Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 7
Capítulo 6: O Cavaleiro do Manto Negro


Notas iniciais do capítulo

AEAEAEAEAEAEA, tá aí o capítulo. Desculpem a demora, fiquei um tempo revisando e arrumando pra ficar completamente perfeito pra mim, e talvez, quem sabe, pra vocês. Por falar nisso, feliz ano novo, atrasado, mas ainda conta xD
Ok, se ficou ruim, podem me jogar pedras, moedas, e um 3Ds rçrçrçrçrçrççrçrçrçrç
Well, á vai, seus fantasmagóricos ~~



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A noite estava calma, silenciosa, e parecia estranhamente vazia.

A não ser por uma figura vestida de preto, montada em uma enorme criatura negra. Suas patas se moviam com rapidez e precisão, projetando os músculos na direção que seu mestre ordenara que seguisse, em direção aqueles que caçariam.

Ninguém parecia percebê-lo, e mesmo que houvesse algumas raras almas andando pela cidade na madrugada, não parecia perceber a presença da figura e seu enorme Pokémon. Ele estava oculto, invisível. Quase como um fantasma.

O mestre de sua montaria gostava de chamar a si mesmo de Cavaleiro do Manto Negro. À noite, ele parecia uma fera ainda mais feroz que sua montaria, cheia de truques e planos, e parecia ser tão imperceptível quanto um ser minúsculo, que seguia sua vida num mundo de gigantes. Todos tinham medo do Cavaleiro, inclusive seus Pokémons, que apesar da natureza ruim de seu treinador, eram muito bem tratados, e consideravam seu mestre como um amigo. Sua montaria mesmo se assustava quando via seu mestre em ação, e se assustava com sua voz, com sua expressão, com o que dizia... Tudo. Mesmo hoje, o Pokémon estava nervoso, apreensivo, tentando adivinhar o que seu mestre faria.

Mas no momento, o Cavaleiro do Manto Negro não estava interessado em fazer qualquer coisa, até porque não podia. As ordens haviam sido claras. No começo só os vigiaria, depois seguiria com o plano, e poderia fazer o que preferisse, desde que alcançasse os resultados desejados. Aquela ideia de “fazer o que quisesse” o divertia.

De repente, fez um comando para que seu Pokémon parasse, e ele o fez bruscamente, deslizando as patas no chão arenoso dos fundos do Centro Pokémon de Sandgem. Desmontou com um salto, fazendo seu manto esvoaçar. Mesmo sendo de madrugada e não tivesse uma lua para iluminar direito o céu, a escuridão não era um problema para o Cavaleiro. Ele gostava daquilo, uma das principais habilidades dele que adquirira há algum tempo.

Silencioso e ágil, escalou com facilidade as paredes, até chegar ao quarto de um de seus alvos. O quarto era grande, e abrigava dois adolescentes e um garoto mais novo de cabelos cor de areia, que dormia num colchão que estava no chão. Havia um beliche, onde na parte de baixo dormia uma garota alta. Na parte de cima, o garoto de cabelos vermelho sangue era o único que não dormia. Ao invés disso, olhava para o teto com um ar vazio, como se estivesse imerso em pensamentos.

Surpreso, o cavaleiro rapidamente mudou de lugar, indo para a outra janela, preocupado que o garoto pudesse vê-lo. Coincidentemente, o quarto de seus outros alvos era praticamente ao lado. Grande como o outro, este tinha uma cama a mais além da beliche, onde a garota mais velha que cuidava deles dormia pacificamente com um pokémon ao lado. A outra garota dormia na parte de cima da beliche, onde era mais fácil observá-la. Em seu travesseiro, havia uma Pichu adormecida. Arrumando-se nas paredes e segurando com as mãos o parapeito da janela, pode ver melhor o jovem e pálido garoto enrolado nos cobertores, abraçando um travesseiro na parte de baixo da beliche. Ao seu lado, havia um Pokémon dormindo, provavelmente um cão. O garoto lhe parecia estranhamente familiar.

Ele não parecia estar tendo um bom sono. Constantemente se virava, se remexia, ou gemia baixinho, quase imperceptível, não para os ouvidos apurados do Cavaleiro. Finalmente, ele se virou de um modo que ficasse deitado de barriga para cima, e o Cavaleio soube de onde conhecia aquele garoto.

Um sorriso maligno brincou em seus lábios quando se lembrou da noite em que acontecera o incidente. Novamente ele recebeu ordens de poder fazer o que quiser, e era isso o que fizera. Lembrou-se do garoto gritando, pedindo clemência ao cavaleiro. Era disso que gostava em suas vitimas. Achava divertido ouvi-las gritando, mesmo sabendo que ele nunca as soltaria até estar satisfeito. Sabia que seu outro alvo não havia gostado nem um pouco daquilo, muito menos o pai. Ele se perguntou se o garoto vivia bem, ou vivia atormentado pela lembrança horrível que deixara em sua mente.

A noite pareceu voltar para ele enquanto observava mais e mais o garoto com seu Growlithe do lado, respirando profundamente em seu sono perturbado. Será que estava sonhando com a lembrança?

De repente, ele agarrou mais forte o travesseiro e gemeu baixinho, se encolhendo, como se e tivesse deixado a janela aberta e uma brisa tivesse se infiltrado no quarto. Assim que o cavaleiro percebeu, ele teve certeza que o garoto estava sonhando com a lembrança. Outro sorriso maligno brincou em sua face. A noite que havia acontecido aquilo para o garoto tinha sido calma como essa, mas ao contrario dela, tinha uma diferença mínima.

Estava frio.

