Change Of Heart escrita por Sak Hokuto-chan


Capítulo 16
Frustrated


Notas iniciais do capítulo

Só lembrando que "milo" significa "maçã" em grego, para o caso de eventuais piadinhas e trocadilhos infames daqui pra frente... -q

Orphelin, obrigada por revisar e revisar a fic, meu carneiro-beta favorito (e único!) S2

Fanart por はんな



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Capítulo XVI

Estou frustrado
Porque eles vêem o que querem ver
Não faça isso...
Frustrated - Joan Jett

A princípio, Aiolos encolhia-se cada vez mais para perto do piano conforme Shura continuava a encará-lo com aquela expressão assassina. De repente, colocou uma das mãos sob o queixo e ficou olhando para cima, pensativamente, por alguns segundos. Em seguida, escondeu o rosto atrás das duas mãos e balançou a cabeça, só para afastá-las e coçar a cabeça por um momento, distraído consigo mesmo.

O capricorniano, por sua vez, apenas observava o comportamento do outro, contendo o impulso de rolar os olhos. Quando achou que ia ter que falar algo para que o grego voltasse a si, este deu um suspiro profundo e exclamou, levando a mão até a altura da testa:

– Oh, como é duro ser eu! Por que os deuses me fizeram tão irresistível?

– Menos, Aiolos...

O sagitariano sorriu divertido, mas sem olhar diretamente para o amigo. Não sabia o que dizer. O espanhol tinha sido tão direto, assim, do nada! E agora? Recomeçou a sequência de movimentos sem aparente sentido...

...Pelo menos até Shura se mover para trás dele e apoiar as mãos em seus ombros, dizendo com seriedade:

– Não estou te intimando a ficar comigo, Aiolos. Só quero saber se há alguma chance, por mais remota que seja, dos meus sentimentos serem correspondidos. Não sou uma garotinha sensível e apaixonada. Se disser que não, continuaremos sendo amigos como sempre, sem traumas.

Abaixando um pouco a cabeça, o grego esperou pelas próximas palavras. E se dissesse que sim?

– Se disser que sim... Mesmo que seja uma chance ínfima... – Shura continuou, abaixando-se o suficiente para murmurar no ouvido do outro com convicção: – Eu o conquistarei.

Enrubescendo levemente, o sagitariano levantou-se atrapalhado, balbuciando palavras sem sentido enquanto seu olhar deslizava rapidamente por toda a extensão do anfiteatro:

– Ahn... Veja... Isso foi totalmente inesperado e... – suspirou, cruzando os braços e semicerrando os olhos com uma seriedade inesperada. – Eu não sei...

– Pense o quanto quiser – o capricorniano replicou, procurando o maço de cigarros no bolso da jaqueta. – Mas se, por fim, não me der nenhuma resposta, interpretarei seu silêncio como um consentimento – sorriu de lado para o amigo e acenou para o mesmo, saindo do anfiteatro sem olhar para trás.

Aiolos pestanejou, sentindo-se, ao mesmo tempo, confuso e indignado. A pessoa chega, despeja os sentimentos em cima de você e vai embora numa boa?! Sentou-se novamente ao piano e começou a tocar uma sequência de acordes rápidos de alguma música bastante complexa, assim como eram seus pensamentos naquele exato momento.

***

Compreender Shina, para Milo, vinha sendo uma tarefa muito complexa. Ela tinha ficado empolgadíssima quando finalmente o persuadiu a contar o que Camus tinha dito. Ora, se o ruivo não estava confuso...

– É porque tá interessado, Milo! Só falta você se decidir...

– Ah, claro! Como se fosse simples – o escorpiano retrucou emburrado. – O que você espera que eu diga pra ele?

Com toda sua vasta bagagem cultural yaoi, Shina sequer precisou piscar seus brilhantes olhos verdes para já ter uma resposta pronta na ponta da língua:

– Chega nele e diz me possua, Camus!

Nunca! – retrucou imediatamente, com irritação. – Aff! Você tá completamente louca! Fora que eu já falei que não sou uke e... GAH!

– Não vai embora, minha Tortinha de Maçã? – Aiolia exclamou do nada, envolvendo a cintura do escorpiano com os braços de forma a abraçá-lo pelas costas. – Parece apetitoso hoje, hmm?

