Os Olhos De Uma Gueixa escrita por Deeh-chan


Capítulo 3
O momento tão esperado.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, ando estudando muito >



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/201134/chapter/3

E o treinamento começava.

Ou melhor, a musica começava a soar durante as tardes e noite naquele salão, e Hinata dançava agora para sua apresentação daqui a dois dias. Somente ela e a sua instrutora Madame Kara saberiam de seus passos, as outras meninas já que ainda são jovens não poderia ter contato com tamanha arte.

Os dias passavam devagar, e a primavera dava lugar frio da manha, pudia0se ouvir a geada caindo das flores de Sakura que se desdobravam naquela manha nas montanhas do centro Japonês.

Hinata estava descalça, passando os pés pelo chão de madeira, cercado por cortinas brancas, usava um Kimono banco e estava com o cabelo solto.

__Abra os pés, minha filha. –Madame Kara observava tudo com olhos de mãe.

__Sim...

Hinata se inclinou para trás como um cisne, seus olhos pintados de preto deixava o prateado ainda mais vivo. Seu cabelo que batia abaixo de sua cintura bailava com os movimentos que ela fazia com as mãos.

Era realmente lindo.

__AH!

__O que foi?

__Uma pequena dor...

__Descanse...

Madame Kara se dirigiu até a porta e olhou para Hinata.

__Amanha é o ultimo, depois será só com você.

Hinata ficou caída no chão olhando para ela, quando finalmente ficou sozinha percebeu a paz que havia naquele lugar, fora do salão de festas onde havia o palco e onde naquela noite estaria lotado de gueixas e seus acompanhantes, na maioria os homens mais ricos de todo o Japão.

__Mamãe, me ajude... –Hinata olhou para o chão e viu suas mãos cheias de calos. __A senhora era tão linda, mãe...

Hinata então se lembrou de um dia quando vira sua mãe dançar. Era tão bela, se fosse uma dessas mulheres que Hinata tanto convivia seria a mais bela, de fato.

Ela então se levantou do chão e olhou para frente, levantou o rosto e com o toso sério começou a passar os pés descalços e brancos pelo chão, deslizando como uma gazela livre, batendo os braços como um pássaro, e com o olhar de uma mulher.

Ou melhor.

Com o olhar de uma gueixa.

E sem perceber ela estava sendo observada.

__Ah! Quem esta ai?! –Hinata parou assustada, com as mãos no rosto, os olhos agora arregalados e o cabelo suado pelo rosto branco.

__Porque parou menina? –Uma mulher saiu de trás das cortinas brancas e a olhou fixamente nos olhos de prata. __Nunca se deve parar uma coisa tão bela...

__Você... –Hinata estava se lembrando daquele olhar. __Eu já te vi antes... –E imediatamente Hinata se curvou. __Uma gueixa tão bela...

__Levante-se! –Gritou.

Imediatamente Hinata se levantou, estava respirando ofegante.

__Qual seu nome, querida?

__Hinata...

__Não... –A mulher caminhou com o olhar de uma raposa, lentamente pelo salão, envolta de Hinata, e o sol daquele entardecer entrou pelas cortinas. __Você terá outro nome, o nome de uma gueixa...

__Ainda não sei...

__Nunca se deve ter duvida o que você esta fazendo é a mais pura reflexão do que você realmente é, então depois de amanha se apresente para mim com seu verdadeiro nome.

 Hinata se calou.

__Sim... –Respondeu e abaixou os olhos.

A mulher respirou fundo, e então caminhou até Hinata e pegou em seu rosto o levantando para ela.

__Que ironia, você será a primeira gueixa que não precisa enfeitar os olhos, pois já são naturalmente belos...

__Não acho que são...

Ela sorriu e dando meia volta se dirigiu até a porta.

__Nos veremos daqui a dois dias...

E saiu.