***

Satoru levantou da cama de seu quarto alugado no CP, ofegando. Seu corpo todo estava empapado de suor. Parecia mais como se ele tivesse levado um balde d’água na cabeça e no corpo inteiro. O suor fazia sua franja se colar a testa, e as roupas se colarem ao corpo. O quarto estava iluminado pela fraca luz do sol que se infiltrava pela janela, dando iluminação o suficiente para que ele olhasse ao redor do quarto sem machucar os olhos. Clair ainda dormia, e ele ouvia a respiração calma de Larysse na cama de cima, provavelmente dormindo também. Provavelmente estava muito cedo.

Growlithe dormia ao seu lado, sem perceber o que acontecia com o garoto, e o que o atormentava e sua mente e em seus sonhos, ou melhor, a lembrança que o fazia ter pesadelos.

A lembrança daquele dia horrível o atormentara mais uma vez. Era assim quase toda a noite. Rapidamente, o menino afastou a lembrança, não querendo estar de volta ao lugar frio e os acontecimentos. Com certeza, ele desabaria em lagrimas novamente e gritaria, como se tudo tivesse voltado. E ele não queria isso. Não queria aquilo em sua jornada, e não queria ter que pará-la para voltar para casa e se explicar a seu pai. Não queria se explicar para Clair e Larysse.

Ao invés disso, trancou a lembrança no fundo de sua mente, e se levantou, sentindo-se despreparado para o dia. Mas depois de tomar um banho quente, os músculos relaxaram e logo qualquer vestígio do sonho fora apagado, inclusive o frio.

Quando voltou para o quarto, encontrou as meninas se levantando, bocejando. Assim que elas se levantaram, o dia se seguiu monótono. Tomaram um breve café da manhã, e logo depois saíram da cidade em direção a estrada, para chegarem a Jubilife City, onde teria o primeiro ginásio que enfrentariam. Logo o pesadelo fora esquecido e substituído pelo ginásio e a preocupação do dia anterior.

Jubilife era uma das maiores cidades do continente de Sinnoh, e havia crescendo gradativamente por conta do ponto de comércio. Antigamente, não havia um ginásio naquela cidade, mas recentemente, seu grande crescimento econômico permitiu que a construção de um ginásio fosse construído. Qual o tipo ou especialidade do líder de lá, nem Satoru, nem Clair nem Larysse sabiam.

E mesmo que Satoru soubesse, ele não conseguia pensar em mais nada a não ser o que o Charmander dourado havia dito a ele na noite passada. Preferia pensar naquilo do que pensar no estranho sonho que tivera.

O menino suspirou mais uma vez, o que fez Clair lhe lançar um lançar um olhar preocupado. Larysse e Khurtnney caminhavam com animação, conversando entre si, enquanto Growlithe preferia caminhar ao lado de Clair e seu novo Chimchar.

Chimchar era um pequeno macaco na cor laranja, com grandes orelhas e um temperamento animado. Tinha maior parte do rosto, mãos, pés e a barriga numa cor creme, semelhante a um amarelo bem claro. No topo da cabeça, havia um topete laranja que dava a parecer com o formato de uma chama. Assim como Charmander, em sua minúscula cauda, ele tinha uma chama, que parecia se juntar as costas. Caminhando ao lado de Clair exatamente como um macaco faria – usando as patas da frente para impulsionar a parte traseira para frente-, e mesmo que a humana não entendesse o que ele falava exatamente, conversava com Clair. Ela parecia feliz em conversar com ele desse modo.

Satoru se sentiu um pouco estranho com aquilo. Estava acostumado a entender o que os Pokémons diziam, e ele não podia se imaginar não entendendo o que eles diziam. Como Clair podia conversar com ele sem nem ao menos entender exatamente o que ele dizia? Parecia difícil.

Novamente as palavras que o Charmander dourado pulsaram em sua cabeça, se repetindo longamente, como um cântico. Parecia tão impossível. E tão difícil de acreditar, assim como segredo que ele possuía. Ele não queria acreditar que aquilo era verdade.

Talvez Charmander pudesse ter dito aquilo de brincadeira, ou Altaris pediu para ele dizer como uma vingança estranha por ter perdido a batalha facilmente. Mas até agora, não havia acontecido mais nada. Não havia ninguém que dissesse que era uma brincadeira.

Ele também não havia contado a ninguém. Quem acreditaria nele?

Concentrou-se em acompanhar o passo das garotas, e se juntou a conversa de Clair com seu Chimchar e Growlithe, para poder se distrair. Não queria pensar em coisas como aquela. Não naquele dia, e nem em nenhum outro. Larysse começou a brincar com Khurtnney, correndo atrás dela e ficando um pouco a frente do grupo, as duas rindo, seja lá qual era a brincadeira. Chimchar rapidamente se juntou a eles, e Clair bufou, aborrecida, mas havia um sorriso em seu rosto.

Enquanto os dois andavam lado a lado e Larysse e os Pokémons brincavam bem a frente deles, de vez em quando parando para esperá-los, só para correr novamente e esperá-los novamente, Satoru observava Clair. Desde o seu longo cabelo vermelho vivo, no qual os raios de sol faziam com que brilhassem, até seu corpo de adolescente bem definido, com várias curvas. Seu rosto pálido perfeito, sem nenhuma sarda, espinha ou mancha, era bonito de se ver. De repente, o menino se perguntou por que motivo Clair não pudera sair numa jornada com a idade deles. O que poderia ter acontecido para que ela só saísse quando estivesse mais velha?

