O café favorito de Harry ficava em Leister Square, e embora ficasse fora do caminho em que ele seguia para chegar ao seu trabalho, na Urban Outfitters, ele sempre dava um jeito de passar por lá. Era uma rotina diária naquele verão. Ele conseguiu o emprego depois de descobrir que seus pais não haviam guardado nenhum dinheiro para que ele pudesse ir para a faculdade, e então tornou-se fixado em conseguir o dinheiro que ele mesmo precisava. Ele trabalhava em cada turno disponível que conseguia, e recusando-se a gastar dinheiro com almoços, como seus colegas faziam, ele trazia sanduiches de manteiga de amendoim todos os dias. Eles zombavam dele, mas ele não se importava. Ele estava determinado a conseguir o dinheiro. Seu refugio era seu café antes do trabalho, e não importava o quão ridículo era separar 2,50 todas as manhas, podendo ver Louis valia a pena. Ele fazia tudo parecer melhor.

Em seu primeiro dia de trabalho, Harry havia tomado um caminho errado para Leister Square e, de tão esgotado, acabou entrando em uma cafeteria na esperança de conseguir alguma direção. Foi ai que ele viu Louis e toda a sua preocupação desapareceu. Seu cabelo cor de chocolate, os olhos apertados e seu adorável sorriso bobo. Louis podia ver que Harry estava desorientado, então ele perguntou: “Você esta bem, cara?”

Harry estava à beira de derramar lagrimas em frustração, antes da pergunta de Louis. Ele olhou para o atendente e simplesmente balançou a cabeça. Louis o deixou nervoso a ponto de não conseguir controlar as palavras e as sufocar, até que Louis entregou-lhe uma xícara de chá por cima do balcão. O calor foi o suficiente para Harry se acalmar e finalmente murmurar, bastante constrangido.

“Eu estou perdido. Eu acho que peguei o caminho errado, é meu primeiro dia de trabalho...”

Seus olhos estavam abatidos e Louis levantou o queixo do jovem garoto com sua mão suave e reconfortante. Harry não pode deixar de sorrir e sentir-se melhor quando Louis, automaticamente piscou para ele e disse: “Eu fiz a mesma coisa. Os primeiros dias são os piores, não há nenhuma maneira de que nada dê errado. Acontece com todo mundo.”

Harry corou e murmurou: “É bom saber que eu não sou o único perdedor. Obrigado”

Louis riu antes de se apresentar ao seu novo amigo: “Eu sou Louis, a propósito.”

“Meu nome é Harry. Quanto para o chá?” Ele perguntou, mexendo em sua carteira.

Louis o parou, colocando a mão sobre a carteira e sorrindo. “É por minha conta. Não se preocupe com isso.”

“Obrigado” Harry pronunciou em apreciação. Era difícil acreditar que alguém estava sendo tão bom com ele, sem pedir nada em troca. Mas ele percebeu que Louis simplesmente era do tipo que gostava de fazer com que as pessoas se sentissem melhor. Foi refrescante para Harry. Foi quando começou sua paixão irreversível por Louis. Foi verdadeiramente inevitável. Louis deu-lhe instruções de como chegar ao Urban Outfitters, e quando Harry estava saindo ele disse: “Vejo você mais tarde, cara.”

Claro, Luis poderia ter apenas dito de forma casual, mas ainda assim Harry ficou eufórico após ter deixado o local. O sol quente pairava sobre Londres quando ele saiu da cafeteria e, é claro, ele chegou a seu trabalho em cima da hora. Foi assim que começaram as visitas diárias de Harry para Louis.

Todos os dias Louis gostava de sugerir alguma coisa nova e fora do menu para Harry experimentar e, não importava o que fosse, ele sempre concordava. E como diria não, quando o rosto pidão de Louis era tão convincente? Ele experimentou chocolate quente branco, frappuccinos com creme de coco, café de vários tipos e aromas diferentes... Todos os dias ele se aventurava em uma nova bebida. Mas, a parte favorita de Harry era ver Louis todos os dias. Para os dois essa era a melhor forma de começar a manhã. O único problema era os sentimentos de Harry por Louis, que estavam crescendo cada vez mais. Ele passou de uma simples queda para uma pequena obsessão, mas não de forma arrepiante. Seus pensamentos eram consumidos por Louis: sua imagem, sua voz, seu sorriso. Ele o ajudava a vencer sua jornada de trabalho, mas Harry sabia que Louis só pensava nele como um amigo. Ele apenas teria que se contentar com isso.