Cai fora, Aiolia! – replicou irritado e sem graça, desvencilhando-se do amigo. Ultimamente, o leonino vinha fazendo muitas brincadeiras que o deixavam constrangido, para a alegria de Shina, que fantasiava ainda mais um possível relacionamento yaoi entre os amigos. – Porra! Não é pra dar mais motivos pra essa doida viajar!

Apesar das queixas, não lhe deram atenção. O leonino estava mais interessado em saber se tinha se saído bem em sua performance yaoi.

Moe! – a ariana exclamou extasiada, olhando para Aiolia totalmente encantada e feliz. – Claro, bem seme, deixando seu uke envergonhado e...

Shiiinaaa, eu já te falei, caramba! – Milo interrompeu inutilmente.

Aquilo não podia ser normal, certo? A italiana estava empurrando-o para os braços de outros caras, sendo que ela estava saindo com ele. Não fazia sentido!

Shina o encarou com perplexidade. Milo estava certo, mas... Awn, ela o achava tão bonitinho com Camus, ou todo constrangido por causa das brincadeiras de Aiolia.

O escorpiano sentou-se numa cadeira com ares de derrota. A aula já havia terminado e apenas eles ainda estavam na classe. Ao menos até o momento em que Shaka apareceu na porta, lançando olhares mortais para cima do grego de cabelos curtos:

– Ande logo, Aiolia! Depois, você ainda reclama que sou eu quem te atrasa.

– Aí vem meu karma... – o leonino resmungou, consciente do que karma significava desde que o próprio Shaka lhe explicara, e saiu da classe com o indiano. Não sem antes tanto soprar um beijo para Milo quanto lhe lançar uma piscadinha atrevida.

Morra, maldito! – o escorpiano reclamou furioso, agitando os punhos no ar. – E quanto a você... – apontou para Shina, puxando-a para si pelos quadris. – Não se esqueça de que promessa é dívida e você tá me devendo um momento divertido por eu ter assistido aos benditos OVAs yaoi!

– Mas, mas... Você mal prestou atenção... – a italiana murmurou, soltando um suspiro de pura resignação que, para sua surpresa, acabou sendo interrompido pelo beijo que ganhou do escorpiano. – Hey! Estamos no colégio!

Detalhes! Apesar disso, Milo achou melhor irem para outro lugar.

***

Enquanto isso, Aiolia e Shaka caminhavam lado a lado, mas não muito perto, como de costume. O virginiano mal sabia, exatamente, porque faziam aquilo de tentar criar intimidade. A única coisa que conseguira, até aquele momento, era ter que responder perguntas despropositadas.

No início, as perguntas não tinham nada de absurdo, por mais que o indiano não entendesse a intenção por trás delas. Assim, ele respondeu que achava algumas garotas bonitas sim, mas que pensava o mesmo de alguns garotos; que nunca tinha parado para cogitar ficar com alguém, independentemente do sexo da pessoa; que não achava estranho o relacionamento entre casais do mesmo sexo e essas coisas.

No entanto, a cada dia que passava perto do grego, as perguntas ficavam mais íntimas e isso era bastante problemático. Certo, o objetivo era criar mais intimidade e Aiolia respondia o que lhe perguntasse na maior naturalidade, só que Shaka começava a achar isso cada vez mais e mais constrangedor.

– E aí, já sonhou com seu querido Mu?

– Uma vez ou outra – o indiano respondeu, dando de ombros e ignorando o sarcasmo do grego.

– Hmm, sonhos eróticos?

O quê? – indagou chocado com a cara-de-pau do outro em lhe fazer uma pergunta como aquela.

– São sonhos em que-...

– Eu sei o que são sonhos eróticos! Não precisa me explicar – interrompeu rapidamente, olhando ao redor por reflexo. Ah, grandioso Buda, por que tinha que passar por essas coisas?

No final, respondeu que nunca tinha tido esse tipo de sonho nem com Mu e nem com mais ninguém. Ficou ofendido quando o leonino o encarou com descrença. Nem todo mundo era pervertido assim, ora essa! Outra coisa, por que isso importava?

– Sei lá, não fui eu quem quis ficar todo íntimo de você, tá? – Aiolia reclamou, impaciente. – Você quem pediu ajuda pra descobrir qual é a sua.