O que não havia deixado Satoru sair mais cedo fora o incidente com sua mãe. Seu pai provavelmente ficara preocupado com a Equipe Rocket, que provavelmente poderia estar lá fora mais uma vez, e então não queria que seu filho tivesse o mesmo destino. Ou pelo menos ele gostava de pensar que era isso. Mas não parecia, e sim apenas que Thomas queria deixá-lo em casa, na maioria das vezes, sozinho, sem ninguém para olhar ou cuidar dele. Aquilo também era perigoso, então o menino não tinha certeza. Mas apenas há alguns dias atrás seu pai o deixara sair e ter sua própria jornada, como se não o quisesse mais ali. Agora que estava na estrada com Clair e Larysse, e já tinha seu próprio Pokémon, aquilo não importava tanto quanto antes. Só estava imaginando coisas. Com certeza não era verdade.

Mas e Clair? Será que sua mãe não havia deixado também? A garota olhou para ele também, direto em seus olhos.

– O que foi? – Perguntou a garota, olhando para o menino. - Tem alguma coisa no meu rosto? - Imediatamente a mão de Clair foi para sua bochecha, e uma expressão de medo passou por seu rosto.

Satoru sorriu desviando o olhar.

– Não, não foi isso. Eu só estava pensando.

– Ah... – A menina tirou a mão do rosto e a deixou no bolso da calça, embora estivesse quente demais para fazer algo parecido. – Em quê?

– Nada interessante... – O menino pareceu interessado em seu tênis.

– Conta. Você estava olhando pra mim como se eu fosse uma experiência cientifica.

Satoru hesitou. Olhou para Larysse, que continuava andando na frente.

– Por que você... – Começou ele, hesitando. - Teve que sair só agora? Quer dizer, quando estivesse mais velha...

– Isso? – Ela deu um sorriso maroto. – É que na verdade a minha mãe era uma Top Coordenadora famosa, e eu ficava viajando junto com ela, e não ficávamos tempo o suficiente num só continente para que eu tivesse minha própria jornada. E ela também não queria deixar... – Ela fez uma pausa breve, franzindo o cenho. – De qualquer forma, agora que eu estou mais velha, eu consegui convencer ela a deixar.

– Você viajou por todo o mundo? – Perguntou o menino, surpreso.

– Não exatamente, mas já visitei vários lugares legais com a minha mãe.

A partir daí, Satoru começou a fazer várias perguntas para Clair, e ela animadamente falou dos lugares que conheceu em Kanto, Hoenn e Johto. Chamou Larysse quando contou e descreveu os melhores Contests que sua mãe participou, e a menina pareceu maravilhada com aquilo tudo, e ligeiramente surpresa. Não achava que a mãe de Clair fosse alguém famoso, muito menos uma coordenadora. Aquilo pareceu inspirar a menina para continuar com seu sonho e prometeu que hoje mesmo treinaria Khurtnney para tentar seu primeiro Contest em Jubilife. Clair incentivou, dizendo que aquilo seria ótimo, então disse que a ajudaria.

Depois de mais um tempo de caminhada, fizeram uma pausa rápida para o almoço e para descansar. O céu estava limpo, sem nenhuma nuvem visível durante um bom tempo, e hoje, estava muito quente. Antes mesmo de pararem, Clair foi pegando lenha que achava pela estrada ou na mata, assim ninguém precisaria ir procurar lenha para fazer uma fogueira. Escolheram uma boa sombra em uma arvore um pouco distante da estrada para fazer sua parada. Embaixo dela, havia um montinho de folhas secas, como se alguém ou algo tivesse juntado-as ali para que formasse aquele montinho perfeito.

Chimchar foi direto para o montinho de folhas secas, que era grande o bastante para esconder algo pequeno. Clair se sentou perto dele, e arrumou os galhos secos que pegara para fazer a fogueira, e logo, com a ajuda do macaquinho de fogo, ela estava acesa e crepitando. Enquanto a garota fazia o almoço, Satoru e Larysse sentaram junto com Chimchar e seus Pokémons ao lado. Olharam para o céu. Lá em cima, vários pássaros voavam juntos, e havia uma estranha comoção. Podia ouvir os piados dos pássaros, semelhantes a Starlys, um Pokémon passarinho muito comum em Sinnoh.

Clair parecia aborrecida com o som, e olhou para o céu também. Todos os pássaros estavam parados no mesmo lugar, a não se um par deles, que descreviam círculos no céu, cruzando-se de vez em quando. Rapidamente os outros pássaros formaram um circulo em volta deles. Uma das aves era bem maior, enquanto a outra parecia apenas uma formiguinha perto dele. Curiosas, as crianças desejaram que eles não estivessem muito longe para poderem enxergar melhor para poder distinguir que Pokémons eram aqueles e os que estavam fazendo. Os piados aumentaram.

– O que está acontecendo? – Perguntou Khurtnney.

– Eu não faço a menor ideia. – Respondeu Larysse, sem tirar os olhos do céu.

Clair resmungou, e voltou para a comida. Ela parecia profundamente aborrecida com os piados. Growlithe olhou para cima também, balançando a cauda, parecendo extremamente curioso nos pássaros.

– Eu queria ter asas pra poder ir lá ver! – Disse o cão. – Será que eles me escutam daqui de baixo?

– Sei lá. – Respondeu o menino. Ele também queria ter asas para ir ver o que era. Estava interessante.

– Você consegue ouvi-los também, Satoru? – Perguntou o cão, virando-se para ele. – E você, Khurtnney?

A pichu olhou para ele e assentiu, com um sorriso. Ela olhava curiosamente para cima, assim como sua treinadora, que parecia vidrada. Satoru deu de ombros e fez um sinal negativo com a cabeça.

– Eu não tenho a sua audição, Growlithe...

– Mas se você tentar, você consegue ouvir também! – Insistiu o cão. – Eu vou chamar eles!

– Como assim? – Perguntou Larysse.

