Beloved Stranger escrita por Miss Moony


Capítulo 13
Capítulo 13 - Quem ele realmente é?


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, mais um capítulo. Desculpem a demora! Bjs!



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Capítulo 12

Eles chegaram em casa no meio de janeiro, após terem passado quase um mês na Colômbia.

- Como foi o batizado? – perguntou Renee, quando foi visitar a filha alguns dias após sua chegada.

- Foi lindo, mãe! A irmã de Edward e seu marido foram os padrinhos e Lucas usou a manta de batismo que está na família de Edward há mais de cinco gerações. O próprio arcebispo da Colômbia celebrou o batizado.

- O arcebispo?

- Sim... a mãe e as irmãs de Edward são muito ativas nos círculos da igreja, participam de vários projetos sociais. Eles realmente são uma família importante lá.

- Nunca pensei mesmo que Edward fosse um Zé ninguém. Mas também nunca pensei que ele fosse tão religioso assim.

- Realmente ele não é, atualmente. Frequenta pouco a igreja, mas tem sempre flores no altar de Nossa Senhora lá em casa. Claro, pode ser coisa da Maria, como também pode ser uma das coisas que ele acha que são prerrogativas das mulheres.

- Olhe, Bella... se Edward não fosse ultrajantemente charmoso, ele seria impossível.

- Pois é... eu sei disso.

- Bella!

Edward entrava pela porta, todo animado, e quando viu Renee, sorriu.

- Oh, Renee! Como é bom ver você! – disse ele, dando-lhe um abraço e um beijo.

- Era você que eu estava ouvindo rachar lenha? – perguntou Renee.

- Sim, rs... já estou na segunda árvore. Tô com uma fome danada, querida. Tem alguma coisa aí pra comer?

- Tem esse bolo de banana que eu e mamãe estamos comendo. Quer um pedaço?

- Hum… parece bom. Não quero um só não... posso ter dois?

Ele largou  o casaco na poltrona ao lado e foi ao banheiro, lavar as mãos.

Bella e Renee foram pra cozinha, a mãe olhou para o casaco e de volta para Bella, que a olhou de forma divertida.

- Não adianta eu dizer a ele pra pendurar o casaco no cabideiro, mãe... ele vai dizer, com lógica irrefutável, para ele, é claro, que o lugar do casaco não é no cabideiro... é no armário lá em cima!

Quando elas voltaram pra sala, Edward já estava sentado à mesa da sala, e Bella o serviu de bolo e café. E teve de reprimir o impulso de afastar da testa dele uma mecha que caíra sobre ela. Ele tinha dobrado as mangas de sua camisa de flanela e os antebraços pareciam mais fortes após o esforço de rachar lenha.

- Bella me disse que gostou muito de Bogotá. – Renee iniciou uma conversação com ele. – Tem muitos anos que não vou lá. Parece que mudou muita coisa.

- Há mais dinheiro circulando na cidade agora.

- Dinheiro das drogas?

- Parte dele, infelizmente. E algumas coisas lamentáveis não mudaram muito. Ainda há a pobreza, crianças nas ruas, roubos. Ainda há muito a se fazer antes que haja algo próximo à igualdade social por lá.

A conversa entre os dois evoluiu, e Bella ficou lá, sentada, escutando silenciosamente o debate entre os dois.

Quando finalmente Renee se levantou pra ir embora, Edward soltou:

- Mas por que você não fica para o jantar?

- Eu adoraria, mas não posso. – ela disse, com pesar. – Tenho uma reunião às sete da noite.

E virando-se para Bella, disse:

- Encontrei por acaso com Charlotte Munson outro dia. Sabe que ela mora por aqui, e estava me contando sobre a associação feminina aqui. São  muito ativos em uma escala larga de projetos sociais e precisam desesperadamente de novos membros para ajudar. Tem um projeto com crianças que soa muito promissor.

- Não sei se teria tempo, mãe.

- Por que não? – perguntou Renee, impacientemente. – Realmente Bella, você é tão inerte!

- Ela chegou agora de uma viagem longa e está se readaptando à rotina, Renee. – disse Edward, calmamente. – Dê uma chance a ela de respirar, ok?

Renee relaxou.

- Ok então... cuidem bem do meu neto.

- Claro, mãe, tchau!

Assim que a mãe se foi, Bella respirou, profundamente.

- Não deixe que ela lhe convença a fazer nada do que você não queira ou esteja com vontade de fazer, ok, mi corazon?

- Agora você vê... eu quero começar a escrever, e se eu encher meus dias com outras atividades, não vai sobrar tempo e nem energia pra isso.

- Faça como achar melhor... e não como sua mãe acha que deve ser. Afinal, você é crescida e é casada agora.

