Pokémon Fantasy escrita por Lawliette


Capítulo 10
Capítulo 9: Olha só quem veio te visitar!


Notas iniciais do capítulo

Gaaah! Parece que toda vez que eu prometo entregar o capítulo, o universo dá um jeito de isso não se cumprir! Primeiramente, desculpem por não ter postado semana passada/retrasada/euseilá e ter demorado demais para postar essa semana. Semana passada/retrasada foi porque eu fui obrigada a ir num lugar que eu não queria ir, e as criançinhas chatas de lá me irritaram o tempo todo, e mesmo que eu quisesse, eu não consegui nem ao menos pensar no que escrever nesse capítulo. E vejam que legal, as aulas voltaram, o que me atrapalhou um pouquinho, já que eu saí com a mamãe e tudo o mais e fiquei muito cansada para escrever...
Oh well de qualquer forma, ta aí o capítulo. Acho que vocês vão gostar. Pelo menos eu gostei bastante -q
Boa leitura, fantasminhas ~



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– Estou cansado de perder! - Dizia um grande homem no telefone. - Meus agentes não são tão bons assim! São incompetentes demais!

– Então, esta é a sua proposta para mim...? – Perguntou uma voz grossa, desconfiada.

– É claro. Com nossas duas forças, tudo vai ficar muito melhor, eu te garanto.


– É. Seus agentes poderiam receber o treinamento adequado. – O outro homem hesitou. – Mas e quanto ao nosso projeto? Algum resultado?

– Você vai se surpreender com o que eu tenho. – Respondeu ele, com um sorrisinho. – Podemos nos encontrar em Jubilife, e eu lhes mostrarei.

Do outro lado da linha, o homem emitiu um grunhido em concordância, provavelmente ainda desconfiado devido a ultima vez que o projeto havia sido feito, e para a incrível sorte do primeiro homem, havia sido em seus domínios, o que gerara uma enorme desconfiança. Enrolando o fio do telefone em seus dedos, ele esperou até que o outro homem desligasse, para então recolocar o telefone no gancho.


O homem acariciou seu Persian ao lado. Finalmente, durante todos aqueles anos, poderia ser melhor, finalmente ganharia alguma coisa. O mundo todo temeria seu nome. Até mesmo Arceus. Ele relaxou, enquanto acariciava seu Pokémon. Ele só precisava de uma coisa agora.

Um garoto.

Saindo em sua viagem Pokémon.

Sim, por causa dele, seria um vencedor.

E nada mais poderia detê-lo depois desse incrível plano. Sim, tudo aquilo parecia estar perfeito novamente. Mesmo o antigo projeto, ele já sabia de seu paradeiro, mas graças a fuga do garoto, o novo estava muito melhor, e ele queria que dessa vez, descobrissem por si mesmos. Da última vez não dera muito certo, então quem sabe, com uma pequena ajudinha, eles poderiam descobrir sozinhos e buscar ajuda e o que era aquilo.

A única coisa que o homem não entendia era o porquê daquilo funcionar apenas em crianças. Era estranho, mas estava tudo bem, desde que funcionasse e as crianças pudessem ser seus aliados, assim como o outro garoto havia Sid um dia. Mas ao contrário do que ele pensava, Giovanni sabia onde ele estava, e o que estava fazendo.

***

Altaris soltou um suspiro, decepcionado consigo mesmo. Fitou a figura do grande homem a sua frente, que agora era seu mestre. Ou pelo menos era assim que o Cavaleiro do Manto Negro o obrigara a chamar. Não que Altaris detestasse chamá-lo assim, era só que era desconfortável se sentir subordinado a alguém, o que, tecnicamente, ele era. E não gostava disso, seguir ordens, ser subordinado a alguém, ser inferior. O fazia se sentir estranho, não natural. Na verdade, toda aquela coisa de Equipe Rocket o fazia se sentir ruim.

Altaris não queria fazer aquelas coisas que havia feito, nem o que iria fazer. Ele realmente, realmente não queria, preferia fugir novamente, mas... Era preciso. Pouco a pouco, sem saberem, ele estava ficando forte novamente, e treinando seus antigos e novos Pokémons, então talvez pudesse fugir deles novamente e conseguir se vingar pelo o que fizeram, como era no plano inicial. Afinal, o que mais ele tinha para fazer numa organização criminosa? Altaris não se sentia bem nem ao pensar no crime, muito menos ao fazê-lo, e o que mais o assustara, era estar se acostumando com aquilo com o passar dos anos.

Olhou para suas próprias mãos, se perguntando pela milésima vez o que exatamente tinham feito com ele. Isso sim era algo que, pelo menos, ele poderia se orgulhar em partes de ter. Gostava do que sabia fazer. Olhou novamente para a figura do Cavaleiro de Manto Negro, se perguntando se poderia incapacitá-lo e fugir, e deixar o mundo inteiro para trás mais uma vez. Provavelmente não, e Altaris teria que estar fora de si para tentar algo assim. O Cavaleiro não era de brincadeiras, o que o ataque de Altaris provavelmente pareceria para ele.

O Cavaleiro era um homem alto, e isso era tudo que sabia sobre sua aparência. Na maior parte do tempo, ele usava diversas roupas pretas e alguns acessórios para esconder cada pedacinho de sua pele, incluindo uma máscara, semelhante à de uma história conhecida, a do Fantasma da Ópera, que escondia seu rosto, mas deixava o cabelo, os olhos, o queixo e a boca a mostra, o que era coberto pelo seu capuz. Poucas pessoas sabiam seu verdadeiro nome e haviam visto seu rosto descoberto, o que tornara o agente especial de Giovanni um homem desconhecido.

A sua máscara, quase como uma replica do famoso personagem de fantasma da Ópera, era um pouco assustadora. Era branca e Altaris não tinha a menor ideia do que era feita, mas parecia com parte de um crânio, o que o deixava assustado. Mas isso não era coisa que o Cavaleiro faria. Aquele homem não faria isso com uma caveira só para colocar no rosto. Só se fosse de suas vitimas.

