Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 19
Capítulo 18: A primeira apresentação




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Altaris passou a mão por seus cabelos, resmungando algo sem nexo. Satoru franziu o cenho ao ver aquilo, confuso, como que houvesse algo o incomodando com aquela atitude, só não sabia dizer exatamente o que era.

Ao redor deles, o vento frio soprava, levantando seus cabelos e castigando suas peles expostas. Logo à frente estava à cidade e, ao longe, em direção a uma distante cadeia de montanhas, o céu já estava escurecendo, com o sol sumindo atrás das mesmas, resultando em uma coloração rosada, com alguns tons de laranja, enquanto bem acima do céu, já estava escuro, e uma única estrela podia ser vista. Enquanto isso, a cidade lentamente começava a acender suas luzes pela rua, e pela quantidade de postes de luz que viram, tinham a impressão de que Floaroma não era tão pequena assim.

Era um cenário bonito, mas nenhum deles parecia realmente motivado a levantar a cabeça para olhar. Já tinham andado tanto naquele dia que, no momento, a única coisa que desejavam era uma cama num confortável Centro Pokémon. Nem ao menos se deixavam ficar excitados com a ideia de que aquela era uma das primeiras cidades em que tudo estaria seguro, e que, ao menos Larysse poderia participar de seu tão esperado Contest junto com Khurtnney e Dave. Aquilo não parecia motivação o suficiente no momento, mas a vontade de descansar numa cama era melhor do que passar a noite em frente à cidade de Floaroma.

Por esses motivos, continuaram andando, com um Satoru resmungando, enquanto segurava Growlithe em seus braços, praticamente dormindo, assim como Schrödinger nos braços de Alyss, Khurtnney no ombro de Larysse e o par de Meowstics no ombro de sua treinadora. De resto, não havia mais nenhum Pokémon fora da Pokeball.

A cidade não demorou a chegar e ainda tiveram que parar praticamente três vezes para pegar a direção correta em direção ao CP, e várias vezes por causa da sinalização e dos carros – e pokémons- trafegando. Por fim, finalmente chegaram, mas havia ainda mais um aborrecimento para se lidar antes de realmente irem para seus quartos.

O CP estava praticamente cheio. Havia uma grande fila para usar a incubadora, e outra consideravelmente maior para serem atendidos pela enfermeira Joy, que pegava chaves de volta e fornecia novas. Os costumeiros bancos no canto do Centro já estavam todos ocupados, assim como os sofás, estes com grandes e fofos assentos. Uma TV estava ligada, anunciando as noticias, e que, para o desespero de Satoru e do grupo, eram sobre Jubilife.

Por um momento, não quis ouvir o que estavam dizendo, e tentou se concentrar numa conversa de alguém qualquer do burburinho criado pelas pessoas e Pokémons presentes no CP. Ainda assim, alguma coisa o obrigou a olhar para a TV e prestar atenção no que estava sendo dito ali. Era como uma curiosidade mórbida, que por mais que soubesse que tivesse medo, ainda queria saber. Mais pessoas, inclusive algumas de seu pequeno grupo, olharam também, envolvidos pela mesma curiosidade.

Ele soube que era pura impressão, mas o burburinho parecia ter sumido completamente, só para que o menino ouvisse melhor o que a repórter loira estava dizendo. As palavras pareceram soar pesadas, porém rápidas como que estivesse aliviada em jogá-las aos espectadores.

“Segundo as autoridades, o atentado de alguns dias atrás causado pela Equipe Rocket, foi pela fuga em massa do presídio de Jubilife, onde conseguiram recursos rapidamente, fornecidos pelos membros que ainda não foram capturados. Conseguiram facilmente burlar a segurança e fugir, e então atacaram a cidade, roubando diversas coisas como equipamentos eletrônicos, suprimentos, e até mesmo Pokémons. Há rumores de que até o próprio Centro Policial foi roubado. Diversos Centros Pokémon foram saqueados e depois queimados, mas não foram encontrados corpos ou indícios de possíveis vitimas.

Logo após isso, boa parte da cidade permaneceu um dia inteiro no Controle do temível Cavaleiro do Manto Negro e os demais Rockets, e, na manhã seguinte, sem explicação alguma, deixaram a cidade, quase que no momento exato em que os reforços policiais foram mandados. Não foi possível fazer uma perseguição.

Um grande número de pessoas com um símbolo diferente do da Equipe Rocket foram vistas, mas não há indícios de que foi um aliado desconhecido. Uma testemunha afirma que eram Rockets em uniformes diferentes para confundir os policias, mas nada foi confirmado ainda.

Agora, Jubilife está passando por um momento de extrema crise e tensão. Os cidadãos estão com medo de sair, temendo que sua saída possa gerar mais e mais mortes...”

A partir desse momento, Satoru parou de ouvir. Atrás da repórter, mostrou o Centro em que haviam estado há poucos dias antes, procurando abrigo e treinando, agora reduzido a algo bem destruído, mas não totalmente, pois ainda permanecia de pé, embora a estrutura dos andares superiores estivesse bem frágil. A voz da mulher dizia coisas cada vez mais dramáticas, o que fez o garoto franzir o cenho tamanho era seu exagero para descrever a cidade no momento. Repórteres sempre foram assim?

Sua mente estava bagunçada. Perguntas passavam, mas não tinha tempo de identificá-las e menos ainda suas respostas, e o cansaço o deixava indiferente aquilo que havia acabado de ver e saber. As lembranças insistiam em voltar, e junto com elas, a face do Cavaleiro do Manto Negro, como se estivesse em sua frente, tomando todo o seu campo de visão. Por um momento, tremeu de medo, lembrando-se do que havia acontecido com sua mãe e com ele mesmo.

Gritos enchiam a noite. A calmaria havia sido quebrada, e por isso, a noite não se preocupou em propagar o som da voz de Satoru, porque ninguém veio socorrê-lo. Estava frio, tão frio...

Parou por aí, e então franziu o cenho. Afastou as lembranças, e se imaginou trancando-a numa caixa no fundo de sua consciência a sete chaves, onde não poderiam mais sair. E, neste mesmo fundo de sua consciência, sabia que não era possível fazer aquilo.

A voz da repórter soou em seus ouvidos novamente:

“E agora, noticias especiais sobre os novos treinadores. Um deles, como a mídia já deve ter conhecido, foi uma das vitimas do primeiro atentado real da Equipe Rocket e ascensão do Cavaleiro do Manto Negro.”

Satoru arregalou os olhos, com o coração disparado. Várias pessoas olharam para a tela, curiosas, inclusive as pessoas de seu grupo, como Altaris, Lawliet e Alyss. Não ouviu mais o que a mulher tinha a dizer, mas sabia que estava resumindo sua história em poucas palavras, o que fez o menino virar a cabeça para o lado, tentando desviar dos olhares furtivos e de um sorriso malicioso vindo de Altaris. Outras pessoas olhavam para ele, como se soubessem que o menino citado estava ali, apenas esperando para ser atendido.

“Estupro. Estuprado. Vitima do Cavaleiro do Manto Negro.”

Satoru apertou o punho, e segurou Growlithe em seu colo um pouco mais forte do que o normal, mas não o bastante para deixá-lo desconfortável. Cerrou os punhos, enterrando suas curtas unhas na pele exposta com força, mas não parecia sentir a dor ou ao menos se importar com ela. A repórter continuava repetindo as palavras, contando como ele havia visto sua própria mãe morrer e seu pai sem poder fazer nada, e depois a... brincadeira do Cavaleiro.

