Nobre Sangue escrita por IndustrialFlake


Capítulo 1
Capítulo 1




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Flake olhou para os lados, para se certificar de que ninguém estava por perto. Talvez o “pai” estivesse dormindo, então ele tinha que aproveitar. Caminhou silenciosamente até o piano e abriu a tampa com cuidado. Ele não entendia como não haviam jogado o objeto fora ainda, mas ele se sentia feliz por aquilo estar lá ainda. Era como um amigo, porque Flake não tinha nenhum. Se sentou ao piano e começou a pensar. Talvez ainda se lembrasse das notas, não tocava aquela música há meses. Suas mãos flutuaram em cima das teclas, até que ele as apertou finalmente. E aí pronto; o resto da música veio por sentimento, ele tocava quase que automaticamente.

            Ele sorriu enquanto seus dedos dançavam sobre as teclas, tocando perfeitamente. Ele queria ser pianista, era verdade. Mas isso era mais um sonho dele e de sua mãe. Estava tão concentrado tocando, que nem ouviu a porta se abrir. Seu coração foi parar no estômago quando ele ouviu a característica grossa e masculina voz:

            –Por que você está tocando isso?

            Flake fechou a tampa do piano com um barulho alto e se pôs de pé. Seu coração batia rápido e ele empurrou nervosamente uma mecha de seu cabelo loiro e comprido para trás da sua orelha desproporcionalmente grande.

            –Pai... – a voz de Flake ondulou – Eu não estava...

            –Não minta para mim, seu projétil esfarrapado de ser humano. – Dirk rosnou para ele, agarrando o “filho” pela orelha. Flake não emitiu um barulho, como sempre. – Eu disse que não queria mais ouvir esse barulho, não é? E o que você fez?! Continuou tocando! – ele puxou Flake para mais perto de si – Por que você é assim, Christian?

            –Por que você continua cuidando de mim, se você nem é meu pai? – Flake arriscou e tomou um tapa em seu rosto, seguido de um soco no estômago. Ele respirou fundo, tentando se manter de pé ainda.

            –Você sabe o que eu quero de você. – a malícia saltava da voz de Dirk e ele agarrou a virilha do rapaz, que se contorceu.

            –Porra... – Flake sussurrou, empurrando a mão do homem. Imagens saltaram à sua cabeça. Se lembrou, involuntariamente, de como essa criatura nojenta que ele foi obrigado a chamar de “pai” por anos entrou silenciosamente em seu quarto, quando ele tinha 16 anos, e tirou sua virgindade enquanto ele dormia. Depois disso, as sessões de estupro foram cada vez mais freqüentes, e nelas Flake estava acordado, sentindo a dor lhe consumir gota a gota.

            –Não quero você assim. – o homem grunhiu, tirando Flake de seus pensamentos – Quero você submisso, embaixo. Entendeu, sua bicha?

            –Acho que eu não vou mais ficar embaixo. – Flake sentiu as lágrimas queimarem seus olhos e mandou um soco no queixo de Dirk, que voou e caiu no chão. Flake correu para fora da casa, mas Dirk, apesar de gordo, o alcançou sem muita dificuldade, agarrando-o pelo braço – Me solta, filho da puta! – ele gritou, tentando se debater.

            –Fica quieto. – o homem disse, arrastando-o até seu carro, estacionado do lado de fora da casa. Com dificuldade, enfiou Flake, que se debatia com força, dentro do carro e afivelou o cinto nele. Depois, andou calmamente até a outra porta do carro, entrou, ligou o carro e saiu andando.

            –Para onde você está me levando? – Flake disse, entre soluços. Ele estava chorando de medo. Sim, um menino de quase 18 anos chorando de medo.

            –Se você não me obedece mais, vai obedecer a outra pessoa, até que fique bonzinho novamente e possa voltar. – a mão de Dirk foi voando na coxa de Flake, que deu um pulo.

            –Eu não quero mais ser o brinquedo sexual de um gordo frustrado... – Flake mal conseguiu terminar a frase, pois a mão de Dirk, que antes estava em sua coxa, foi voando em sua boca e lhe acertou um tapa. Ele sentiu com a língua o gosto de sangue do cortezinho do lado de dentro de seu lábio.

            –Geme igual sua mãe, o problema dela era esse.

            Flake tentou dar um soco no homem, mas ele foi mais rápido e segurou sua mão, torcendo-a até o limite. Flake engoliu um gemido de dor e respirou fundo.

            –Você realmente acha que eu ligo? – ele disse corajosamente – Minha mãe era a melhor pessoa que eu já conheci...

            –Dava pra todo mundo, por dinheiro. Era o que ela fazia da vida. Aliás, você é apertadinho igual ela.

            Flake grunhiu com ódio.

            –Não fala nada da minha mãe, tá? – ele disse, com raiva.

            –Você tem sorte de que ela não pegou a doença enquanto tava te carregando na barriga, ah, quantos meses sem receber você custou a ela...

            –Ela me amava. – mais lágrimas desceram dos olhos azuis, como os de sua mãe.

            –Ela não parou de dar depois que ela te teve, você acha que isso é amor?

            Aí Flake percebeu, repentinamente, que estavam atravessando uma ponte. Era sua chance. Ele morreria, mas levaria consigo o nojento que nem seu pai era. Flake era sim filho de uma prostituta com um alemão qualquer, e o homem a seu lado era o “namorado” desprezível da mãe.

            –... Gravidez indesejada. Você não é meu filho, e nunca vai ser.

            Flake ignorou as palavras de Dirk e empurrou suas mãos no volante. Teve o resultado esperado, o carro perdeu o controle e voou para fora da ponte, para cair no rio. Era o fim. Flake fechou os olhos, enquanto ouvia o grito de horror de Dirk, e não pôde deixar de sorrir.


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Notas finais do capítulo

reviews? Danke ^^



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