveis'' maninhos:

–Então ,negócio é o seguinte -Disse ,soando bem malandro,girando a chave na mão-Vocês vão lá e compram suas coisas,as minhas também,está tudo na lista que mamãe deu.Bom passeio e tchau.

–E você vai aonde?-Perguntou a ruivinha.

–Não queira saber Pimentinha,não queira-Respondi

–Vou contar para a mamãe-Disse ela.Seus olhos brilharam marotamente.

–Conta,que eu terei o prazer de contar o que você anda fazendo nos corredores de Hogwarts -Ameacei.

Ela empalideceu e assentiu,olhei para Alvo, desafiador.Ele também assentiu ,não parecia querer minha companhia.

Sorri e fui andando .Não sabia o que Lily fazia a noite pelos corredores ,mas depois dessa reação iria descobrir com certeza,afinal ela era minha irmã ,né?Precisava cuidar do que era meu.

Por fim acabei sozinho ,caminhando com a mão no bolso ,piscando desenfreadamente para as meninas bonitas que passavam.

Até que uma em si chamou minha atenção,baixinha,cabelos castanhos olhos da mesma cor ,confusos.Analisava febrilmente o mapa que trazia em suas mãos.

Turista.