Não precisava mais ouvir para saber o que havia acontecido. Depois de várias horas foi encontrado no mesmo lugar em que fora deixado, em choque. Não conseguia parar de chorar, e não tinha mais voz, de tão rouco que estava. Naquele dia, e naquele exato momento em que o acharam, podia ouvir seus próprios gritos ecoando em seus ouvidos, mesmo que estes já houvessem cessado e sua boca tivesse apropriadamente fechada. E continuariam na realidade caso tivesse voz para fazê-lo.

Em sua cabeça, todos queriam machucá-lo, repetir o mesmo que havia acontecido há pouco tempo antes, e, portanto, não permitiu que ninguém se aproximasse de si, como não estava permitindo agora. E como não tinha voz, se limitou a chorar sem parar.

Foi mandado para um hospital psiquiátrico. Achavam que ele estava louco.

“Pobre, pobre garoto.”

Segurou as lágrimas, e tentou ignorar os olhares. Quantas vezes seu nome fora citado? Quantas vezes aquela maldita repórter havia dito que fora estuprado? Ela não se cansava de dizer aquilo? O que tinha de tão divertido jogar aquelas palavras para o publico do Centro Pokémon em que estava?

As lembranças voltavam lentamente em forma de flashes em sua mente, ora a voz do Cavaleiro, ora o rosto de sua mãe, os gritos, as imagens, o sangue... a arma. Era como se o pesadelo estivesse cansado de aparecer apenas em seus sonhos. Tentou segurar as lágrimas e se impedir de tremer. Porque ninguém mudava de canal ou desligava aquela merda!?

Sentiu uma mão segurar a sua, e então puxá-lo em direção as escadas, e imediatamente estremeceu, com medo. Larysse seguiu as garotas mais velhas, que finalmente haviam conseguido a chave para seu quarto, e que ele suspeitava que iria ser dividido da mesma forma que antes. Sim, era melhor se importar com aquilo do que com qualquer outra coisa. Foi de completa boa vontade para seu quarto, afastando-se de Larysse e de todos os outros, e nem ao menos se deu ao luxo de sair para jantar ou comer alguma coisa. Simplesmente se deitou na cama de baixo, trocando poucas palavras com Altaris, Igna e Growlithe.

Naquela noite, seu pesadelo foi completamente diferente de tudo o que havia sonhado até agora.

***

No outro dia, com um bocejo, Satoru saiu da cama, agradecido. Como já estava se sentindo bem melhor, conseguiu iniciar uma conversa decente com Altaris e Igna, que estavam se mostrando bem mais gentis do que o normal. Satoru tinha uma leve suspeita que era porque sentiam pena dele, mas não disse nada sobre aquilo, nem para o ruivo e nem para Growlithe, Typhon ou Maya.

Assim que se lembrou da Buizel, deixou-a fora da Pokeball para poder ver como era um Centro Pokémon, pois imaginava que ela gostaria de conhecer um lugar em que passariam a maior parte do tempo. Novamente, ela começara a falar demais, e isso ajudou-o a se distrair de seus próprios pensamentos.

Resolveu sair com as meninas para que Larysse, Alyss e Lawliet fizessem sua inscrição no Contest de Floaroma, o que lhe daria uma chance para conhecer melhor a cidade. Mas foi somente ele que resolveu ir, pois Altaris parecia preferir ficar no CP fazendo... alguma coisa.

Desse modo, puderam ver a cidade, mesmo que um pouco. O que Satoru mais notou foram os quintais bem cuidados da maioria das casas que viu e as diversas arvores, várias delas parecendo estar ali há muito tempo. Em todo lugar que o menino olhava, havia alguma arvore ou várias plantas no lugar demonstrando que boa parte da cidade, talvez inteira, fosse arborizada. Não parecia haver um canto onde uma planta não repousava, aproveitando a luz calma do sol e balançando lentamente ao sabor da brisa fria, criando um farfalhar tanto nas folhas dessas plantas quanto nas das arvores por perto.

Isso tornava o ar bem mais limpo e puro, como nas florestas e bosques que havia passado enquanto estava em jornada. Não podia sentir o cheiro de poluição como havia em Sandgem ou em Jubilife devido aos carros, industrias e fábricas que ficavam pela cidade, ou pelo menos ele imaginava que ficava, já que, até onde sabia, Jubilife era a maior metrópole do continente, então obviamente teria como essas. O ar de lá não era como o de Floaroma, que, como o nome sugeria, tinha um ótimo aroma, bem mais limpo que o normal, como se estivesse de fato numa floresta e não numa cidade.

Ainda assim, podia ver os carros passeando pela cidade, o que o fez se questionar um pouco sobre o que sentia ao respirar o ar daquela cidade. Por algum motivo, não gostava muito de ouvir os carros passando, mas, no fundo, sabia que gostava sim dos carros, tanto quanto como gostava de dormir numa floresta, apenas com o céu como seu teto e as arvores ao redor. Não deu importância aquilo. Logo chegaram num prédio de, no mínimo, três andares, com uma fachada semelhante à de um Centro pokémon, porém com um design diferente, e com uma placa que informava que ali ocorreria o Contest.

Entraram rapidamente e se dirigiram ao balcão, forçando o menino a apressar o passo para seguir as garotas, onde uma moça jovem os atendeu.

– Olá! O que desejam? – Perguntou a moça, com um sorriso amigável.

– Queremos nos inscrever para o Contest. É aqui mesmo que fazemos as inscrições? – Perguntou Alyss, retribuindo seu sorriso. Dessa vez, nem Schrödinger e nem Oktavia estavam com ela.

– É aqui mesmo. Eu só vou precisar dos seus Trainers Cards para fazer a inscrição e do nível de seus Pokémons.

Alyss franziu o cenho, confusa. Vendo a confusão da menina, a balconista tratou de explicar:

– Agora nós temos um novo sistema de divisão de treinadores para participar do Contest. Se você é do nível novato, vai participar duma competição que vai acontecer daqui a alguns dias, exclusiva para treinadores novatos, e depois uma para nível intermediário e outra avançado. Assim ninguém precisa lutar com alguém muito mais forte que você, e mais treinadores serão premiados.

– Ahh... – Respondeu ela, por fim. – Então pode colocar eu e a Lawliette no nível intermediário que tá bom.

– Eu não vou participar dessa vez, Alysse. – Respondeu Lawliet, parecendo distante. Ela puxou seu nome de uma maneira que soasse como “Alice” e não Alyss.

– Porque não? – Perguntou a menina, confusa. Clair, Larysse e Satoru olharam para as duas, igualmente confusos.

– Por que... Porque não, ué.

Alyss lhe lançou um olhar desconfiado, mas não disse mais nada. Então, apenas Alyss e Larysse se inscreveram, a menina mais velha no nível intermediário, devido a seus Pokémons já evoluídos, e Larysse no novato, já que era exatamente aquilo que era. Para que Alyss confirmasse e nada desse errado, informou a espécie dos Pokémons que usaria.

Com isso, saíram da construção, guardando bem o dia em que aconteceria o Contest, e Lawliet sugeriu que dessem uma olhada na cidade antes de realmente voltarem. Com todos de acordo, começaram a explorar a cidade, com Satoru acompanhado as garotas.