Shaka suspirou. Eles iam acabar discutindo, pra variar. Sempre acabavam discutindo e isso fazia com que as conversas não rendessem absolutamente nada. Talvez tivesse sido realmente uma ideia absurda seguir a sugestão de Mu. Como responder aquele tipo de pergunta ajudava?

– Bom... – o grego reuniu o restinho de sua paciência para tentar explicar. – Eu nunca tive sonhos eróticos com o Afrodite, por exemplo. Gosto dele como um amigo, um irmão, só isso.

– A sua lógica é que se nunca tive desses sonhos com o Mu significa que gosto dele só como um irmão mesmo? Não parece ser o bastante pra definir.

– E não é! Mas já dá pra começar a analisar por aí, ué... Quando tenho esses sonhos, eles são com garotas que eu gostaria de pegar, se é que você me entende...

– Você é vulgar, Aiolia.

– Dane-se! Tem ideia melhor? Não, né? Então, apenas responda minhas perguntas.

Shaka assentiu relutantemente, mas ficou estarrecido quando o outro teve a audácia de perguntar que tipo de coisas o excitavam. Aí, eles começaram a discutir de novo até o leonino perceber que estava atrasado para algum de seus treinos e ir embora correndo, amaldiçoando o indiano pela enrolação.

***

Na sexta-feira daquela mesma semana, Kanon já não via a hora da noite começar para ir ao Meikai se distrair. Entretanto, quando chegou a hora de sair, ficou observando Aiolia sentado sobre o tapete com os dois gatos no colo e, assim, percebeu que não era o único ali que precisava se distrair.

– Você está parecendo um gatinho zangado, sabia? Até consigo visualizar sua cauda balançando lentamente...

O leonino apenas lançou-lhe um olhar fúnebre.

– Fala sério, Ai-chan – insistiu distraído. Estava sentado no sofá com um copo de whisky na mão. – Não vai seduzir ninguém assim. O que anda te irritando tanto de uns tempos pra cá?

O mais novo bufou exasperado. O que andava lhe irritando? Shaka! E, ainda por cima, por culpa de Mu. Aliás, o ariano conseguia ser bastante irritante também, e só pelo fato de existir. Como Kanon não entendeu nada, Aiolia teve que explicar sobre a história da intimidade.

Aí, o geminiano começou a gargalhar, deixando o outro duas vezes mais irritado.

– Ah, quanta inocência! Será que eu era assim aos quinze anos também? – tomou o restante da bebida em um gole só e foi se sentar no tapete, bem atrás do garoto. – Você está lidando com as coisas da forma errada. Desse jeito, nem parece que aprendeu algo comigo.

Antes que o leonino abrisse a boca para replicar, Kanon o puxou para si pelos ombros – fazendo com que o mais novo apoiasse as costas em seu tórax – e apertou-lhe as bochechas com vigor e alegria.

Aspros e Defteros pularam assustados do colo do garoto, depois que este passou a xingar o outro grego e a se debater como forma de protesto. Contudo, o geminiano começou a falar com um tom que não permitia interrupções, fazendo Aiolia se calar de vez:

– Agora, preste atenção ao que vou explicar, Ai-chan...

Quando Saga chegou, mais de uma hora depois, o leonino já estava indo embora com um humor bem melhor e Kanon parecia bastante satisfeito – daquele jeito difícil de definir, ou seja, que para Saga significava que o irmão estava tramando alguma coisa.

O gêmeo mais velho estreitou os olhos para o mais novo, desconfiado, mas ficou em silêncio. Seu olhar já dizia tudo, tanto que Kanon levantou as mãos num pedido mudo de paz.

– Só estou ajudando o menino, Saga-bear... – disse, abraçando o irmão pela cintura.

– A troco de quê? Você não faz nada se não for ganhar algo em troca, nem que seja diversão...

Kanon garantiu que só estava disseminando seus conhecimentos e habilidades. Porém, seu tom de voz soava tão sarcástico que Saga teve certeza de que as coisas iam muito além do que o outro lhe falava. Além disso...

– Aiolos ainda não tentou te matar por passar tanto tempo com o irmão dele?

O gêmeo mais novo sorriu ironicamente. Até parece que o sagitariano sabia! Imagina, seria um caos...

***

Felizmente, para Mu, o caos em que estava envolvido, por conta da chegada de Shiryu e Shunrei, tinha acabado. O casal tinha voltado para a China, após duas semanas de estadia na casa de Dohko. E eles mal sabiam o estresse que a mocinha tinha causado em Shion sem se dar conta.