Antes que os dois pudessem fazer mais perguntas, o cão sorriu, olhou para o céu, e se colocou em posição de batalha. Cravou suas unhas retrateis na terra, e começou a rosnar. Satoru olhou preocupado para o seu Pokémon, que observava o céu com uma estranha intensidade. Finalmente, abriu sua mandíbula, e soltou um incrível latido, extremamente alto, e que pareceu ecoar na floresta, embora aquele não fosse um lugar próprio para ocorrer ecos. Parecia impossível que os pokémons lá em cima não tivessem ouvido.

Por um momento, todos ficaram em silencio. Só se ouvia o som do fogo crepitando, queimando a madeira e esquentando a panela onde Clair estava fazendo sua comida. Growlithe olhou para o céu, satisfeito. Os pássaros pararam de piar e o circulo de pássaros que estava ao redor dos dois voaram para longe, inclusive o que parecia ser o maior dele, que saiu em disparada, liderando a linha de pássaros. Ficou apenas um no céu, descrevendo um grande circulo por sobre a cabeça deles.

– Isso vai calar a boca desses passarinhos...

“Isso é o que você pensa!” Gritou uma voz. Satoru olhou para os lados, confuso. Nem Larysse, nem Clair, Khurtnney, Chimchar ou Growlithe parecia ter ouvido a voz. Era masculina e cheia de fúria, parecendo indignada pelo o que Growlithe disse.

– Vocês ouviram isso? – Perguntou o menino, em voz alta.

– Isso o que? – perguntou Larysse.

– Uma voz... Respondendo o Growlithe...

– Eu não ouvi nada. – Disse o cão, aninhando-se no colo do menino. – Você está ouvindo coisas...

– Eu tenho certeza que não imaginei!

Ninguém respondeu o garoto. Ele olhou o céu novamente, aborrecido. Tinha certeza que havia ouvido alguma coisa. Desta vez estava vazio, sem nenhum sinal dos pássaros que estavam lá há pouco tempo antes. Os piados começaram a ser ouvidos novamente, e o cão fechou a cara, aborrecido. Suas orelhas se abaixaram, e ele parecia profundamente incomodado. Desta vez, o som estava mais alto do que antes. Atento, ele olhou para trás.

Clair também parecia aborrecida, mas não disse nada. Ao invés disso, continuou mexendo com a comida te que aconteceu.

Foi rápido demais para Growlithe avisar o que estava por vir. Foi rápido demais até para ela arregalar os olhos quando viu quatro passarinhos passarem voando rapidamente por ele, Satoru, Larysse, Khurtnney e Chimchar, depois por Clair e para frente deles.

Todos ficaram paralisados por um momento, apenas observando os pássaros, batendo suas asas para ficarem no ar, mais ou menos na altura deles. Todos eram pequenos, na cor marrom acinzentado. A parte menor da asa era negra, assim como a cabeça quase inteira. Tinham um rosto arredondando, e parecia que usavam uma mascara branca. No topo da cabeça, uma pena estava eriçada para cima formando uma curva, como um estranho topete. Tinham bicos longos e afiados, laranjas, com a ponta da mesma cor que seu corpo. Pareciam ameaçadores. A cauda tinha três únicas penas, a do meio era branca. A única outra parte branca em seu corpo era um circulo em seu peito.

Satoru rapidamente pegou sua Pokedex e apontou para uma das aves. Ela piscou, ligando automaticamente e mostrando uma imagem do Pokémon. A voz mecânica:

STARLY

O pokémon passarinho.

Starly’s vivem em um grande número. Mesmo pequenos, tem uma grande força em suas asas. Seu piado é estridente. Quando há muitos Starlys em um grupo só, eles acabam brigando entre si por comida ou liderança.

As aves olharam para ele ameaçadoramente.

– Como você ousa perturbar nossa reunião? – Perguntou o Starly do meio, olhando diretamente para Growlithe. Ele parecia ser o maior de todos os quatro. O cão hesitou, mas olhou de volta.

– Vocês também estavam perturbando com esses malditos piados... – Respondeu ele, fazendo cara feia. Clair olhava para o grupo de pássaros a poucos metros dela, assustada.

Como que para provocar o cão, o pássaro do meio soltou um longo e estridente piado, de fazer doer os ouvidos. Satoru estremeceu com o som. Em resposta, Growlithe latiu, parecendo furioso.

– Vocês não precisam ficar bravos! – Disse Larysse, se levantando. – Vocês também estavam incomodando.

– Era uma reunião importante, e eram vocês que estavam no lugar errado e na hora errada. – Rugiu o passarinho do meio de volta. – A floresta não é o lugar de humanos, muito menos em nosso território.

– Não invadimos nada! – Rugiu a menina, cerrando o punho. – Nem ao menos sabíamos que esse território era seu!

O Starly fez uma careta, percebendo que a menina entendia o que ele dizia. Pareceu surpreso por um momento, mas logo voltou a sua carranca, encarando o Growlithe com fúria. Um dos passarinhos, o da ponta direita, olhou para o que parecia ser o líder deles, parecendo preocupado. O Starly do meio devolveu com um piado estridente, fazendo o menor se calar, mas ainda parecia apreensivo. Finalmente, ele deu mais um pio longo, e os outros responderam. E sem aviso, avançaram contra Larysse.

A menina gritou, colocando os braços Ana frente do rosto numa tentativa de se proteger. Khurtnney também gritou, e disparou um raio na direção dos Starlys. Estes piaram, indignados, mas continuaram.

– Larysse! – Gritou Satoru, assustado. – Isso é covardia!

