Kokuten escrita por Lady Baginski


Capítulo 2
Missão




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Tinha demorado para conseguir informações da Akatsuki, e fingir ser uma subordinada leal daquele cara estranho era muito complicado. Porém, conseguiu um menos tempo que muitos parecer confiável porque se adequou a uma regra básica dele. Afinal, Sasori no Danna "Odiava esperar e odiava fazer os outros esperarem". Ele era impaciente, e isso as vezes parecia divertido, apesar de seu humor mórbido. Divertido... Devia entender essas coisas? Ou devia continuar tentando fechar-se dentro de si mesma, cumprir as ordens que tinha, ou perseguir aquelas informações, as poucas informações que tinha sobre quem realmente era... Não sabia.

Em algum momento de tudo aquilo, tinha conseguido identificar algo de estranho naquilo tudo. Não conseguiria prever as ações de Sasori simplesmente seguindo-o e observando-o. Ele parecia mais complexo que simplesmente um monstro desengonçado sobre aquela capa que era impaciente. Nenhuma pessoa era somente isso, uma casca.

Era a sua missão Rank S mais complicada. Tinha já três meses de observação, mas não conseguia entender o que estava acontecendo. Sasori e Deidara sempre discutiam sobre o sentido da arte. Mas, pensando melhor, não parecia ser exatamente sobre arte que eles falavam. Pelo menos não Sasori no Danna. Não, ele não estava falando da eternidade da beleza, não estava reclamando da efemeridade da arte de Deidara ou da falta de estética daquilo. Sasori era um artista, não por causa da arte, porque de certa forma, ele não entendia de arte. Sasori era um artista exatamente porque não entendia nada daquilo tudo. Ele entendia de outra coisa. Não era da eternidade da arte, mas dos sentimentos. Ele era um artista por entender dos sentimentos humanos muito mais que muitas pessoas, muito mais que um artista ao ver algo belo. Era o sentimento atrás de tudo aquilo, e não o que era a imagem da beleza.

Sasori no Danna não dormia. Ela só entendeu isso depois que soube que ele mesmo tinha se feito de sua própria marionete. Até então, não sabia como ele ficava tanto tempo acordado. E tinha medo de quando precisava dormir. Não tinha mais medo dele, tinha medo de si mesma. Ainda tinha pesadelos. Ainda via-se sozinha no meio de várias crianças sem família, solitárias. Ainda se via matando-os, os que lhe deram apoio, porque eram mais fracos, e não mereceram seu lugar na Raiz. Ainda se desesperava pensando que provavelmente seu irmão estava nos braços da sua mãe enquanto ela estava com a cabeça recostada a um travesseiro frio e sem emoções. E depois que ficou sabendo que seus pais estavam mortos, queria matar o seu irmão, porque ele era o culpado disso. Ele deveria ter protegido eles. Ele foi fraco, e ela não podia fazer nada, Nunca os teve e nem mais teria, por culpa dele, o seu onii-san. Em uma das várias vezes que acordara de sobressalto pelo sonho bruxuleante na sua mente, querendo gritar que tinha perdido tudo, tudo que nunca teve, ele estava lá.

Aquele garoto, tão jovem quanto ela, mas com a experiência de muito mais anos de vida sobre os ombros, com seus cabelos vermelhos, e seus olhos cinzentos tristes, como se quisesse chorar e não pudesse. O que ele tinha feito com ele mesmo? Ela se perguntava, pensando em quão triste era não poder chorar por alguma coisa quando se quer fazer isso. Foi nessa madrugada que ele lhe contou o que foi da sua vida. De como ele de repente se viu sem o abraço dos seus pais.

- Eu escutei... Você falando... - disse Sasori então depois de contar sobre si mesmo, referindo-se a quando ela dormia, e ela se assustou com a possibilidade de ter dito algo que não deveria - Você nunca teve uma família, e não ter nada nem ninguém deve ser ruim, eu imagino, mas eu não entendo. Mas... Esse onii-san, que teve a sua família, e que depois perdeu ela... Você nunca vai entender a dor de perder as pessoas que ama como ele, porque ele teve essas coisas, e perdeu. Eu entendo.

E ele entendia, provavelmente de um jeito que ela nunca entenderia. De repente essa tristeza toda, fez com que percebessem que de alguma forma, o vazio que eles tinham dentro de si, ela dentro de algum lugar desconfortável no peito, e ele dentro daquela casca vazia que era a marionete de si mesmo, isso fez com que entendessem que precisariam encontrar uma forma de preencherem isso. E isso os tornou próximos, confiáveis um ao outro.