Enfim, o importante é que as coisas estavam voltando ao normal para Mu. Seu irmão estava tranquilo de novo, seu relacionamento com Shura tinha terminado bem, sua amizade com Aiolos era a mesma...

Só faltava se entender com Aiolia.

E Mu vinha tentando, sinceramente, desde a fatídica noite no Meikai ocorrida há quase um mês. O ariano precisava manter isso em mente. Sim, porque, às vezes, diante da personalidade imprevisível do garoto, ele até se esquecia de que aquela noite tinha desencadeado todos os problemas que vinha enfrentando.

Ele achava que o leonino estava daquele jeito pelo quase beijo. Só podia ser isso. Mu queria conversar com o mais novo para dizer a este que não havia necessidade para aquela revolta toda. Queria compreendê-lo.

Mas todos os seus esforços mostraram-se inúteis.

Aiolia o evitava sempre, ou ocupado com suas atividades, ou dizendo que Shaka o atrasava... O fato é que ele nunca tinha um minuto para conversarem, embora tivesse tempo para despejar sua raiva em cima do ariano.

Mu ficou tão cansado e frustrado com a situação que começou a desistir de tentar resolver tudo ao seu modo – isto é, sozinho. O jeito era falar com Aiolos mesmo. Só que, mais uma vez, ele se lembrou disso tarde demais, pois Aiolia o surpreendeu primeiro.

Foi num sábado à noite, quando Mu tinha acabado de chegar em sua casa após um longo dia de estudos na universidade. Encontrou uma cena que não via há algum tempo já: Aiolia estava jogando Pokémon com Dohko.

– Olá, Mu – o libriano cumprimentou com um sorriso.

O grego acenou com a cabeça, nenhum sinal de irritação ou sarcasmo aparente. Parecia o garoto de sempre, aquele de antes do Meikai. Todavia, imaginando que o mais novo daria um jeito de escapar, caso tentasse falar com ele, o ariano os cumprimentou de volta e foi direto para o banho.

Quando ele saiu, quase uma hora e muitos cremes de cabelo depois, a casa estava totalmente silenciosa. O que era estranho, pois Dohko e seu irmão sempre se despediam quando saíam, avisando para onde iam e tudo o mais.

Pensando nessas coisas, Mu sentou-se no sofá, deslizando os dedos pelos cabelos molhados distraidamente. Talvez fosse uma boa hora para chamar Aiolos, porque aí... aí...

Aí, de repente, Aiolia sentou-se ao seu lado. Na verdade, ele se jogou de qualquer jeito no sofá, as pernas espaçadas e a cabeça pendendo para trás, no encosto. Respirou fundo, parecendo cansado, e ficou com os olhos fechados, dizendo com voz sonolenta:

– Dohko pediu pra avisar que foi buscar o Shion, não lembro onde.

– Ah, obrigado... – disse Mu, olhando para o perfil do mais novo. Estava prestes a perguntar o motivo de o garoto ter permanecido, mesmo sem a presença do parceiro de jogos, quando foi interrompido pelo mesmo.

– Fale, Mu.

– Ahn?

– Você não queria falar comigo? – indagou, sem sequer abrir os olhos. – Pois, então, desembucha.

O ariano franziu o cenho, mais confuso do que nunca. Como assim? Podia jurar que Aiolia o evitava de propósito, fugindo para não terem aquela conversa, e agora... Agora ele resolvia que estava a fim? Por quê?

Virando-se para o outro, Aiolia abriu os olhos, deu de ombros e sorriu de lado, uma sobrancelha arqueada como se a resposta fosse óbvia:

– Porque eu quero.

E lá estava: a personificação da insolência.

– Por que você quer...? – Mu redarguiu, abismado. E indignado, naturalmente. Permaneceu calmo, no entanto. – As coisas sempre têm que ser como você quer, não é?

– Claro! – exclamou jovial. – Afinal, é como minha tia diz leoninos sempre têm razão...

...De acordo com eles mesmos – o ariano emendou automaticamente.

O grego o ignorou. Detalhes! Se leoninos têm razão, as coisas têm que ser como eles querem e ponto final.