O menino cerrou os punhos, e tentou tirar os pássaros dali. Uma raiva crescia dentro dele, e todos os seus instintos diziam para proteger sua amiga. Além disso, porque eles escolheram atacar justo a ela? Ela não poderia se defender. Agarrou um dos Starlys no peito e o afastou com força. O pássaro tentou bicá-lo, e ao perceber, outro foi ajudá-lo, avançando contra Satoru, fazendo-o gritar.

De repente, uma rajada de fogo atingiu os Starlys. Satoru pode ver, ouvir e sentir o fogo, chegando perigosamente perto dele, o calor apenas brincando com seu rosto, sem chegar perto o suficiente para lhe fazer mal. Ele sentiu como se seu coração estivesse na boca. Os pássaros soltaram gritos estridentes, e se afastaram das crianças. Os ouvidos de Satoru doíam pelo som horrível, como unhas raspando com força numa lousa e causando um som de fazer arrepiar os pêlos de sua nuca.

– Khurtnney, aproveite a chance! – Gritou Clair para a Pichu. Ela olhou para a garota mais velha e seu Chimchar postado a sua frente, parecendo imponente. Ele lançou outra rajada de fogo nos pássaros para impedi-los de voltar a atacar as crianças.

Khurtnney assentiu, e seu corpo brilhou. Um raio foi na direção deles, e os atingiu facilmente. Mais gritos estridentes, fazendo as crianças taparem os ouvidos, e Growlithe ganiu. O cão balançou a cabeça, e mesmo com o som retumbando em seus ouvidos, saltou em direção aos pássaros. Mordeu o maior Starly de todos, que falara com eles a poucos minutos, e usou o peso de seu corpo para forçá-lo a cair no chão. Ele franziu o cenho quando ele piou. Os outros tentaram impedi-lo, atacando com as asas, mas Khurtnney lançou outro raio, fazendo-os se afastar. Logo depois, Growlithe se colocou a frente de Satoru, rosnando furiosamente. Satoru se encolheu, pressionando suas costas contra a casca da árvore.

Um Starly avançou contra Clair, enquanto dois avançavam contra Khurtnney e o maior contra Growlithe. O cão latiu, e laçou uma rajada de fogo contra ele, mas desviou facilmente para o lado, e avançou rapidamente na direção dele, com as asas brilhando em branco. Growlithe soprou mais uma rajada de fogo, forçando o Pokémon a se desviar para não ser atingido.

– Growlithe, use o Bite na asa dele! – Ordenou Satoru assim que viu o Starly levantar a asa.

Growlithe assentiu, e assim que o pássaro foi desferir seu ataque contra ele, desviou a cabeça, depois a inclinou na direção de sua asa ainda brilhante e mordeu o Starly mais uma vez. Enquanto isso, por ordem de Larysse, Khurtnney usou duas vezes o Thundershock contra os Starlys, e aproveitou o tempo para se afastar deles. Depois disso, eletrificou o corpo, e correu em disparada contra os Starlys. Um deles foi em direção a Growlithe enquanto Khurtnney atingia o outro com força, fazendo-o cair a vários metros para trás, arrastando o corpo na grama. Já o cão, que estava ocupado com um dos Starlys, nem ao menos se preocupou e olhar para o Pokémon que avançava contra ele. A Pichu deu um grito de protesto, e antes que ele pudesse chegar ao cão com um Wing Attack, seu corpo brilhou e um raio o atingiu em pleno ar. Starly piou, e caiu no chão com um ruído surdo, bem perto de Growlithe.

Finalmente, o cachorro soltou o Starly que segurava e rapidamente saltou para trás. Furioso, o Starly piou em protesto, e lutou para se levantar. De repente, Khurtnney se eletrificou mais uma vez e atingiu o Starly antes que ele levantasse vôo mais uma vez, e assim como o outro, foi lançado a alguns metros para trás, para perto de Clair e Chimchar, que lidavam com o último dos Starlys.

Este tentou levantar vôo e fugir, e com um sorriso maldoso, Chimchar saltou e agarrou a pata laranja do Pokémon e o puxou de volta para o chão. Sem opção, ele piou em protesto, e tentou atacá-lo com seu bico. Chimchar facilmente desviou. O pássaro levantou o vôo, mas não pareceu que ia fugir, e avançou rapidamente contra ele, realizando o Tackle. Ágil, Chimchar desviou, e Clair ordenou:

– Thunderpunch!

Um de seus longos braços brilhou em amarelo, e então, ondas elétricas tomaram o punho fechado e todo o braço, brilhando como Khurtnney brilhava quando se eletrificava. Chimchar socou com força o peito do Starly, fazendo-o se eletrificar também, e cair no chão. A mais velha correu para sua mochila, e tirou de lá uma Pokeball. De onde estava, apertou o botão do meio da esfera e a lançou contra o Starly. A esfera bateu em sua asa, se abriu, e uma espécie de laser vermelho tomou conta de todo o corpo do Pokémon, e o sugou para dentro da Pokeball, que caiu no chão, seu botão do meio piscando em vermelho. Ela balançou uma, duas, três vezes até finalmente parar, com um brilho em seu botão no centro, indicando que a captura havia sido feita.

As crianças olharam para ela, parecendo surpresas. Como não haviam pensado naquilo antes? Olharam para os três Starlys que sobraram. Estes se levantaram rapidamente, com dificuldades. O maior deles abriu as asas, soltou um longo piado, e seu corpo brilhou em branco, porém, se extinguiu rapidamente. De repente, várias penas cinza caíram sobre ele e os outros pássaros, rodeando-os em circulo. Eles brilharam mais uma vez, e as feridas por seu corpo desapareceram, e eles pareciam revigorados.

– O que? - Gritou Clair, indignada. – Chimchar, acabe com eles!