Harry não podia evitar por mais tempo a forma como se sentia em relação a Louis, então ele a abraçou totalmente. Ele decidiu que se ele queria continuar sentindo mais do que apenas amizade por Louis, por que não? Ele não tinha nada a perder alem de um pouco de dignidade.

Certa manha, no começo de agosto, Harry entrou na cafeteria ás 8:30 em ponto. Assim que passou pela porta, Louis acenou-lhe com animação. Seu sorriso fez o coração de Harry disparar enquanto ele se aproximava do atendente adorável atrás do balcão.

“Harry! Eu fiz a bebida mais incrível esta manha! Você tem que experimentar!” Louis despejou quase emocionado, enquanto entregava a Harry a bebida que havia acabado de preparar. Ele gostava de experimentar e criar novas bebidas e, embora algumas delas não tenham ficado tão boas quanto ele pensava, Harry sempre recebia suas novas criações de braços abertos. Louis esperava uma resposta honesta e Harry era mais do que feliz em sua tarefa. Seu veredito era geralmente de desagrado, mas quando Louis criava algo delicioso, ele o fazia com louvor.

Harry sentiu o aroma da bebida e concluiu que cheirava a algo tropical e florido.

“Que diabos é isso?” Ele perguntou, olhando para seu amado moreno. Louis gritou animadamente antes de revelar o ingrediente mágico.

“Xarope de Hibisco! Ele acabou de chegar e eu sabia que você tinha que ser o primeiro a experimentá-lo! Ninguém mais, nem mesmo os meus colegas de trabalho, mas eu prometo que você não vai se arrepender. Tem o gosto tão bom quanto o cheiro!” Louis explicou com entusiasmo antes de desaparecer em uma parte atrás do balcão e retornar sem seu avental de trabalho.

Harry levantou uma sobrancelha enquanto Louis pegou um copo com a bebida para ele mesmo. “Vamos dar um passeio. Eu estou em pausa. Você pode dizer o quanto você ama a bebida enquanto nós passeamos.” Ele sugeriu enquanto arrastava Harry para fora da cafeteria, segurando em sua mão.

Harry nunca havia saído ou se encontrado com Louis, fora seus encontros na cafeteria. Não trabalhava em um mesmo turno sempre e também viviam muito longe um do outro, para que pudessem se encontrar sem uma serie de transtornos. Ele estava animado, mas também muito nervoso. Será que ele saberia o que dizer ou como agir, fora da sua costumeira cafeteria? Mas então ele sentiu a mão de Louis na sua e foi se acalmando lentamente com o toque. Faíscas de emoção o fez estremecer enquanto caminhavam sob o dia ensolarado de Londres. Ele tinha que permanecer recolhido em torno de Louis, apesar de sua proximidade e agora situação casual.

Eles pararam e se sentaram em um banco em frente a um parque, para que pudessem desfrutar da bebida e também observar as pessoas. Sem saber, ambos apreciavam fazer isso, e quando perceberam que o outro estava sorrindo e observando a mesma coisa, eles apenas riam do hobby compartilhado.

“Deveríamos experimentar isso agora?” Harry conseguiu pronunciar finalmente, a mão de Louis ainda permanecia junto a sua. A parte mais surpreendente do contato não só era o fato de Louis ter tido a iniciativa, mas também o fato dele não ter soltado desde que eles deixaram a cafeteria, que agora tinha ficado a um longo caminho atrás deles.

“Claro!” Louis concordou soltando a mão de Harry, para poder assim segurar sua bebida com as duas mãos. Agora Harry lamentava um pouco a situação. Ele queria a mão de Louis de volta na sua, e não em sua bebida. Ele suspirou e decidiu experimentar a criação de seu amigo, apesar da falta de contato.

Ambos tomaram um gole de suas bebidas e, logo que o liquido tocou em seus lábios, Harry foi transportado a um Oasis tropical. Ele fechou olhos para que todos os outros sentidos desaparecessem e ficasse apenas o gosto. Era tão delicioso, e o fato de que era Louis quem havia feito, tornava o momento de saborear muito melhor. Ele era capaz de sentir cada ingrediente da bebida conforme ela passava ao longo de sua língua, e ele não queria nem engolir, com medo de perder o sabor espetacular para sempre. Quando finalmente o fez, ele abriu os olhos percebendo que Louis estava próximo a seu rosto, sentindo o hálito quente da respiração do outro em sua bochecha, enquanto ele avaliava a sua reação. Harry tomou fôlego e olhou nos belos olhos de Louis, os achando particularmente lindos daquele ponto de vista. Com o sabor ainda em seus lábios e a sensação de calmaria que Louis lhe deu, ele suspirou em algo que ele só poderia descrever como êxtase.