Mu suspirou. O garoto estava zoando com sua cara. Estranhamente, sentiu que não queria falar nada. Era uma causa perdida. Tudo se resumia ao que o mais novo queria, não era mesmo?

– O que é que você queria conversar comigo, Mu? – indagou, assumindo um ar sério.

Antes que o tibetano pudesse dizer qualquer coisa, o telefone começou a tocar. Isso o deixou aliviado por um instante. Só por um instante.

Porque no próximo, quando fez menção de se levantar para atender, Aiolia o impediu com um ágil mover de pernas. Como se nada fosse mais natural, o leonino passou as pernas por cima do colo do mais velho, imobilizando-o onde estava. Simples assim.

Tudo o que Mu fez foi ficar olhando para o grego, estarrecido. Aiolia sorria prepotente, correspondendo ao olhar do tibetano, desafiando-o a livrar-se da situação em que se encontrava.

Ambos ficaram em silêncio. O único som na casa era o do telefone, que não demorou a emudecer-se também.

– Fale, Mu... – o leonino insistiu num sussurro suave e persuasivo, semicerrando os olhos claros languidamente.

Falar? Falar o quê? Ele queria era sacudir o garoto atrevido pelo pescoço! Para que tomasse jeito, para que entendesse que o mundo não girava ao seu redor, para que estabilizasse aquela personalidade complexa.

Mas não fez isso. Porque Mu não era desse tipo, impaciente e descontrolado. Apenas respirou fundo, replicando com calma e autocontrole invejáveis:

– Só queria saber se você está se comportando desse jeito estranho comigo por causa daquele incidente no Meikai... E, se for, qual seria a solução para isso.

Aiolia inclinou a cabeça para o lado, uma das mãos sob o queixo e o olhar perdido em algum ponto do pescoço do outro.

E, então, Mu realmente percebeu o quanto o irmãozinho caçula de Aiolos, aquele tão pequeno e problemático, estava perdido no passado. O presente lhe mostrava um rapaz da sua altura já, atrevido e insolente, que...

Estava encarando seu pescoço como se quisesse transformá-lo em uma presa! O ariano não pôde se impedir de enrubescer. Tinha acabado de dar-se conta do que Milo havia notado fazia algum tempo: Aiolia era atraente.

Um absurdo pensar isso de alguém tão novo, óbvio. Tanto que o ariano se proibiu de refletir sobre a recente constatação. O garoto era a cara do irmão, que era muito bonito, só isso. Mesmo assim, Mu se pegou terrivelmente consciente da presença do mais jovem. A pressão daquelas pernas que o prendiam no sofá com ousadia; o olhar predatório em seu pescoço, meio escondido pela franja, mas nem por isso menos intenso; a respiração morna que escapava por entre aqueles lábios avermelhados; e...

Aiolia estalou a língua, soando aborrecido.

Droga!, o tibetano praguejou mentalmente, estava perdendo o foco.

– O que acha que vai conseguir falando pro Shaka ser meu amigo íntimo? – o grego perguntou de uma vez.

– Ahn? – fez Mu, desnorteado com a mudança de assunto.

Nesse momento, a porta se abriu. Aiolia levantou-se instantaneamente do sofá, afastando-se do ariano para, logo depois, cumprimentar Dohko e Shion com seu melhor sorriso. E, nesse mesmo ritmo, despediu-se de todos, acenando para os três antes de sair do jeito elétrico costumeiro.

O tibetano mais novo ficou olhando para a porta fechada, sabendo, de alguma forma, que se não falasse com o garoto naquele momento, a oportunidade não voltaria tão cedo. Assim, esfregou as coxas e se levantou, saindo de casa tão rápido que Dohko e Shion ficaram surpresos.

O que incomodou Mu, no instante em que saiu atrás de Aiolia, foi a desagradável impressão de que ainda teria que correr muitas vezes atrás dele. No sentido literal e figurado da expressão correr atrás.

Mas, como sempre acontecia no que se referia ao leonino, ele estava enganado.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Bom, que tal esse capítulo? Mu já deu uma reparada no Simba aqui, vamos ver se ele vai conseguir falar com o bonito de vez... =3

Obrigada pelas reviews: Kaorux3, Lord Bol, Hanajima, euzinho x, Leo Saint Girl, Faith, Orphelin, cler8night, ddkcarolina, Vanessa e Álefe! ^^