Pelo menos era o que Altaris havia ouvido quando correu a noticia de que fora escolhido pelo Cavaleiro de Manto Negro para ser seu aprendiz. Era incrível como as noticias corria rápido pela pequena base de agentes novos e menores da Equipe Rocket, encarregada de treiná-los e mandá-los a operações ou pequenos furtos, só para não perder o costume ou a fama da organização criminosa. Altaris entrara há não muito tempo, e logo já recebido a terrível noticia. Ou pelo menos era como denominavam uma noticia dada pelo próprio Cavaleiro.

Diziam coisas terríveis sobre ele. Disseram que o homem tinha uma força incrível, e podia ler seus pensamentos. Alguns, como na história o fantasma da Ópera, diziam que no lugar da cabeça ele tinha apenas um crânio, e outros que aquele crânio era o de sua primeira vitima, ou da vitima que mais tivera orgulho. Naquela época, escutou aquilo tanto maravilhado quanto apavorado, do modo como os outros agentes da idade dele ou mais velhos descreviam para ele como o Cavaleiro arrancava a pele até o crânio ficar exposto, arrancava os globos oculares, e cortava o crânio na medida de seu rosto para que encaixasse perfeitamente.

Dentre todos os rumores que ouvira, o mais assustador, superando até o de sua máscara, era um caso real, que de alguma forma, vazou para a boca dos meninos e era contado por aí, e tinha o status de lenda. A história era mais ou menos de um dos trabalhos do Cavaleiro, que era como um agente especial do líder da Equipe Rocket, o famoso Giovanni. No trabalho, eles estavam recriando um projeto desconhecido e muito misterioso, e uma mulher e seu marido havia participado dele, mas havia acontecido algum tipo de problema, e a mulher não poderia mais viver. Então, o Cavaleiro havia ido matá-la. E torturou a família inteira junto. Deixou um menino com um trauma e internado num hospital psiquiátrico por mais de um ano. As coisas que fizera foram terríveis, mas na época enquanto ouvia a história pela primeira vez, não quis saber detalhes, pois fora naquele dia que soubera de algo terrível.

Algo que o faria odiar a Equipe Rocket e o Cavaleiro de Manto Negro para sempre.

Afastou os pensamentos, e continuou fitando a figura imóvel de seu mestre. Na verdade, não conseguia odiá-lo, não totalmente. Apenas era algo de que não gostava, mas que deixava trancado no fundo de seu coração machucado, pois aprendera que não devia deixar o ódio o consumir, a menos que as circunstancias fossem favoráveis a ele. E aprendera aquilo com seu mestre.

O garoto aprendera muita coisa com seu mestre. E tudo o que havia ouvido dele estava errado. Um exemplo eram seus olhos e sua voz. Os rumores diziam que seus olhos eram um par de chamas vindas do inferno, mas na realidade era apenas lentes de contato vermelho vivo, o que lhe dava um aspecto assustador. Já a voz, os rumores diziam que era hipnotizante, ou que só com uma palavra ele poderia fazê-lo sofrer terrivelmente, ou morrer em questão de segundos. Mas era exatamente o contrário.

A voz do Cavaleiro era algo bom de ouvir, o que Altaris poderia imaginar ser extremamente sedutor para as mulheres. Era calma, serena, e macia como seda.

Com o passar do tempo, Altaris descobrira que não era tão ruim assim ser aprendiz do Cavaleiro de Manto Negro, e até mesmo gostava dele, mesmo que ele fosse um assassino psicopata.

Mas o menino não gostava nem um pouco do que estava fazendo. É claro, não tivera problemas quando furtara coisas, ou fazia o que seu mestre mandava, mas o que mais o assustava era que ele também estava se tornando um monstro, assim como o Cavaleiro do manto Negro. “Sim, pode-se dizer que eu gosto de torturar pessoas” pensou ele, com amargura.

Podia gostar de fazer o que seu mestre mandava e outras coisas, mas não gostava do que estava fazendo com Satoru, Larysse e Clair, e não gostava do que estava fazendo com Alyss e Drew. Sentia culpa. Algo que não sentia há muito tempo atrás.

Um lado do menino dizia que havia algo de errado com ele, enquanto o outro, ainda não tomado por esse seu novo lado sombrio, estava gritando para que o garoto parasse e ignorasse o outro lado, para que a culpa não pudesse corroê-lo por dentro.

Mais uma vez, movido pelo lado culpado, se perguntou por que justo ele tinha de ser aprendiz do Cavaleiro. Por que for escolhido? Por que ele tinha que perseguir Satoru e continuar com aquele estranho plano?

– Altaris? – Perguntou o cavaleiro, se virando para ele e interrompendo seus pensamentos. Sua máscara branca não parecia combinar com toda aquela roupa preta, quase como se aquela não fosse a cor adequada para ele.

– Sim, mestre? – Perguntou Altaris, olhando para o homem mais alto a sua frente, sentindo um calafrio correr por seu corpo de medo dele. E se seu mestre tivesse realmente escutado seus pensamentos? “Isso é besteira”, pensou o garoto, franzindo o cenho, mas logo depois voltando a sua expressão normal.

– O que está pensando? – Perguntou o homem, surpreendendo Altaris. - Você parece distante.

– Não é nada de mais, mestre. – Respondeu o menino, tombando a cabeça para o lado, parecendo cansado.

O cavaleiro olhou para ele demoradamente, estudando o rosto do menino, como que procurando por algo de errado. Por fim, resmungou alguma coisa, e se virou novamente para o que quer que estivesse olhando. Altaris ponderou sobre a ideia de se juntar a ele, mas bufou novamente, e voltou para seus próprios pensamentos de culpa. Se perguntou onde Satoru estaria agora, e se ele estava suspeitando do menino. Provavelmente não.

