We Must Reinvent Ryden escrita por RyRo


Capítulo 10
Capítulo 10




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Estávamos sem dizer nada e totalmente desconfortáveis, sugeri que jogássemos video game, pelo menos ia ficar menos estranho. Foi só o que fizemos, além de comer, já estava no fim da tarde e Brendon disse que iria embora. Assenti com a cabeça, embora quisesse que ele ficasse.

- Então... até a amanhã, Ry.

- Até. - O acompanhei até a porta e ele foi embora. 

Eu não sabia o que eu estava sentindo mais, estava tudo tão confuso, eu ainda não sabia o que ele queria de mim, eu ainda não tinha contado o que eu queria dele, e nossa situação estava totalmente estranha. A única certeza que eu tinha era que eu o amava mais do que eu podia suportar esconder. Uma repentina tristeza resolveu tomar conta de mim naquele fim de tarde. Eu estava deitado no sofá sem fazer nada quando minha mãe chegou.

- Olá Ry.

- Oi mãe. 

- Como foi no primeiro dia?

- Foi normal. - Menti. Ela ia me atormentar se soubesse que eu tinha esquecido de ir a escola.

- Eu saí mais cedo hoje, nem deu tempo de te ver acordado.

- Ah tá... - Respondi indiferente.

- Tá tudo bem?

- Aham.

Ela saiu dali e eu subi. Tomei um banho, arrumei as coisas para o dia seguinte e me deitei. Demorei um pouco pra dormir mas consegui. 

De manhã meu celular despertou e eu me levantei. Me arrumei, tomei café da manhã e saí andando totalmente desmotivado. As coisas voltaram ao ser o que eram antes, encontrei Spencer e Brent no caminho, entramos na escola e encontramos Brendon lá. Nem eu nem ele falamos nada além de "oi, tudo bem?". Spencer e Brent conversavam normalmente. O sinal tocou e fomos pra sala de aula, sentei no meu lugar e encostei o rosto da parede. Spencer me mandou um de seus típicos bilhetinhos no meio da aula.

"Quando vai falar com ele?"

"Não sei. Não é tão fácil assim."

"Não é tão difícil assim. Não precisa pensar que você vai ter de se declarar, apenas  fale o que você tá sentindo como se ninguém pudesse te ouvir."

"Não sou muito bom nisso, Spencer."

"Você nunca tentou :)"

"Tá ok. Eu vou tentar, eu sei que tenho, mas não hoje."

O professor de matemática falava alguma coisa sobre uma matéria que eu já sabia, quando fui passar o bilhete de volta pra Spencer ele tomou da minha mão e deu um sorrisinho cínico. 

- Bilhetinhos durante a aula, Ross?

- Desculpe professor, não vai mais acontecer, você pode me devolver o papel?

- Claro que não. Você quer que eu leia pra sala?

- NÃO. - Falei meio alto demais. - N-não, por favor. - Me acalmei.

- Com quem você pensa que está falando? Você passa bilhete durante a aula e ainda grita comigo? - Eu tive vontade de gritar com ele mais ainda, mas respirei fundo.

- Não é culpa dele, eu quem comecei, professor. - Spencer me defendeu.

- Não, tá certo, fui eu, já pedi desculpas, me devolva por favor. - Continuei encarando o professor, que deu outro daqueles risinhos.

- Vou guardar de recordação. - Ele respondeu.

- Então vai tomar no cu. - Respondi e imediatamente percebi a merda que tinha dito.

Fui parar na diretoria, eu e Spencer. Tivemos que explicar tudo, tomei uma advertência mas voltamos rindo. Assim que sentamos, Brent e Brendon nos olharam.

- E então... ? - Brent perguntou.

- Eu só tomei uma advertência, não pelo bilhete mas por mandar o professor tomar no cu. - Rimos.

- E o que tinha naquele bilhete que te deixou tão nervosinho? - Dessa vez era Brendon quem perguntava.

- Nada.

- Ah qual é, fala aí.

- Não era nada.

Por sorte a professora da próxima aula entrou na sala, nos interrompendo. Do nada percebi que ela já passava lição de casa, sempre tem esse tipo de professor que não tem o que fazer e gosta de encher os alunos de lição. Anotei rapidamente e escutei Spencer me chamando. Olhei pra ele e ele me deu outro bilhete.

"Vamos fazer assim, você chama a gente pra ir na sua casa fazer essa droga de lição, eu e Brent inventamos uma desculpa pra não irmos, provavelmente o Brendon vai poder ir e já fala com ele lá na sua casa."

"An? Mas Spencer, eu não estou pronto."

"Você nunca vai estar, Ryan. Não pense, apenas fale. Por quanto tempo pretende esconder isso? Agora faz o que eu to te falando e não responde mais porque eu já te ferrei com bilhetes hoje."