Maya parecia animada por estar vendo uma cidade pela primeira vez. Growlithe e Typhon andavam ao lado de seu treinador, acompanhados de Khurtnney, que estava animada por finalmente poder participar do Contest com sua treinadora, dessa vez sem problemas. E, até mesmo Satoru podia dizer que estava animado em observar uma cidade como Floaroma e também para ver o Contest de sua amiga. Esta lhe lançava olhares furtivos como que para certificar-se que estava bem, mas Satoru não deu importância.

Ao contrário da costumeira caminhada pela floresta para chegar às cidades, apressada e estressante, caminhavam num ritmo lento, o suficiente para que pudessem observar as ruas, casas e lojas que iam encontrando pelo caminho, e também para manter uma conversa entre si, principalmente com Maya ali. As crianças, e até mesmo Alyss e Lawliet não pareciam incomodadas em traduzir o que seus Pokémons diziam, várias vezes direcionada a ruiva.

Enquanto andavam numa rua perto do Centro Pokémon, mais precisamente, dois quarteirões depois, acabaram encontrando uma arena no meio da rua. Ela simplesmente estava ali, interrompendo o trafego dos carros e a divisão normal entre as casas pelo seu tamanho, deixando um espaço consideravelmente maior que o normal entre as calçadas. A rua começava, e depois era interrompida, quase como que ali fosse uma “rua se saida” para os carros passarem, mas puderam ver que havia um contorno por entre o grande espaço de concreto, pintado com tinta branca, demarcando o espaço onde o treinador ficaria e o espaço em que cada um teria como seu lado da arena quase como uma quadra. Ao redor da arena, não havia nenhuma grade ou qualquer outra coisa que impedisse os treinadores de entrar, apenas uma placa alguns metros antes com os dizeres “arena pública”.

O espaço não parecia ser usado há muito tempo. O que confirmava eram as folhas secas caídas por todo o espaço de concreto, provenientes de uma arvore por perto, junto com um espaço de grama curta que contornava o lugar, como a sua calçada. E era isso que parecia confirmar, pois a tinta que marcava os lugares da área parecia ter sido pintada a pouco, e todo o concreto estava liso.

Isso tudo desconcentrou Satoru por um momento. Uma arena no meio da rua? Sim, admitia que a ideia de batalhar no meio da rua e ver as pessoas olhando para si era um pouco tentadora (e assustadora), mas no meio da rua não parecia certo, mesmo que o trafego não fosse exatamente interrompido. O que estranhava também era o fato de não ter grades ou qualquer outra coisa que impedisse a passagem de alguém ali de qualquer maneira que fosse. Parecia que a área estava ali para ser usada a qualquer hora, como que convidando os treinadores a batalharem entre si, numa espécie de apresentação pública, ou até mesmo treinar os movimentos dos Pokémons naquele local.

As meninas lançaram um olhar para a arena, e trocaram algumas palavras entre i sobre aquilo, e logo depois voltaram a andar, visando o Centro da cidade. Pelo ritmo que estavam andando, não parecia que iriam voltar para o Centro Pokémon mais cedo. E nem ao menos queriam. O que realmente estavam desejando era um lugar calmo assim que não ocorressem problemas com a Equipe Rocket como ocorrera em Jubilife. E que não houvesse nenhum Cavaleiro do manto negro para importuna Satoru. Por um momento, desejou descobrir qual seria seu poder e controlá-lo, assim não seria mais indefeso e ninguém poderia fazer o que aquele homem fez com ele novamente.

“Poderes...” A palavra passeou por sua mente de um modo sereno, como se a brisa fria carregasse o pensamento até o menino. E junto com ele, perguntas que já se tornavam costumeiras vieram também: Ele tinha mesmo poderes? O que seria? E por que os teria? Era pelo fato de entender os Pokémons que estava sendo obrigado a ter poderes também? Não que fosse uma coisa ruim, mas...

Junto com essas perguntas, vieram-lhe as preocupações. Porque agora tinham um membro da equipe Rocket em seu grupo, mesmo que não estivesse entre eles no momento, e um membro da Equipe Rocket poderia facilmente contar para seus superiores, e a organização criminosa poderia querer usá-los e seu beneficio, ou algo assim. Satoru tinha que contar o que sabia ou deixaria por aquilo mesmo?

Não... Não podia se preocupar com aquilo, não agora. Agora estava aproveitando a cidade, e contar aquilo traria ainda mais problemas. Além disso, a Equipe Rocket ainda não havia aparecido para confrontá-los diretamente, e suspeitava que, se Altaris realmente tivesse contado, em pouco tempo vários agentes Rockets os perseguiriam.

Nesse momento, percebeu o que o ruivo havia feito. Havia contado seu suposto segredo justamente para isso, para que Satoru se preocupasse a toa com coisas como aquela quando ele não faria nada. E enquanto se preocupava Altaris poderia estar rindo dele nesse exato momento, imaginando seu desespero ao saber que agora estavam em seu grupo. Ou talvez estivesse tocando em sua mente nesse exato momento, observando seus pensamentos e suas preocupações.

Isso fazia o garoto se perguntar se o que Altaris havia dito sobre não poder entrar em sua mente porque tinha poderes era mesmo verdade. Não parecia ter muita graça imaginar as preocupações de uma pessoa quando você era capaz de vê-las e se divertir com aquilo. Esse pensamento fez Satoru estremecer de medo.

Altaris havia mentido?

Aquilo não soou como uma afirmação.

***

Altaris passeou as mãos pelos seus cabelos pela terceira vez. Estava tornando-se um hábito fazer isso quando estava nervoso o quando não encontrava algo para fazer, uma mania provavelmente passada pelo Cavaleiro ou por Dani, que sempre repetia o gesto quando Noah o irritava.

Checou mais uma vez o quarto de seus companheiros de viagem, só para ter certeza de que não estavam ali, e por precaução, perguntou sobre eles para a enfermeira Joy, que depois de respondê-lo, lançou-lhe um olhar desconfiado, mas o ruivo ignorou. Depois de ter a certeza confirmada pela enfermeira e por seus próprios olhos, e ainda por sua mente, procurando a presença deles por perto, finalmente foi para o corredor no terceiro andar do Centro Pokémon, e parou na porta de número 36.

Por um momento, ficou apenas parado, encarando a placa da porta que anunciava o número. Podia sentir a presença de Alyss e Drew lá dentro, e isso quase fez com que mudasse de ideia. Controlou sua mente, fechando-se para os outros ao redor, mas foi inútil. Ainda podia senti-los, e ainda podia ouvir fragmentos de seus pensamentos, como se ouvisse sua conversa atrás da porta.

Resmungou um palavrão, e bateu.

Pode sentir a surpresa vinda de Alyss do outro lado da porta, e o menino se repreendeu por estar vasculhando sua mente, mas simplesmente não conseguia evitar. Não tinha controle sobre seus poderes naquele momento, e não fazia ideia do por que.

Sentiu a hesitação de Alyss antes mesmo da porta se abrir com um rangido baixo. Assim que viu o sorriso irônico do menino, ela fechou imediatamente a porta, mas Altaris foi mais rápido, e a impediu se fechar colocando o pé bem no vão. Alyss tentou esmagar seu pé com a porta, enquanto o menino colocava as mãos na madeira e forçava a se abrir. Quando conseguiu, lançou uma expressão raivosa para a menina.

– Altaris! – Exclamou Drew quando o viu, parecendo feliz em encontrá-lo, resultando numa repreensão de Alyss com seu olhar.

– O que você quer? – Perguntou a garota, côas mãos na maçaneta, parecendo pronta para fechá-la a qualquer momento.