Procurando se distrair, o menino esticou a mão para sua mochila, e retirou de lá uma Pokeball com um Seal de fogo. O adesivo era no formato de uma chama de fogueira que as crianças geralmente faziam, mas muito mais bonita. Os Seals eram adesivos especiais para as Pokeballs, que liberava um efeito visual quando o Pokémon era liberado. Era muito usado por coordenadores, e muitas vezes, por treinadores normais mesmo. Já Altaris, usava apenas para que pudesse identificar o Pokémon que estava dentro da esfera.

Passou um dedo pela superfície vermelha da esfera, se lamentando por não poder deixar o Charmander fora da Pokeball nesta noite. Logo que pensou no pequeno lagarto de fogo dourado, o menino abriu um sorriso sádico, depois, ainda com esse sorriso, olhou para seu mestre. Tecnicamente, ele não deveria esconder coisas do Cavaleiro, já que era seu aprendiz, e ele estava em sua responsabilidade, e tinha poder sobre o menino, a ponto de arrancar qualquer informação dele facilmente, utilizando ou não seus meios preferidos de fazer isso. Era obrigação de seu mestre saber tudo sobre seu discípulo. Ou era assim que o Cavaleiro fazia parecer.

Mas ele não sabia quem Altaris realmente era. Nem o que ele tinha feito, e nem como conseguiu um Charmander Shiny. Havia muitas coisas que o Cavaleiro não sabia, mas Altaris, sim, o que o tornava muito mais destrutivo do que o Cavaleiro era, embora tivessem uma incrível diferença de nível.

E é claro, o Cavaleiro do Manto Negro não tinha o que Altaris e as outras crianças tinham.

E nunca poderia ter.

***

Satoru bocejou, cansado. Já era tarde, mas mesmo assim, Clair e Larysse insistiam em treinar um pouco mais para o Contest e o Ginásio, que estava chegando mais rápido do que eles achavam. Na manhã seguinte, eles já poderiam estar em Jubilife por volta das duas da tarde, ou um pouco mais cedo, se pudessem se apressar. Com isso, Clair sugeriu treinar, e Larysse concordou, assim como os Pokémons, o que deixou Satoru sem escolha a não ser concordar também. Mas isso não aborrecia, só o deixava incomodado, e com uma incrível vontade de ir dormir.

A única coisa que o incomodava era o Shinx querer treinar também, mesmo que ainda estivesse se recuperando da ultima batalha que tivera, o que não fora nada bom, de acordo com seus relatos. Depois de o lobinho muito insistir para o menino, ele finalmente conseguira permissão para treinar desde que não batalhasse e tentasse não se desgastar muito. Então, enquanto Satoru e Clair treinavam seus Pokémons de fogo, Shinx fora junto a Khurtnney para poder aprender alguma coisa com ela e Larysse.

Parecia que o felino estava muito impressionado com o Thundershock e o Volt Tackle de Khurtnney. Eram ataques que Shinx normalmente não saberia, mas ainda assim, ele insistiu para que Khurtnney o ensinasse, e até agora, estava sendo uma tarefa muito difícil. A Pikachu explicou para ele como ela fazia o movimento, e o Shinx tentou diversas vezes, sem sucesso, então Larysse pediu para que ela demonstrasse. Obedecendo, a Pikachu se eletrificou rapidamente, com muito mais facilidade de quando era uma Pichu, e assim que seu corpo estava coberto de eletricidade, brilhando fortemente e iluminando mais do que a fogueira que possuíam no acampamento, a Pokémon correu na primeira direção que viu, onde Growlithe e Chimchar estavam treinando juntos, enquanto Clair conversava com Starly e pedia para ele mostrar o que sabia fazer.

A passagem da Pikachu obrigou os Pokémons a se afastar e abrir caminho para ela rapidamente, para não acabarem sendo atingidos por acidente. Logo que Khurtnney os passou, ela freou bruscamente, e o brilho do corpo dele se esvaiu junto com a eletricidade em poucos segundos, como se nunca houvesse existido.

Depois disso, ela se levantou, e andou calmamente até sua treinadora, com um sorriso presunçoso no rosto. Shinx observou-a, impressionado.

– Está vendo, Shinx? – Disse Larysse, apontando para Khurtnney. – É simples.

– Você diz isso porque não é um Pokémon. – Ele fechou a cara. – Quero ver você ser um Pokémon que naturalmente não sabe usar esse tipo de ataque.

– Mas é realmente fácil. – Disse Khurtnney, voltando para os pés de Larysse. – Você sabe usar o Spark, não é? Para usar o Thundershock, é só mandar um raio numa direção ao invés de correr contra alguém.

– É difícil pra mim!

– Pois então tente de novo. – Sugeriu Larysse.

– Mas eu tento, e não consigo!

– Continua tentando, até conseguir.

Frustrado, o pequeno leãozinho suspirou. Detestava ser fraco daquele jeito, e detestava ainda mais não conseguir fazer as mesmas coisas que Khurtnney. Ela havia insistido que não era nenhuma profissional, e estava apenas começando, mas Shinx já a admirava pelo o que sabia fazer. E ele, quem nem ao menos sabia usar direito o move Spark, e pelo o que Satoru dissera, era um movimento quase idêntico ao Volt Tackle, porém mais fraco. Shinx odiava se sentir fraco. Odiava tentar fazer as coisas e não conseguir, o que só servia para desanimá-lo e perder a vontade de tentar, mesmo que fosse seu maior desejo.

Mais uma vez, tentou se concentrar, mas os pensamentos negativos e a apreensão que sentia sobre não conseguir pareciam maiores. Afastou os pensamentos, e tentou novamente, procurando em seu corpo a eletricidade que sabia que teria. Exclamou um xingamento, frustrado, o que resultou em Khurtnney lhe fechar a cara.

