– Qual é, Demetria. Ta com ciúmes, é? – eu peguei a primeira coisa que eu vi na frente e taquei na direção dele, ou seja, uma garrafa de água, que por ironia do destino tava fechada

– EU NÃO TO COM CIUMES! – eu gritei pondo as mãos na cintura, e segurei uma risada pela cara de assustado dele na minha direção – Eu só quero esquecer que você namora minha melhor amiga, ta? Não é nada legal, não é mesmo. E eu odeio vocês dois juntos, e acho que você deveria voltar pra Miley. – disse atentamente e ele pareceu entender o recado

Idiota, babaca e tudo de ruim no mundo.

Tudo que eu tinha dito não era novidade aos ouvidos de Justin.

– Por que você odeia a Selena? Ela não te fez nada!
– Justin, eu não odeio a Selena. – disse pausadamente
– Tudo bem, tudo bem. Não vou mais discutir. – ele se levantou calçando o tênis de novo
– Onde você vai? – perguntei um pouco baixo
– Tenho uma entrevista agora de manhã. De tarde eu venho te pegar pra gente almoçar juntos. – ele piscou pra mim e saiu do quarto, bufei sozinha

Troquei de roupa, porque Scooter ia me arrastar para um dos maiores shoppings de Nova York. Meu celular tocou, e no visor apareceu “Selly”. Droga, tudo que eu necessitava... Uma ligação da Selena. Não que eu não queira falar com ela, eu só não quero ouvir ela dizendo o quanto o Justin é lindo e fofo com ela. Ta, ta bom.

– Alô. – disse pondo o celular no ouvido
– Demi... A gente... A gente precisa conversar. – Selena disse meio nervosa, e um pouco tensa
– Conversar, Sel? Tudo bem, pode falar... – disse meio assustada
– Olha, eu não vou ficar de embolações, tudo bem? Eu vou dizer, e eu quero que você me escute e preste bem atenção. – suspirou, e eu me assustei com o tom de voz frio dela – Por acaso, você e Justin tem algo pra me dizer? Vocês... Vocês estão juntos pelas minhas costas? Milhares de pessoas me dizem isso todos os dias, e eu tento não acreditar. Mas o modo que você olha pra ele... Não tem explicação, Demetria! Eu só quero deixar bem claro que ele é o MEU namorado, que ele ME ama, e que ele nunca vai me abandonar, ok?..... Eu te amo muito, Demi. Mas se tiver que acabar com a nossa amizade por causa do garoto que eu amo... – senti as lágrimas descendo desesperadamente pelo meu rosto, e Scooter entrou na sala assustado, eu fiz um sinal pra que ele não desse nem mais um passo - ...eu acabo. Eu acabo com tudo por ele, Demetria. E você nem imagina do que eu sou capaz.
– Selena, eu... – quando eu comecei a dizer, ela desligou

Senti a tontura chegar, mais lágrimas descerem e meu celular escorregar pelas minhas mãos. Cambaleei para um lado e para o outro, e Scott correu até mim me segurando.

– O que houve, Demi? Me diz, me diz! – ele me pôs sentada no sofá, e minha expressão confusa não mudava

Eu não sei se deveria contar logo a Scooter, mas eu precisava desabafar.

– A... A Selena. – disse com o pouco de voz que restava
– O que ela fez? – ele disse preocupada me entregando um pouco d’água, e eu bebi
– Ela me disse coisas horríveis, Scott. – sequei minhas lágrimas e ele me abraçou – Ela me disse que ela tinha certeza que eu e Justin tínhamos algo escondido pelas costas dela, que ele era dela, que se precisasse acabar com nossa amizade por Justin, ela acabaria. – minha voz falhou de novo e Scott fez um sinal pra que eu ficasse calada
– Ela ta com ciúmes, Demi. É normal, daqui a pouco tudo volta a ser como era antes.
– Não, nada volta a ser como era antes. Você tinha que ver o tom em que ela falava comigo! – alterei a voz irritada e angustiada
– Pede desculpas pra ela, ué.
– DESCULPAS? Eu não fiz nada, Scooter! Eu não tenho nada com Justin, a gente só vive brigando! – me levantei com raiva
– Daqui a pouco tudo se resolve, Demetria. Só tenha calma. – ele disse sorrindo e eu o fuzilei com os olhos, o fazendo rir – Por que não chama Miley pra vir cantar uma música contigo amanhã a noite? – ele perguntou e meus olhos se arregalaram, não contendo um sorriso
– Jura que posso? – ele assentiu com a cabeça rindo – Então liga pro empresário dela, por favor, por favorzinho! – eu disse fazendo bico
– Tudo bem, eu vou ligar. To te esperando no carro, e Derek ta aqui do lado de fora. – assenti e ele saiu

Fiquei uns 10 minutos me maquiando, e saí seguida de Derek, meu guarda-costas, já que Kenny estava acompanhando Justin. Entrei no carro, onde Scott estava no banco do carona, e o motorista já estava aposto.

