Spirit Bound Por Dimitri Belikov escrita por shadowangel


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora para postar, mas realmente não tive muita inspiração para esse capítulo.
Espero de coração que vocês odeiem esse capítulo.
Para as desavisadas:
Dimitri muiiiitoo I-D-I-O-T-A
Tadinha da Rose :(((((((((((



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Rose sabia ser impertinente. Muitas vezes ela podia ter razão, mas suas palavras eram atropeladas pela emoção, se tornando desnecessárias. Por um instante, revivi os sentimentos que tanto me levaram a acreditar nela e a trabalhar para que ela melhorasse seu temperamento.

“Rose, você é quem está cometendo sacrilégio. Está distorcendo a fé das pessoas por seus próprios objetivos. Você nunca acreditou em nada disso. Ainda não acredita.”

“Eu acredito que os mortos voltam à vida,” seu rosto e seu tom eram bastante sérios. “A prova está bem ao meu lado. Se isso é verdade, acho que perdoar a si mesmo não é um passo tão grande.”

Ela realmente tinha razão, mas trazendo o contexto do perdão para mim, fazia com que eu me sentisse distante daquilo. Eu não era merecedor de qualquer sentimento bom, ainda por cima o perdão divino. Pensar nisso, foi como magoar uma ferida aberta. Eu tive vontade de sair dali, de ir para longe dela, antes que Rose desse continuidade aquele velho hábito dela destrinchar a minha alma. Ela me conhecia muito bem e isso sempre me assustou e me assustava cada vez mais, principalmente por eu me sentir tão vulnerável como estava.

Porque ela não entendia? Eu precisava me curar. Eu precisava de um tempo só meu, não conseguia viver um romance, não existia lugar para isso, não depois de tudo, não tão recentemente. Não era algo que eu tivesse escolhido, não era algo que eu gostava de sentir.

“Você não sabe do que está falando,” falei duramente. De fato ela parecia não saber. Não se tratava de uma história de amor, se tratava de curar uma alma.

“Não?” ela falou baixo, se aproximando de mim. Eu fiz um enorme esforço para me manter imparcial, ainda evitando olhá-la nos olhos. “Eu sei exatamente do que estou falando,” ela continuou firmemente. “Eu sei que você passou por muita coisa. Eu sei que fez coisas terríveis – eu vi isso. Mas está no passado. Estava além do seu controle. Não é como se você fosse fazer de novo.”

Eu não sabia como ela podia ter tanta convicção de algo que nem eu mesmo sentia sobre mim. Ser um Strigoi não era somente matar pessoas para beber seu sangue. Era não ter sentimentos ou ressentimentos. “Como você sabe? Talvez o monstro não tenha partido. Talvez ainda haja um Strigoi dentro de mim.”

“Então você precisa derrotá-lo, continuando com sua vida! E não é só pelo seu juramento cavalheiresco de proteger Lissa. Você precisa viver de novo. Precisa se abrir para as pessoas que o amam. Nenhum Strigoi faria isso. É assim que você salva a si mesmo.”

“Não posso ter pessoas me amando,” eu grunhi. “Eu sou incapaz de retribuir esse sentimento.”

“Talvez você devesse tentar, ao invés de só sentir pena de si mesmo!” a voz dela tinha um leve tom de desespero. Era mesmo como se aquela situação a angustiasse. Eu podia entender aquilo, mas não podia fazer mais nada, a não ser tentar me manter distante.

“Não é tão fácil assim.”

“Dro –” ela quase xingou, mas se conteve provavelmente ao lembrar que estava em uma igreja. “Nada que fizemos foi fácil! Nossa vida antes – antes do ataque não era fácil, e nós enfrentamos! Podemos enfrentar isso também. Podemos enfrentar qualquer coisa juntos. Não me importa se põe a sua fé neste lugar. Eu não me importo. O que importa é que ponha sua fé em nós.”

“Não existe nós. Eu já lhe disse isso.”

“E você sabe que não sou uma boa ouvinte.”

Definitivamente, eu não podia seguir com a aquela conversa. Rose jamais entenderia que eu não tinha o direito de sacrificar a vida dela a mantendo presa a mim. Eu podia ser um caso sem recuperação, eu jamais retornaria ao que eu era antes, e nesse momento, eu sentia que seria assim. Eu não tinha o direito de submetê-la a mim com tantas incertezas que estavam na minha vida. Ela era jovem, bonita, tinha uma carreira promissora. Ela tinha um mundo aos seus pés, seria uma grande guardiã. Se eu destruísse isso, trazendo-a para perto de mim, seria mais uma coisa para me atormentar, seria mais uma atitude sem perdão.

“Eu queria que você não tivesse vindo aqui,” eu falei. “É mesmo melhor que nos afastemos.”

“É engraçado, porque eu poderia jurar ter ouvido você dizer uma vez que nós éramos feitos um para o outro.” Ela provocou.

