Kokuten escrita por Lady Baginski


Capítulo 3
Wakarimasu




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Elas não conversaram mais. E na manhã seguinte, quando Sakura acordou, percebeu que as coisas dela desapareceram. O que ela estava fazendo? Primeiro ela dava a entender que não era uma traidora, naquela estranha conversa, apesar da comparação com Sasuke que a irritara, e agora, ela simplesmente desaparecia. Como confiar em uma pessoa tão estranha?
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"Aqueles dois, de algum modo estranho, me vêem como uma parte do que é o Sasuke. Eu não sou ele, eu sou diferente, sou outra pessoa. Eu não posso ocupar o lugar daquele garoto nesse time, esse não é o meu lugar. Esse é um dos vários momentos nessa vida que eu gostaria de poder perguntar para Sasori no Danna, o que eu devo fazer? Mas ele está morto, está livre. E agora, o que eu penso, o que eu faço? Será que eu ainda tenho um lugar nesse mundo? Eu estou agora em um lugar a que não pertenço, nesse time... Mas, onde mais eu poderia estar? Como eu poderia fazer o que eu devo fazer?

Agora que eu entendo o que é perder uma parte da família, como Sasori no Danna disse que eu não compreendia, ele não está mais aqui pra que eu possa fazer perguntas. Ele não está mais aqui pra que eu possa dizer "eu te entendo". Aniue, será que eu vou conseguir salvá-lo? Como Sasori no Danna disse aquela vez... Salvá-lo da morte que virá certamente por causa desse ciclo de ódio criado pelas suas ações..."
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Naquele meio tempo, andando lentamente ao lado de Hiroku, a marionete em que Sasori se protegia, e que se arrastava de modo vagaroso, com aquela voz aterrorizante, mas que já não a assustava mais, já que ela sabia que dentro daquilo havia aquele garoto, Sasori no Danna, com aqueles olhos tristes e sempre com alguma coisa a lhe considerar quando ela parecia abatida. Ele parecia entender o turbilhão de pensamentos que ela tinha, porque ainda estava convicta de que tinha que vingar os pais que não conhecera, e ainda se debatia com o pensamento de tentar entender o que ele quis dizer com "ele é a única coisa que pode ter de tudo que não teve".

Sentiu ganas de matar aquele com quem Sasori se encontrava para falar de seja lá o que fosse, ela não conseguia mais pensar em nada. Simplesmente via aquele cara e queria avançar, mas aquela articulação pontiaguda que imediatamente parou o seu passo e estava à sua frente a fez parar. Não era estúpida de se arranhar com qualquer coisa vinda de Sasori no Danna. Se ele queria que ela parasse, teria que parar. Mesmo que estivesse com vontade de prosseguir e cortar a cabeça daquele cara.

– Espere, filha... Disse ele pesadamente sob Hiroku parando-a.

– Sasori, a cada vez que te vejo, tem um subordinado mais desobediente... Resmungou o outro.

– Calado, nesse caso, eu acho que você é culpado mesmo... Disse Sasori, vendo que o outro ergueu uma sombrancelha estranhando o que o mestre das marionetes dissera.

– Você... Sempre soube que eu estava viva... Porque não foi me salvar? E depois... Porque não me matou? A mamãe e o papai morreram mesmo... Você mereceria morrer por tudo isso...

– Eu sei... - respondeu o homem sério, aproximando-se e ignorando Sasori, apoiando a mão no ombro dela. A reconhecia, não teria como não reconhecer depois de ver a tristeza no fundo daqueles olhos - Eu sei, e provavelmente tem mais alguém que pensa que eu deveria morrer por causa de tudo que aconteceu com o papai, a mamãe e... Bem, eu te salvei, porque não te matei.

– O que quer dizer... Ela se sentiu confusa, afinal, como o fato de não tê-la morto seria salvá-la? Ele era o único que sabia o que aconteceu com ela, que sabia que ela tinha sido levada pela Raiz, e mesmo assim, a deixou lá, sozinha. E depois, quando ela não poderia mais recuperar a vida que perdeu, quando eles estavam mortos, e talvez fosse melhor que ela morresse também, ele a deixou viva. Poderia ter sido piedoso, pelo menos...