– Não dessa vez, humana. – Sibilou o Starly maior. – Vamos!

Ele abriu as asas e saltou, batendo-as para se permanecer no ar, e os outros fizeram o mesmo, se erguendo no ar cada vez mais. Chimchar tentou saltar e trazê-los de volta como havia feito com o Starly que batalhara há pouco tempo, mas eles estavam altos demais para isso. Desse modo, eles fugiram em disparada, passando por Clair. Ela os observou, parecendo furiosa. Assistiu eles virarem pequenos pontinhos no céu e voarem rapidamente para o que ela julgou ser o norte e desaparecer de sua visão.

Satoru bufou, ainda pressionando as costas contra o tronco da arvore, com Larysse ao seu lado. Sentia uma dor dilacerante em seu rosto. Em sua bochecha direita havia um corte empapado de sangue, que escorria pelas bochechas, provocando um estranho efeito que o fazia parecer que chorava sangue. Em seus braços também havia machucados, não tão profundos quanto o da bochecha. Satoru colocou a mão no machucado, estremeceu, e tirou para olhar, e uma expressão de total surpresa tomou o seu rosto. Em Larysse parecia haver ainda mais machucados, porém ela não parecia sentir dor.

Os Pokémons e as crianças olharam para Clair, que bufou e pegou sua Pokeball do chão, depois chamou as crianças, resmungando algo como “Starly chato”. Growlithe resmungou também, e voltou para Satoru, olhando-o. O menino ainda observava sua mão com sangue com um olhar vazio, e a ferida parecia gotejar mais e mais sangue no chão.

Em silêncio, ela pegou um kit de primeiros socorros da mochila, um pano branco, molhou-o com água de uma garrafa, e pediu para que Larysse estendesse seu braço, que estava vermelho e cheio de sangue, por culpa das bicadas dos Starlys. Ela limpou as feridas, tirando o sangue, e quando chegou ao rosto, pressionou o pano para parar com o sangramento, depois fez um curativo na menina. Passou para Satoru e fez o mesmo ritual, com seu Growlithe olhando apreensivo para eles. O menino gemia de vez em quando, mas não reclamou nenhuma vez. Agradeceu a garota depois daquilo, e voltou a se sentar na arvore enquanto Clair terminava com a comida e fazia a dos Pokémons.

Todos ficaram em silencio a partir disso. Growlithe olhou para seu treinador, parecendo culpado. Aproximou-se dele, olhando para o curativo que cobria o corte em sua bochecha. Aquilo havia sido culpa dele. Satoru havia se machucado por culpa dele. Satoru protegeu Larysse e se machucou por culpa de Growlithe. Se o cão não tivesse feito aquilo, nada teria acontecido.

Triste, ele olhou para Satoru. O menino olhou de volta para ele, e sorriu. Growlithe parecia confuso. Ele não estava bravo?

Arriscou se aproximar de seu treinador um pouco mais, e se deitou em seu colo. A mão do menino acariciou atrás de sua nuca, e o cão sorriu, feliz, toda a culpa sumindo dele rapidamente. Larysse se sentou ao lado do menino e acariciou Growlithe também, mas logo se voltou a Khurtnney, que segurava contra seu peito. A Pichu se aninhou ali, como um filhote assustado.

***

O grupo continuou caminhando em silêncio. O céu acima deles continuava sem nenhuma nuvem, e o calor parecia demais. Todos estavam suando, até mesmo que Clair, que na maior parte do tempo parecia não se importar com aquilo, tanto que estava usando uma longa calça jeans, tênis, e uma blusa preta. Os pássaros cantavam em algum lugar, e aquilo não parecia contribuir muito para melhorar o humor dos integrantes do grupo.

Eles pareciam tensos depois do que acontecera há pouco tempo atrás. Andavam em silencio, ao contrário de antes. Satoru e Larysse tinham uma expressão vazia, o que fazia seus Pokémons olhar constantemente para eles, preocupados. Como que percebendo o clima tenso entre eles, o Chimchar não fez nenhuma brincadeira ou tentou animá-los.

Growlithe permanecia o tempo todo perto de seu treinador, como que para protegê-lo caso algo ou alguém tentasse atacar seu treinador e amigo.

Ao menos para Clair havia ganhado alguma coisa com aquele estranho incidente. Em seu cinto agora havia uma mais nova Pokeball, o novo integrante de seu time. E novamente ela tinha aquela sensação de felicidade que teve quando ganhou o Chimchar de Rowan no dia anterior. Tinha capturado um Pokémon! De um modo estranho, mas tinha.

O cavaleiro de manto negro entendia aquilo como ninguém.

Ele se lembrou de quando capturou seu primeiro Pokémon com seu inicial, que estava ao seu lado, seguindo as crianças com seus Pokémons em direção a Jubilife. Fora há alguns anos atrás, quando ainda vivia com seus pais, e ainda não tinha a idade para sair de casa. Lembrou-se de sua figura mais nova, colocando as mãozinhas numa Pokeball vazia de seu pai e pouco tempo depois, ordenando um ataque ao seu Pokémon para enfraquecer o outro. Justo no momento em que lançou a Pokeball contra o Pokémon, já fraco devido aos ataques de seu inicial, seu pai o viu, e se surpreendeu. Sua expressão parecia se perguntar de que modo uma criança tão nova poderia ter tal habilidade para batalha. O cavaleiro havia se sentido tão feliz.

Ele afastou as lembranças, e continuou observando as crianças caminharem rapidamente. Os acontecimentos que se seguiram a partir daquilo não foram muito agradáveis, e se pensasse naquilo, o levaria para algum tempo atrás e as coisas que havia feito para chegar até ali. Não o agradava, mas o cavaleiro de manto negro não se arrependia do que fizera. Pelo menos em parte.