Ela possuía um olhar irritado, como o ruivo vira muitas vezes desde que a conhecera, há muito, muito tempo atrás. Sempre achara que a menina fazia isso por pura birra, coisa de garota mimada. Mas agora, com o descontrole de sua mente, podia realmente perceber que ela estava magoada, embora a expressão estivesse séria. Por um momento, o sorriso irônico que sempre mantinha oscilou, e o canto direito de sua boca tremeu contra sua vontade, como que querendo alargar o sorriso sem que seu cérebro o ordenasse.

– C-Conversar. – Respondeu ele, baixo, e assim que percebeu a falha na voz, repetiu: - Conversar com você.

– Eu não quero conversar! – Exclamou ela, e tentou fechar a porta mais uma vez, e mais uma vez, o menino impediu-a, segurando a porta com toda a força que podia reunir, e que claramente era mais que a da garota mais velha.

– Alyss! – Pediu ele, mas não soou suplicante. – Pare com isso!

De repente, os pensamentos da garota o invadirem contra sua vontade, quebrando facilmente as barreiras em sua mente que criava para tentar não olhar a mente dos outros sem querer. Pôde ouvir a voz da garota em sua mente, quase como se ela estivesse falando com a boca fechada.

“Idiota!” Soou a voz de seus pensamentos, cheia de raiva. Pôde sentir e ouvir a mágoa em suas palavras, e mais um turbilhão de sentimentos ruins foram despejados sobre ele. “Depois do que fez ainda ousa vir aqui dizendo que quer conversar?”

Sem pensar duas vezes no que estava fazendo, retrucou:

– Não sou idiota!

A menina de cabelos negros e azuis recuou, surpresa, mas não parou de lutar para fechar a porta. Altaris podia ver e sentir sua confusão, tanto em sua expressão quanto em sua mente. Até mesmo ele ficaria surpreso se alguém respondesse o que dizia em seus pensamentos.

Sem o menor aviso, começou a ter uma terrível dor de cabeça. Alyss não disse mais nada, nem em sua mente e nem normalmente. Ao invés disso, continuou lutando para fechar a porta e talvez quem sabe, esmagar os dedos do menino ruivo.

– Por favor, Alyss, deixa ele entrar! – Pediu Drew, mas ela o ignorou.

A dor de cabeça aumentou, e de repente, ele não estava mais na mente de Alyss. Sua força pareceu sumir, mas tirou as mãos da porta rapidamente, a tempo de impedir que Alyss arrancasse sua mão. Por um momento, pareceu que havia perdido alguma informação ou algo do tipo, mas logo em seguida, segurou a maçaneta e tentou puxá-la. Seus olhos se arregalaram de surpresa.

O desespero tomou conta de si. Ele queria se explicar. Precisava se explicar para a amiga, dizer-lhe que não podia contar para ela o que havia contado para as outras pessoas. Talvez ela pudesse entender e pudesse viajar com eles. Que mal havia nisso? Mas ela se recusava a ouvi-lo, mesmo que batesse em sua porta e chamasse seu nome, mesmo que tentasse chamá-la por sua mente, a única coisa que ouvia e sentia vindo dela era uma mistura de mágoa e raiva. E havia também o claro pensamento de que lhe avisava que não iria aceitar suas desculpas ou ouvir suas explicações.

Não soube quanto tempo ficou ali, chamando-a. Nem mesmo Drew respondia, e ele imaginara que era porque Alyss não deixava. Do outro lado da porta, podia ouvir o silêncio, como se não houvesse ninguém ali dentro, mas ainda podia sentir a presença dos dois, ignorando-o.

Quando finalmente parou, se sentia confuso, como uma criança pequena que mal tinha conhecimento das coisas para entendê-las. Não entendeu o motivo de Alyss não o querer por perto.

Por quê? Porque não queria ouvir suas desculpas? Por que ela ficara tão triste e brava com algo tão insignificante quanto seus poderes? Não, não era tão insignificante quanto dizia a si mesmo, mas ainda assim...

Arrumou sua jaqueta negra, e voltou para seu quarto, sentindo-se arrasado. Apesar disso, Igna o recebeu com um sorriso.

– Como foi? – Perguntou o pequeno Charmander dourado. A luz do sol vinda da janela fazia suas escadas douradas brilharem ainda mais, dando-lhe um aspecto majestoso.

– Uma merda. – Respondeu, jogando-se na cama de baixo do beliche e deitando-se de qualquer jeito. Não ligava se aquela era a cama de Satoru ou não, pouco lhe importava. Poderia arrumar a bagunça que estava fazendo mais tarde.

– Por quê? Ela não quer te ver?

– Não... – Ele gemeu. A dor de cabeça não cessara.

Igna deu um sorriso para ele, como que para encorajá-lo.

– Não liga pra isso. Daqui a pouco ela para de ser chata e volta, que nem nas outras vezes.

Altaris ergueu uma sobrancelha, e ao fazer isso, sua cabeça doeu um pouco mais. A dor era tanta que tinha a impressão que seu crânio estava sendo esmagado contra seu cérebro.

– Está demorando demais dessa vez. – murmurou Altaris, e cerrou os punhos de um modo que enterrasse as unhas curtas na própria pele, como se aquilo fosse aliviar a dor. Não aliviou.

– É porque ela é boba mesmo.

Altaris não respondeu, mas isso não era a única coisa a que se referia. Podia sentir a preocupação vinda de Ignatus, devido a seus poderes. E sentiu raiva de si mesmo. Tinha outras coisas para pensar agora, outras coisas para poder se distrair e várias para decidir o que fazer a respeito, mas ao invés disso, não conseguia controlar seus próprios poderes e ficara ouvindo pensamentos dos outros quando não queria. Sentia-se um intruso indesejável.

Isso nunca tinha acontecido antes, pelo menos não desde que aprendera a controlar seus poderes, embora houvesse ocorrido aquilo várias vezes naquele maldito dia na floresta. Deixou sua mão cair para fora do beliche, e fechou os olhos, esperando que, desse modo, a dor de cabeça cessasse e pudesse voltar aos seus pensamentos.

– Altaris? – perguntou Igna, soando preocupado.

Poucos segundos depois, pôde ouvi-lo escalar a cama do melhor modo que pôde e vir sentar-se ao seu lado. Ele disse algo, mas o ruivo não ouviu e nem deu atenção. Ficou quieto, e tentou acalmar a mente, na espera de que desse modo, a dor fosse embora.

***

Larysse não podia dizer que não estava preocupada com Satoru. Frequentemente olhava para ele, estudando sua expressão para tentar encontrar algum tipo de preocupação ou qualquer outra coisa que denunciasse que não estava exatamente bem. Ontem não fora uma noite exatamente agradável para o menino, principalmente por causa daquela maldita repórter e dos olhares das pessoas enxeridas.

Como não viu nenhum sinal de que ele estaria pior do que ontem, decidiu parar de se preocupar tanto, e se deixou animar pela ideia de que, pela primeira vez, ela e Khurtnney teriam sua primeira apresentação de Contest real, dali a pouquíssimos dias. Aquilo sim era uma ideia interessante. E a espera pareceu fazer com que os dias passassem bem mais lentamente que o normal. Mesmo aquele dia, com a caminhada para observar a cidade e ver o que ela tinha a oferecer pareceu durar tempo demais até finalmente voltarem para o Centro Pokémon. Estava tão animada e nervosa que nem ao menos conseguia encontrar algo para se distrair, a não ser treinar com Khurtnney e Dave. E em pouco tempo, foi alertada sobre isso por Lawliet, recomendando que não desgastasse muito seus Pokémons, ou ela não conseguiria concluir o Contest. E foi por Khurtnney e Dave que parou um pouco de treinar e passou a rabiscar qualquer coisa em seu quarto.