– Eu não sou quem poderia salvar alguém nessa história toda... Por isso eu não poderia ter feito nada por você além de acreditar... - disse ele e ela podia ver o brilho de lágrimas, disfarçadas - Acredito que você seja a única que poderá salvar alguém, porque você é quem pode fazer escolhas.

Escolhas? Como ela poderia? Mesmo que quisesse fazer alguma coisa por tudo isso, mesmo que quisesse... Ela era da Raiz, sua vida estava presa a Danzo e suas ordens. Ela sempre tentou fazer escolhas, sempre tentou proteger a sua personalidade, no fundo da sua mente, onde aquele monstro não a encontraria. Mas não poderia... Não poderia fazer nada quanto a tudo aquilo. Toda aquela história... Os arquivos somente a deixaram mais desacreditada de si mesma, porque não poderia remexer coisas daquele teor sem nenhum tipo de represália. E represália em um caso tão delicado, seria morte.

Sasori tinha afastado a articulação da marionete, mas ela não tinha percebido. Simplesmente ficou perdida, vendo aquele jeito de olhar, aquele cara, o seu aniue, realmente acreditava nela? Era isso mesmo? Mesmo que os arquivos provassem que ele não tinha culpa de nada, sempre quis matá-lo, porque ele tinha tirado as suas esperanças, de conhecer o sorriso da sua mãe. Ele não os protegeu, ele era o culpado. Mas mesmo assim, ao sentir aquele abraço, sem saber como reagir, pensou que talvez fosse verdade... Sasori no Danna tinha razão. Ela não poderia perder o pouco da sua família que ainda poderia alcançar. E perdê-lo seria diferente do que ela entendia, sobre perder pessoas que nunca conheceu. Provavelmente seria parecido com perder Sasori no Danna, ou pior.

Seria pior, esse era o primeiro contato que tinha com alguém que realmente era a sua família. Não era só uma foto de arquivo velha. E descobriu que não poderia fazer isso, não poderia apunhalá-lo pelas costas. E sua kunai caiu e ela o abraçara de volta, e estranhamente, não sentia o vazio que sempre sentia, estranhamente sentia lágrimas sobre o seu rosto.
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Entre as lembranças disso, continuava escrevendo.

"Me lembro de quando eu vi o meu aniue, e de quando eu me convenci de que realmente ele acreditava em mim. De que eu não deveria matá-lo. Ele acreditou que eu, por mais que estivesse presa aos ditames da Raiz, encontraria um meio de fazer o que é certo, o que ele não poderia fazer. Eu não quero perder a chance de vê-lo de novo, de tentar ver nele talvez um dia um sorriso e não as lágrimas.

Agora, talvez eu entenda ele, talvez eu entenda mais que somente ele. Eu entendo o que Sasori no Danna quis dizer, naquela vez, sobre o fato de que provavelmente, o que o aniue acreditava, era que eu poderia parar um ciclo de ódio. Só que agora, estranhamente, eu entendo o onii-san. Aquele que eu sempre odiei por ter a família com ele quando eu não tive. Afinal, ele deve ter sofrido muito mais quando nossos pais morreram, ele estava com eles, eu não. Perder pra sempre algo importante, é mais doloroso que perder algo que nunca se teve antes.

Eu tenho que salvá-lo, mas eu não sei se vou conseguir fazer isso. Eu não quero arriscar, perder ninguém. O aniue, é no momento mais importante pra mim que o onii-san que eu nunca vi antes, mas... O aniue espera que eu salve o menino, eu não tenho talvez a força de espírito que ele tem pra fazer isso, porque eu nunca o vi antes, mas ele é o irmãozinho querido. Talvez se algum dia eu o conhecer, eu entenda porque o aniue parecia tão desesperado em que eu o salvasse, em que eu impedisse os acontecimentos que se poderia inferir de tudo que eu sabia e de tudo que ele me disse que eu não sabia antes. Eu tenho que ser forte o suficiente pra conseguir lidar com isso. Eu preciso. Finalmente, alguém acredita em mim, ele acredita em mim...

Ele acreditou que eu teria uma alternativa, que eu poderia fazer o que ele não pôde. Então, eu tenho que conseguir, custe o que custar."