“Eu quero que você fique longe de mim,” respondi, tentando não levar em conta o que ela tinha falado, eu realmente tinha dito isso, mas a vida tinha me levado para um destino diferente. “Eu não quero você tentando trazer de volta sentimentos que se foram. Isso é passado. Nada disso vai acontecer de novo. Nunca mais. É melhor para nós dois que passemos a agir como estranhos. É melhor para você.”

Eu pude ver um traço de ira cruzar o rosto dela. O mesmo sentimento forte que eu vi tantas vezes. “Se você vai me dizer o que eu posso ou não posso fazer, então ao menos tenha a coragem de dizer na minha cara!”

Por muitas vezes eu era concentrado e racional. Raramente tomava uma atitude guiada pela emoção. Mas no passado eu era exatamente com Rose, movido pelo impulso. Eu me via nela. E naquela hora, o meu velho instinto voltou e eu não pude dominar o que me veio. O conflito dos sentimentos era intenso dentro de mim. Ao mesmo tempo em que eu queria embarcar novamente no amor de Rose, eu sabia que não podia ser merecedor daquilo, eu jamais conseguiria retribuir tamanha bondade.

Rapidamente, virei para ela, sem deixar o meu lado racional agir e a encarei com toda força e autoridade que tinha dentro de mim.

“Eu não quero você aqui. Quantas vezes preciso lhe dizer isso? Você precisa ficar longe de mim.”

“Mas você não vai me machucar. Eu sei.”

“Eu já machuquei você. Por que não entende isso? Quantas vezes eu preciso dizer isso?”

“Você me contou... contou antes de partir que me amava.” A voz dela saiu trêmula, o que fez com que eu me sentisse pior. “Como pode abandonar isso?”

“Porque é tarde demais! E é mais fácil que ser lembrado pelo que fiz com você!” Minha voz saiu mais alto do que era o adequado para uma igreja. Eu sentia o desespero me tomar, mas eu não conseguia mais manter tantos sentimentos antagônicos dentro mim. Por que era tão difícil para Rose entender que eu não era mais aquele por quem ela havia se apaixonado? Que coisas terríveis aconteceram comigo, que eu pratiquei coisas terríveis?

Inesperadamente, ela virou parou de me encarar e virou as costas para mim. Sua respiração estava ofegante e eu podia ver seu corpo todo tremendo. Ela estava claramente descompensada. Assim como eu. Tentei aproveitar aquele pouco momento para tentar me recompor, mas foi em vão. Quando ela tornou a me encarar, vi todo esforço para afastar aquela emoção tinha sido em vão. Ela me olhou profundamente e eu realmente não soube o que pensar naquela hora. A única coisa que eu sabia é que eu nunca poderia seguir como ela queria. Qualquer coisa que eu sentisse por ela era diminuída por rancor e culpa. Olhar para Rose era como me ver em um espelho, onde eu podia enxergar as maldades que cometi. Era como reviver tudo, inclusive os sentimentos que me levaram a querer matá-la. Eu podia sentir tudo novamente. Desejo, ódio, possessão, ira e até aquele amor tão doce, que com certeza eu não era digno de sentir. Não juntamente com outros sentimentos tão sujos.

Ela começou a se aproximar vagarosamente. Instintivamente, me encolhi na cadeira, tentando manter uma certa distância. Ela percebeu meu movimento e parou, me encarando. Eu devolvi o olhar, como quem observa atentamente um inimigo que está prestes a atacar.

“Rose. Por favor, pare. Por favor fique longe.”

Ela se afastou de repente, se colocando em pé. Eu esperava realmente uma explosão vinda dela, como tantas que eu presenciei, mas quando ela falou, sua voz saiu doce e serena. “Isso não está acabado. Eu não vou desistir de você.”

“Eu desisti de você,” eu respondi instantaneamente, em um tom parecido com o dela. “O amor acaba. O meu acabou.”

Eu somente tive dimensão daquelas palavras depois que elas saíram e a dor cruzou o olhar de Rose. O que era para ser apenas mais uma resposta no meio de uma discussão soou como um forte golpe. Um golpe fatal. Em mim e, principalmente, nela. Ela ainda me encarou por poucos minutos, com a incredulidade saltando em todas as suas feições. Eu me senti como se um verdadeiro buraco negro tivesse se aberto na minha frente, mas sabia que nada podia ser feito para consertar aquilo. Eu ainda pude ver as lágrimas começarem a surgir em seus olhos, mas ela se afastou, abrindo caminho no meio das pessoas, rápida com ou raio, sem olhar para trás. Eu ainda tive o impulso de ir atrás delas, mas um firme aperto de um dos guardiões que me vigiava fez com que eu me lembrasse da minha condição de prisioneiro.

Sem ter mais o que fazer, encostei no banco, sabendo que essa atitude seria mias uma que me atormentaria. Exceto que, eu tinha a consciência que esta era fruto da minha própria natureza e não de um Strigoi, como todas as outras.



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