Hinata ficou paralisada novamente, se sentia angustiada, era como se agora não tivesse que só dançar para todos os outros, mais também para si mesma, era como se, como se algo a estivesse chamando, uma força ainda maior do que a chama das velas que iluminavam sua dança.

Anoiteceu.

Hinata estava deitada em sua cama, novamente pensando na vida quando ouviu um barulho.

__Hum... –Ela se levantou devagar e foi até a janela.

Parecia o quebrar de alguns galhos, mas quando ela pousou as mãos e avistou aquela total escuridão percebeu que alguém olhava para ela sorrindo e acenando.

__Ah! –Ela se encolheu e logo percebeu que o sorriso do jovem se desfez, mas logo que a vira novamente o sorriso voltou e ele acenava.

Ela viu que ele carregava uma mochila velha nas costas, usava uma calça velha e não parecia ser do Japão, a blusa era branca de manga longa um pouco amarrotada, era loiro e tinha os olhos azuis.

Que brilhavam no meio da mata.

Então se ver o que estava fazendo um sorriso já havia brotado em seu rosto de menina.

__Hinata! –Um grito.

__AH! –A menina caiu no chão.

Era uma de suas amigas que mandava ela se deitar novamente.

__Você precisa descansar...

__Sim, já vou... –E Hinata se deitou novamente, com aquele olhar em sua mente.

Seria uma alucinação?

Amanheceu.

O dia passou rápido demais, ela mal pudera treinar, permanecia trancada dançando, madame Kara acompanhava seus passos, hora sorrindo hora gritando.

Ela dançava com leques, e guarda chuvas floridas, e agora era a hora mais importante, decidir sua coreografia, era de dentro, era pessoal, e só Hinata sabia o que deveria fazer essa era a diferença de uma gueixa para outra.

Ela estava completamente nua, tomando seu banho de rosas, as outras a esfregavam nas costas, de cima a baixo, era seu ultimo dia como shikomi, tantas outras passaram por isso e agora era a vez dela, e quem a visse ali diria que sua vida era a de uma princesa, mais não era.

Hinata vivia com seu destino interligado por outras pessoas, por regras e decisões que deveria tomar em pró de um bem em comum, e nunca para si mesma, ela sonhava em encontrar sua mãe, ela deveria estar viva, e também em ser livre, em viver sem regras, cuidar de si mesma, ter uma família, amar, e ser amada.

E ali aquilo nunca seria possível.

__Como você esta linda...

__Tão radiante...

__Uma jovem tão nova...

__Ah quando éramos assim...

O cabelo caído e molhado pelo rosto, os seios avantajados e o corpo branco e completamente despido, Hinata era realmente muito linda, mas não se via assim, a única coisa que queria era fugir, correr o mais longe possível, suas mãos ainda doíam, foram tantas noites sem dormir bem esperando as gueixas mais velhas chegarem, tantas aulas e repreensões, ela nunca amis vira o mundo lá fora por tempo demais, pelo menos agora poderia ver, mais nunca viveria como os outros, sempre deveria de voltar.

Sempre.

Voe para longe...

Hinata fechou os olhos enquanto sentia a agua cair pelas costas.

E por um motivo desconhecido se lembrou.

Dele.

Olhos azuis como os de um pássaro selvagem.

Quem seria?

Porque ele sorria?

Porque sorria para ela?

E naquela noite ele não apareceu.

Hinata ficou imaginando o porquê, se estava ficando doida ou se estava ansiosa demais para ter seus acompanhantes, claro que não! Ela não era pervertida, mais era uma menina ainda, porem já maior de idade, não era totalmente mulher, e tinha suas pequenas fantasias, mais agora tudo seria diferente, ela deveria aprender a controlar seu coração.

O grande dia chegou.

O salão estava todo enfeitado, as outras agora arrumavam tudo para Hinata dançar. Era o seu dia, o tão esperado dia que mostraria sua beleza para os homens daquela sala, para as mulheres, e para as gueixas, e também o dia que seria escolhida por eles, para começar o seu trabalho.