– Eu vou te mostrar de novo como é o Volt Tackle. – Disse Khurtnney, resmungando.

A Pikachu rapidamente se eletrificou, fazendo seu corpo ficar todo amarelo brilhante, fazendo-a parecer um pouquinho maior do que já era. O brilho novamente parecia iluminar a clareira onde estavam melhor do que a fogueira. Se deixou cair no chão com as quatro patas, e avançou correndo numa velocidade incrível em direção a uma arvore, e jogou seu corpo contra ela, fazendo a copa da arvore balançar e deixar cair algumas poucas folhas. Mesmo não tendo sido usada muita força naquele ataque, o felino se admirou ao ver tamanha a força usada pela Pikachu e sua velocidade, comparada a ultima demonstração que fizera para ele.

Depois disso, a eletricidade se esvaiu, e Khurtnney voltou a sua cor normal, com um sorriso triunfante. Voltou caminhando para sua treinadora, e ambas olharam para Shinx com um sorriso. Constrangido, ele virou a cara, resmungando.

De repente, um piado enfurecido e irritante cortou os sons e por um momento, o orgulho que Khurtnney sentira. As orelhas de Growlithe se empinaram, indo na direção do som, e por um momento, ele parou para olhar o que tirara sua atenção, assim como Chimchar, que inclinou a cabeça na direção que Growlithe olhava fixamente. Um estranho sentimento se apoderou de Shinx, e ele recuou alguns passos em direção a Satoru.

– O que foi isso? – Perguntou Clair, peto de seu Starly.

– Parece uma coruja. – Disse Satoru.

Novamente, outro piado cortou as palavras do menino. Era um som meio sinistro, que de algum modo, parecia ecoar nos ouvidos de Shinx, mesmo ele sabendo que ali não era um lugar propenso a ecos.

De repente, ele viu.

Um vulto descia da árvore que Khurtnney havia acabado de acertar, descendo lentamente, como se estivesse flutuando para cair no chão silenciosamente. A figura era pequena, um pouquinho menor do que Khurtnney ou ele mesmo, e se sustentava em apenas uma pata. A figura observava com fúria as costas da Pikachu e então, avançou rapidamente na direção da Pokémon.

– Khurtnney, cuidado! – Avisou Shinx, mas foi tarde demais.

Assim que ela olhou para trás para ver porque ele gritara, foi atingida com força nas costas pelo corpo do pequeno, fazendo-a cair de cara no chão. Shinx chorou baixinho, assustado. Agora que o Pokémon estava mais próximo da luz da fogueira, ele pode ver melhor que realmente era uma coruja redonda, como uma pequena bola. Realmente se sustentava em uma só das patas, enquanto a outra estava erguida, escondida em sua penugem. Era marrom escuro, com exceção da barriga, que era marrom mais claro. Tinha um bico pequeno, porém sua ponta levemente curvada para baixo parecia ser afiadíssima. Suas asas eram tão pequenas que parecia impossível que ele pudesse se erguer no ar com elas, e se pudesse, seria por muito pouco tempo. Sua cauda também era extremamente minúscula, com apenas três penas marrons escuros formando-a.

O mais assustador no Pokémon coruja eram seus olhos. Eram grandes e redondos, com uma pupila negra. O resto era completamente vermelho, meio escuro, como sangue. Ao redor de seus olhos, uma marca negra o contornava, com três pequenas marcas retangulares também negras.

Shinx estremeceu. Aquele era um HootHoot, com certeza. Vira e ouvira vários deles a noite. Eram donos dos piados assustadores e também os responsáveis de suas noites mal dormidas. Assustavam, principalmente quando encontrava um deles numa arvore o encarando, como se o desafiasse a dizer alguma coisa.

– Mas o que...? – Perguntou Larysse, surpresa, depois fechou a cara e olhou para a corujinha. – Quem você pensa que é?

Em resposta, a coruja apenas piou novamente, e seu bico começou a brilhar, ficando totalmente branco. Khurtnney, já de pé, olhou para ele com fúria, quando ele avançou novamente contra ela, batendo suas pequenas asinhas, embora não voasse.

– Thundershock! – Gritou Larysse rapidamente.

A Pikachu obedeceu e eletrificou seu corpo, lançando um raio contra a coruja. Esta rapidamente desviou saltando para o lado e continuou avançando contra Khurtnney, acertando-lhe uma bicada no rosto, fazendo-a gritar de dor.

– Tente acertá-lo com o ThunderPunch!

Bufando, Khurtnney avançou contra o HootHoot, eletrificando seu punho e o braço, fazendo-o lançar faíscas para todos os lados, inclusive seu rosto, mas não parecia incomodá-la de nenhum modo. Ágil, a coruja saltou para cima, ficando fora do alcance dela. Frustrada, ela deixou seu corpo se eletrificar por inteiro, e lançou um raio na direção do Pokémon, que conseguiu desviar rapidamente, enquanto batia suas asinhas para tentar se manter no ar por alguns segundos. O raio lançado por ela se perdeu no ar, e ela cerrou os punhos, furiosa.

Ainda no ar, o HootHoot piou mais uma vez, e bateu as suas minúsculas asas para frente, e uma esfera azul de energia se formou rapidamente, não muito maior do que uma bola de tênis, e lançou contra Khurtnney. Esta conseguiu rapidamente saltou para o lado e desviar. A esfera se chocou contra a grama e explodiu em inúmeras faíscas, que tremeluziram e desapareceram no ar, como se nunca tivesse existido.

– Tente acertá-lo, Khurtnney. – Pediu Larysse. – Ele não vai conseguir ficar no ar por muito tempo, então aproveite a chance! Use o Volt Tackle com força total!