Yumi interrompeu seus pensamentos e a escrita fechando o caderno quando percebeu que Sakura se aproximou.

– O que está fazendo? Perguntou ela desconfiada.

– Escrevendo. Talvez no futuro as pessoas cometam menos erros se aprenderem com os do passado. Respondeu ela guardando suas coisas.

– Um diário? Perguntou Sakura, pensando que apesar de rude, Yumi poderia se comportar como uma menina normal.

– Não, uma história, as pessoas gostam mais da ficção, apesar de que toda a ficção vem de um fato real a ser demonstrado. Respondeu ela.

– Qual será o nome? Perguntou Sakura de repente curiosa. Afinal, era um hobby interessante, ou pelo menos, diferente.

– Você saberá quando eu publicar. Disse ela com um sorriso de canto colocando a mochila sobre as costas e virando-se, vendo que Naruto estava ali.

Eles seguiam o caminho silenciosamente. Talvez Sakura não tenha gostado muito do suspense que ela criou sobre o que estava escrevendo, mas aqueles eram os seus pensamentos. Até que Yamato saiu da trilha e decidiu que seguiriam fora da estrada para não serem localizados ou despertassem suspeitas sobre o espião de Sasori. Parecia somente o procedimento normal.

Depois de entrarem na estranha casa que Yamato disponibilizou para eles, o que não poderia de fato ser chamado de "acampamento", a discussão mais séria começaria.

– Sakura, como você teve contato com Sasori, precisarei de todos os detalhes para podermos nos preparar para a missão.

Sakura olhou de canto para Yumi, que percebeu o que ela queria. Yumi deu um suspiro pensando que não poderia fugir disso.

– Yamato-san, eu tive uma missão de reconhecimento e busca de informações com a Akatsuki há aproximadamente um ano e meio. Passei alguns meses investigando Sasori no Danna como sua subordinada, trabalho de agente duplo, acho que posso contribuir com alguma coisa.

– Não vou perguntar detalhes da sua missão, mas... Começou Yamato.

– Como não vai perguntar? Essa garota sabia de alguma coisa e não nos disse! Reclamou Naruto.

– Naruto-san, eu não sou subordinada de Tsunade-sama, não compatilho todas as informações com vocês, naturalmente. Desculpe, mas vou falar o que eu puder, o máximo que puder, sobre isso, o restante, poderão adivinhar por conta própria, eu espero.

Yamato achou essa disponibilidade estranha. Ela daria pistas do que não podia falar? Afinal, ela estava de alguma forma dando uma manobra na Raiz para poder passar as informações a eles? Ou passaria falsas informações?

– Bem, o que vocês duas tiverem a acrescentar na aparência, no modo de falar e se comportar de Sasori, será útil para podermos criar um falso Sasori. O espião espera que ele apareça, e pode não se revelar se perceber a diferença. Disse Yamato.

– Podem ter certeza de que qualquer espião de Sasori no Danna é um oponente difícil. Tentar evitar um combate e capturá-lo rápido vai ser a melhor coisa se pudermos fazer. Disse Yumi.

– Bem, de acordo com essas fotografias, poderei criar uma forma básica da marionete que ele usava para se mover, e...

– Yamato-san, desculpe interromper, mas não acho que a marionete vá ficar inteira por muito tempo sem a articulação que ele usa para se defender. Então, o mais acertado seria se o espião visse a sua verdadeira forma.

– Mas eu não tenho nenhuma ideia de como vou fazer... Yamato não considerou a ideia de todo ruim, mas ele não poderia fazer isso.

– Querem conhecer Sasori no Danna... - disse ela fazendo um selo simples - Henge!

Sakura olhou para Yumi, que agora tinha a perfeita aparência de Sasori, até mesmo o anel da Akatsuki não parecia simplesmente ter um kanji aleatório. Ela foi perfeita.

– Reconhece, Sakura-san? Perguntou ela com uma ótima imitação da voz original, e até mesmo a entonação, o que a assustou um pouco.

– É perfeitamente isso. Concordou ela ainda olhando um pouco assustada, era como se o próprio estivesse ali, como um fantasma, até mesmo a expressão nos olhos era exatamente o que ele transmitia ao olhar.

