Minha cabeça estava andando à roda, e só via branco na minha frente.

– Oh, é desta! - A voz de Alice ecoava pela minha sala. A Tv estava desligada, e as janelas fechadas. - Vou te levar ao médico, Isabella Swan! Você não vai mais continuar assim, entendeu?!

– Alice, não berra. - Sussurrei, de olhos fechados. Me inclinei no sofá, apoiando aí minha cabeça. - Meus vizinhos se queixam sempre com minha mãe com a barulheira aqui em casa.

– Vô falar com sua mãe, se você não levantar essa bunda do sofá e vier comigo ao médico. JÁ!
Respirei bem fundo. Alice conseguia ser bem chata no meu pé. Senti sua mão forçando minha a se abrir, enquanto ela me dava um copo com leite fresco, sem nada adicionado, o que eu odiava com todas minhas forças.

– Alice. - Gemi, angustiada. Leite, só com chocolate para mim.

– Deixe de ser criança, Isabella. Beba logo isso, ou quer cair pro lado? Vá, vamos ao meu médico de familia, ele é um fofo, e te marca qualquer exame que você necessite.

– Tudo bem, tudo bem. - Engoli aquela bebida deplorável e me levantei, vestindo qualquer trapo.
Alice nos conduziu até ao centro de saúde onde ela estava inserida. O espaço era como qualquer outro relacionado com saúde: excessivamente branco, apertado, e com aquele cheiro caracteristico que eu não apreciava mesmo nada. Estavam umas 8 pessoas na frente, mas Alice simplesmente caminhou por elas, com a sua mala balançando no seu braço, quase se sobrepondo ao corpo miúdo dela. Chegou ao balcão, afastando a pessoa que ali estava com um gestinho. Rolei os olhos; se Alice não fosse minha amiga há tantos anos ia odiar o jeito snob dela. A garota que estava sentada tratando do atendimento olhou de lado pra Alice, que não pareceu se afetar. Me afastei, sentando de qualquer jeito num dos bancos de ali. Estava mesmo cansada.

– Vamo lá, primeiro piso. - Alice chegou junto a mim, me estendendo a mão com um sorriso genuino. Ela tinha seu jeito snob e arrogante, mas era uma baixinha adorável.
Peguei sua mão e subimos as escadas apertadas, até ao consultório.

– DOUTOR NUNO! - Alice abraçou o seu médico, de maneira bastante mais explosiva que os pacientes costumam. Aliás, eu nunca abracei meu médico sequer... - Essa aqui é a Isabella, uma amiga próxima. - Levantei o olhar na menção do meu nome. O senhor, já de idade, sorriu amigável para mim. Botei meu sorriso mais educado.

– Oi. - Falei.

– Boa tarde, Isabella. Façam favor.
Nos sentamos nas cadeiras para onde o médico apontara, e Alice chutou logo o que se passava comigo. De há umas semanas pra cá, meu estado tem andado estranho. Tremo muito, e desmaio cada vez mais facilmente, o que para mim é realmente bizarro. Não sou de adoecer por tudo e por nada - ao contrário de Alice. Provavelmente, esta grande amizade com o seu médico de familia liga-se à frequência que devem ter nas consultas.

– ... e eu me passei de vez, e então viemos cá. - Alice me olhou desagradada por segundos, voltando logo o olhar pro médico, sorrindo grande. - Que acha que ela precisa, Doutor?
O médico rabiscou alguma coisa nas suas folhas, e depois olhou para nós, sem falar nada. Odeio consultas por isso mesmo. Médicos são estranhos, novos ou velhos, homem ou mulher. Tenho alergia a eles. E então, quando eu comecei a ficar realmente impaciente, ele falou.

– Vamos fazer algumas análises: ao sangue, e à urina. Depois, faremos diversos Tac's, e uma ecografia. Fará também... - Perdi a linha de raciocinio enquanto ele escrevia tudo nas diversas folhas de exame. Me arrependi de imediato ter ido ali.
Odeio médicos, já falei?