__Esta pronta? –Pergunta madame Kara.

Respira fundo.

__Sim...

As flores caiam pelo chão, e logo o dia se ia numa rapidez inexplicável.

Hinata estava se arrumando, as outras ao seu redor e madame Kara lhe maquiando como uma deusa.

Deusa Sakura.

__Uma flor... –Uma das gueixas que aprontava o Kimono de Hinata sorria. __Que lindo...

Hinata estava de olhos fechados.

Ouvia o barulho na grande sala, haviam balões japoneses desenhados e pintados de vermelho com velas em seu interior por toda parte. Vários homens se sentavam junto com suas gueixas propriamente ditas, e outros olhavam atentos para o ambiente, algumas gueixas tomavam seus chás e esperavam pelo espetáculo.

Enquanto isso.

__Com licença... –Uma voz passava pela multidão.

Vestido de terno fios dourados no meio daqueles homens encontrava seu lugar.

__Droga! –Abria a carteira e via o pouco de dinheiro que tinha. __Meu pai vai me matar...

Seus olhos azuis abaixados estavam confusos e preocupados, se perguntando se realmente valeria a pena.

__Quem é você? –Uma gueixa bem vestido senta-se ao lado do jovem de terno preto.

__O que...? –Ele se afasta. __Eu, só...

__Veio vê-la não é? Será que  você consegue pagar? –Ria debochadamente.

__Hum...

__Qual seu nome? –Perguntava.

__Naruto...

__Você definitivamente não é japonês... –Ela tomou sua xicara e levou ate a boca. __Interessante...

Naruto se manteve encolhido, seu terno era velho, provavelmente ele havia pego do pai, seus bolsos estavam vazios, e ele deveria ter gastado tudo o que conseguiu com seu trabalho nas campinas para vir aqui, e nem sabia ao certo se a veria de fato.

Um cheiro de incenso no ar e logo as luzes se apagaram.

As amigas de Hinata e as outras meninas observavam tudo, deveria ter dado duro para deixar tudo impecável.

E o escuro tomou conta.

Uma musica soava ao horizonte.

Silencio total.

Quando Naruto respirou fundo, já prestes a ir embora, ele viu um pano branco subindo o palco quando as portas se abriram.

Todos olhavam para ela.

Uma luz branca vinha de cima, e um violino tocava uma melodia triste.

Hinata subiu de cabeça baixa deixando seu cabelo cair completamente pelo rosto, ela contornava seu corpo com o lenço branco preso em suas mãos, as velas pareciam mais vivas do que nunca, e Naruto se encantou o que o viu.

Quando a musica se tornou mais forte e Hinata correu para o centro e abriu os braços como uma leoa prestes a defender suas criar, seus olhos sérios olhavam todos de cima, algumas gueixas ficaram se boca aberta, impressionadas, outras se debruçavam em seus acompanhantes mais não tiravam seus olhos dela.

Hinata exibia um Kimono de Sakura, e o tema de sua musica era o Kiai de uma águia.

__Que linda...

Hinata bailava pelo palco, parecia flutuar, estava tão determinada, seus braços flutuavam até seus olhos e desciam para seus pés, percorrendo todo seu corpo, seus olhos desviam a atenção dos homens, eram prateados com a pintura preta que os deixavam relativamente maiores e mais belos, era como um retrato, uma obra de arte.

E lá estava ela.

Voe minha filha...

Sentindo a musica, sentindo sua alma.

Madame Kara sussurrava algumas palavras.

Quando a musica parou e Hinata caiu no chão. Se levantando como um pássaro prestes a alçar voo.

No final de tudo, ela ouviu algo a chamando para cima, algo maior do que tudo, e ao levantar seu rosto viu no meio da plateia de homens alvoroçados e maravilhados.

Dois olhos azuis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sei quando postarei, mais irei escrever, uma semana ou duas no maximo.
Bom, até mais.
Ja ne.