Ela estava certa. Logo, a corujinha já não podia mais aguentar ficar no ar, e foi para o chão, ofegando de cansaço. Provavelmente era um esforço enorme se manter no ar com asas tão minúsculas quanto às dele. A Pikachu assentiu, obedecendo a sua treinadora. Eletrificou seu corpo mais uma vez, iluminando boa parte da clareira, e se deixou cair no chão e correr em disparada na direção do Pokémon coruja numa velocidade incrível. Não deu nem tempo da coruja tentar desviar, pois Khurtnney o acertou com a cabeça, mandando-o a vários metros para longe antes da eletricidade em seu corpo se esvair.

Tamanha fora a força usada, que Pokémon voou um pouco mais para trás e se chocou contra a arvore, provocando um baque surdo. Por fim, ele caiu no chão, desacordado. Seu corpo redondo e marrom soltava faíscas, resultado da investida combinada com a eletricidade da Pikachu.

Larysse não perdeu tempo. Colocou a mão no bolso e tirou uma Pokeball minúscula. Apertou o botão do centro da esfera, e ela cresceu, ajustando-se ao tamanho da palma de sua mão. Lançou-a contra a coruja desacordada, e assim que bateu em seu corpo, se abriu e um brilho branco a envolveu, sugando-a para dentro da Pokeball. Esta se fechou, e caiu no chão, balançando uma única vez antes de parar e o botão do centro piscar em vermelho por alguns segundos antes de voltar a cor normal, indicando que o Pokémon havia sido capturado.

Por um momento, Larysse parou, perplexa. Olhou para a pokeball no chão e andou até ela, abrindo um grande sorriso. Pegou-a do chão, mal acreditando no que havia feito.

– Caramba... – Murmurou Shinx. – Isso foi muito legal!

– Eu capturei um Pokémon! – Exclamou a menina, voltando ao encontro de seus amigos e de sua Pokémon. – Nós conseguimos Khurtnney! Capturamos um HootHoot!

Larysse estava muito feliz pela captura. Não conseguia explicar a felicidade que sentiu quando segurou a Pokeball de seu mais novo HootHoot nas mãos, como um prêmio, um prêmio há muito tempo esperado. Ela se agachou e fez um leve carinho na Pikachu, que sorriu, aceitando a caricia. Satoru e Clair lhe parabenizaram, e a menina se sentiu orgulhosa de conseguir adicionar um Pokémon a seu time. Shinx observava Khurtnney com ainda mais admiração que sentia antes, e com uma pequena pontada de inveja. Ela tinha sido incrível. Apenas com um ataque conseguira derrotar o HootHoot e de um modo incrível, e mesmo que já tivesse usado essa palavra antes, não encontrou nenhuma outra que pudesse descrever a batalha que acabara de ver.

O Pokémon se sentiu feliz por Larysse também. Teve vontade de ser tão bom e tão forte quanto ela. Será que algum dia, ele poderia conseguir aquilo?

Antes que pudesse continuar com seus pensamentos, logo Satoru e Clair já estavam fazendo perguntas a Larysse e Khurtnney sobre captura, e esqueceram Shinx. Ele sentiu uma pontada de ciúme, mas não disse nem fez nada, apenas esperou para que eles voltassem ao treinamento, o que, pela cara de seu novo treinador, não achava nem um pouco legal. Não demorou muito, já que pouco depois Clair olhou para relógio em seu pulso, assustada com a hora, então deu um descanso a todos, e prometeu que continuariam a treinar outro dia, e então foram dormir.

Ao invés de deixar Satoru recolher Shinx na Pokeball que dera a ele, o felino se deitou perto dele, o que fez que Growlithe lhe lançasse um olhar acusador. Quem aquele Shinx pensava que era para se deitar perto do seu treinador?

Assim que pensou isso, o cão afastou os pensamentos e se repreendeu por aquilo, mas não se deitou longe do menino, com um estranho sentimento de proteção, como se ele, mesmo sendo tão pequeno e indefeso, tivesse que proteger o garoto. “Isso é besteira”, pensou ele, bufando, e finalmente, adormeceu.

Na manhã seguinte, o cão acordou com os membros doloridos do treino de ontem, mas esqueceu rapidamente. Clair havia assegurado que iriam chegar a Jubilife ainda naquele dia, e logo o que ela disse se confirmou. Um pouco mais a frente na estrada, já podiam ver os enormes prédios ao longe, como montanhas quadradas tapando o céu, de diversas cores mortas e escuras. De longe, eles eram pequeninos, do tipo que você poderia colocar um dedo na frente do olho e medir o tamanho com o polegar e o indicador sem muitas dificuldades.

Nenhum dos Pokémons havia visto um prédio antes, e estavam impressionados com a sua altura. Satoru explicou que eles pareciam ser pequenos, mas na verdade eram grandes, e devido ao seu tamanho, quando estavam longe, ele parecia tão pequeno que ele poderia esmagar com os dedos. Impressionado, Growlithe se perguntou por que fazer algo assim tão grande para tampar o céu. Como os humanos podiam olhar as estrelas com aquela coisa enorme se erguendo no céu?

Enquanto andava, o cão se sentia estranho. Não pelo cansaço, nem pelos prédios altos, e também não porque Shinx havia roubado seu lugar no colo de Satoru mais uma vez. Era uma terrível sensação que o fazia olhar para trás diversas vezes, na espera de ver alguém, qualquer um que estivesse o observando.

Era um sentimento terrível, como se o seu próprio corpo causasse um formigamento proposital em sua nuca, e ele olhasse para trás para tentar encontrar quem quer que esteja o observando, mas sempre que olhava, não via ninguém. Mas tinha certeza de que alguém, em algum lugar, ou ele não sentiria aquilo. O cão confiava em seus instintos. Era aquilo que o salvara da ultima vez.

Sem parar de andar, o cachorro de fogo franziu o cenho, confuso. De onde viera aquele pensamento? Desde quando ele pensava coisas como essa?