– Consegue manter a farsa de Sasori por quanto tempo? Perguntou Yamato pensando que em algum momento ela trairia-se dizendo algo que não era esperado dele.

– Farsas e armadilhas são feitas pra enganarem as pessoas. Não faz sentido se elas não caírem. - disse ela, e Sakura cada vez mais se impressionava com o modo como ela o imitava, até que Yumi voltou ao normal e sentou-se - Conseguiria manter uma conversa de horas seguindo a lógica de Sasori no Danna. Eu o conheci o suficiente durante os meses de missão, pra saber como ele pensa perfeitamente.

– A voz dele era diferente com ele dentro da marionete Hiruko... Resmungou Naruto pensando em como poderia ser tão diferente a imagem daquele garoto que Yumi mostrou-lhes, do monstro que era aquela bola perto daquele cara irritante da outra vez.

– Lógico que era, o som dependia de outros mecanismos pra ser dispersado. Respondeu ela imitando a voz aterradora da marionete.

– Você tem exemplos excelentes, agora me explique como eu deverei ag...

– Capitão Yamato - interrompeu ela - eu sei que o seu plano é que tome a frente e nos coloque no suporte, e também sei que vocês não confiam em mim... Mas, deixe-me fazer isso. Além de ser mais seguro, eu me sentiria mal vendo outra pessoa tentando ser o que Sasori no Danna foi.

– Você... Naruto percebeu, que estranhamente, aquela menina se importava com aquele cara. E isso era estranho.

– Sim, eu me importo muito com isso. Desculpe, era uma missão, que se prolongou mais do que eu esperava, fato. Mas Sasori no Danna valia muito mais que muitos shinobis que eu já conheci. Sim, eu me importo com a memória dele, ele foi o pai que eu não tive, por um curto espaço de tempo. Não se preocupem - disse ela vendo as expressões estranhas, que ela não conseguia compreender neles - mesmo assim, eu voltei para Konoha, eu não tenho nenhuma pretensão contra essa missão ou contra a vila.

Naruto de repente se sentia triste por ela. Um cara como Sasori ser importante, era porque ela não teve nada mesmo. Era o que parecia. Era como um cubo de gelo, e de repente mostrou a eles uma parte da sua vida, ela merecia pelo menos consideração. E se sentiu mal por ter dito o que disse a ela. Era como não deixar nenhum lugar no mundo para uma menina que estava sozinha. E ele sabia o que era estar sozinho.

Yamato se perguntava como uma garota como ela era da Raiz. Tsunade mandou observá-la, era muito possível que isso fosse somente uma encenação, era possível qualquer coisa. Mas de experiências anteriores, sabia que seria impossível para um shinobi da Raiz conseguir fingir tão bem assim. Eles não eram treinados para ter sentimentos ou expressá-los. Mesmo assim, isso o deixara desconfiado, e pela expressão de Sakura, ela também parecia desconfiada, mas menos que ele provavelmente.

– Por mim, tudo bem. Respondeu Naruto e Sakura o olhou curiosa. O que ele pretendia mimando aquela garota estranha. De repente sentia como que se ele a estivesse defendendo, e não gostava da atitude dela de saber tudo e ser boa justo no que eles precisavam, como se tivesse algum tipo de coisa estranha. Mas pensando de forma prática, teria que concordar que não havia melhor imitação de Sasori que ela. Ela sabia perfeitamente como ele era.

– Concordo com o Naruto, é a nossa melhor opção se o espião for cuidadoso, ela consegue fazer uma imitação perfeita até mesmo da mania dele com as mãos, não vai conseguir aprender isso tão rápido, Capitão Yamato. Disse Sakura cedendo.

Yamato se perguntou sobre o que Sakura disse, ela tinha sido muito mais minuciosa ao observar a imitação e comparar com o original, ele nem tinha notado esses detalhes que ela suscitara. Teria que concordar com eles, o que não lhe agradava muito.

– Tudo bem, então o plano será o seguinte...

Depois das adaptações de plano, que seriam necessárias depois dessa concessão que ele fizera ao time, e pensando que pelo menos, estranhamente, até Sakura estava tentando trabalhar em equipe com aquela menina, era o momento de deixar as coisas acontecerem, e não piorar tudo.


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