Terminei de ler e suspirei. Olhei pra Spencer que sorriu pra mim. Eu resolvo dar um tempo e Brendon me beija, eu resolvo contar pra ele e não consigo, eu não sei mais o que pensar, parece que sempre que eu tomo uma decisão alguma coisa acontece pra me mostrar que tomei a decisão errada. A única decisão certa era de que tudo sempre dava errado pra mim, por mais que eu tentasse, de todas as maneiras, alguma coisa sempre nos interrompia, sempre me interrompia. Sempre me impedia de falar o que eu tinha entalado aqui há muito tempo. 

Na hora do intervalo, comecei a por em prática o conselho (não muito confiável) de Spencer, não pensar, falar. Muitas vezes é ruim falar sem pensar, mas se você já tem todas as palavras entaladas há tempos, fica mais fácil, pensar pode ser uma maneira de você acabar desistindo. Estávamos sentados comendo e perguntei:

- Vocês querem ir lá em casa depois da aula, fazer essa tal lição?

- Por mim, tudo bem. - Brendon concordou.

- Ah nem vai dar, minha mãe pediu pra mim ir direto pra casa, tenho muita coisa pra fazer lá. - Spencer mentiu.

- É, eu tenho que sair hoje. - Brent mentiu também. Controlei meu riso, eles mentiam muito mal.

- Ok... - Brendon disse sabendo sobre o clima estranho que rolaria entre a gente mais tarde.

O resto das aulas foram chatas e eu não falei mais nada com nenhum dos três. Assim que acabaram, descemos pra ir embora e eu já soava. Spencer e Brent se despediram, o que não ajudou muito com meu nervosismo. Eles foram embora e eu e Brendon começamos a andar em direção a minha casa. Por sorte, Brendon abriu a boca, ou não iríamos falar nada.

- Ryan, me desculpe.

- Por que?

- Por tudo isso. - Ele abaixou a cabeça e continuou andando.

- Tudo isso o que?

- O que eu fiz com a gente. Estávamos tão bem, e depois do que aconteceu ficamos tão estranhos. É tudo minha culpa, eu queria que tudo voltasse a ser como era antes, eu nunca tive dificuldade em ficar perto de você.

- Foi culpa minha também, Brendon. Na verdade não podemos culpar ninguém, aconteceu e pronto. Não precisa se preocupar, você não precisa ter dificuldade em ficar perto de mim.

- É que... sei lá, é estranho.

- Eu sei.

Chegamos em casa, tanto eu quanto ele deixamos nossas mochilas num canto e fomos almoçar. Ás vezes ele falava alguma coisa, eu também, mas nada comparado a como a gente conversava e ria antes. Fomos pra sala, era a hora. Eu não sabia por onde começar, o que eu ia falar, eu não sabia de mais nada. Sentamos no sofá com os cadernos (ele ia mesmo fazer a lição) e seu celular tocou.

- Oi mãe... Tô no Ryan... Tá bom, tchau. - Foi só o que ele disse e eu não sabia o que ela tinha dito do outro lado da linha. - Não posso demorar muito. - Ele me falou quando desligou o celular. - Tenho que sair mais tarde. 

- Ah... ok. - Como eu contaria pra ele pra depois ele ter de ir embora? Suspirei. 

Fizemos a lição (pra que fui inventar de fazer a lição? Eu podia ter dito qualquer outra coisa, mas nãao...) e ele disse que tinha que ir. Sorri de lado, porém triste, e me despedi. Assim que ele saiu eu caí em lágrimas. Simplesmente tive necessidade de tirar aquela dor de mim de alguma forma. Subi pro meu quarto, deitei e fiquei por um bom tempo. 

Depois dessa minha prova de que sou total e completamente estúpido, fraco, idiota  pra não dizer mais coisas, eu não quis contar pra ele na quarta-feira, nem na quinta, também não contei na sexta. 

Acordei no sábado totalmente desmotivado. Aqueles dias que eu não sabia o que tava pior: minha cara, meu cabelo ou minha vida. Me olhei o espelho, o que fez a minha dúvida aumentar. Tomei um banho, coloquei uma roupa qualquer e desci. 

- Bom dia, Ry. - Minha mãe disse sorrindo.

- Bom dia, mãe. - Respondi de cara fechada e sentei na cadeira.

- Tudo bem? - Ela me olhava desconfiada.

- Sim... - Respondi enquanto tomava café.

- Tá tudo certo entre você e o Brendon?

- Não muito. Não to a fim de lembrar dele, mãe.

- Ok, desculpe. 

Terminamos o café em silêncio, fui até a sala, me joguei no sofá e liguei a tv. Pouco depois minha mãe entrou na sala também.

- Vou dar uma saída, vai ficar por aí?

- Vou sim. Onde você vai?

- Comprar umas roupas. Não quer ir junto? 

- Não, valeu.

- Ok, tchau querido, qualquer coisa me ligue.

- Tá bom, tchau mãe.

Ela saiu e eu continuei sem fazer nada, mastigando uma maçã e vendo televisão. Uns vinte minutos depois ouvi a campainha tocar. Suspirei, levantei, fui até a porta e a abri. Dei de cara com Brendon, que sorriu ao me ver.


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