Os dias passaram lentamente, mas finamente, chegou a tão esperada data. Como todos os outros dias desde que começara sua jornada e que havia passado no CP, acordou bem cedo, deu uma olhada no calendário em que havia no quarto do Centro para que se tivesse certeza de que era o dia certo.

E era.

Imediatamente acordou Clair, Khurtnney e Dave, mesmo que o HootHoot tivesse hábitos noturnos e ela o deixasse fora da Pokeball de dia para lhe fazer companhia, o que acabava gerando mais reclamações vindas de Lawliet, dizendo que não faria bem para o Pokémon mudar de hábitos.

Assim que acordou Clair, avisando-lhe que o dia havia chegado, correu para tomar um banho, e em cinco minutos já estava fora do banheiro, com suas melhores roupas que havia trazido consigo na mochila. Khurtnney ainda parecia sonolenta, e Clair também, mas a menina insistiu para que andasse logo para poder vê-la. Era o seu primeiro Contest, e mesmo que houvesse a possibilidade de que fosse perder queria que a vissem.

– Chegou o dia, Khurtnney! – Exclamou ela para a Pikachu novamente, com os olhos brilhando enquanto falava. – A nossa primeira apresentação! É hoje! É Hoje!

– Isso! É hoje! – Repetiu a Pikachu, deixando-se contagiar pela animação da menina.

Pouco tempo depois, encontraram Alyss, Lawliet, Satoru e Altaris foram do quarto, com sorrisos de encorajamento para ela. Por um momento, a menina olhou para Satoru, para verificar se ele estava bem. Logo já estavam fora do Centro, acompanhados de outros treinadores de sua idade, e outros que estavam indo para assistir a apresentação e estavam hospedados naquele Centro. Quando entraram, Lair perguntou para a balconista onde Larysse teria que ficar até começar, e um pouco receosa, deixou que a balconista acompanhasse ela e mais um grupo de animados treinadores junto com a menina.

Sentiu-se um pouco nervosa por estar longe deles e desejou poder tirar Khurtnney da Pokeball. Havia retornado Khurtnney para a esfera para que pudesse ter uma espécie de “elemento surpresa” e Dave simplesmente porque Lawliet insistira, dizendo que sabia muito bem que aquilo seria melhor para a corujinha.

Junto com os treinadores foram guiados para outra sala, onde ficariam até serem chamados. Poderiam assistir a apresentação de outros treinadores por uma grande TV que ficava na sala. A sala estava cheia de crianças nervosas, a maioria calada, e apenas uma pequena parte estava conversando baixinho entre si, mas logo pararam, tendo apenas a TV como distração. Estava fornecia uma visão da arena em que fariam suas apresentações, e também uma parte da platéia, que, pelo o que estava vendo, enchia rapidamente.

Larysse estava nervosa também. Aos poucos, foi se dando conta de que aquela era a sua primeira apresentação, e que haveria muito mais gente parar observar sua vitória. Ou seu fracasso. Era, ao mesmo tempo, tentador e apavorante. Tinha medo de que não fosse bem, e a platéia pudesse rir dela, ou se decepcionar com a garota. Era um pensamento bobo, mas ainda lhe veio à cabeça mesmo assim.

Lentamente, os treinadores foram chamados, e um a um, fizeram sua apresentação, demonstrando que a TV focava nos Pokémons e seus movimentos, e por vezes dava uma visão maior da arena, permitindo ver de longe. Larysse franziu o cenho ao vê-los. Estavam nervosos, e muitos treinadores acabavam errando durante a apresentação, e sua insegurança era passada para os Pokémons. E não tinham apresentações realmente boas. Alguns poucos iam bem, muito melhor do que ela esperava, e isso a deixava nervosa. Nesses momentos, a platéia aplaudia fortemente, animada. Havia tantas pessoas lá que Larysse não podia ver onde estavam as pessoas de seu grupo.

No sofá onde estava sentada, bateu seus pés no chão, como que querendo fazer alguma coisa para se distrair. Percebeu que os treinadores iam sendo chamados em ordem alfabética, e por isso, estava demorando muito mais que esperava para chegar sua vez. Foi vendo cada vez mais apresentações boas, e isso a deixava inquieta, fazendo-a se perguntar se a apresentação que havia preparado para Khurtnney era boa ou não, e se poderiam ter chances de ganhar aquilo no meio de tantos treinadores. A sala foi ficando cada vez mais vazia.

“Larysse Daniels” Chamou o sistema de som da sala, surpreendendo-a. Rapidamente se levantou, e segurou a Pokeball de Khurtnney em seus dedos, sentindo o Seal de corações que havia comprado especialmente para aquela apresentação, já ativado, acima do botão central. Apertou o botão central, e decidiu inovar, ao contrário dos outros treinadores, que esperaram até que alguém dissesse algo para liberar seus Pokémons. Saiu da sala e se encontrou num largo corredor branco e bem iluminado, com uma única porta no final. Ela seguiu por ela, assustada. Sua mente continuava lembrando que era a sua primeira apresentação, e isso era o que a deixava nervosa.

A medida que se aproximava da porta, pôde ouvir o som da platéia a animada e de um narrador anunciando que a próxima treinadora seria Larysse, vindo de Twinleaf. Por um momento, parou na porta, e segurou a maçaneta, assustada. Era realmente verdade? Estava realmente participando de um Contest? Tinha mesmo uma platéia enorme lá fora esperando para observá-la? Respirou fundo, e olhou para a Pokeball de Khurtnney.

– É agora, Khurtnney. – Disse ela, esperando que ela ouvisse. – É agora.

Abriu a porta, e depois de tomar fôlego mais uma vez, correu na direção onde ficaria na arena, segurando a Pokeball em sua mão. A platéia gritou quando, sem esperar as palavras do narrador, jogou a Pokeball para o alto, que a meio caminho, se abriu, e revelou o Seal. Ainda no ar, Khurtnney foi liberada, e vários corações vermelhos de todos os tamanhos surgiram, criados pelo Seal. Eles ainda estavam quando a Pokémon caiu no chão e se eletrificou rapidamente, lançando sua eletricidade em direção a eles, fazendo com que envolvesse a projeção e fizesse parecer luminosa, ainda mais bonita do que era antes, sem a eletricidade de Khurtnney.

“Woa! Larysse começou sua apresentação com tudo, lançando sua Pokémon para a arena sem hesitação, com uma entrada triunfante!”

A voz do narrador soou. A menina sorriu, encantada com os elogios. Ouviu a platéia atrás de si explodir em palmas e gritos, animada com a entrada de Larysse e Khurtnney. Mas não poderia ficar ouvindo ele para sempre, tinha que apoiar sua Pokémon e se concentrar na apresentação. Ficou quieta, e esperou que Khurtnney continuasse sua apresentação. Iria falar algo caso houvesse um problema, mas estava tudo bem até agora. Além disso, não tinha feito uma apresentação muito grande, e nem tinha tanto tempo assim para isso, de acordo com as regras do Contest, então seria fácil de lembrar.