– Ligou pro empresário da Miley? – perguntei a Scooter
– Já. E ela mandou você ligar pra ela. – ele respondeu, e eu resmunguei
– Você contou pra ela o que aconteceu, Scooter Scott Braun? – o olhei pelo retrovisor e ele soltou uma risadinha sarcástica, eu levantei meu dedo do meio pra ele
– Ué, ela podia te ajudar, Demetria! E agora ela já sabe de tudo. – ele sorriu e eu revirei os olhos

Chegamos no shopping e dei alguns autógrafos, tirei algumas fotos, conversei mais com meus fãs. Tão lindos. Liguei pra Miley quando saí da multidão, e expliquei mais a confusão. Ela xingou a Selena de tudo quanto é nome, já que as duas nunca se deram bem. Continuei a andar pelo shopping, comprando algumas coisinhas de que eu precisava. Senti aquele enjôo quando lembrei do tom de voz de Selena. Andei um pouco mais devagar, e lágrimas já se formavam nos meus olhos, o fazendo arderem. Scooter já estava bem a frente, e eu estava seguida de Derek e mais alguns seguranças.

Meu celular tocou e o nome “Justin Bicha Bieber” apareceu no visor. Atendi.

– O que é? – perguntei fria
– Calma ai, branca de neve. Por que o estresse? – não pude conter um sorriso pelo apelido que Justin sempre me deu, e não me pergunte o motivo
– Nada, n-nada não. Agora diz, por que ta me ligando? – perguntei meio nervosa, é melhor ele não saber da minha ligação com Selena
– Porque eu disse que ia te pegar no hotel pra gente almoçar juntos. E eu chegou aqui e você não está aqui, Demetria! Onde você se meteu? – ele perguntou indignado
– Abaixa o tom, Bieber. Eu to no shopping.
– Ah, a princesinha ta no shopping? Será por que hein? – ele riu sarcasticamente
– Vê se vai pro inferno, Justin Bieber.
– Eu não vou inferno, eu vou pro shopping. Não sai daí, já to chegando! – minha boca se formou em um perfeito ‘O’
– N-não Justin, não é uma boa idéia. Não vem, eu to indo pro hotel, ok?
– Ei, por que eu não posso ir praí?
– Porque não, Justin. É melhor não.
– Me diz, Demi! Você ta estranha demais, sabia?
– Justin, eu... eu te conto quando chegar aí, ok?
– Ta... Ok. Vem logo e não demora, branca de neve. – ele desligou antes que eu pudesse dizer alguma coisa, pelo jeito hoje era um daqueles dias em que Justin estava elétrico e que tinha vontade de pular de bungee jump

Chegamos no saguão do hotel, e eu e Scooter pegamos o elevador.

– Você acha que eu devo contar pro Justin? – perguntei pra ele, ele deu de ombros
– Se a Selena não tivesse colocado o teu nome no meio, você não teria que contar pra ele. Até porque seria uma coisa deles dois. Mas ela pôs teu nome junto com o de Justin, então acho que ele deve saber. Mas... Faz o que teu coração mandar. – ele beijou minha testa saindo do elevador e se dirigindo ao quarto ao lado do meu

Meu quarto era entre o de Scooter e o de Justin. O de Tia Pattie ficava a minha frente, e sempre que eu podia ia falar com ela. Pensei duas vezes antes de ir conversar com ela, mas acho que já tem gente demais sabendo da história. Abri a porta do meu quarto e lá estava Justin deitado na minha cama, só de calça jeans, passando os canais na televisão. Quando ele me viu, sorriu e continuou deitado, observando cada movimento meu. Rocei uns lábios nos outros, realçando o batom mais vermelho que eu tinha na boca.

– Ainda bem que não demorou. – ele disse já sentado na cama, se apoiando com as mãos pra trás no colchão, o deixando... mais bonito
– Fui rápida. – sorri não deixando de perceber seu abdômen pré-definido, um tanto diferente dos garotos que eu andava, com certeza eles eram mais sarados que o Bieber
– Pode começar a falar o que aconteceu. – ele jogou o controle remoto na cama e deitou de novo
– Não aconteceu nada. – disse fria indo pro closet e separando uma roupa
– Demi... – ele suspirou e eu o olhei pelo canto do olho – Diz logo, vai.
– Não é nada, Justin! Já disse!
– Você disse que ia me dizer quando chegasse aqui! – ele resmungou como um bebê
– Não piora as coisas. É sério.
– Se você não me contar, eu nunca mais falo com você. – ele cruzou os braços e eu gargalhei
– Tudo bem então... – ele sentou no puff gigante do closet suspirando cansado – Tudo bem, eu... eu conto.

Ele me olhou apreensivo, e eu fui pro banheiro. Tomei meu banho rápido, me arrumei e saí na esperança de que Justin não estivesse mais ali. Pois é, esperança falha. Ele estava na mesma posição do meu closet, olhando pros pés e ainda sem blusa. Joguei a camisa dele na sua direção e sentei na cama. Ele levantou do puff do closet e voltou pro quarto, se jogando na cama ao meu lado.