- Você não pode matar o seu onii-san, menina. Ele é a única coisa que você ainda pode ter de tudo que nunca teve nesse mundo.
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"Sasori no Danna, talvez, por pouco tempo, naquela ocasião, naquela missão que me fez despertar pro que eu realmente sou, e decidir que a Raiz não iria tomar o rumo da minha vida, talvez tenha sido o que eu nunca tenha conhecido como pai. Me entristeceu saber que tinha partido. Quando eu reconheci as pessoas que iriam formar esse estúpido time comigo, a minha missão para a Raiz, vigiá-los, e quando eu descobri que a minha missão com eles, seria encontrar um dos seus subordinados, de Sasori no Danna, quando eu descobri que aquela menina ruiva tinha acabado com a sua vida, eu queria voar no pescoço dela e matá-la. Porque ela me fez finalmente saber o que é a dor de perder alguém que eu amava. Sasori no Danna, quem por um curto espaço de tempo, me ensinou que existem mais coisas nessa vida que uma missão.

A missão para conseguir informações sobre a Akatsuki falhou, porque eu não poderia entregá-lo, não ele. Mas mesmo assim, pra mim, essa foi uma missão cumprida. E quando aquela menina me disse, que Chiyo-baa-sama estava na batalha eu entendi, eu entendi porque Sasori no Danna morreu. Ele não poderia realmente matá-la. A sua avó, "a única coisa que poderia ter de tudo que nunca teve nesse mundo". Eu entendi, finalmente o que queria me dizer naquele tempo. Eu não posso matar aquele cara, por mais que ele tenha me feito sofrer, por mais que ele não tenha protegido meus pais e assim eu nunca vá poder ver os seus rostos. Porque ele é a única coisa daquela família que resta para mim.

Talvez eu devesse dizer "obrigado" para aquela menina, no fim. Sakura-san terminou com o sofrimento de Sasori no Danna."
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Yumi fechou seu caderno de anotações e o colocou na mochila. Foi interrompida por um ANBU Núcleo subitamente e defendeu-se.

- Não abaixe sua guarda. Disse ele guardando a própria lâmina.

- Sim, senpai. Respondeu ela seriamente e o outro lhe entregou um envelope, que ela abriu e verificou, fechando-o.

- Essa será sua missão para a Raiz. Entregue isso para Orochimaru.

- Sim. Disse ela, pensando que seria estranho confrontar aquele cara de novo. Sasori queria que ele desenvolvesse algo. Talvez esse algo fosse algo que pudesse trazer seus pais de volta, pelo menos para vê-los sorrindo novamente para ele. Provavelmente ele foi feliz no fim, afinal Chiyo-baa-sama tinha realmente conseguido desenvolver um jutsu que permitiria a ele ver a felicidade por um segundo. Mas ele não poderia pedir isso a ela. Chiyo-baa morreria, e ele não queria mais perder ninguém. Ele morreu, e a velha também, deixando como legado o Kazekage, em uma nova vida. Realmente, havia mais coisas acontecendo que somente o que os relatórios diziam, mas ela não poderia dizer essas coisas.

Era contra o lema da Raiz, que terminara de recitar com o senpai, que ela tivesse esse tipo de sentimento.

E então eles partiram deixando para trás os olhos cuidadosos de Tsunade. Ela não sabia bem o que pensar, e aqueles dois, Sakura e Naruto, pareciam desconfortáveis com a sua presença. Talvez eles realmente pensassem que ela queria tomar o lugar de Sasuke no time, talvez fosse pelo estranho fato de eles não terem outra menina antes no time. Era impossível decifrar. Sakura a observava atentamente, como se esperasse por alguma reação.

- O que foi? Perguntou Yumi para a ruiva, que provavelmente entendeu suas maneiras como uma indelicadeza.

- Nada. Resmungou ela. Naruto notou que Sakura parecia por demais incomodada com a presença da garota ao seu lado.

- Então porque me observa dessa forma, Sakura-san? Perguntou Yumi sem saber o que poderia esperar como resposta. Era um tanto estranho não decifrar as pessoas, mas ela só conseguiu fazer isso de uma forma mais completa quando conheceu ele, Sasori no Danna.

- Conte o que sabe. Disse Sakura somente.

- O que está acontecendo, Sakura-chan? Perguntou Naruto achando estranho que ela fosse de repente tão ríspida com a outra.

- Sobre o quê? perguntou Yumi se fazendo de desentendida. Não achava que seria conveniente mencionar de novo a sua conexão antiga com a Akatsuki.