*************** 

No entanto, não era só sua mãe que punha obstáculos em seu tempo para escrever. Edward também coloaborava pra isso.

O tal escritório que ele tinha feito pra ela, ele pedira emprestado para a função de fazer seu imposto de renda.

- Bella, você se importaria em fazer uso do escritório após eu terminar o imposto de renda? Vou utilizar o espaço só até abril.

- Até abril? – ela perguntou, incredulamente.

- É... é que eu estou começando a fazer os cálculos, sabe, prefiro fazer eu mesmo a mandar pra um contador, e isso toma tempo. No entanto eu não trabalho nele todos os dias, então a gente pode dividir o escritório.

- E quanto à sra. Clearwater? Ela não usa sempre o escritório?

 A sra. Clearwater era uma mulher que vinha uma vez por semana colocar a correspondência de Edward em dia, separando as coisas mais importantes e enviando fotos de Edward aos fãs que escreviam pedindo uma.

ra tratar do correio de Ricardo. “Não usa sempre o estudo?”

- Sim, mas é somente uma vez por semana.

- Edward... entre seus impostos e a sra. Clearwater, acredito que não haverá muito tempo livre para eu utilizar o escritório. Encontrarei outro lugar pra trabalhar.

Então Bella comprou um laptop e podia levar este pra onde bem estivesse. Se programou para trabalhar três horas por dia, no período da manhã, e logo tinha o primeiro capítulo escrito..

Então Lucas ficou doente, e foram dois dias somente tomando conta dele. Logo em seguida, foi Edward. Por ser sempre tão saudável, ele era realmente um paciente rabugento, odiava ter de ficar na cama, mas uma forte gripe coroada de febres intermitentes o forçava a isso e, pra piorar, ele só queria Bella cuidando dele.

Entre Edward doente e Lucas que ainda não tinha se recuperado totalmente e não dormia uma noite inteira, Bella estava realmente esgotada. Afinal, foram três dias descendo e subindo escadas, verificando a temperatura de Edward, lhe dando os remédios, sucos e comida que ele rejeitava após ter pedido, somente poderia ficar assim. E frustrada também. A cabeça estava cheia de inspirações que ela não conseguia descarregar no papel. O livro tomava forma em sua cabeça, mas somente em sua cabeça.

Quando finalmente tinha tempo pra escrever um pouco, sua cabeça tombava de sono.

Finalmente após quatro dias, a temperatura de Edward se normalizou e ele se sentiu melhor.

Então ela se sentou pra escrever, relendo o primeiro capítulo e buscou dentro de si, da sua infância, as lembranças para começar o segundo capítulo.

- Bella! – veio a voz de Edward do quarto ao lado.

- Sim, Edward! – ela disse, um pouco impaciente.

- Você me traria a papelada do imposto de renda, por favor? Está em cima da mesa do escritório. Pensei que, estando melhor, poderia trabalhar um pouco!

Bella suspirou e foi até o escritório. A tal papelada não estava na mesa, mas no alto de um arquivo.

Entregou-os a Edward, que a agradeceu com um beijo.

Quando sentou de novo pra tentar escrever, Lucas acordou. Deixou-o chorando um minuto, esperando que Maria fosse até lá.

- Bella...  Luc está chorando!

Sentindo vontade de gritar, Bella foi até o filho, o ninando até que ele dormisse novamente.

E não conseguiu pegar no laptop até três dias depois.

***************** 

- Estaremos indo para a Flórida em uma semana.

Edward soltou aquela bomba no jantar, algumas noites mais tarde.

- Em uma semana? – Bella disse, atônita.

- É. O treinamento para o campeonato vai começar, querida. Eu já tinha te dito.

- Já, mas eu não sabia que seria tão cedo. Eu pensei que começaria na primavera

- O treinamento começo agora, Bella. E é para o campeonato, que esse sim, começa na primavera. Começamos a treinar sempre em fevereiro.

- Mas Edward... agora é que realmente nos readaptamos em casa, que tudo começou a entrar nos eixos.

- Eu sei. Mas são somente seis semanas. Depois estaremos em casa o ano todo.

- Eu me sinto como uma nômade. Tem sempre alguém me empurrando para que eu vá para algum lugar.

- Não seja dramática, amor... – disse ele, divertido.

O sangue de Bella ferveu. Pra ela, não havia nada de divertido nisso.

- Eu não acho que esteja sendo dramática ao demonstrar o meu desegrado ao fato de estar sempre sendo transportada por aí sem nem ser perguntada se eu desejo isso! – os olhos dela faiscavam. – Você me avisou que iríamos à Colômbia quatro dias antes de partirmos. Suponho que eu deva ser grata por você me avisar uma semana antes, desta vez?