A Pokémon parou por um momento deixando a eletricidade ao redor de seu corpo se esvair e os corações desaparecerem para finamente começar a verdadeira apresentação. Só esperava que, mesmo que fosse rápido, conseguisse fazer como o planejado e Khurtnney usasse todos os movimentos que treinaram para a apresentação e para a batalha.

Ignorou a voz do narrador o observou sua Pokémon se colocar no chão nas quatro patas, e se impulsionar para frente rapidamente, e correr tão rápido que era difícil de acompanhar com os olhos. Mal chegou ao meio do caminho, e eletrificou seu corpo, como se fosse usar o Volt Tackle. Eletrificou o máximo que pode, jogando raios para os lados, e, como conseqüência do quase Volt Tackle, correu ainda mais rápido do que antes. Mas havia treinado varias vezes aquela apresentação, e parecia saber exatamente que, ao chegar ao final da arena, viraria e correria ainda mais rápido, exatamente no momento que achou ser o certo, o fez, e então parou antes de chegar no meio da arena, se postou de pé, deixando a eletricidade se esvair, parou, e ao sinal de Larysse, usou o move Charm, que consistia em criar diversos corações como os da Seal da Pokeball, todos vermelhos e com um aspecto surreal, como se pertencessem a um desenho. Diversos foram criados, enchendo a arena. Novamente, Khurtnney eletrificou-os, e aproveitando da eletricidade fluindo em seu corpo fez um pedido para que o próximo movimento desse certo e fizesse o curso correto.

Era um movimento totalmente novo para ela, e não tinha prática sobre o mesmo, por isso teve medo quando juntou a eletricidade entre suas patas, criando uma esfera amarela, irradiando energia para os lados. O núcleo era de um amarelo escuro, cobrindo boa parte da pequena esfera, e de resto, as bordas eram num tom bem mais claro, quase cegante. A esfera aumentou consideravelmente de tamanho, e então foi lançada em direção ao maior dos corações em que o Charm que usara mais cedo havia criado, e rapidamente, eletrificou todo o seu corpo, e se jogou em direção a outro, tão grande quanto o que havia lançado a esfera amarela. Correu o mais rápido que pôde, projetando suas pernas para frente de um modo incrivelmente rápido, assim como havia treinado com Larysse há vários dias atrás.

Segundos antes de sua esfera chocar-se contra o coração vermelho, atingiu o outro com seu corpo, fazendo-o estufar-se por um momento, brilhando cada vez mais e criando um efeito de luz ainda maior do que esperava. Em seguida, ambos explodiram em diversos corações menores, como que estes fossem fragmentos do maior, e logo se dispersaram, deixando apenas Khurtnney ofegante no lugar como que demonstrando que sua apresentação havia chegado ao fim.

A platéia explodiu em aplausos e em gritos, parabenizando Khurtnney e Larysse. Por um momento, a Pikachu se deixou aproveitar do momento, e se sentiu feliz e orgulhosa com todos os aplausos direcionados a ela. Havia ido tão bem assim? Logo, voltou para junto de sua treinadora, e esta tinha um sorriso enorme, tanto de orgulho quanto de admiração.

– Khurtnney, você foi ótima! – Parabenizou ela, tentando se fazer ouvida naquela bagunça de sons.

Logo, a voz do narrador soou mais uma vez:

“Larysse e sua Pikachu terminaram a apresentação de um modo eletrizante. Rápido, mas uma das melhores que tivemos até gora, não acham?”

Orgulho encheu a mais nova diante desses elogios. A platéia ainda aplaudia, e isso a deixou feliz. Era muito diferente estar num Contest de verdade do que imaginar estar em um. A sensação era diferente. Os sons eram diferentes, tudo era diferente, e superavas todas as expectativas. Larysse estava tão feliz.

Logo, uma mulher surgiu e a guiou pelos cantos da arena em direção a outra porta, praticamente escondida, e deixou que entrasse. Segundo ela, ficaria ali até ser chamada pelo sistema de som, onde os juízes iriam decidir quem iria para a próxima etapa ou não. Quando abriu a porta, se encontrou e outro longo corredor, com uma única porta no final, e essa em que estava também era a única que havia, totalizando duas portas. Ela e Khurtnney seguiram, e se encontraram numa sala praticamente idêntica a outra, porém esta estava mais cheia de crianças e Pokémons que já haviam se apresentado, juntamente com um burburinho animado,

– Larysse! Laryy! – Chamou alguém, mas não era Khurtnney. A menina franziu o cenho. Satoru estava ali? Apenas ele usava aquele apelido.

Logo, um garoto loiro surgiu, acompanhado de um pequeno Turtwig. Seus cabelos caiam por sua sobre sua testa de uma maneira que o deixava adorável ainda mais com seus olhos verdes meio brilhantes. Larysse franziu o cenho, confusa. O que Drew estava fazendo ali?

– Lary! – Disse ele novamente, quando chegou. – Khurtnney! Eu vi a apresentação de vocês, nossa, foi muito incrível!

– Drew? – Perguntou ela, só para confirmar, e em resposta, ele assentiu. – Uh, obrigada. Eu não sabia que você estava aqui.

E era verdade. Larysse mal havia prestado atenção nas pessoas que haviam se apresentado quando estava na outra sala. Estava mais preocupada com seu próprio Contest e se tudo iria dar certo.

– Eu fui um dos primeiros a se apresentar, então eu nem te vi lá na sala de espera.

– Ah... – Respondeu, parecendo indiferente. Queria perguntar o que havia acontecido com ele e a outra Alyss, mas não o fez. Não queria parecer muito intrometida nesse assunto.

Depois disso um silencio desconfortável se instalou entre eles, e para afastá-lo, Drew começou a falar sobre sua apresentação com Turtwig, onde haviam usado um movimento chamado Leaf Storm, mas a menina não sabia o que ele fazia. Deixou que Drew falasse, e se distraiu com ele até que, finalmente, o aparelho de voz começou a chamá-los. A TV que também havia na sala, assim como na outra, começou a mostrar fotos das pessoas que haviam passado para a próxima etapa, e enquanto isso, o sistema de som dizia as regras. Seria usado o mesmo Pokémon que fora usado na apresentação, e teriam que batalhar contra outro treinador e ganhar a batalha de um modo que continuasse usando a beleza e graça de seu Pokémon. O vencedor da batalha imediatamente iria batalhar com o ganhador da ultima, e dessa vez, poderiam mudar de Pokémon caso quisessem, e depois os juízes decidiriam qual seria o melhor.

Os treinadores que não foram citados teriam que voltar por outra porta que havia naquela sala onde estavam. Mostraram vários, inclusive Larysse, que iria batalhar com outra menina. Isso a deixou imensamente feliz e animada, praticamente pulando de alegria, pois significava que havia ido realmente bem, e ir bem significaria que tinha uma chance de vencer e ganhar sua tão esperada fita. Drew comemorou com ela, e ambos estavam imensamente felizes por serem escolhidos. Drew iria batalhar com uma menina que havia se apresentado depois de Larysse.

Os nomes foram mais uma vez chamados em ordem alfabética, e houve mais uma vez a espera, desta vez um pouco maior. Não mostravam mais as batalhas, apenas quem iria batalhar com quem, e foi bastante irritante esperar para Larysse, principalmente porque, mesmo vários tendo sido eliminados da competição, havia muitos treinadores, e passou a ser ainda pior esperar quando chegou a vez de Drew. Ao menos lhe restava Khurtnney para conversar e nem ao menos se importava com os olhares estranhos das outras crianças ao vê-la conversando com uma Pikachu e parecer responder o que ela estava dizendo.