Já o que estava fazendo no momento...

Ah, disso sim ele se arrependia.

Seu Pokémon estava ansioso, querendo começar a parte mais divertida logo. O cavaleiro o reprimiu, fazendo sinal para ele se calar. O Pokémon soltou um silvo baixo, fazendo as orelhas de Growlithe se mexerem de leve para trás, seguindo o som, tal como as orelhas de um gato fariam. Felizmente, ele não se preocupou em olhar para trás. Além disso, não encontraria nada, já que o cavaleiro não os seguia por terra. Se fizesse isso, tornaria mais fácil para que os vissem.

Esse era um dos motivos que o fazia detestar a luz do dia. Preferia a noite. Com seu manto negro e sua natureza noturna, se misturava com as trevas, e podia ser um caçador ao invés da presa. Era furtivo, discreto e silencioso, e se escondia na escuridão, aguardando o momento certo para atacar.

E hoje a noite parecia o momento perfeito para atacar

E o melhor de tudo, ninguém suspeitaria dele.

***

Uma brisa morna passou, acariciando os pêlos de Growlithe. A noite estava agradável, ao contrario do resto do dia, onde um calor insuportável continuou até chegar a noite. Finalmente, quando montaram seu acampamento, o grupo se reuniu ao redor da fogueira acesa que cozinhava seu jantar, e começaram a conversar, quebrando o clima tenso que havia sido criado. Não evitaram o incidente com os Starlys, mas Growlithe parecia agradecido de nenhum deles o culpar por terem sido atacados. Disseram como era estranho aquilo, e Satoru mais uma vez mencionou a voz que dizia ter ouvido.

– Que voz, Satoru? – Perguntou Clair. – Eu não ouvi nada.

– Acho que veio de um dos Starlys. – Respondeu o menino. – Eu tenho certeza que ouvi!

– Eu também não ouvi nada do tipo. – Disse Growlithe. – Você não estava imaginando coisas?

Satoru fez uma careta, aborrecido, e passaram para outro assunto, enquanto esperavam a comida. Assim que ficou pronta, comeram em silencio, assim como os Pokémons. O dia havia sido cansativo, ainda mais com o calor intenso que dificultava um pouco a viagem. Mesmo assim, eles não queriam parar. Clair e Satoru queriam participar da liga Pokémon, e nela estava incluída uma competição para novos Tops Coordenadores, embora não tão prestigiada quanto a que Larysse sonhava. Então, eles imaginaram que um ataque de Starlys, alguns machucados por culpa deles e um calor não fosse algo tão ruim assim. Satoru também não parecia se importar muito com aquilo nem com o corte que havia ganhado.

O corte do menino doía, até porque fora um dos cortes mais profundos que havia ganhado em tempos. Era até mesmo mais profundo que os que Larysse tinha, embora ela parecesse bem, já que estava reclamando o tempo todo desde que quebraram o clima tenso, e apesar de estar reclamando de dor, não demonstrava que estava mesmo sentindo. Clair implicava com ela, dizendo para ficar quieta. O menino ria, se divertindo.

Mesmo depois de jantar, passaram um tempo conversando entre si, traduzindo palavras dos Pokémons para que Clair entendesse também e respondesse apropriadamente. Daquele modo, não perceberam os sons da floresta. Os sons que fariam alguém sozinho, ou até mesmo um grupo prestes a dormir tremer de medo. Rastejar de cobras, grunhidos de felinos e caninos, piados, e o som mais comum dos grilos. Se perceberam o silvo baixo da serpente, não demonstraram.

Esta, olhava para o fogo quase que hipnotizada por ele. Acompanhava seu movimento com a cabeça, e enquanto sua língua se projetou para fora para provar o ar, a serpente sentiu o gosto do fogo. Silvou mais uma vez, e deslizou rapidamente em direção a fogueira. Alguém praguejou alto, e foi neste momento que a viram.

Era uma enorme serpente, que deslizava o corpo rapidamente na direção deles. No escuro, mesmo com a fogueira, não puderam enxergá-la muito bem, mas na ponta de sua cauda havia o que parecia ser uma lamina negra, assim como seu corpo, que enquanto a arrastava no chão, cortava facilmente as folhas caídas, e pequenos galhos, como se não fossem nenhum problema para ela. Em todo o seu corpo tinha estranhas marcas, inclusive em eu rosto meio triangular, com grandes olhos vermelhos ameaçadores. Tinha um par de presas proeminentes, na qual a ponta aparecia por sobre o que seriam seus lábios, como adagas polidas.

Alguém praguejou mais uma vez, e as crianças puderam ver uma movimentação na escuridão, e logo uma figura completamente vestida de preto parou na frente da serpente, impedindo-a de continuar a avançar e acabar atacando o grupo. Seja lá quem fosse, a figura era alta, magra e esguia, e estava completamente de preto. Um manto negro até os pés e com um capuz cobria seu copo inteiro, e mesmo assim, usava tênis e luvas pretas. o longo capuz que estava jogado por sua cabeça, parecia cobrir o rosto inteiro.

Sem dizer uma palavra, a figura iluminada pela fogueira, só de encará-la, fez com a serpente parasse e contraísse seu corpo. Ela apoiou a barriga no chão, seu corpo se assemelhando a uma sanfona pelo modo que o juntou. A serpente silvou baixinho ameaçadoramente, olhando para o rosto da figura estranha. A cauda estava levantada, a lâmina brilhando a luz da fogueira.

Ninguém ousou falar. Ninguém ousou ao menos se mexer enquanto a serpente silvava e a figura alta parecia olhar de volta. Finalmente, a figura deu de ombros, e murmurou algo baixinho, apenas para que o Pokémon ouvisse. Esta se projetou para o canto direto dele, aproximando-se cada vez mais das crianças.

