POV Harry

Eu disse que a amo, na frente da Santanna... O que deu em mim? Ela provavelmente iria dizer para Spencer... Eu... Sei lá. Não sou bom com meus sentimentos. Não sou fofo como Niall, maduro como Liam, carinhoso como Louis ou protetor como Zayn... Cara, eu sou muito chato... Que droga. Eu estava deprimido, muito deprimido. Arrumei minha mochila e parti. Eu pensei em ir andando, mas não, eu estava muito estressado, se encontrasse uma fã na rua, eu poderia acabar sendo frio sem perceber e isso não seria nada legal. Chamei um táxi e fui.

Caminhei pelo hospital lentamente, bem devagar mesmo. Acho que levei uns dez minutos para entrar no quarto dela. Ela estava deitada, pálida... Ah, mas ela estava linda. Seus cabelos roxos bagunçados e sua raiz loira começando a aparecer... E que loiro bonito! Seus olhos azuis estavam cheios de lágrimas.

– Fica calma – eu disse – seu super-homem acabou de chegar.

Corri – fazendo com a boca o som da trilha sonora do super-homem – e abracei-a. Ela deu risada e me abraçou.

– Achei que não iria vir...

– Eu também.

– Não digo só de hoje! Achei que... – ela estava muito tímida – Você não ia mais querer falar comigo.

– Não diga mais isso, nunca. Vamos ter um filho! Ou uma filha, é claro. Eu não posso deixa-la na mão... E afinal, a culpa disso é toda minha, eu que te dei a bebida, eu que te seduzi, eu que tomei a iniciativa, tudo eu!

– É muita culpa pra uma pessoa só, não acha?

Eu fiquei mudo, e então, ela me deu a mão.

– Amanhã eu saio daqui, graças a deus, essa comida é horrível! – ela tentava fazer piadas, com aquela voz meiga, ah, como eu amo aquela voz.

Mesmo com as piadas, eu percebia que ela estava nervosa.

De repente, começamos a conversar sobre o futuro.

– Imagina a gente casando, Harry.

Opa, para tudo. Ela disse mesmo isso?

– Me desculpa, não devia ter dito isso...

– Não mesmo...

Ela me fuzilou com um olhar de “você acaba de fazer a maior besteira da sua vida” e ficou em silêncio.

– Espera, Spencer, me desculpa – tentei me desculpar, ela continuava em silêncio.

– Spence...

– Só o Niall pode me chamar assim.

Ai, essa doeu.

– Não foi minha intenção...

– Nunca foi, né Harry?

– Para, você não sabe de nada...

– Sei o suficiente. Vai embora, Harry.

– Mas...

– Vai.

Eu peguei minha mochila, me levantei e abri a porta. Nesse momento foi como se eu começasse a gritar comigo mesmo por dentro. Algo como “Não seja covarde, Harry! Prove a ela que ela está errada, prove!”. Eu joguei minha mochila no chão e caminhei (um tanto furioso) em direção a ela.

– Harry, mas o– tarde demais, eu estava beijando-a.

Ela parou o beijo rapidamente, porém não com um olhar de raiva, nojo ou desgosto, e sim com um olhar de dúvida, confusão.

– Eu... Sei lá! Tá vendo o que você faz comido garota?

– Eu não fiz nada! – nosso tom de voz aumentava.

– Fez sim, fez eu te amar!

Ela me olhou espantada. Merda, por que diabos eu fui dizer isso em voz alta?

– Você me... O que?

– Esquece.

– Ah, então era mentira, legal.

– Spencer...

– Vai embora...

– Para! Eu queria evitar uma cena como essa!

– Como essa o que, Harry?

– Assim! Eu e você, brigando, discutindo. Eu não queria fazer esse papel de idiota apaixonado que, bom... Eu estou fazendo.

– Por que é tão difícil pra você admitir que esta apaixonado? Quer dizer, eu sei que não sou bonita nem...

– Para, você é linda. Mas não é você, sou eu...

– Vai se foder, Harry.

Nós dois rimos.

– Eu gosto de você.

– Só gosta? – caramba, ela gostava de provocar.

– Não, eu... – respirei fundo – Eu te amo.

Ela apenas sorriu.

– Bom saber que meu amor não é recíproco.

– Ai Harry. Quando eu disser essas três palavras pra você quero que seja espontâneo e especial, não comigo em um hospital!

– Mas você ama né?

Ela suspirou forte.

– Sim, Harry, eu amo você.

– Tá vendo, foi espontâneo.

Nós dois rimos e ficamos conversando, até adormecermos.

Na manhã seguinte, fomos para a casa logo cedo, eu estava animado! Chegamos em casa, todos estavam dormindo, resolvemos então “animar” as coisas: Pegamos duas panelas e duas colheres e saímos batucando pelos quartos, todos eles gritaram e morreram de susto. Tacamos as colheres em Liam, que gritou de medo e jogou um travesseiro em mim. O mais engraçado foi ver Niall cair da cama, que por algum motivo estranho estava dormindo junto com Santanna... Será que eu havia perdido algo?

Logo após acordarem, todos sentamos na cozinha. Enquanto eu, sendo um ótimo cavalheiro e um amor de pessoa, fazia o café da manhã para todos, Spencer conversava com eles.

– Acho que é um menino – Spencer dizia.

– Eu também – eu concordava.

– Seria tão legal um menino, mas seria tão legal uma menina... – dizia Louis, indeciso.

– Eu acho que é menina. – disseram Zayn e Santanna em coro.

– Eu não acho nada, eu nunca acerto – Liam resmungava.

Todos nós rimos.

– Só espero que a criança puxe a mãe, imagina só, nascer um monstro como o pai!

Todos riram. Olhei para Niall e fiquei quieto, ele era um idiota. Continuei fazendo as panquecas e fui servindo-as.

– Cadê a minha panqueca? – Niall perguntava.

– O monstro aqui só fez pros especiais, levanta e prepara.

– Você não me ama mais Harry???? – perguntava, indignado – Mas e tudo o que nós passamos meu amor!

– Sai pra lá Niall! Você é muito gay às vezes... Algo como vinte e três horas por dia. Anda, come a sua panqueca logo vai – retirei a panqueca que havia escondido.

– Obrigada gato – ele falou, rindo.

– Pussssy! – eu gritei e mais risadas foram à mesa.

E passamos a tarde assim, juntos, pela primeira vez depois de muito tempo, sem brigas, apenas curtição, piadas, abraços e filmes, muitos filmes.