Depois de Drew sair para batalhar não o viu mais, e nem sabia que fim ele havia levado.

Por fim, Larysse e a garota, de nome Melanye, foram para a arena novamente. Seguiram pelo mesmo corredor de antes, e no final, desejaram boa sorte uma a outra.

A platéia parecia bradar ainda mais alto o que antes, ou talvez fosse só impressão de Larysse e Khurtnney. Mal conseguia ouvir a si mesma e nem seus passos, embora tivesse a certeza de que o som estava sendo propagado naquele enorme espaço. Sua oponente parecia nervosa ao segurar uma Pokeball. Com o canto do olho, pode observar um garoto mais velho no canto da arena, afastado, e ao seu lado, a mulher que havia levado-a para a sala dos treinadores, e presumiu que talvez ele fosse ser o próximo oponente da garota que vencesse a batalha.

Os passos de Larysse e de sua oponente pareciam demorar até finalmente chegarem ao lugar onde teria de ficar. Logo, Khurtnney tomou o seu próprio lugar na arena, esperando pacientemente que a luta começasse. No momento em que a Pokeball de Melanye foi para o alto, o som da platéia cessou, como se um interruptor fosse desligado.

Um pequeno Pokémon, ainda menor do que a própria Khurtnney, foi revelado na arena. Era uma pequena raposinha marrom, que se colocava nas quatro patas. Seu rosto era pequeno, com grandes olhos castanhos e orelhas excessivamente longas. Ao redor de seu pescoço, havia um colar de pêlos bem mais claros, um tom bem claro de creme, aproximado de um marrom bem claro. Possuía uma cauda felpuda e curta, que caia em direção ao chão, numa ponta da mesma cor que o colar de pêlos. Estes eram bem arrumados e parecendo macios e brilhantes, mostrando que o pequeno Eevee era muito bem cuidado.

Houve um silencio desconfortável. A única voz era a do narrador, não que Larysse ou Melanye estivessem prestando atenção. O foco era apenas uma na outra, na esperança de que desse modo, pudessem descobrir as fraquezas da outra e descobrir como vencer aquele batalha. Larysse fechou os olhos por um momento, e respirou fundo. Tinha que ganhar aquela batalha. E para vencer, não podia hesitar.

Portanto, deixou que o momento a envolvesse, e facilmente, levantou o braço e ordenou:

– Khurtnney, comece com o Charm!

Cumprindo o que lhe foi pedido imediatamente, logo, vários corações encheram o ar, como se Khurtnney estivesse repetindo a apresentação. Na apresentação, não tiveram efeitos, mas agora servia para diminuir a força do ataque pelo Pokémon adversário, que mesmo pequeno e não sendo um Pokémon apropriado para batalhas, não parecia estar ali à toa. Era melhor prevenir.

Ainda assim, ciente das regras do Contest, Khurtnney novamente envolveu os corações criados com eletricidade, a fim de atingirem o Eevee e tornando um movimento não ofensivo capaz de machucar a raposinha. Surpresa com a tática usada pela menina, já que não havia visto-a antes dela mesma se apresentar, não conseguiu ordenar uma ordem ao seu Pokémon. Eevee tentou se desviar, mas eram muitos corações, e ainda mais do que imaginava. Sua tentativa de fugir foi inútil. Logo, os corações criados pelo Charm tiveram seu efeito normal, e por estarem eletrificados, conseguiram atingir Eevee dessa forma também. A raposa gritou.

– Eevee! – Chamou Melanye, aflita. Ela parecia nervosa, quase a ponto de sair de seu lugar e ir ajudar o pequeno Pokémon.

– Ótimo Khurtnney! – Parabenizou a menina, com um sorriso. A Pikachu lhe sorriu de volta.

Logo, o Pokémon raposa se levantou, parecendo irritado. Sem que sua treinadora dissesse, avançou rapidamente contra a Pikachu correndo tão rápido que até mesmo sua treinadora teve dificuldades em acompanhar seus movimentos. Khurtnney fez o mesmo, a fim de se desviar, o que conseguiu fazer sem problema.

– C-continue com o Quick Attack, Eevee. – Ordenou Melanye, gaguejando na primeira palavra. Parecia querer adotar a atitude de seu Pokémon, que parecia estar mais no comando do que ela mesma.

Seu Eevee sorriu. Larysse levantou uma sobrancelha para isso, mas logo presumiu que não seria nem um pouco sensato cansar Khurtnney quando teria que batalhar com outro treinador logo depois da batalha atual. Tinha que acabar aquela batalha rapidamente, e fazer com que Khurtnney estivesse muito bem, pois não poderia usar Dave em seu lugar.

– Ok, Khurtnney, afaste-se o máximo que puder e use o Electro Ball!

Dito e feito, a Pokémon se afastou, não sem antes de desviar mais uma vez do ataque rápido, e assim que ficou numa distância segura da raposa criou entre suas patas uma esfera feita inteiramente de eletricidade, e assim que atingiu um tamanho razoavelmente bom, lançou em direção ao Eevee. Em resposta, ele abriu sua boca a tempo, onde o que parecia ser o núcleo negro de alguma coisa invisível piscou uma única vez, e então se tornou numa grande esfera roxa e negra, que foi lançada contra a esfera de eletricidade da Pikachu. Sua oponente, surpresa, observou as duas esferas se chocarem e se desfazerem num misto de energia negra e eletricidade para todos os lados, como se a energia do Electro Ball fosse proveniente das trevas ali. As duas se misturaram de um modo estranho, mas ao mesmo tempo bonito, arrancando um “oooh” da platéia, até então calada.

Mas Larysse não se permitiu observar aquilo. O Eevee havia desatado a correr logo que criou aquela mistura estranha, que durante vários segundos permaneceu no ar. Assim que percebeu o que estava acontecendo, berrou o nome de sua Pokémon, a tempo para que ela pudesse ver que seu adversário havia usado aquilo justamente para distraí-los e acertar o Quick Attack. Khurtnney fez outra esfera rapidamente, a mando de sua treinadora, e assim que Eevee entrou em seu campo de visão pela direita, lançou contra ele.

Impossibilitado de se frear a tempo, a esfera atingiu o alvo com êxito, e este gritou, sendo mandado para trás pela força do impacto, embora esta esfera fosse consideravelmente menor do que a outra, que havia causado o efeito que já havia se dissipado, mas ainda parecia haver um vestígio dele ali. O grito de Eevee e da platéia foram ouvidos.

– Finalize com Quick Attack! – Pediu Larysse, com um sorriso.

A Pikachu correu em disparada contra o Eevee ainda no chão. Foi tempo o suficiente para ele conseguir se levantar, parecendo tonto, e abrir os olhos para ver que não mais saída para ele e sua treinadora. A raposa foi atingida em cheio, jogada mais uma vez para trás, chegando a se arrastar pelo chão, tanta era a força que Khurtnney havia usado.

A platéia explodiu em gritos e vivas, animada. Melanye finalmente saiu de seu lugar e foi em direção a seu Eevee, aflita, com este já desacordado. Pegou o Pokémon em seu colo, e isso fez Larysse lembrar vagamente de Satoru, mas logo afastou o pensamento. Um juiz surgiu, e balançou a bandeira vermelha na direção de Larysse.

– Eevee está fora de combate. A Pikachu Khurtnney é a vencedora.