- Não fique se achando, garota. - começou Sakura - Você sabe o que eu quero saber... com essa atitude, só está provando mais ainda que não é confiável... Naruto segurou o ombro de Sakura tentando impedi-la de avançar na outra.

- Pare, Sakura-chan... Até parece que...  - Naruto fez uma estranha conexão mental, afinal, aquela menina era imponente, era um tanto reservada e isso até pareceria irritante se ela fosse um garoto, tão irritante quanto Sasuke; e de certa forma, Sakura a tirou inconscientemente para rival assim como ele tinha Sasuke como um rival, como alguém a ser alcançado, que parecia distante - Até parece que você vê ela como eu via o Sasuke...

- Do que você está falando, Naruto? Ela não faz parte do Time Kakashi. Esbravejou Sakura.

- Desculpe a Sakura-chan por isso, Yumi-san. Disse Naruto, e Sakura ficou surpresa quando ele defendeu a menina, isso realmente a irritava mais ainda. Ele estava substituindo o Sasuke por aquela menina? Ele estava dizendo que ela estava... Que ela estava se comportando como ele antes... Era assim a rivalidade que ele sentia por Sasuke, a figura irritante de alguém superior, que não se paroximava. E mais, agora ela tinha ainda a irritação de ver que essa mulher não era confiável, ela sabia de alguma coisa, e não estava falando, propositalmente.

Yamato suspirou vendo que talvez, por mais estranho que fosse, Naruto estava controlando a fúria da Segunda Tsunade. Talvez ele fosse o único que entendesse que aquela garota não era um inimigo.

- Tudo bem, Naruto-san. Yumi respondeu seriamente.

- Escute bem, - começou Naruto segurando firmemente o pulso dela, com uma expressão irritada - você nunca fará parte do Time Kakashi. O outro membro desse time, é o Sasuke.

Yamato não deixaria que isso virasse uma briga. Já estava ruim o suficiente só com essas manifestações irritadas. Depois de um ninjutsu, ele estava diante de uma gaiola de madeira muito grande.

- Vocês ainda não me conhecem muito bem. Mas imagino que tenham aprendido com Kakashi-senpai que trabalho em equipe e confiança são coisas necessárias. - começou ele e os três o observavam - Eu geralmente tento lidar com as coisas usando a diplomacia, mas não terei nenhum problema em lidar com a situação dominando-os pelo medo. Então apesar de não podermos fazer muitas paradas na viagem, posso deixar os três presos nessa gaiola até que aprendam a usar o espírito de trabalho em equipe, ou levá-los às termas...

Depois que voltaram à seriedade da situação, e dirigiram-se para as termas como segunda opção à gaiola, que não ajudaria muito, Sakura ainda pensava em como o Capitão Yamato conseguia usar ninjutsu do elemento madeira. Isso era uma coisa muito estranha.

- Sakura-san... Começou Yumi vendo-a de cara amarrada nas termas.

- O que? Perguntou ela ainda de péssimo humor.

- Eu não faço parte do Time Kakashi. Vocês dois - disse Yumi referindo-se também ao Naruto - não precisam me dizer isso pra que eu entenda, que esse não é o meu lugar.

- Então pare de tentar fazer parte disso. Disse Sakura, pensando que desde que ela tinha ido tirar alguma satisfação sobre a morte de Sasori, desde que ela abriu a boca para falar aquilo pra ela, ela estava tentando estar em um lugar que não era dela.

- Primeiro... - Começou Yumi - Pare de tentar me ver como uma inimiga... Parem de tentar me ver no lugar de Sasuke. Eu não quero o lugar dele, eu não sou ele.

- O que você quer dizer com isso? Perguntou Sakura.

- Antes... Naruto-san disse que era como se você me visse como ele via o Sasuke antes. Não faça isso, não me veja como alguém parecida com ele.

- Eu não vejo! Respondeu Sakura.

- Vê. Sakura-san, você vê o que o Naruto vê no Sasuke, uma pessoa irritante e superior, e que tem uma forte possibilidade de ser uma traidora, como o Sasuke é.

- Não fale do Sasuke, você não o conhece! Reverberou Sakura.

- E você não me conhece, Sakura-san. Portanto, não tire uma conclusão precipitada. - arremedou Yumi - Eu sou completamente diferente do Sasuke. Eu não estou aqui pra ocupar o lugar dele, eu não posso fazer isso e continuar sendo eu mesma.

Sakura achou estranho o que ela disse. Como assim, "não poderia ocupar o lugar de Sasuke e ser ela mesma"? Afinal, o que ela estava tentando dizer? Porque ela fazia questão de dizer que era diferente do Sasuke?


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