Foi abrindo os olhos bem devagar e a primeira coisa que viu foi aquele sorriso de batom vermelho bem em frente a seu rosto.

- Ele acordou! Ai, meu lindo, nunca mais me dê esse susto, viu? – e começou a beijar todo cantinho de sua face.

- Lindsey, é você? Onde estamos? – Gerard disse ainda meio zonzo

- Claro que sou eu! Estamos no hospital. Fica calmo, tá tudo bem agora. Pelo menos depois desse um dia de coma alcóolico você aprende a parar de beber.

- Sim, desculpa. Eu prometo que isso nunca mais vai se repetir, do fundo do meu coração.

Ela não respondeu, só depositou mais beijos e beijos sobre seus lábios. Ele correspondia.

- Mas o que é isso na cama do hospital? Isso pode, gente?

- Ray! Frank! É muito bom ver vocês de novo! – e foram abraçar Gerard - E o Mikey, onde ele está?

- Na recepção. É melhor alguém ir chamar ele.

- Tudo bem, eu vou lá. – disse Lindsey

- Traz o outro também hein, Lyn. Acho que ele estava no banheiro. – disse Ray

- Outro? Que outro, Lyn?

- O seu amigo emotivo.

Gerard não entendeu, mas prosseguiu.

- Então eu bebi e vim parar aqui, foi isso?

- É, basicamente sim. O show foi adiado. Poxa, Gerard, a gente ficou preocupado com você.

- Desculpa, mesmo. Ah, mas é muito bom saber que vocês não estão tocando pela rua ou trabalhando em fast foods... Ufa.

- Ahn?

- Deixa prá lá... Isso não vai se repetir.

Nisso, Mikey veio entrando no quarto com sua cara séria de sempre. Quando olhou para Gerard sentado e conversando com os outros, tentou manter a seriedade, mas seus olhos teimaram em sorrir. Ficou parado perto a janela encarando Gerard. Sem pensar muito, o Way mais velho levantou-se da maca e abraçou o caçula.

- Mikey! Meu irmãozinho, quantas saudades. Eu queria pedir todas as desculpas do mundo. Eu sei que eu não sou um irmão muito legal, mas eu nunca quis te decepcionar. Você não precisa me perdoar se não quiser, só me deixa te abraçar. Eu estava tão preocupado com...

- Gerard, por favor, volta pra maca.

- Ah, sim...

- E mais uma coisa. EU que estava preocupado, seu idiota. Não tem ideia de como eu fiquei assustado quando você veio pra cá. Eu te perdoo, mas não inventa de beber de novo, tá?

- Sim, eu prometo. – disse apertando a bochecha de Mikey

Em seguida, Lindsey entrou no quarto meio que puxando a criatura pelo capuz. “Eu não quero entrar ainda” ele dizia fazendo pirraça. Quando viu, já estava lá dentro e todos o encaravam. Não dava mais para esconder-se.

- Bert, você estava... chorando?

- Eh, eu... eu  não, cara. Só estava pregando uma peça no cara que estava na sala de espera sentado do meu lado. Viu, eu fui tão convincente que até vocês acharam que eu estava chorando. Que isso, gente...

- Sério, Bert? Eu pensei que era você que estava gritando na sala de espera “é tudo minha culpa, eu sou o pior amigo do mundo” que nem uma garotinha. Até o momento que eu tive que te arrastar pra cá.

- Cala a boca, Lindsey. Eu não choro e... – todos o olhavam sérios – e eu... – coçou a cabeça – AH! Eu confesso! Eu tava morrendo de preocupação. Gerard, me perdoa! Eu não queria que isso acontecesse, é tudo minha culpa. Ainda bem que você tá vivo, aaaaah!

Bert correu e abraçou Gerard, o mais forte que conseguia.

- Tudo bem, Bert. Eu perdoo, foi parte minha culpa também. Mas para com esse choro, cara.

- Gerard – disse Bert ainda choroso – quando eu tava na recepção eu prometi que se você não morresse e não me odiasse, eu ia parar de beber.

- Você prometeu isso?!

- Prometi... Também já estava na hora de dar uma parada nesses vícios, como você tinha dito.

- É muito bom saber disso, mesmo. E também saber que você está solteiro.

- O que? Por que é bom saber que eu estou solteiro? Olha, Gerard, eu amo você, mas não daquele jeito, tipo...

- Não não, eu sei e...  esquece. Abraço em grupo!

Ficaram lá na sala conversando até que a enfermeira entrou e mandou que todos voltassem para sala de espera. Era hora de Gerard se trocar para finalmente ter alta.

Sendo assim, entrou no vestuário do hospital, onde suas roupas estavam penduradas. Abotoou a camisa, ajeitou o paletó, deu o nó na gravata, esticou o bolso da calça e espera... O bolso da calça! Tinha um papel lá dentro. Ansioso e se recordando do que era, desamassou. O papel estava escrito em garranchos e letras borradas, era uma coisa bem ligeira. Leu.

“Um Killjoy muito malvado enganou seus companheiros e não usou a raygun que deveria. Por isso que não se deve confiar em ninguém, só em si mesmo. Sei que o que aconteceu aqui não vai sair daqui porque eu confio muito em mim mesmo, se é que me entende. Nunca perca as esperanças, afinal o futuro é à prova de balas!

Até 2019!

xo P.P.”

Gerard deu um sorriso, dobrou o papel e pôs no bolso. Estava feliz pelas memórias permanecerem em sua cabeça e feliz por estar em casa. Agora era apenas seguir em frente, sem olhar pra trás. Sabia que não havia caminho de volta, mas... ele não ligava.