Louis sorriu e lambeu os lábios antes de dizer: “Eu acho que você gostou, hein, cara?”

Harry assentiu ansiosamente, percebendo o quão confortável Louis estava com a proximidade de seus rostos. Embora eles estivessem em um parque, a mistura do sabor da bebida e a maneira com que Louis o fez se sentir, fez com que Harry fosse transportado para algum tipo de sonho. Ele sabia que precisava chegar ao trabalho, mas ele não se importava nenhum pouco. Ele podia ser graciosamente demitido se apenas tivesse permissão de permanecer naquele momento para sempre, com Louis, seu lindo atendente. Mesmo que o outro nunca soubesse o quanto seu coração estava tomado por ele, Harry sempre o consideraria seu, especialmente na reflexão daquele momento.

“Louis...” Harry sussurrou dormente a partir do impulso contido de beijar o moreno. Mas ele não precisou se conter por muito tempo já que Louis, sem nenhuma pressa, fechou o pouco espaço entre eles com um beijo.

Harry foi preenchido com um sentimento maravilhoso. Até hoje ele só havia fantasiado a respeito. Este, seriamente, tinha que ser o melhor dia de todos. Ele só esperava que não fosse apenas um sonho induzido pelo calor e todas as flores e ingredientes que haviam na bebida de Louis.

Mas era real! Irrevogavelmente real. Surpreendente e maravilhosamente real.

Quando se afastaram, Harry tinha um sorriso bobo em seu rosto, o que fez com que Louis soltasse uma risada em diversão.

“Como você pode ser tão adorável?” Ele perguntou, inclinando a cabeça em admiração.

Harry apenas deu de ombros, ainda atordoado pelo beijo.

“Eu estive esperando para fazer isso desde que você entrou por aquelas portas parecendo um cachorrinho perdido.” Louis explicou sobre o beijo, lambendo os lábios e revivendo o que sentiu a beijar o menino mais novo.

“Sério?” Harry perguntou, incrédulo. Ele ficou surpreso por descobrir que Louis havia sentido o mesmo que ele por todo esse tempo.

“Bem, você não se perguntou o porquê de eu sempre flertar com você cada vez que você chegava? Ver você todas as manhas me dava um motivo para continuar com meu trabalho.” Louis respondeu sorrindo.

“Eu realmente sou um tolo” Harry disse enquanto sentia suas bochechas ficarem quentes por estar envergonhado.

“Oh, por favor. Você pode ser qualquer coisa, mas, é um tolo inteligente. Você conseguiu uma quantidade infinita de bebidas gratuitas de mim, apenas por ser naturalmente adorável.” Louis respondeu, colocando o braço em volta do menino de cabelos encaracolados.

Harry se aninhou na dobra do braço do maior, descansando sua cabeça no ombro de Louis. Foi uma manha perfeita de verão no parque, com o cara perfeito. Os dois se encontravam no céu. Depois de muitos minutos de silencio sentados linda e confortavelmente juntos, o telefone de Harry tocou o lembrando que se não se levantasse naquele exato momento, estaria completamente atrasado para o trabalho. Ele resmungou pelo som de seu telefone e quase o descartou, não querendo quebrar aquele momento por nada.

“Ei, você deve ir trabalhar. Eu não quero que você tenha problemas por causa de mim.” Louis disse beijando o mais novo na cabeça, antes de puxá-lo para perto.

Harry suspirou feliz, antes de puxar Louis para si também. Eles compartilharam um beijo rápido antes de Harry correr pra seu trabalho, virando-se para dar a Louis um aceno final.

“Eu vou te ligar depois do trabalho, podemos nos encontrar para jantar!” Disse a Louis

“Parece perfeito!” Louis gritou em resposta, sorrindo amplamente. Harry era seu fim.

Os meninos passaram o resto do verão juntos, gastando cada momento livre que podiam na companhia um do outro. Quando eles voltaram para a escola, ambos largaram seus empregos para garantir um tempo livre para o outro e antes que percebessem, era verão. Eles conseguiram os empregos novamente e continuaram com suas rotinas de café de manha e jantar a noite. O Coração de Louis nunca deixou de pular uma batida, sempre que seu namorado adorável entrava na cafeteria todas as manhas. Era uma rotina segura e, o mais importante, era a rotina deles.