- Bella, você quer que eu lhe dê, por escrito, a programação para o ano todo?

- Eu não quero uma porra de programação! – ela disse, exaltada. – Eu gostaria que você me perguntasse o que eu acho! Não sou sua empregada, eu sou sua esposa, por Deus!

Edward agora estava com uma expressão fechada.

- Bella, eu sei que você é minha esposa. Por isso mesmo, é que você vai aonde eu vou. O que há pra se discutir? É algo que eu não posso mudar, não tenho escolha. Eu devo estar na Flórida em vinte de fevereiro. – os olhos dele estavam estreitados. – Ou você não deseja ir comigo. É isso?

- Não estou dizendo isso! Só que eu gostaria de que você me avisasse com antecedência! Eu tenho de ajustar os meus horários, meus compromissos, e os de Lucas! Imagine se ele tivesse alguma consulta marcada no pediatra e tivesse de faltar porque estamos viajando?

- Entendo. Tentarei te avisar mais cedo das coisas no futuro.

Não era bem o que Bella queria, mas neste momento soube que era o melhor que poderia arrancar dele sem que piorassem mais o teor dessa discussão.

- Agradeço, Edward.

- Melhor evitarmos fazer tempestade em copo d’água... melhor mesmo fazermos uma programação pra tudo. Desculpe-me, não estou acostumado ainda a consultar quem quer que seja sobre meus compromissos. Nunca precisei fazer isso antes.

- Não é uma má idéia.

Lucas gritou no andar de cima.

- Deixe que eu cuido dele. – disse Edward, subindo as escadas.

Bella recolheu os pratos e os colocou na lava louças.

Edward desceu com Lucas e se sentou com ele no sofá na frente da lareira.

Da cozinha,Bella podia ouvi-lo conversar com Luc em espanhol. Quando entrou na sala, Edward fazia cavalinho com o filho nos joelhos e Lucas estava rindo, feliz.

Sentou-se ao lado dele e ficaram brincando com Luc quse uma hora, então o colocaram na cama. Mas ao contrário do filho, não foram dormir naquele instante.

************************ 

Dois dias antes de irem para a Florida, Edward e Bella foram à estréia de uma peça de teatro em Nova York. Ela estava ciente do agito que a presença do marido fazia, ao caminhar pelo hall do teatro e vários fotógrafos e fãs se acotovelarem em torno deles. Ela ficou um tanto nervosa, enquanto ele parecia tirar aquilo de letra.

Quando algumas pessoas lhe diziam coisas como: “Boa sorte nesta temporada, Edward!” ou  “Vamos ganhar de novo este ano, Cullen?”, ele somente sorria com naturalidade e fazia um ou outro comentário agradável.

- É muito esquisito sair com uma celebridade... – ela disse, quando se sentaram em suas poltronas para ler o programa da peça.

- Não é nada de tão grande assim, querida. As pessoas de Nova York apenas são fãs do Yankees, e acham que eu os represento.

A peça fazia parte de uma mostra de Chekhov, e durante um intervalo, Bella virou para seu marido.

- E então, o que está achando de Chekhov?

O olhar de Edward era um pouco confuso.

- Estou apreciando muito, mas parece que estou deixando escapar algo... é complicado assim mesmo, ou eu que sou um pouco burro?

- Chekhov é assim mesmo. As palavras são sucintas e ele gostava de carregar no caráter dos personagens.

Bella se surpreendeu quando no fim de “Tio Vânia”, quando a personagem Sônia conforta o tio, dizendo as palavras “Nós devemos sobreviver! Nós iremos sobreviver, tio Vanya! Nós viveremos uma longa sucessão de dias e umas noites cansadas; nós devemos aguentar  pacientemente as experiências que a vida nos empurre; nós trabalharemos para outros, agora e nos nossos anos de velhice…” , ela olhou de relance para Edward e viu lágrimas em seus olhos.

Estava chovendo quando o guardador trouxe o carro e Edward dirigia para casa. Em uma esquina, Bella viu quando dois homens debruçados sobre um terceiro, que se dobrava de dor, caído na rua molhada.

- Há algo errado ali!

Edward na mesma hora parou o carro.

- Fique aqui. – ele disse a ela e saiu, travando sua porta atrás dele.

Bella o viu falar em espanhol com os homens, e então pegar o pulso do senhor caído no chão, agora desacordado, e olhar para o relógio.

Ele falou algo para os outros dois, que Bella pode ver agora que eram somente meninos.

Um deles correu rua acima, velozmente, enquanto Edward começava a aplicar uma massagem cardíaca no homem caído.