Desta vez, foi a vez de Larysse explodir em gritos, animada por ter ganhado. Porque aquela não era uma batalha qualquer, era uma batalha oficial de seu primeiro Contest, aquilo já era o suficiente para significar bastante para a menina.

Khurtnney veio em sua direção, animada também, e saltou em direção a seu colo. Larysse abriu os braços a tempo para recebê-la.

– Conseguimos, Lary! Conseguimos! – Exclamava ela repetidamente, destacando-se entre a multidão animada. – Conseguimos, conseguimos!

“E agora, vamos a segunda batalha!” Soou a voz do narrador, mas não foi o bastante para estragar a felicidade das duas. Melanye foi levada de volta a sala onde Larysse havia vindo acompanhada da mesma mulher que havia trazido-a. No lugar onde ela estava com a treinadora, um garoto loiro estava ali, porém parecendo ser um ou dois anos mais velho do que ela.

“Larysse vem se mostrando uma ótima treinadora, que vale a pena de observar! Mas e agora, será que ela vai conseguir derrotar Mark, o menino que se mostrou um dos melhores até agora!?”

Aquilo não foi o bastante para desencorajá-las, ainda mais quando o narrador ressaltou que ele estava usando outro Pokémon para batalhar.

A felicidade de ter vencido a última batalha ainda era grande, e com ela, uma grande onda de confiança veio junto. Não tinha como Larysse perder agora, nem com as palavras do exagerado narrador.

Logo, a frente de Mark um pequeno Pokémon surgiu, e Larysse tinha certeza de já ter visto-o antes. Era um Purrloin. O único problema era que o Pokémon se levantava nas patas traseiras, parecendo não ter problemas para andar nelas. Diferentemente de Schrödinger seus pêlos eram menos cheios, e suas orelhas não eram assim tão longas como os do Purrloin de Alyss. Sua cauda era longa, e bem peluda em comparação com o resto de seu corpo.

O gatinho roxo olhou para Larysse, parecendo zombeteiro. A menina manteu a Pikachu em seu colo um momento a mais, antes de cuidadosamente deixá-la no chão, e esta ir para seu lugar. O juiz ainda estava ali, e ergueu a bandeira em direção a eles, a vermelha para Larysse, e a verde para Mark. Mais uma vez, a platéia se calou, animada para descobrir como seria o desfecho da batalha. Finalmente, o juiz correu para fora do campo, dando espaço para que a batalha se iniciasse.

– Scratch! – Ordenou Mark, simplesmente.

– Electro Ball! – Revidou Larysse rapidamente, e logo acrescentou: - Espere ele chegar perto primeiro!

Dessa vez, sabia muito bem o que fazer. Como Mark havia assistido o que havia feio há pouco tempo atrás com Melanye, não iria começar utilizando o Charm para diminuir o ataque do Purrloin, embora esperasse que fosse precisar. Observou o pequeno gato roxo correr nas quatro patas, e então parar por alguns segundos para esse levantar e continuar a corrida nas duas patas, a meio caminho andado. Obedecendo sua treinadora Khurtnney esperou que o Purrloin chegasse perto, para então criar a esfera de eletricidade entre suas patas e lançar contra o Pokémon, com pequenos raios elétricos o seguindo. Com a aproximação do Pokémon, não foi possível do gatinho desviar e então acabou sendo atingido com força, berrando de dor.

Depois de alguns segundos envolto pela eletricidade do ataque usado, Purrloin pode finalmente se recuperar e levantar-se, parecendo furioso. Ainda assim, esperou que seu treinador lhe desse a próxima ordem, e sua opoente fez o mesmo.

– Ok, Purrloin. – Ouviu-se a voz de Mark para seu Pokémon. – Vamos ter que usar toda a nossa velocidade para atacar! Continue com o Scratch, e use o Fury Swipes quando puder.

– Certo. – Ouviu-se sua resposta, embora Mark não pudesse entender o que seu Pokémon havia acabado de dizer.

Imediatamente, o gatinho roxo começou a correr em direção a Pikachu de Larysse nas duas patas que o mantinham de pé, mostrando-se mais rápido do que ela pensara. Logo, os poucos metro que os separavam foram cruzados, e sua pata foi ao ar. Um arranhão atingiu Khurtnney na bochecha esquerda, e imediatamente ela gemeu, sentindo a ferida deixada arder de dor. Logo, a outra pata atingiu a outra bochecha, e outros arranhões se seguiram a partir daí. Khurtnney deixou que a energia envolvesse seu corpo novamente, com um grito furioso. Assustado, o Purrloin se afastou, interrompendo o ataque, mas rapidamente correu de volta para sua posição inicial no campo.

– Argh! – reclamou ela a eletricidade em seu corpo esvaindo-se poucos segundos depois.

– Khurtnney...! – Chamou Larysse, surpresa. Como havia permitido que Khurtnney fosse atingida?

– Use o Shadow Claw agora! – Pediu Mark, finalmente transparecendo nervosismo.

– Ah, não! Khurtnney use o Electro Ball e destrua a esfera com sua cauda!

Khurtnney estranhou, mas obedeceu sua treinadora. Pode ver seu adversário se aproximando rapidamente, mas criou mais uma vez a esfera de eletricidade em suas mãos, e rapidamente saltou, ainda com a esfera em mãos, fez uma cambalhota no ar e então acertou a mesma, fazendo ondas de eletricidade se lançarem para boa parte do campo, bloqueando a visão do gatinho e da Pikachu.

– Agora use o Quick Attack! – Bradou Larysse.

Quase no mesmo momento uma esfera negra de energia atravessou o campo, mas Khurtnney foi rápida o bastante para desviar desta, e das outras que se seguiram. Ao ver o Purrloin do outro lado da eletricidade causada pela Electro Ball, começou a correr em ziguezague, para evitar de ser atingida pelo gatinho. E, de repente, sem o menor aviso, todo o seu corpo se eletrificou, e sua velocidade aumentou mais ainda, e em questão de segundos, o gato roxo estava no chão, gritando pela eletricidade envolvendo seu corpo. Pouco depois, o juiz atravessou o campo e se colocou exatamente no meio dele, observando o gatinho roxo. Ele levantou a bandeira vermelha.

– Purrloin está fora de combate. Khurtnney e Larysse são as vencedoras!

Por um momento, Larysse não soube muito bem o que fazer, mas logo depois, encheu-se de felicidade. Havia ganhado! E duas vezes seguidas, com a mesma Pokémon! O quão incrível isso não era? Ao seu redor, a platéia bradava, juntamente com Khurtnney. Seu nome parecia ser repetido várias e várias vezes seguidas, como que chamando-a. Ela fora tão boa assim?

“Larysse... Larysse... Larysse...”

Ela franziu o cenho. Aquilo não era a platéia, era algo a mais. Um estrondo foi ouvido, tão alto que pareceu ensurdecer seus ouvidos. Ainda mais alto que o próprio som da platéia, que agora não conseguia ouvir mais. Mais uma vez, o estrondo, castigando seus ouvidos e fazendo sua cabeça doer, mas parecia que ele estava sendo repetido, exatamente como na primeira vez. Ao seu redor, a platéia continuava a bradar, como se gritassem seu nome de uma forma sussurrada. Mas tinha certeza que não eram eles.

Sentiu Khurtnney tocando suas pernas, com um enorme sorriso. Sua visão embaçou, e de repente, ela não estava mais ali.


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