Growlithe, alerta, rapidamente se colocou na frente de Satoru, em posição de batalha, parecendo extremamente protetor. Chimchar fez o mesmo, parando na frente de Clair. O cão rosnava furiosamente, mas o Pokémon incrivelmente maior parecia não se intimidar pelo pequeno filhote de Growlithe. Aflito, o cão abriu a boca e lançou uma linha de fogo em direção a serpente, que desviou facilmente com seu corpo, e acabou queimando o chão, no qual o Pokémon maior apagou raspando a lâmina da cauda.

Reunindo coragem, Khurtnney também se colocou a frente de Larysse, parecendo ainda menor que Growlithe perto da serpente. Esta silvou mais uma vez, como se risse da pequena roedora. Indignada, esta começou a brilhar e lançou contra o Pokémon um raio, que o atingiu, fazendo a serpente gritar ao sentir a corrente elétrica atingir seu corpo. Ela se retraiu e seu longo corpo estremeceu por um momento, antes de parecer imponente mais uma vez.

As crianças encaravam diretamente nos ameaçadores olhos vermelhos da serpente, mas sua atenção estava voltada para Khurtnney. A Pichu parecia assustada, mas tentou manter a posição imponente, encarando a serpente em seus olhos.

– Você não devia ter feito isssso... – Larysse ouviu o Pokémon dizer com sua voz reptiliana e sibilante, puxando exageradamente o “s”. Ela estremeceu e temeu por sua Pokémon. Se conseguisse se mover, teria dito para que Khurtnney corresse e se salvasse.

O coração de Larysse disparou.

Sem aviso, a serpente avançou contra Khurtnney, sua enorme mandíbula aberta, revelando as enormes presas e a boca escura, com a língua para fora, provando o ar. Tamanha era sua boca que com uma mordida, poderia engolir a Pichu inteira. Rapidamente, a Pokémon saltou para o alto com um grito de pavor, ficando alguns metros acima da altura de sua treinadora no ar.

Rapidamente, a cauda e a lâmina do Pokémon serpente brilhou em roxo, e antes mesmo que Khurtnney voltasse ao chão, ela girou, e bateu com força a cauda roxa na Pokémon, fazendo-a cair no chão com um forte baque, perdendo a consciência antes mesmo de cair no chão. Larysse gritou. Growlithe latiu, e a serpente se voltou para ele, abrindo a sua enorme boca. O cachorro recuou assustado, e olhou para Khurtnney, caída. Certamente não queria acabar tendo o mesmo destino que ela.

– Já chega! – Gritou a figura de manto negro.

A serpente virou sua cabeça para a pessoa de negro, e silvou melancolicamente, como se pedisse desculpas. A pessoa se virou para eles, a cabeça abaixada. Por sobre o pano negro e pela iluminação da fogueira, Satoru pode ver mechas de um cabelo vermelho sangue caírem, brilhando com a luz vermelha da fogueira. No peito de seu manto, havia estampado um pequeno R vermelho vivo, contrastando perfeitamente com a cor negra da roupa.

Aquilo, de certa forma, indicava quem era aquela pessoa.

Satoru estremeceu. Ele podia ver um par de olhos azuis iluminados pela fogueira. As meninas não pareceram perceber, mas o menino engoliu em seco, assustado. O azul daqueles olhos era idêntico ao de sua mãe, estranhamente familiar tanto desse modo como de outro, que ele temia ser verdade.

A figura tirou de um bolso do manto uma Pokeball, e ela lançou um brilho vermelho no Pokémon, retornando-o para dentro da esfera. Sem levantar a cabeça para olhar para o grupo paralisado de medo, a figura se virou e correu em direção a mata, onde uma enorme silhueta negra do que parecia ser um Pokémon enorme de quatro patas surgiu. A figura montou no Pokémon, que rosnou, e saltou em direção à mata, desaparecendo, como se nunca estivesse ali.

Larysse começou a chorar, e se deixou cair de joelhos no chão para examinar a Pichu desacordada. Satoru continuou de pé, olhando para onde a figura de manto negro havia estado há poucos momentos antes. Ele sabia de quem era aqueles olhos azuis e o cabelo vermelho sangue.

De repente, o segredo de Charmander martelou em sua mente, revelando o impossível. Se aquilo que acontecera há poucos minutos não fora um sonho, então provava que o que o Charmander havia dito era verdade. As palavras ecoaram em sua mente, como se alguém as gritasse, uma única frase que mexera profundamente com ele.

Nós somos da Equipe Rocket.


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Notas finais do capítulo

Vivaaaaaaa! Ta ae o capítulo e minha tentativa de mistério que ficou uma merda. mentira, ficou não. Srsly, eu reescrevi boa parte dele e adicionei MUITA coisa, então acho que deve ter ficado um pouquinho grande, né... Ok, espero que tenham gostado do meu mistério, é a primeira vez que eu tento, embora, por mais que eu refizesse e adicionasse ou tirasse coisas, senti que faltava alguma coisa, sei lá. Enquanto eu reescrevia, percebi que esqueci do Chimchar, da Larysse, e percebi também que a batalha tinha ficado muito curta, então alonguei, e eu gostei muuito. A propósito, moves usado pelos Starlys:

—Wing Attack
—Tackle

Pela serpente mais a frente:
—Poison Tail.

Ok, sei que ficou confuso, mas, terão mais explicações disso tudo ae nos próximos capítulos, só me deem algum tempo, e logo estará aí. E eu não gosto de fantasmas u__u /mentira, gosto sim, pelo menos eles leem.



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