Último capitulo:

"Uma coisa me chamou a atenção em cima da mesa que fica ao lado da estante. Eram cartas. As correspondências eram endereçadas a muita gente, e como todo mundo morava no mesmo endereço ficavam sempre todas juntas.
Peguei-as nem sei porque, não recebia cartas com frequência e quando recebia preferiria não ter lido. Vi uma por uma até que encontrei uma letra familiar.

— Rangiku. — É pra mim... É dele..."
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Como sempre estava sem remetente, ele não tinha um endereço fixo mesmo...

Não era como se estivesse feliz, ao contrário, sempre que lia alguma carta dele Rangiku acabava desapontada por saber que poderiam estar juntos. Invés disso ele preferia brincar com o chefe da máfia.

“Querida Ran-chan como você está? Soube sobre o incidente da loja de roupas.”

Rangiku parou de ler. Sempre teve vontade de saber como ele, mesmo tão longe, ficava sabendo dos mínimos detalhes da vida dela.

“Eu estava na capital Tóquio na última semana e o chefe me mandou ir para Nogoya, vou ficar aqui mais um mês para irrita-lo. Pensei em você quando cheguei aqui, lembrei do dia que decidiu ir para Tóquio de bicicleta, levou quase duas horas pra mim te convencer que não ia dar pra chegar assim.”

Outra pausa. Ela sabia que Gin não era de revirar o passado, ela era. Ele sempre se preocupava com o presente, mais até que com o futuro. Tinha algo acontecendo.

“Viu os brincos? Achei que combinariam com aquele seu vestido vinho que tem um belo decote, espero que ainda tenha ele, adoraria tira-lo de você novamente.”

Estavam dentro do envelope, ela poderia dizer que a pedra era uma safira e a base ao redor feita de puro ouro branco. Realmente eram de se encher os olhos, mas não queria nem pensar na forma como Gin conseguiu esses brincos.

“Talvez nos vejamos mais cedo do que você imagina. Bye,bye”

Como sempre poucas palavras que mexem muito dentro dela. Os rapazes ainda discutiam sobre quem paga a conta. Nada melhor do que tomar um drink agora.

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Já eram duas da manhã quando o último cliente saiu, foi carregado por um amigo enquanto se recusava a sair e voltar a ver a cara da sogra, era o que dizia...

Rangiku subiu para o quarto depois de fechar tudo. Estava realmente cansada.

Entrou no pequeno apartamento que tinha apenas um quarto, cozinha, banheiro e um espaço com sofá e Tv que ela chamava de sala de estar. Foi para o quarto e olhou o armário que estava quase explodindo de tanta roupa. Portas abertas, gavetas para fora e roupas completamente misturadas. Dentro daquilo tudo havia apenas uma coisa que estava em seu devido lugar. A gaveta da parte mais baixa do armário sempre ficava trancada com cadeado, se algum dia ela estivesse fora do lugar, bem... seria um caso a se preocupar.

Rangiku pegou a chave que ficava na cabeceira da cama, enrolada em um lenço rosa que Gin havia lhe dado a bastante tempo. Ao abrir a gaveta viu a mistura que, com certeza, traria fascinação a qualquer par de olhos, mas que para ela só trazia nostalgia.

Ouro, diamantes, safiras, esmeraldas e mais outras coisas que ela não sabia intitular, mas que com certeza valiam muito. Tudo ali ela tinha ganhado de Gin. A maioria da mesma forma que o par de brincos, em um envelope. Outros foram entregues pessoalmente, mas esses eram poucos e menos ainda os que ele havia conseguido com o seu próprio dinheiro. Na verdade, desses só havia um, que era o colar de prata que ela nunca tirava do pescoço.

Junto com cada “presente” sempre vinha uma carta, com alguma noticia ou informação, em algumas ele apenas dizia onde estava, o que não fazia muita diferença, já que de qualquer forma ele não estava com ela.

Não sabia quantas cartas tinha ali, apenas as juntava há anos, quando ele ficava muito tempo sem dar noticias ela relia todas novamente, era uma forma de senti-lo mais perto.

— Mais uma para a coleção — Falou tristemente juntando a carta mais recente com as outras, deu uma última olhada nas joias e nas cartas, sabia que não era bom juntar tudo aquilo, se alguém descobrisse esse pequeno tesouro que ela tinha haveriam provas o suficiente pra a por na cadeia por muito tempo.

Mas aquilo era a única recordação que ela tinha de alguém que tanto amou.