Bella alcançou o guarda chuva no porta luvas e saiu correndo do carro. Abriu o guarda chuva, tentando o máximo que podia, proteger o rosto do senhor caído dos pingos grossos.

- Eu não sei fazer massagem cardíaca, mas eu posso ajudar de alguma outra forma?

Nesse momento, o outro menino voltava correndo, dizendo que havia chamado o 911 para uma ambulância.

Quinze minutos depois foi que ela chegou, e durante esse tempo todo, Edward continuara, incansavelmente, a fazer a massagem cardíaca sobre o hoemm inconsciente.

Então os socorristas fizeram seu trabalho e Bella viu Edward dar seu cartão com o número de telefone para os meninos.  A ambulância se afastou e Bella e Edward voltaram para o carro.

Edward ligou o motor, e olhou a esposa.

- Você deve estar congelando, Bella. Vou ligar o aquecedor do carro.

Ela estava tiritando de frio, o vestido colado em seu corpo.

Olhou Edward, o cabelo estava ensopado, gotejando... o terno estava totalmente encharcado.

Depois de alguns minutos em silêncio, ela perguntou.

- Você acha que ele ficará bem?

- Eu duvido. O pulso estava muito fraco. E eu não estou certo de quanto tempo ele ficou caído lá até que parássemos pra ajudar.

- Muitos carros passaram por ali antes de nós... e ninguém parou! Eu me pergunto quando a solidariedade humana deixou de existir.... Quem eram aqueles meninos?

- Os filhos dele. Estavam indo pra casa depois de um dia de trabalho. Disseram que ele se queixou de dores no peito o dia todo.

- Isso não soa bem. Mas, de todo modo, Edward, estou orgulhosa de você. Mesmo que esse homem morra, pelo menos sua família terá o conforto de saber que tudo o que poderia ser feito por ele, foi feito. Que alguém parou para ajudá-los e eles não estiveram sozinhos, somente assistindo ao pai morrer à frente deles.

- Pensa realmente assim, querida?

- Penso sim. Você tentou de todos os modos possíveis, mesmo pensando que era impossível, não foi?

Depois de uma pausa, ele respondeu.

- Aprendi isso com você Bella... nunca conseguiremos algo, se não tentarmos. E pelo menos uma pessoa tinha de tentar ajudar.

Bella prestou atenção aos limpadores do pára-brisa em silêncio por alguns minutos.

- Eu o vi dando aos meninos o nosso número de telefone.

-  Sim. Estou certo que são uma família pobre. A perda de um pai vai deixá-los em muitas dificuldades. Pensei muito em Luc quando fiz isso. Se fosse o meu filho na mesma situação... não gosto nem de pensar.

Aquele foi tudo o que ele disse sobre o assunto, mas Bella sabia que ele ajudaria aquela família financeiramente.

Eram momentos como esse que a faziam desculpar algumas atitudes machistas de Edward. Ele não era como ninguém que ela houvesse conhecido antes. Ele parecia um homem descomplicado em sua superfície, mas isso escondia uma pessoa muito complexa.

Ele podia ser duro e exigente quando contrariado. Não gostava nem de pensar como ele seria quando estivesse realmente nervoso. Mas também era aquela pessoa extremamente preocupada com o outro, com o ser humano. Era o homem capaz de chorar em uma peça de teatro, e diante da tragédia de um semelhante.

Era um enigma, um desconhecido com o qual ela vivia no mais íntimo dos contatos.

Amava-o profunda e irrevogavelmente. Mas com a exceção de amar ir pra cama com ela, Bella não tinha idéia do que o marido sentia por ela. Afinal, amor não tinha sido a razão do casamento deles.

O barulho da chuva de encontro às janelas do carro a fez suspirar e ela fechou os olhos.

- Estaremos logo em casa, querida.

- Sim.

A cadencia da voz dele fazia coisas estranhas dentro dela. Era sempre assim... ela poderia se sentir segura sempre, com o conhecimento de que Edward cuidaria dela.

Ele saiba que poderia correr perigo naquela noite, por isso a deixou em segurança no carro, as portas travadas, quando sair pra verificar o que estava acontecendo com o homem. E se houvesse perigo, não duvidava que ele contornaria a situação facilmente.

Ele era assim, auto-suficiente. Não parecia necessitar de ninguém, e certamente, não dela.

A única realização da vida de Bella era Luc. E Luc havia lhe trazido Edward. Ela não havia casado com ela por seus encantos pessoais, certamente.

Fechou os olhos outra vez. Como era possível, quis saber, se sentir tão feliz e tão triste ao mesmo tempo?


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Notas finais do capítulo

Então, meninas, o que acharam? Edward machista dá raiva, né? Então depois ele vem com aquela coisa toda de homem sensível... morde e assopra!