– A Selena... me ligou. – eu disse calma e meio confusa
– Hm, e o que tem isso? – ele pôs as mãos debaixo da cabeça
– Ela me disse umas... coisas.
– Tem como você ir direto ao ponto? – ele fez círculos com os dedos em sua barriga
– Claro, Bieber. – sorri sarcástica e suspirei – Ela acha que eu e você temos algo. – ele arregalou os olhos
– O QUE? Ela ta bebendo?! – ele gritou se sentando e bagunçando o cabelo – Então é por isso que ela não respondeu minhas mensagens e nem atendeu minhas ligações? – ele disse rápido e ofegante, soltei minha primeira lágrima

Ok, chorar agora não. Chorar agora n... Já era. Eu já soluçava e Justin me olhava assustado e preocupado.

– Calma, Dê. Calma, é só paranóia da Selena. É ciúmes. Ela... Ela anda meio louca. – ele disse me abraçando

Era a terceira vez que eu abraçava ele, de verdade, com carinho, com afeto, e não por causa de alguma briga boba.

– EU QUERO QUE ELA MORRA! – gritei me lembrando de que ela se importava mais com Justin do que comigo mesma

Foi EU que ajudei ela quando houve boatos de que Justin havia engravidado uma menina, foi EU quem fiquei do lado dela, sempre, todos os dias. E agora ela me vêm com essa? Eu to cansada demais de amizade falsa! DEMAIS!

– Demi, isso é passageiro. Eu conheço ela... – ele disse secando minhas lágrimas e pondo minha cabeça em seu peito nu – Não chora, por favor. Não chora. Eu não quero te ver chorando. Você é tão forte. Você... Você é a pessoa mais forte que eu conheço. – ele beijou o topo da minha cabeça
– Ela disse que se tivesse que acabar com a nossa amizade por você... ela acabaria. E sabe que isso me dá um ódio? É sério, ódio! Eu não to chorando porque eu to triste. Eu to chorando de raiva, pena e nojo dela! Como alguém pode ser assim, Justin? Olha, eu sei que ela é sua namorada, e ela é... ou era minha melhor amiga. Mas eu me arrependo plenamente de ter confiado em uma pessoa desse tipo. E você pode me xingar por estar xingando “a sua garota” e ir correr pros braços dela. Mas eu não quero, e não preciso de vocês dois juntos. – agarrei a cintura dele de novo

Aliás, em que alma eu estava? Por que eu tava dizendo e fazendo aquilo tudo? Porque eu agarrei na cintura dele sem nenhum motivo? Ele ficou meio espantado, mas depois retribuiu meu abraço, e continuou a secar minhas lágrimas.

– Eu sei que ela é difícil, sei que 50% do amor que ela tem por mim é por causa do meu dinheiro, e também sei desse ciúmes todo que ela tem. Mas olha, eu nunca vou trocar amizade alguma por ela. Eu amo ela, amo mesmo. Mas se eu tiver que me afastar da minha melhor amiga – e não venha me xingar, porque você sabe que de um jeito ou de outro, a única amiga garota que eu tenho é você – enfim, se eu tiver que me afastar de você... e-eu termino com ela. – ele disse decidido e eu o olhei de novo
– Não! Você não pode terminar com ela! Vocês gostam um do outro, Justin. – me separei dele e me levantei andando de um lado pro outro – Pode ficar tranqüilo, porque eu não ligo pro que ela pensa, ok? Vamos fingir que nada aconteceu. Vamos viver normalmente, como sempre foi...
– Você quer dizer brigar normalmente? – ele riu e eu também
– É, você me entendeu.

Ele suspirou e pegou o celular nas mãos.

– Acha que eu devo ligar pra ela? – ele me pergunto angustiado
– Hm, eu não sei. Tenta.

Troquei de roupa e Justin foi para seu quarto se trocar também. Logo bateram na porta e eu sabia que era ele, já que iríamos descer para almoçar. Peguei meu celular e minha bolsa e saí do quarto.

– Vamos? – ele perguntou me olhando de cima a baixo
– Só se for agora! – dei a risada mais estranha da minha vida e saí arrastando Justin até o elevador

Eu sabia que ele detestava elevador, mas...

– Entra, Justin! Anda... – resmunguei e ele bufou pisando pra dentro de elevado, olhei pra cara de medo dele e ri entrando também
– Um dia você me faz ter uma crise claustrofóbica. – eu ri e me virei pro espelho do elevador junto com ele – Você parece uma vampira assim...
– Assim como? – fiz uma cara confusa e ajeitei meu chapéu preto, como sempre
– Desse jeito... Pelo branca e clara, com um batom vermelho provocante. – ele assentiu e nós gargalhamos alto – Mas você fica bonita assim. – ele disse e logo se segurou quando chegamos no térreo e o elevador tremeu
– Brigada, você fica fofo de toquinha. – puxei sua touca pra baixo o deixando sem enxergar nada e saí do elevador rindo.