Tentou ignorar o pensamento, mas assim como o sentimento que havia alguém o seguindo, o pensamento pinicava em sua mente até que ele fosse voltar a ele novamente. Mas Growlithe não queria pensar naquilo, ele devia se concentrar em andar para chegar a Jubilife e se preocupar no Ginásio e na batalha que teria com Satoru, e não em coisas fúteis. De repente, outro pensamento cruzou a sua mente. E se aquilo tivesse a ver com algo maior, muito mais sério?

E se aquilo tivesse a ver com o seu passado?

Mais uma vez, afastou os pensamentos e fez o seu melhor para ignorar todos. Growlithe tinha sim, curiosidade de saber o que havia acontecido antes de conhecer Satoru e se tornar seu amigo, e como viera a ser capturado. Mas, no momento, não queria se preocupar com aquilo. Sabia que, provavelmente as lembranças voltariam naturalmente, e se não voltassem, não tinha problema algum também. Com um suspiro, o cão continuou andando, olhando de vez em quando para trás para se certificar de que não estava sendo seguido por algo ou alguém. Se achou estúpido, e por isso, encerrou o assunto mental da melhor maneira que pode. Odiava se sentir assim.

Finalmente, enquanto a tarde se passava e a cidade ficava cada vez mais perto, eles finalmente chegaram à grande metrópole, o que deixou os Pokémons e as crianças ainda mais impressionados.

Satoru já havia estado naquela cidade antes, mas ainda assim estava impressionado com o tamanho dela, e dos prédios. Sabia que Jubilife era a maior metrópole de toda a região de Sinnoh, e tinha muitas coisas interessantes para se fazer ali. Quando viera, o Ginásio novo estava em construção, e pudera ver vários homens carregando coisas pesadas. Não sabia que tipo o líder era especializado, assim como não sabia agora, mas agora, sua visita tinha outro propósito. Finalmente iria desafiar o líder de ginásio em busca de uma insígnia, assim como todos os outros treinadores fariam, para juntar todas as oito insígnias e desafiar a Elite dos 4.

Não viera mais a passeio ou a... Outras coisas. Estava ali para um propósito muito maior do que os outros que tivera para chegar lá. Algo próprio.

A cidade era realmente grande. Enormes prédios estavam por todo o lado, e quando viam alguma loja, era grande e bonita, cheia de coisas interessantes. As casas eram luxuosas, com mais de um andar, o que faria qualquer pessoa parar e admirar. Muito diferente das casinhas pequenas e coloridas de Twinleaf, onde Satoru e Larysse moravam. Perto daquelas, era como se Twinleaf fosse o desenho de uma criança pequena comparado a uma obra arte.

Ao longe, puderam ver um prédio ainda maior que os outros, com algo brilhando sobre ele, mas por mais tentador que fosse não se arriscaram a ir olhar. Cansados do jeito que estavam, a única coisa que podiam pensar era estar em uma cama, tomar um bom banho e dormir.

Guiando os garotos, Clair não parecia saber muito bem para onde estava indo, e diversas vezes tiveram que parar para perguntar onde ficava o Centro Pokémon ou para ler as placas. Andavam na calçada, já que na estrada havia diversos carros de diversos estilos, modelos e cores passando, o que levou as crianças a apontarem para um carro que gostassem e dissessem “Esse é meu”, como uma brincadeira.

Embora tivesse diversos carros, não faltava arvores para filtrar o ar poluído com a fumaça que os carros soltavam. As arvores e outras plantas que tinham ou em calçadas ou nos jardins de casas, eram grandes e bonitas, e às vezes viam algum pé de laranja, ou de acerola, ou de alguma outra fruta, e de vez em quando, viam uma arvore florida, muito bonita, que Satoru tinha certeza de que era da Fruta Oran, que muitas vezes era usada para curar ferimentos dos Pokémons. Numa rua, o menino não pode evitar andar lentamente só para observar uma grande casa luxuosa com um enorme jardim nos fundos, e uma linda horta na frente, com diversos vegetais, o que a tornava colorida e ainda mais bonita do que era.

Depois de uma hora de caminhada na cidade, quando encontraram uma enorme construção branca tão grande quanto os outros prédios, com um P na fachada, o que indicava que era um Centro Pokémon, que puderam suspirar de alivio. Movidos pelo conforto que certamente encontrariam quando adentrassem o Centro, apressaram o passo.

O prédio era realmente alto, e ainda maior que os poucos que já haviam visto até ali. O enorme P da fachada vermelha era na cor preta, e estava dento de uma Pokeball, e a listra que havia em seu meio, ao invés de contornar o botão branco que usavam para abrir a esfera, formava o grande P, e então terminava. A listra continuava no resto da fachada, até terminar atas do prédio, onde não quiseram, e muito menos se arriscaram a olhar. As portas eram automáticas, transparentes, de modo que pudessem ver o interior do Centro, onde havia várias pessoas e seu Pokémons de diversos tipos e espécies.

Quando entraram, confirmaram suas suspeitas. O saguão do Centro Pokémon de Jubilife tinha diversos pisos brancos e pretos, formando um enorme tabuleiro xadrez. Era tão grande que Satoru suspeitava que talvez sua casa pudesse couber nele, ou boa parte dela. Sofás confortáveis em formato de L estavam pelos cantos, e outros maiores estavam lá também. Havia uma escrivaninha entre os sofás em L e os maiores, onde descansava um relógio eletrônico, e ao lado dele, uma pilha de revistas, e depois dela um grande prato cheio de biscoitos de chocolate. Uma grande TV de plasma embutida na parede mostrava um canal onde uma mulher ensinava diversos meios de como preparar comida Pokémon. Algumas pessoas estavam sentadas lá, assistindo ao programa. Satoru notou uma enorme porta de madeira, onde uma pessoa entrou seguida por um Pokémon que o garoto não soube identificar. O saguão tinha o som de diversas pessoas conversando entre si misturado com o som da TV.

Ao lado do balcão onde a enfermeira de cabelos rosa ficava, havia um grande quadro de avisos mostrava horários, preços e obviamente, avisos, como um que era proibido fumar. Depois dos avisos do próprio Centro, um cartaz colorido convidava aos treinadores para irem conhecer o novo ginásio de Jubilife, mas não especificaram qual era o seu tipo, ou quem era seu líder e qual era sua especialidade, o que Satoru achou frustrante. Provavelmente o líder queria deixar um segredo, para que os desafiantes pudessem ter um desafio maior na escolha de Pokémon para usar contra ele. Já no balcão, havia uma grande fila de pessoas esperando para serem atendidas pela enfermeira.

Outro cartaz chamou sua atenção. Era o mesmo que havia no Centro Pokémon da Rota 202, mostrando o anuncio do Desafio do Labirinto. Maravilhado, Satoru puxou a manga da blusa de Clair e mostrou a ela. A mais velha lançou um olhar preocupado para a fila, mas olhou na direção que Satoru mostrou, e fez um sinal afirmativo com a cabeça sem se importar muito. Competições como essa eram comuns em todo o lugar, principalmente numa cidade grande como Jubilife. Ela lançou um olhar curioso para os prêmios e a imagem do labirinto, quando a voz da enfermeira Joy soou:

– Desculpem, mas acho que a incubadora parou de funcionar...

– O que? – Perguntou um garoto de cabelo preto. – Como assim “parou de funcionar”?

Imediatamente, murmúrios começaram e as pessoas ali começaram a sussurrar entre si, e algumas exclamações foram ouvidas. Clair franziu o cenho e olhou as crianças, e elas olharam para ela do mesmo jeito, parecendo confusas. Larysse parecia ainda mais surpresa que os outros.

Não era por não saberem o que era a incubador, eles sabiam sim o que era uma. Era um aparelho que parecia estranhamente com uma incubadora (daí viera o nome), e que tinha uma tecnologia incrível de curar os Pokémons em apenas alguns segundos se eles fossem deixados na Pokeball e colocados nas pequenas protuberâncias feitas especialmente para deixar as Pokeballs lá. Eram seis ao todo. Não entendiam como aquilo funcionava, só sabiam que ou curava instantaneamente ou ajudava muito o Pokémon. Mas era um dos serviços pagos do Centro então Clair nem ao menos considerava em usar. Estavam surpresos pelo fato de não estar funcionando. Aquilo nunca havia acontecido antes.

– Não foi só a incubadora que parou de funcionar... – Explicou a enfermeira Joy, com uma voz preocupada. – Outros equipamentos muito importantes também pararam, então vamos ter que cuidar dos Pokémons do modo convencional...

– Mas como isso foi acontecer? – Perguntou o mesmo garoto, aborrecido.

– Eu não sei... Talvez seja um vírus.

– Espera... É aquele mesmo dos noticiários? – Perguntou Larysse, levantando a voz. Clair e Satoru olharam para ela, surpresos e confusos ao mesmo tempo.

– Parece que sim... – A enfermeira Joy deu um sorriso tímido. – De qualquer forma, podemos cuidar dos seus Pokémons sem o uso da incubadora. Só deixem seus Pokemons e seus nomes aqui, e poderemos cuidar deles sem problemas.

A partir disso, a fila começou a andar mais rápido, e as crianças a seguiram junto com Clair. Ela parecia extremamente confusa, mas antes de poder dizer qualquer a Larysse, Satoru, com uma voz calma, perguntou:

– Como você sabe disso?

Larysse hesitou por um momento, então Khurtnney, em seu ombro, respondeu por ela:

– A enfermeira Joy do último centro que contou pra gente, depois que eu evoluí...

– Isso. – Continuou Larysse. – É um vírus que está atacando os Centros de todo o continente... Estraga a tecnologia que eles usam para cuidar dos Pokémons e tal... E alguns treinadores descuidados estão deixando seus Pokémons morrerem por causa disso, por que eles acham que o próximo Centro vai funcionar normalmente e não cuidam de seus Pokémons, ou algo assim.

– Mas isso é terrível. – Disse Clair, surpresa. – Porque alguém não cuidaria de seu Pokémon sem o Centro Pokémon?

– Ué, todo mundo confia nos Centro Pokémon. - Disse a menina, simplesmente, e isso pareceu encerrar o assunto.

Clair abriu a boca para falar novamente, mas logo chegou a vez dela na fila. Pediu dois quartos, um para ela e as crianças, e depois anotou seu nome, o das crianças, e os seus Pokémons num grande livro que a enfermeira Joy colocou na mesa, depois deixou suas Pokeballs com ela. Satoru não deixou apenas Shinx com a enfermeira, enquanto Larysse deixou o HootHoot que capturara na noite anterior, e a mulher prometeu que teriam eles de volta o mais rápido o possível. Antes de sair, Clair apontou para o cartaz do desafio do labirinto e perguntou:

– Uh, e quanto a... Ah, quero dizer, o que é exatamente o desafio do labirinto?

Joy olhou para o cartaz que ela mostrara com a cabeça, depois deu um sorriso gentil a ela e as crianças.

– Isso é uma competição que um homem rico faz todos os anos em seu labirinto para divulgar suas empresas, já que os prêmios são fornecidos por elas. Se tornou uma competição grande, e muito divertida. Treinadores amadores geralmente participam, é muito raro ver alguém mais experiente... Mas ainda assim é um desafio interessante. – Ela estendeu o braço e entregou uma pequena cartilha roxa a cada um deles. – Aqui tem mais informações sobre o desafio. Vocês estão interessados em participar?

– Sim! – Disse Larysse, e olhou para Khurtnney a espera de uma confirmação. Ela assentiu com a cabeça, e depois Larysse olhou para Clair. – Por favor, Clair, podemos participar?

– Eu também quero participar... – Disse Satoru. – Você também quer Growlithe?

– É claro! – Respondeu o cão, o que soou como um latido para Clair.

Ambos olharam de volta para a garota, e ela finalmente deu de ombros, e a enfermeira os registrou em seu computador, pegando as informações do Trainer Card de cada um deles, e depois entregou a eles outra cartilha, em troca daquela roxa que havia dado antes, e finalmente, entregou as chaves dos quartos, e Clair, acompanhada das crianças, subiu as escadas em direção ao quarto, que estava no terceiro andar.

Assim que chegou ao segundo andar do prédio, se viu numa enorme sala com TV’s, diversos sofás, almofadas e cadeiras. Parecia ser uma sala de jogos ou algo do tipo, mas Clair não prestou atenção, nem deu tempo o suficiente para as crianças de olharem. Foi direto para o primeiro corredor que encontrou, e saiu à procura das escadas para o próximo andar. Larysse bufou, aborrecida, mas Satoru parecia entender que ela estava cansada e queria desesperadamente uma cama.

Quando finalmente encontraram o quarto, Clair os deixou, e felizmente, encontrou o seu próximo a eles. Com uma despedida rápida, ela entrou em seu quarto e sumiu, deixando Satoru e Larysse com a chave. O menino deu de ombros, e finalmente, abriu a porta, e não pôde deixar de suspirar.

O quarto era enorme, e muito, muito bonito. Os pisos eram decorados com hexágonos roxos num fundo creme, que era a mesma cor do quarto. Duas camas enormes, separadas apenas por um pequeno criado mudo com um abajur em cima, estavam no fundo do quarto, arrumadas com lençóis ranços. Havia milhares de almofadas nas cores vermelho, branco e preto, e parecia ter tantas que alguém poderia sumir no meio delas.

Ainda naquele quarto, havia um grande armário, porém vazio, mas tão grande que poderiam se esconder lá dentro sem problemas. Havia uma TV de plasma embutida na parede, e embaixo dela, uma mini geladeira. No canto direito do quarto havia a porta que levava ao banheiro, que era ainda maior e mais bonito. Bem decorado, com espelhos do corpo todo, diversas toalhas macias e fofinhas, e vários produtos de cabelo e pele, além de diversos sabonetes de vários aromas diferentes. O melhor de tudo era a banheira enorme, como uma piscina.

A primeira a tomar conta do banheiro foi Larysse, que sumiu lá dentro antes que Satoru pudesse dizer qualquer coisa, deixando sua Pokémon para trás.

O garoto bufou, mas não disse nada. Ao invés disso, se sentou na cama com Growlithe e ligou a TV, procurando um canal interessante para ambos assistirem. O cão se deitou em seu colo, e Satoru acariciou-o repetidas vezes enquanto zapeava pelos canais, sem encontrar nada interessante. Finalmente, deixou num noticiário qualquer, e olhou, entediado. Não que gostasse muito de noticiários, mas não havia nada de melhor para assistir, e era provável que tivesse alguma noticia interessante sobre o novo ginásio de Jubilife ou algo assim.

Depois de esperar um longo tempo junto com os Pokémons, Larysse saiu do banheiro, e Satoru foi no lugar dela, deixando Growlithe com a menina e Khurtnney. Enquanto esperava a banheira encher novamente, foi até a janela, e apoiou o braço no parapeito, olhando para baixo.

Assim que fez isso, ele ofegou.

Lá embaixo, havia uma rua movimentada, mas havia uma única pessoa que não andava, e apesar de não estar tão frio assim, estava toda vestida de preto. Estava perto o suficiente da janela que ele poderia ver Satoru claramente, e se ele jogasse algo nele provavelmente o acertaria sem problemas. O menino sufocou um grito de surpreso e cobriu seu peito nu com os braços, apavorado.

Aquilo devia ser um sonho. Tinha que ser um sonho, uma ilusão, ou algo parecido. O menino olhou para o homem com mais atenção. Ele usava uma máscara estranha em seu rosto, que estava coberto com um capuz negro, mas Satoru sabia que, por mais que visse milhares de mantos com capuz como aquele, saberia reconhecer aquele em qualquer lugar. O homem olhou diretamente para o menino, e abaixou o capuz, revelando a maior parte do rosto dele, inclusive as mechas dos cabelos brilhantes, que parecia brilhar ainda mais com a iluminação do sol. Era como se ele tivesse reconhecido Satoru e estivesse apenas confirmando suas suspeitas.

Finalmente, colocou sua mão na máscara, e a retirou facilmente. Com um sorriso diabólico, levantou a cabeça, e Satoru lutou para não gritar, o que chamaria a atenção de Larysse. Tentou desesperadamente procurar alguma coisa para cobrir seu corpo, com um medo crescente dentro de si, e a mente gritando que aquilo deveria ser um pesadelo. Por que ali estava a fonte de todos os seus problemas, voltando para lhe assombrar.

Ali estava a face que assombrava os seus sonhos todas as noites, num ritual amargamente maligno.

Alguém que ele esperava nunca mais ver.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Finalmente alguma coisa a ver com o trauma de Satoru, que, como podem ver, está cada vez mais perto de ser revelado! Muahahaha! E eu gosto de HootHoots. Quem não gosta desse bichinho so fucking awesome? Falando nele, os moves que ele usa é Tackle, uma tentativa do Peck e o Sky Attack ~
Viram o título do capítulo? Eu, particularmente, odeio quando alguém diz isso pra mim, omo se esperasse que eu ficasse feliz em ver a pessoa. Mas, sinceramente, será que a maioria das pessoas ficam mesmo felizes...? Ou isso é mais usado para crianças?
BTW, acho que devem estar se perguntado porque raios a história mudou para maiores de 16. Foi só que eu decidi ter umas coisinhas... Interessantes nela. Será revelado, é claro, mas eu mesma não sei quando.
Quero opiniões e criticas, por favor ~
É melhor eu nem falar que eu vou postar logo o próximo capítulo, ou o universo acaba fazendo o contrário...



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